Apesar de recusarem a proposta do
governo, a categoria acatou o decreto de ilegalidade do movimento do Tribunal
de Justiça do Estado, que determinou o corte dos professores em greve
Fonte: UOL Educação
Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió
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Em Maceió
Depois de 80 dias de paralisação, os professores da
rede estadual de educação do Rio Grande do Norte decidiram encerrar a greve
nesta quarta-feira (20). Apesar de recusarem a proposta do governo, a categoria
acatou o decreto de ilegalidade do movimento do Tribunal de Justiça do Estado,
que determinou o corte dos professores em greve e multa de R$ 10 mil por dia ao
sindicato.
Com a decisão, as aulas de cerca de 300 mil alunos,
de 553 escolas afetadas em todo o Estado, foram retomadas nesta quinta-feira
(21). Um calendário com reposição das aulas, especialmente para os alunos do 3°
ano do ensino médio, deve ser apresentado até o início da próxima semana, a fim
de garantir a inscrição dos alunos em vestibulares.
Durante audiência nesta quarta, o governo não
apresentou nova proposta e manteve o reajuste oferecido de 34%, concedidos em
parcelas de setembro a dezembro, e uma revisão do plano de cargos e salários.
Segundo a coordenadora do Sinte (Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte), Fátima Cardoso, na última
audiência com o governo, o Estado ameaçou punir os grevistas e aumentar a
diária. A sindicalista disse que a assessoria jurídica do sindicato alertou que
ela poderia ser presa a qualquer momento, por descumprimento de ordem judicial.
“Mas a minha preocupação era incentivar a
continuidade da greve e provocar o corte dos salários de professores, que não
têm outra fonte de renda. É preciso ter responsabilidade com a categoria, que
confia na gente”, disse. Por conta da decisão de ilegalidade da greve pelo
Tribunal de Justiça, o sindicato acumulou uma dívida de R$ 70 mil, já que a
decisão de voltar às atividades ocorreu sete dias após a ordem judicial.
Em nota nesta quinta-feira (21), os professores se
comprometeram a apresentar ao Estado um calendário de reposição de aulas,
adaptado pelo Conselho de Escola. Além disso, os professores pedem a criação de
uma comissão para tratar da revisão do plano de cargos e carreiras do
magistério, instalação de uma mesa permanente de negociação e retomada da
discussão para evitar possíveis retaliações contra os participantes do
movimento.
O governo se comprometeu a manter aberta a
negociação com os servidores da educação. “O governo sempre buscou o diálogo
franco e aberto com a categoria em prol do aluno”, disse a governadora Rosalba
Carlini, em nota publicada no site oficial do Rio Grande do Norte, negando
ameaças à categoria.
Ainda segundo o Estado, um fórum permanente de
negociações vai discutir os pedidos dos professores, como a revisão do plano de
cargos e salários. O governo ainda alegou que vai cobrar um plano de reposição
das aulas, com os 200 dias letivos aos alunos da rede de ensino do Rio Grande
do Norte e garantiu que “vai cumprir a lei do piso nacional daqui pra frente”