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terça-feira, 28 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO: SECRETÁRIO PROMETE ÊNFASE NO MÉRITO
28-09-2010

Wilson Risolia assume pasta, anuncia sistema de gratificações e encara novo desafio como um negócio
Fonte: O Globo (RJ)
 

 
Ruben Berta 
Taxa interna de retorno, "follow up" e "benchmark" seriam expressões até comuns na apresentação de um secretário de Fazenda ou Administração, mas fizeram parte mesmo da primeira entrevista coletiva do economista Wilson Risolia, que assumiu ontem a pasta daEducação no estado. Ex-diretor-presidente do RioPrevidência, ele ressaltou a importância da meritocracia e confirmou para o início do próximo ano letivo a implementação de um sistema de metas, com gratificações para professores e diretores, de acordo com seus desempenhos. Risolia disse estar empenhado desde ontem em traçar um diagnóstico detalhado da situação atual da rede: 
- O primeiro passo é fazer um diagnóstico profundo do que é a rede, quem são os alunos,professores e diretores. Que capacitações possuem esses "entregadores do saber"? Até por formação, tenho esse vício: penso em Educação como um negócio. Para evoluir, é preciso conhecer o seu negócio, conhecer as carências e ver porque os resultados não avançaram. 
 
Risolia afirmou que uma das prioridades de sua gestão será a valorização do professor, mas ressaltou o que chamou de "taxa interna de retorno". 
- A vida é assim, premia quem é melhor. É uma relação de troca: daremos ferramentas, mas queremos resultados. Vamos fazer avaliações periódicas, que servirão de base para um sistema de bonificação nos moldes do que foi montado na Secretaria de Segurança - completou. 
Apesar de não querer adiantar detalhes sobre o novo sistema de gratificações, o secretário garantiu que a iniciativa será diferente da última vista na rede estadual: o programa NovaEscola, criado na gestão de Anthony Garotinho e abortado pelo governador Sérgio Cabral no início de sua gestão. 
- O que houve com o Nova Escola foi um problema de "follow up", de acompanhamento. É preciso saber gerir uma boa ideia. Desta vez, teremos metas claras, precisas - garantiu Risolia. 
Escolas do Rio ficaram em penúltimo lugar no país 

O secretário admitiu que os números da Educação estadual não são favoráveis, mas afirmou que, se não houve melhora, ao menos não houve retrocesso nos últimos anos. No último ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado em julho passado, as Escolas da rede estadual, tiveram como nota média 2,8, à frente apenas do Piauí. Sobre os salários dos professores, Risolia disse que a política será de valorização, mas que é preciso relativizar os valores atuais: 

- Para comparar um salário de quem ganha 700 (reais) aqui, seu benchmark (espécie de referencial de excelência) é com quem ganha 700 para a mesma carga horária. A variável relevante é o valor-aula. Se analisarmos dessa forma, a remuneração já não é tão ruim. Mas vamos valorizar, é um compromisso de Estado. 
 
Por fim, Risolia disse que não pensa em mudanças imediatas na equipe que compõe a cúpula da Secretaria de Educação, mas não descartou futuras modificações: 
- Não tenho o hábito de chegar e trocar tudo, mas é natural que precisemos de certas qualificações para resolver os desafios. Se encontrarmos, ótimo. Se não, vamos ter que suprir. 
Mato Grosso lança orientações curriculares
28-09-2010

São cinco documentos: Concepções das Orientações Curriculares para a Educação Básica; Área de Linguagens; Ciências da Natureza; Ciências Humanas; e Diversidades (Educação do Campo, Indígena, Quilombola)


As escolas da rede estadual do Mato Grosso receberão em 2011 as novas orientações curriculares do 1º ano do ensino fundamental ao último ano do ensino médio. Os documentos que nortearão a educação pública no Estado foram lançados nesta segunda-feira, em Cuiabá. Segundo a Secretaria da Educação (Seduc), as novas diretrizes não retiram a autonomia das escolas, apenas dão um “norte” para a elaboração de seus Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs).
 
"As orientações curriculares apontam um caminho focado na concepção de uma formação humana em que se procura acabar com a dicotomia entre o fazer manual e o intelectual", diz o texto publicado no site da secretaria.
 
Foram produzidos cinco documentos: Concepções das Orientações Curriculares para a Educação Básica; para a Área de Linguagens; Ciências da Natureza; Ciências Humanas; e para as Diversidades (Educação do Campo, Indígena, Quilombola).
 
A secretária de Educação, Rosa Neide Sandes de Almeida, afirmou que as diretrizes curriculares de Mato Grosso começaram por um diagnóstico das escolas. “Precisávamos saber qual modelo de escola pode atender melhor nossos alunos”, disse.
Presente ao lançamento, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Gilmar Soares disse esperar que as orientações não “engessem a autonomia das escolas”.
 
A superintendente de Educação Básica da Seduc, Aidê Fátima de Campos, destacou que sem as diretrizes as escolas elaboravam suas normas sem uma "referência unificadora, o que propiciava um quadro de posturas diferentes entre as unidades escolares na mesma rede".
 
Na opinião dela, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), os Parâmetros Curriculares Nacionais e as resoluções do Conselho Nacional de Educação são muitos amplos e genéricos. "As novas orientações chegam até o chão da escola, indicando ao professor, por exemplo, quais as competências que o aluno deve dominar conforme sua idade", disse ela ao site da secretaria.
 
Aidê Fátima garantiu que as novas normas não limitam a autonomia da escola ou do professor em estabelecer seus planos. “As orientações fornecem pistas sobre como estes planos devem ser feitos, a partir de um referencial que foi construído coletivamente”, afirmou.
 
Segundo a Seduc, o processo de construção dos documentos começou em 2008 e foi coletivo, a partir de um documento base que recebeu contribuições em seminários, envolveu profissionais da Seduc, assessorias, professores formadores dos Centros de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação (Cefapros), a participação das escolas e do Sintep. A secretaria informa que a experiência deve ser repetida em 2011, para a elaboração dos PPPs das escolas.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Projeto leva palestras sobre o Enem para escolas públicas
Segunda-feira, 27 de setembro de 2010 - 17:03
 
Fonte:http://portal.mec.gov.br/index.phpoption=com_content&view=article&id=15908:projeto-leva-palestras-sobre-o-enem-para-escolas-publicas&catid=372:agenda&Itemid=86

Para mudar o quadro de notas baixas que grande parte das escolas públicas do Pará tem obtido no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e nos vestibulares, o Instituto Federal do Pará (IFPA) criou, em 2009, o Programa de Iniciação à Docência. A nova estratégia inclui investimento na formação dos professores, e aposta em maneiras inovadoras de preparar os profissionais que se formam na instituição.

Um dos objetivos do projeto é levar até os alunos do ensino médio das escolas públicas do Pará ações voltadas para a preparação deles para a prova do Enem, a partir da resolução de problemas e palestras contextualizadas.

“A necessidade de se realizar esse tipo de ação surgiu da preocupação com as metodologias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem dos alunos dos ensinos médio e fundamental no Brasil, que passou a ser questão de muitos debates nos últimos anos”, explica o coordenador do projeto, professor Raimundo Otoni.

O programa prevê a realização de um trabalho articulado entre o instituto e as escolas públicas do estado. Hoje, há 105 alunos atuando como bolsistas do programa. Destes, 70 são do Campus Belém. Na Escola Estadual Visconde de Souza Franco, um grupo de 15 alunos do IFPA desempenha atividades de monitoria com as turmas de ensino médio desde junho deste ano.

Estudante do curso de licenciatura em física do IFPA, Campus Belém, Lucas de Araújo faz parte da equipe e sabe que essa é uma oportunidade única na sua formação acadêmica e profissional. “Essa não é apenas uma oportunidade de estágio, é um momento também de dividir experiências com alunos de outros cursos e promover uma interdisciplinaridade”, afirma.


“A proposta do programa é que os estudantes das licenciaturas auxiliem nas resoluções de problemas, principalmente do Enem, como processo de iniciação à docência, pois os alunos do ensino médio ainda possuem muitas dificuldades para interpretar as questões do exame”, explica o coordenador. Além das questões do Enem, os bolsistas desenvolvem suas próprias questões e metodologias de ensino. “A gente tenta relacionar as nossas atividades com o cotidiano deles, levando curiosidades que os atraiam e os façam gostar de física, química, matemática, biologia e geografia”, comenta Lucas.

Assessoria de Imprensa do IFPA
Escola vai à casa dos alunos para incentivar estudo
Data: 27/09/2010
Veículo: BRASIL ECONÔMICO 

Editoria: INOVAÇÃO E EDUCAÇÃO
Regiane de Oliveira
roliveira@brasileconomico.com.br 
Programa do governo de Osasco, em São Paulo, quer melhorar qualidade do estudo ensinando família a incentivar as crianças

Melhorias na infra-estrutura da escola, formação dos professores e acesso ao ensino são considerados fatores-chave na melhoria da qualidade da educação . E quando isso tudo não for suficiente? É a partir da constatação de que a família tem um papel fundamental na educação das crianças que a Secretaria de Educação do município de Osasco, região metropolitana de São Paulo, Maria José Favarão, pôs em execução o programa "A Escola vai para Casa", implementado no início deste ano.

"Compreendemos a educação como um tripé, que envolve ações da secretaria de educação, da escola e da família", afirma Maria José, mais conhecida como professora Mazé. Hoje, o município trabalha com conselhos de gestão compartilhada, que envolve representantes do governo e comunidade, que não tem conseguido fazer a ponte com os pais de alunos. "A criança passa apenas cinco horas conosco, o restante do dia fica com a família. E de nada adianta in-vestir em novos processos educativos, colocar sala de informática, se a família não ecoar o que acontece na escola", diz.

A secretaria de educação do município contratou a consultoria Planeta Educação, especializada no desenvolvimento e implantação de soluções educacionais, para realizar visitas aos 10 mil estudantes da rede que ingressaram na primeira série neste ano. As crianças receberam, no início das aulas, um material direcionado aos pais, in-formando sobre o projeto e pedindo autorização para um agente educacional fazer a visita. A professora Mazé explica que os pais não são obrigados a aceitar e que a adesão neste primeiro ano não foi a esperada. "Tivemos que convocar também os pais dos alunos do segundo ano para conseguir chegar a 10 mil estudantes", afirma. A prefeitura esta investindo cerca de R$ 9 milhões na iniciativa.

Como foi o seu dia
A rede municipal de Osasco conta com 40 mil alunos, em 56 escolas de ensino fundamental. Ao todo, 27 agentes educacionais, a maioria estudantes do 3º ou 4º anos de pedagogia trabalham no projeto e é deles a responsabilidade de ligar para os pais e agendar o melhor horário de atendimento. O trabalho dos agentes em princípio soa óbvio: pedir que os pais demonstrem preocupação com o ensino. "Ensinamos a família a fazer perguntas simples: o que você aprendeu hoje? Me explique melhor isso que você viu na escola".

A secretária de educação afirma que está ciente de a me-dida não promover milagres, mas espera que ajude a melhorar a performance da rede em exames oficiais como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em 2009, a rede municipal de Osasco ficou um ponto abaixo da meta projetada para o Ideb do ano, de 4,9, para os alunos de 4ª série. A rede tem de atingir um índice de 5,3 na avaliação que será feita em 2011. Para isso, a prefeitura está promovendo também a reorientação curricular, em busca de um currículo mínimo. Em Simões Filho, o desafio é convencer pais a deixar os filhos na escola No município de Simões Filho, a 30 quilômetros de Salvador, uma iniciativa privada também busca aproximar a família da escola. Para investir em educação integral, o Centro Educacional Santo Antônio (Cesa) , das Obras Sociais Irmã Dulce, teve de convencer os pais da importância de deixar as crianças o dia todo na escola. O Cesa oferece formação em ensino fundamental e profissionalizante a cerca de 800 alunos. A grande maioria das crianças e jovens atendidos são de origem pobre. Na escola, que trabalha com o conceito de ensino integral, com aulas durante todo o dia, os estudantes recebem acesso à arte-educação, inclusão digital, atividades esportivas, assistência odontológica, alimentação, uniforme e material escolar gratuitos. Além de apoio assistencial às famílias. "Muitos crianças, a partir da 5ª série ainda deixam de estudar para ajudar em casa, nosso desafio é convencer os pais da importância de seu filho permanecer na escola, além de conversar em casa sobre o ensino", afirma Rita de Castro Frois, coordenadora pedagógica do Cesa. As ação tem dado certo: 70% das crianças que começam na 1ª série terminam o fundamental.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SERVIDORES ESTADUAIS DA EDUCAÇÃO FAZEM GREVE EM MINAS

24 de setembro de 2010


Segundo sindicato, a mobilização atingiu pelo menos metade do total de funcionários no Estado
Fonte: Agência Estado
Os trabalhadores da rede pública estadual de educação de Minas Gerais iniciaram hoje uma paralisação dos serviços com previsão para continuar amanhã. Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), a mobilização atingiu pelo menos metade do total de funcionários no Estado.
A greve é uma resposta da categoria aos problemas que ocasionaram prejuízo a milhares de servidores no reposicionamento por tempo de serviço. Além disso, eles reclamam da ausência de concurso para as áreas de filosofia, sociologia e ensino religioso e a não contagem do tempo de serviço de efetivados e designados para o concurso público.
Os trabalhadores vão fazer às 15 horas de hoje uma assembleia estadual, na Praça da Assembleia Legislativa mineira, seguida de uma manifestação, de acordo com o sindicato




SERVIDORES ESTADUAIS DA EDUCAÇÃO FAZEM GREVE EM MINAS

24 de setembro de 2010


Segundo sindicato, a mobilização atingiu pelo menos metade do total de funcionários no Estado
Fonte: Agência Estado
Os trabalhadores da rede pública estadual de educação de Minas Gerais iniciaram hoje uma paralisação dos serviços com previsão para continuar amanhã. Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), a mobilização atingiu pelo menos metade do total de funcionários no Estado.
A greve é uma resposta da categoria aos problemas que ocasionaram prejuízo a milhares de servidores no reposicionamento por tempo de serviço. Além disso, eles reclamam da ausência de concurso para as áreas de filosofia, sociologia e ensino religioso e a não contagem do tempo de serviço de efetivados e designados para o concurso público.
Os trabalhadores vão fazer às 15 horas de hoje uma assembleia estadual, na Praça da Assembleia Legislativa mineira, seguida de uma manifestação, de acordo com o sindicato




quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PARALISAÇÃO DEIXA MILHARES DE ALUNOS SEM AULA NO PIAUÍ


A paralisação dos trabalhadores em Educação da rede pública estadual deixou sem aula, ontem, parte dos 350 mil alunos nas 800 Escolas do Piauí
Fonte: Jornal O Dia (PI)


Robert Pedrosa
A paralisação dos trabalhadores em Educação da rede pública estadual deixou sem aula, ontem, parte dos 350 mil alunos nas 800 Escolas do Piauí. A avaliação é do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Piauí (Sinte-PI), que percorreu ontem dezenas de colégios na capital e no interior para reforçar o movimento, que vai até amanhã. A presidente do Sinte-PI, Odeni de Jesus, não tinha até o meio-dia de ontem uma avaliação de todas as Escolas do Estado, mas estima que o movimento estava alcançando o objetivo. “Várias Escolas do Dirceu estão paradas, o que mostra que os professores estão entendendo e apoiando a paralisação”, comentou Odeni. 
Segundo o Sinte-PI, estavam paradas ontem, entre outras, as Escolas Pires de Castro e Gildásio Silva, no Dirceu, os colégios professor Madeira, Agripino Oliveira e Cipriano Leite, assim como o Liceu Piauiense, no Centro. 
A paralisação de 72 horas faz parte da campanha salarial dos 25 mil professores do Estado. Eles reivindicam reajuste do piso para R$ 1.312,00; mudança de classe; reajuste na regência, na gratificação dos diretores e dos secretários de Escola e contratação de vigias, zeladores e merendeiras. 
Até agora o Governo não apresentou nenhuma proposta para os trabalhadores emEducação. Na última audiência, com a participação de dirigentes do Sinte-PI com o representante do governo, o secretário de Governo, Tadeu Maia, disse que as negociação não avançaram. 
“Durante esses três dias de paralisação vamos encaminhar diversas atividades de protestos por todo Piauí e, possivelmente vamos decidir por aprovação de uma greve geral por tempo indeterminado caso o Governo não abra o canal das negociações,” finalizou Odeni Silva. 
O ponto alto do movimento será uma manifestação que os trabalhadores farão amanhã, em frente ao Palácio de Karnak, às 9h. 
A secretária de Educação, Maria Xavier, vê motivo político na greve, já que há sindicalistas que são candidatos nas próximas eleições e estariam procurando espaço na mídia. “Inclusive, nós temos uma reunião marcada para esta quintafeira (23/09). Não paramos as negociações”, disse ontem. 
Maria Xavier ressaltou, inclusive, que já comunicou ao Sinte-PI sobre o porquê de o governo não poder atender todas as reivindicações. “O piso de R$ 1.312,00 é uma questão nacional, que depende do Congresso Nacional. E nós, aqui, estamos pagando o piso de R$ 1.024,00 como manda a lei, desde janeiro deste ano”, explicou. Com relação à reajuste na regência e na gratificação, Xavier ressaltou que o Governo não pode determinar aumento neste período eleitoral, somente três meses após a eleição.




BH prevê matricular 50% dos alunos em escola integral até 2012
23/09/10

A prefeitura de Belo Horizonte (MG) pretende aumentar o número de alunos do ensino fundamental que estudam em escolas integrais, alcançando 50% do total de matrícula até 2012. Para isso, o município prevê mapear atividades educativas no bairro das escolas e firmar parceiras com instituições que cedam espaços para projetos dos alunos, segundo a Secretaria de Educação de Belo Horizonte.
A ideia do programa, chamado Escola Integrada, é aumentar o tempo e os espaços educativos dos alunos de 6 a 14 anos da rede municipal. “A aprendizagem tem que ser considerada além da educação convencional. Nossa estratégia é usar o entorno da escola”, conta a coordenadora do programa, Neuza Macedo. “É preciso pensar em articular a comunidade e fazer dos alunos agentes sociais, o que os fazem sentir parte desta comunidade”.

O programa de educação integral de Belo Horizonte começou em 2006 atendendo dois mil alunos de sete escolas. Em 2010, o modelo foi implantado em 23 colégios, alcançando um total 35 mil estudantes. Eles participam de duas oficinas por dia, no contra turno das aulas convencionais. Entre as atividades estão cultivo de hortas, oficinas de teatro, aulas de dança e ensaios do coral.


Os projetos são implantados por universitários que participam de programas de extensão de suas faculdades e por educadores comunitários, todos remunerados pela prefeitura. Além disso, as escolas participantes contrataram um professor exclusivo para o programa, que fica responsável por coordenar os trabalhos e eleger oficinas apropriadas para os alunos.
“Temos cerca de 130 mil estudantes no ensino fundamental. Nossa meta para os próximos dois anos é alcançar 65 mil matriculados em escolas integrais”, conta Neuza. A estratégia para aumentar o número de alunos é mapear o bairro das escolas, a fim de encontrar atividades educativas que os alunos possam participar. “Também vamos iniciar um chamamento público para cadastrar instituições interessadas em ceder espaços para atividades”, diz.
“Além da dificuldade de encontrar espaços para os projetos dos alunos, outro grande desafio é manter os adolescentes interessados”, avalia a coordenadora. “As atividades têm que ser muito atraentes. Estamos trabalhando com um núcleo de educomunicação para despertar o interesse”.
Para avaliar o projeto, a prefeitura produziu uma pesquisa, em parceria com o Banco Itaú, que mensura as habilidades dos alunos. A primeira edição foi lançada em 2008 e a próxima deve ser publicada ainda este ano. “Com as duas poderemos fazer uma comparação dos impactos do programa”, conta Neuza. “O que já sabemos é que o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] teve uma queda entre 2005 e 2007, e em 2009 ultrapassou a média nacional. Acreditamos que essa recuperação tenha a ver com o projeto”.
Lentamente,computador faz diferença na escola

Data: 23/09/2010

Veículo: VALOR ECONÔMICO -SP 
Editoria: BRASIL 
Jornalista(s): Luciano Máximo
Luciano Máximo | De São Paulo
Há algo diferente na escola municipal de ensino fundamental Ernani Silva Bruno, localizada na Parada de Taipas, periferia no extremo oeste da capital paulista. Em meio ao corre-corre de crianças na hora do recreio nota-se vários alunos seriamente concentrados na tela de seus pequenos computadores portáteis coloridos, que mais parecem brinquedos à primeira vista. Conectado no Google, Igor do Nascimento, da 7ª série, aproveita o intervalo para adiantar um trabalho sobre doenças sexualmente transmissíveis. Já Daniel Duarte, da 5ª, não desgruda os olhos de um videogame sanguinário. Outros teclam compulsivamente em alguma sala de bate-papo online.

A cena se repete em classe, com variações no conteúdo. O uso do computador é realidade no processo de ensino dos 600 alunos do 1º ao 9º ano da escola, que desde 2007 abriga a fase pré-piloto do programa federal Um Computador por Aluno (UCA), assim como em outras quatro escolas públicas de Brasília, Palmas, Piraí (RJ) e Porto Alegre. Com o laptop XO, que pesa 1,5 kg e tem 25 cm de largura e de comprimento e acesso à internet sem fio, os alunos publicam suas redações no blog da escola e contam com a internet e softwares pedagógicos para aprender inglês, ciências, geografia e matemática.

Para os estudantes, a ideia é "muito legal". "A gente fica com vontade de fazer as coisas dentro da escola, de escrever, de pesquisar", conta Jeferson Rodrigues Gomes, de 11 anos. O aluno da 5ª série foi eleito monitor e assumiu a responsabilidade de estar na escola fora do horário para ajudar os professores na preparação das aulas e os colegas no manuseio do XO, que foi desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). "Melhor do que ficar vendo televisão em casa", diz o garoto.

A escola tem oito monitores que se revezam nas 18 salas de aula. "A participação, estimulando a responsabilidade e o espírito cooperativo, faz parte do projeto pedagógico criado para o trabalho com os laptops. Os alunos ficam menos dependentes e, muitas vezes, são eles que ensinam o professor", relata Edna Oliveira Telles, coordenadora pedagógica da unidade.

Para educadores e especialistas, o computador na sala de aula não é encarado como panaceia, mas um elemento a mais que pode ajudar a melhorar a educação. "É preciso saber usar com planejamento", afirma a professora da 1ª série Marília de Castro Carneiro. No primeiro ano do UCA, a 9º série da escola tirou 3,4 no Ideb - avaliação do Ministério da Educação (MEC) que considera fluxo escolar e desempenho em português e matemática. A nota do ano passado subiu para 4,5, acima da média da rede pública municipal, de 4,2. Os diagnósticos internos também indicaram avanços no período: menor índice de faltas e melhor rendimento em temas como oralidade, raciocínio matemático e interpretação e produção de textos. As outras escolas do UCA também melhoraram as notas do Ideb - apenas uma manteve a pontuação.

Apesar das boas notícias, a coordenadora pedagógica do Ernani Silva Bruno é cuidadosa ao atribuir os avanços somente à utilização do laptop. "Claro que o aluno fica mais cuidadoso ao escrever, sabendo que sua redação vai para um blog que todo mundo vai ler. Mas também temos que considerar as aulas de reforço, o desempenho dos professores e as atividades do conselho escolar", pondera Edna.

As avaliações educacionais atuais ainda não capturam o impacto do uso da tecnologia em termos qualitativos. "É difícil isolar o componente da tecnologia para medir qualidade, é muito recente, não há base de comparação. Estamos interessados em entender isso, contratamos a Unesco e começamos a elaborar estudos próprios", informa Carlos Eduardo Bielschowsky, secretário de educação a distância do MEC, área do governo federal responsável pelo UCA e outras políticas de tecnologia educacional.

Depois de dois anos de atraso por causa de problemas na licitação, vencida pela CCE, o MEC quer concluir até o fim de 2010 o projeto piloto do UCA, que prevê a distribuição de 150 mil laptops para 300 escolas de ensino fundamental e médio do país. O custo por máquina é de R$ 550, num total de R$ 82,5 milhões, além de outros investimentos. "Não é uma ação trivial. O MEC precisa prover equipamentos, rede wireless, servidor, material pedagógico e capacitação do professor", acrescenta Bielschowsky. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibiliza linha de crédito de R$ 660 milhões para prefeituras e governos estaduais participarem da expansão do projeto.

Mesmo com constatações positivas, o Brasil está longe de concretizar o plano de ter um computador por aluno na rede pública - para isso, seriam necessários mais de R$ 25 bilhões apenas para a compra dos laptops. Em todo o mundo, isso é realidade apenas nas séries primárias do Uruguai. Suécia, Finlândia, Coreia do Sul e Inglaterra estão bastante adiantados. A estratégia das políticas públicas brasileiras foca o trinômio infraestrutura (universalização do acesso à internet nas escolas e superação do sucateamento dos laboratórios de informática), capacitação maciça de professores e conteúdo (sistematização do material didático associado a vários tipos de tecnologias).

As três esferas de governo ampliaram os investimentos para o cumprimento dessas prioridades nos últimos anos. No âmbito federal, os recursos somam cerca de R$ 1 bilhão desde 2006. O MEC garante, por exemplo, que todas as escolas urbanas da rede pública municipal e estadual terão cobertura de internet de banda larga até dezembro, ação que beneficiará mais de 35 milhões de estudantes. A meta faz parte do contrato de concessão dos serviços de telefonia fixa, negociado entre governo federal e operadoras do setor em 2008. Cerca de 47 mil unidades escolares, ou 72%, haviam sido conectadas até junho. O ministério também destaca a instalação de mais de 20 mil laboratórios de informática e o registro de 330 mil professores em vários tipos de cursos sobre educação digital, em 2009.

No dia a dia de alunos e profissionais da educação, porém, a percepção é de que o trinômio infraestrutura, capacitação e conteúdo não avança no mesmo passo.

Kátia Duque Estrada, professora de matemática da 5ª série da Escola Estadual Sérgio da Costa, na Zona Norte de São Paulo, lamenta a falta de apoio para usar a informática em suas aulas. "Quando dá para descer para o laboratório, ensino as crianças a fazer fórmulas e gráficos, mas é só o que sei sobre Excel. Gostaria de fazer mais cursos", conta ela. "Tiramos leite de pedra aqui", acrescenta a diretora Renata Andréa Diório, se referindo à situação da sala de informática, insuficiente para atender aos 1.400 alunos do colégio. Dos 27 computadores, 14 estão em manutenção. "Chegaram ao ponto de roubar peças de algumas máquinas, tivemos que registrar ocorrência na delegacia."
A professora de português Sandra Martins Modesto, que coordena uma série de atividades extracurriculares, também reclama da falta de recursos e diz que as tecnologias não são bem aproveitadas no colégio. "Começamos um jornal que envolveu 300 alunos e ajudou muito no ensino. Na fase final de produção, às vezes ficava em casa conectada com muitos deles. Muita coisa não dava para ser feita no laboratório", reconhece. "A gente percebe que a atualização tecnológica da escola é mais lenta que o normal", constata o redator-chefe da publicação escolar "Construindo o Futuro", o aluno Matheus Mendes. Viciado em pesquisa na internet, o colega Luan Cardoso complementa: "Com a internet, o aluno não se limita, pode ir além do que o professor ensina."

A Secretaria Estadual da Educação de São Paulo afirma que a instalação de banda larga nas escolas começou em 1998 e os laboratórios de informática da rede receberam 52,4 mil computadores com o programa Acessa Escola - os investimentos em equipamentos passaram de R$ 44 milhões em 2009 para R$ 76 milhões este ano. As salas de informática ganharam aspecto de lan house, com acesso diário dos alunos e da comunidade, nos fins de semana. Os responsáveis pelos espaços são os próprios estudantes do ensino médio, que são contratados pelo governo. No total, 10,1 mil estagiários, com bolsa-auxílio de R$ 340 para uma carga horária diária de quatro horas de trabalho, atuam em 2.081 escolas. Até o fim do ano, outras 1.449 unidades terão novos laboratórios.

Segundo a coordenadora de tecnologia da educação do Acre, Rosa Braga, o uso do computador e da internet para o ensino ainda engatinha no Estado. Laboratórios de informática desatualizados e falta de preparo do quadro docente são os principais problemas. "Como o professor não era incluído digitalmente, primeiro ele tem que se apropriar das tecnologias, e isso está sendo ampliado, com 3 mil professores em capacitação, mas leva tempo. Temos que ter paciência pedagógica", explica Rosa.

Em Goiás, dos 37 mil professores da rede estadual, mais de 20 mil participaram de cursos a distância sobre a integração de tecnologias ao contexto educacional, mas eles estão diante de uma estrutura bastante limitada: são 1.200 escolas e 841 laboratórios de informática. "Como a tecnologia vai melhorar a educação se vivemos uma realidade de escolas com 2 mil alunos para 40 computadores? Nesse contexto o computador não é decisivo", argumenta a educadora Milca Severino, secretária estadual da Educação de Goiás.
No Paraná, Estado com o maior Ideb do ensino médio do país, os projetos de tecnologia da informação começaram em 2004, com ações de inclusão digital envolvendo alunos e professores e a modernização dos laboratórios de informática, ações que demandaram investimentos de R$ 130 milhões. Em 2007, antes do programa de banda larga do MEC, as 2.100 escolas estaduais, nas zonas urbanas e rurais, estavam conectadas à internet.

A diretora estadual de tecnologia educacional do Paraná, Elizabete dos Santos, conta que todas as atividades pedagógicas lançam mão de algum recurso tecnológico. "À medida que o professor se aproxima das tecnologias, nossa proposta é aproveitar ao máximo o potencial que elas têm no ensino. O primeiro passo é conhecer e depois ampliar, sempre com avaliação crítica", comenta. As ferramentas mais usadas são o portal "Dia a Dia da Educação", site onde professores compartilham suas aulas com outros colegas e os alunos contam com várias opções de conteúdo, e a "famosa" televisão laranja, equipamento multimídia instalado em cada uma das 22 mil salas de aula paranaenses.

A estratégia da prefeitura do Rio de Janeiro é transformar cada sala de aula num laboratório de informática improvisado. A prefeitura planeja gastar entre R$ 30 milhões e R$ 35 milhões em projetores, caixas de som e laptops, além de conexão de internet sem fio, reformas e medidas de segurança. Os equipamentos serão instalados inicialmente em 5 mil classes e os alunos se dividirão em trios para usar os computadores para acompanhar as aulas preparadas no portal Educopédia e atividades online - as máquinas não serão dadas aos estudantes. "Ainda seguimos um modelo de laboratórios de informática, que é falido. A tendência mundial é diminuir o gap da construção de conhecimento entre aluno e professor e isso não acontece sem a tecnologia", analisa Rafael Parente, da área de projetos estratégicos da Secretaria Municipal da Educação do Rio.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010


Aulas de programas contra atraso escolar começam em 646 cidades
Após preparação que durou quase três anos, MEC coloca em prática reforço em municípios com piores rendimentos escolares


Priscilla Borges, iG Brasília | 22/09/2010 12:58

Assegurar a aprendizagem das crianças e dos adolescentes brasileiros no tempo certo ainda é um desafio para o Brasil. Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que a repetência e o abandono fazem parte da realidade de milhares de estudantes. Desde cedo.

 Para tentar mudar essa realidade, de atrasos de pelo menos dois anos na trajetória escolar das crianças do ensino fundamental, o Ministério da Educação colocou em prática projetos de aulas de reforço para as crianças que não aprenderam a ler, escrever e fazer contas corretamente mesmo em séries mais avançadas. Há um mês, as primeiras atividades de programas de aceleração da aprendizagem contratados pelo MEC começaram em 646 municípios.

As discussões e a preparação para colocar as propostas de correção de fluxo escolar em prática iniciaram há quase três anos. Em 2007, o MEC criou o Plano de Ações Articuladas, pacto feito com os municípios que obtiveram os piores rendimentos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), avaliação que mede a qualidade de ensino da rede escolar do País. Em troca de recursos financeiros e apoio técnico oferecidos pelo governo federal, os dirigentes municipais teriam de elaborar ações para garantir qualidade de ensino.
À época, mais de 700 municípios pediram ajuda para corrigir o fluxo escolar. Queriam recursos pedagógicos que os auxiliassem a acelerar os estudos das crianças que não aprenderam na idade correta. O MEC avaliou programas de aceleração de aprendizagem de institutos ligados à educação e contratou três para fornecer capacitação e material aos municípios que mais precisam (os 1.242 com os resultados mais baixos no Ideb).

O Instituto Ayrton Senna, o Instituto Alfa e Beto e a organização não-governamental Geempa foram os escolhidos. Os projetos deles fazem parte do que o MEC chama de Guia de Tecnologias Educacionais, publicação que indica ferramentas avaliadas pelo ministério para solucionar problemas em diferentes tópicos educacionais como alfabetização, educação inclusiva, gestão escolar.

Falta de estrutura
Nos últimos dois anos, os municípios escolheram as ferramentas, assinaram termos de compromisso com o MEC e prepararam professores para trabalhar com os alunos em sala de aula. Inicialmente, 1.149 cidades de 26 Estados manifestaram interesse em receber capacitação e material didático de uma das tecnologias. Ao todo, 830 mil estudantes seriam beneficiados.

Para que as crianças atrasadas aprendam, metodologia do Ayrton Senna exige acompanhamento individual dos alunos pelo professor

O problema é que, durante esse período, muitos municípios desistiram de implantar os programas de fato. No mês de agosto, os primeiros alunos atrasados começaram a ser atendidos, em 646 cidades, quase a metade dos que queriam o reforço inicialmente. A falta de estrutura física e de professores são algumas das dificuldades enfrentadas pelos dirigentes municipais durante a execução dos projetos.

As metodologias dos programas de correção exigem profissionais dedicados exclusivamente às turmas de aceleração, que precisam participar de cursos de formação inicial e que serão acompanhados por coordenadores. Esses também terão de ser designados pelos municípios, que precisam reservar salas de aula especiais para o funcionamento dos programas.Jussari, cidade baiana com um dos piores rendimentos na 8ª série e com altos índices de atraso nas primeiras séries do fundamental, por exemplo, desistiu do programa do Instituto Ayrton Senna pela falta de professores para assumi-lo.

“Uma das maiores limitações para enfrentar essa realidade de atraso escolar é a capacidade técnica. Mas há limitações de gestão também. Esse é um trabalho que envolve formação e qualificação de professores, investimentos em infraestrutura das escolas e até garantia de uma rede social de proteção para crianças e adolescentes, que garantam a permanência delas na escola para aprender”, analisa o diretor de políticas de formação de materiais didáticos e de tecnologias da Secretaria de Educação Básica do MEC, Marcelo Soares.
Inês Miskalo, coordenadora da área de Educação Formal do Instituto Ayrton, aponta ainda dificuldades de comunicação em locais mais distantes, a falta de dados tabulados sobre a situação dos alunos, de espaço físico e professores em quantidade suficientes e dispostos a estar em contato permanente com o instituto. “O limite de alunos por turma, a ambientação da sala e a metodologia não adiantam sem a disposição para mudar a cultura de ensino. O professor tem de se envolver e saber relatar a situação de cada aluno, o que dá muito trabalho. Isso é o mais difícil”, pondera.

Experiências de sucesso
Em todos os projetos de correção contratados pelo MEC, o aluno tem de ser o centro da aula. O planejamento das aulas e das estratégias para fazê-los aprender tem ser feito de acordo com o avanço de cada turma e estudante. Os mecanismos de avaliação e recuperação passam a ser constantes, dia a dia. A leitura e a escrita são metas perseguidas a todo instante. No caso do Geempa, as aulas da aceleração são feitas no contraturno.

O Instituto Ayrton Senna recebeu o maior número de parceiros. Mais de 500 municípios escolheram os programas Se Liga (direcionado à alfabetização dos que estão nas séries iniciais do ensino fundamental) e Acelera (para corrigir a defasagem de alunos um pouco mais velhos). Nos dois programas, as crianças não podem passar mais de um ano. “A gente tem de fazer um investimento maciço para que o aluno tenha sucesso nesse período. Se ampliarmos, estamos dando espaço para mais fracasso”, explica Inês.
No Distrito Federal, há muitas escolas que utilizam as metodologias do instituto. Mas não são financiadas pelo MEC e, sim, pelo governo local. Na escola CAIC Assis Chateaubriand, em Planaltina, há quatro turmas dos programas em atividade. Odith Farago, diretora do colégio, garante que os resultados foram percebidos rapidamente. “Tínhamos alunos de 12 e 13 anos na 2ª série do ensino fundamental. Isso é muito ruim inclusive para a autoestima deles, que não aprendiam. Pelo menos 50 estudantes passaram pelo projeto e aprenderam”, afirma.

Fábio Santos conta que na turma de aceleração conseguiu aprender a ler a escrever
Nas salas de aula do projeto, quando alguém pergunta se as crianças estão aprendendo, a resposta é rápida. Em coro, os alunos dizem que sim, sorridentes. Jhennefer Lorrany Silva Costa, 10 anos, diz que adora as aulas. Garante que, agora, consegue ler o que não lia. Layene Moraes, 10 anos, conta que lê todos os papéis que encontra pela frente e já sonha em ser juíza. “A professora ajuda muito”, garante Jhennefer Lorrany.

Fábio Santos, de 13 anos, deveria estar na 7ª série. Mas ainda não conseguiu sair do equivalente à 4ª série. Por isso, foi colocado na turma do Acelera na escola de Planaltina. A vontade de colaborar com as aulas passou a ser enorme. No meio dos colegas, não é mais tão diferente. Os pré-adolescentes à sua volta têm os mesmos gostos. A professora lhe dá a atenção que precisa. “Cheguei aqui sem saber de nada. Agora, já sei ler direito e aprender ficou bem mais fácil”, garante.

Nas salas de aula, cartazes com os nomes de todos da turma mostram quem leu os livros recomendados, quem fez as tarefas, as atividades planejadas para cada dia. O professor sabe o que deve fazer e os estudantes também. As atividades são monitoradas pelos coordenadores, que visitam a escola a cada 15 dias. “A autoestima do professor também muda. O trabalho dele reflete sucesso. Acredito no meu trabalho”, afirma Suely Sodré, professora do Se Liga desde 2007.
Em números
A realidade dos estudantes da escola CAIC Assis Chateaubriand é a mesma de milhares de crianças e adolescentes brasileiros. A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, publicada na semana passada, mostra que a trajetória de fracasso escolar das crianças brasileiras começa nas primeiras séries do ensino fundamental.

Em média, os alunos dessa etapa da educação básica mantêm um atraso de dois anos em relação ao ideal. As crianças de 10 anos de idade, que deveriam estudar na 4ª série, possuem apenas 2,3 anos de estudos concluídos. Aos 12, chegam a quatro anos. Aos 14, quando completariam os oito anos de ensino fundamental obrigatório (o País está em transição para nove anos), chegam a 5,8 anos de estudo.

Não é estranho que, depois desse início educacional, apenas metade dos adolescentes de 15 a 17 anos esteja cursando o ensino médio (etapa em que todos os brasileiros nessa faixa etária deveriam estar matriculados). Para conter o atraso escolar, não basta melhorar a qualidade de ensino para os que estão entrando na escola agora. É preciso recuperar a aprendizagem dos que ficaram para trás. "Seja qual for a tecnologia utilizada, para nós, do MEC, todos os esforços devem ser empreendidos para se garantir o direito básico de toda criança e adolescente brasileiro, que é o direito de aprender", comenta Marcelo.
Recife quer educação integral em todo o município até 2012
22/09/10


O Recife (PE) pretende implantar projetos de educação integral como uma política pública do município. Até 2012, as 300 escolas da capital pernambucana deverão contar com programas para estimular ações que integrem a comunidade e instituições de ensino, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação de Recife.
Para isso, o órgão do governo desenvolve — em parceria com a Associação Cidade Escola Aprendiz — um projeto piloto em duas escolas dos bairros Coque e Pilar, ambas na região central do município. Desde abril, o chamado Programa Bairro-Escola Recife acontece na Escola Municipal José da Costa Porto e na Escola Municipal Nossa Senhora do Pilar. A ideia é transformar a comunidade em um ambiente de aprendizagem, ampliando os limites das salas de aula e fazendo da educação pública uma responsabilidade coletiva.
O projeto está em fase de mobilização e articulação local. Segundo o secretário Municipal de Educação, Cláudio Duarte, o primeiro passo é aumentar a colaboração entre dirigentes, professores, pais e alunos das escolas, além de estimular a interação entre os colégios e a comunidade.
“Já percebemos maior integração desde o início do projeto. Geralmente, a visão que cada um deve apenas cuidar do que lhe diz respeito é forte, mas as escolas estão se abrindo mais às manifestações da própria comunidade”, avalia Duarte. “É fundamental mobilizar e identificar valores sociais, culturais e os potenciais do entorno. Quando a comunidade é ativa, a escola funciona melhor, o professor falta menos e a gestão é mais presente”, completa.
O gestor local do Bairro-Escola Recife, Gerson Flávio, observa que o diálogo é mais fácil em comunidades que já estão mobilizadas. “Sentimos mais facilidade no Coque, por exemplo, porque já existe um histórico da comunidade com organizações que atuam no bairro. São 12 ONGs presentes há anos”.

Quinzenalmente, acontecem as oficinas do grupo articulador local. Os encontros reúnem diversos segmentos da comunidade nas duas escolas: gestores, animadores culturais, professores, pais, alguns alunos e líderes comunitários.
Além disso, em parceria com a ONG Auçuba Comunicação e Educação, são realizadas oficinas semanais de comunicação comunitária. Podem participar estudantes das escolas e adolescentes da comunidade interessados.
Para o final de novembro, os articuladores locais estão preparando uma mostra cultural. O evento vai durar uma semana e ocorrerá tanto no Coque quanto no Pilar. O projeto também prevê a criação de agências de notícias comunitárias na Internet, para divulgar informações sobre os moradores e acontecimentos nos bairros.
“Experiências de educação integral ainda são pontuais. Queremos disseminar a prática do bairro-escola. Uma dificuldade é a orientação política de cada gestão municipal. O processo político é complexo”, revela o secretário. Para ele, é fundamental produzir avaliações estruturadas dos projetos que demonstrem resultados. Assim, ele avalia que outros governantes poderão perceber a eficácia de iniciativas relacionadas à educação integral no país.
No próximo ano, a meta da secretaria é implantar o Programa Bairro-Escola em no mínimo quatro micro regiões do Recife – cada micro região é composta por cerca de quatro bairros.
Bairro do Pilar
O Coque e o Pilar são áreas pobres da capital pernambucana. Na segunda, a Prefeitura do Recife está construindo conjuntos habitacionais. Com o Programa de Requalificação Urbanística de Inclusão Social da Comunidade do Pilar, cerca de cem famílias foram desalojadas.

“Mexe com a vida da comunidade. Ocorre evasão escolar, pois o aluno tem que sair da região para morar mais longe”, afirma Gerson. “Estamos atuando também neste contexto, pois o processo de negociação é denso”.
Às quintas-feiras, o governo municipal e os integrantes do Bairro-Escola Recife tem feito reuniões nas obras do conjunto habitacional. O objetivo é trabalhar na tentativa de promover um diálogo entre o grupo governamental e a comunidade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010


Metade dos Estados já tem ferramenta de avaliação
Data: 20/09/2010
Veículo: VALOR ECONÔMICO -SP
Editoria: ESPECIAL
Pesquisa:Uma das metas comuns é fixar critérios de desempenho
As reformas na gestão da administração pública do país ganham força nos Estados brasileiros, embora não ainda na velocidade desejada. Envolvem mudanças importantes em várias atividades governamentais, como saúde, educação, segurança, e na estrutura administrativa, e se transformam num movimento crescente e suprapartidário, na avaliação de Fernando Luiz Abrucio, professor, pesquisador e coordenador do mestrado e doutorado em administração pública e governo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de São Paulo.
"Hoje, temos reformas substanciais tanto num Estado governado pelo PSDB, como São Paulo, onde organizações sociais estão assumindo a administração de serviços públicos, como também em Estados como Ceará, governado pelo PSB, que estabeleceu metas no Plano Plurianual (PPA) para atingir medidas de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ou na Bahia (PT), que criou fundações públicas de direito privado." "Os instrumentos de gestão são os mais variados, mas todos têm as mesmas aspirações: orientar cada vez mais a administração por critérios de desempenho, responder aos anseios dos cidadãos e criar meios de acompanhamento e avaliação das políticas públicas. Este é um movimento que abarca entre 10 a 14 dos 27 Estados brasileiros.
Um conjunto próximo da metade dos Estados e em franca expansão", afirma Abrucio.
De acordo com o professor da FGV, trata-se de um ciclo consistente de reformas da administração pública, que vem se desenvolvendo nos governos estaduais nos últimos 15 anos. No estudo que realiza junto a outros pesquisadores de universidades brasileiras - e que será publicado em livro, brevemente, pelo Conselho Nacional de Secretários de Administração (Consad) -, Abrucio relata várias experiências reformistas realizadas de 2007 a 2010. E mostra que, embora a gestão pública não esteja ainda entre os temas prioritários da agenda das campanhas eleitorais deste ano, a onda reformista já mexe nos modelos de gestão das políticas públicas. "A criação de indicadores de políticas públicas pelo Ministério da Educação para mensurar os resultados da política educacional brasileira, e o monitoramento eletrônico do cadastro dos beneficiários do Bolsa-Família são dois exemplos da nova pauta da gestão pública", destacou Abrucio durante sua apresentação no seminário "Avanços e Perspectivas da Gestão Pública", em Brasília.
Na esfera dos governos estaduais, esse avanço vem se dando por duas razões, segundo o pesquisador: necessidade dos Estados de fazer uma gestão mais eficiente, que utilize melhor o dinheiro público, e por pressão das demandas da sociedade. "Isso tem um efeito de demonstração muito grande.
Os Estados que estão fazendo essas reformas e melhorando as políticas públicas ganham legitimidade e passam uma boa impressão para outros Estados", assinala Abrucio.
Ele cita dois casos: a ampla reforma administrativa feita por Aécio Neves em Minas Gerais, e, novamente, o exemplo do Bolsa-Família.
"Hoje, tem-se um modelo de monitoramento do Estado muito melhor. Foi criada uma lógica baseada no desempenho. Estão cobrando dos gestores públicos pelo desempenho das políticas públicas, e não se eles carimbaram ou não um documento. Isso não aparece como resultado das políticas públicas em um ou dois anos. Vai aparecer ao longo do tempo." Em relação ao Bolsa-Família, os resultados serão vistos quando os filhos dos beneficiados alcançarem a vida adulta. "Pode-se criar políticas complementares ao BolsaFamília, como treinamento e capacitação técnica, algo que já está sendo feito no setor da construção civil, além de criar cooperativas de mulheres etc. Isso ajuda.
Mas a porta de saída do Bolsa-Família está nos filhos dos beneficiados, que terão melhor capital humano que seus pais. E a tendência é que isso ocorra. Os dados já estão mostrando isso: as crianças já têm mais anos de escolaridade, estão ficando mais tempo nas escolas.
Quanto mais anos de escolaridade essas crianças tiverem, mais provavelmente uma boa parte delas vai começar a chegar daqui a dez anos ao ensino superior. Isso terá um impacto brutal na sociedade", diz.
Nessa trajetória de avanços há percalços a superar. Um dos obstáculos, de acordo com Abrucio, é que os Estados não têm muita clareza ainda sobre a definição de suas competências. "Está muito claro o que o governo federal faz com suas políticas macro, ataques às desigualdades etc. E também o que os municípios fazem. Do lado dos Estados, isso não é tão claro. A coisa é mais nebulosa", observa.
Um segundo obstáculo, adianta, é que os governos estaduais são muito fragmentados, especialmente em sua estrutura administrativa, o que dificulta realizar reformas mais coerentes.
Outra dificuldade é a própria natureza desigual do federalismo brasileiro. Alguns Estados têm uma particular incapacidade de produzir políticas públicas de gestão.
Segundo Abrucio, isso é um obstáculo maior nesse avanço.
Além disso, na área de recursos humanos, há empecilhos muito fortes para criar incentivos aos servidores públicos para que se orientem pelo desempenho. Por fim, esclarece o professor da FGV, faltam instituições que pensem no longo prazo. "Embora tenhamos escolas de governo, elas não exercem esse papel de pensar o longo prazo", afirma.