PESQUISA

segunda-feira, 31 de março de 2014

Pesquisador cria animações em 3D para o ensino de química


MANUEL MOREIRA BAPTISTA - POR MARTA AVANCINI - REVISTA EDUCAÇÃO - 31/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Desde 2009, o trabalho do pesquisador Manuel Moreira Baptista é sucesso na internet. Ele desenvolveu animações em três dimensões para o ensino de química no ensino médio e as disponibilizou gratuitamente. O recurso já foi visto por mais de um milhão de pessoas, superando as expectativas de Baptista. “A comunidade de químicos é pequena no conjunto da população mundial; se eu tivesse tido mil acessos já seria um sucesso”, afirma em entrevista ao site de Educação.
Graduado em engenharia elétrica, física e química pela Unicamp, Baptista também é mestre em engenharia elétrica e doutor em química pela mesma universidade. Além de pesquisador, trabalhou com softwares e lecionou no ensino técnico de nível médio. Na entrevista abaixo, o pesquisador fala sobre os cuidados necessários para o desenvolvimento de animações com finalidades didáticas e pondera as vantagens do uso da tecnologia na educação.
Suas animações já tiveram mais de 1 milhão de visualizações no Youtube. O senhor esperava essa repercussão? Que público tem se interessado pelo trabalho?
Não esperava. Considerando que a comunidade de químicos é pequena no conjunto da população mundial, se eu tivesse tido mil acessos já seria um sucesso.
A maior parte dos acessos ocorre nos Estados Unidos, principalmente por alunos e professores de nível universitário. Mas há casos curiosos, como o Paquistão, que é responsável pelo maior número de acessos por alunos de ensino de nível médio.
No entanto, as animações podem ser usadas por qualquer professor de química, pois como elas não têm narração de fundo, nem legendas, o professor pode construir o discurso que quiser para explicá-las.
Que tipo de cuidado é preciso tomar no desenvolvimento de uma animação com finalidade didática?
Quem faz animações tem a responsabilidade de corrigir distorções no ensino de química. Além de ser um recurso pedagógico, as animações também são um instrumento de investigação científica.
Os softwares de animação em 3D são um recurso poderoso que nos permite `enxergar` e modelar o mundo invisível. Por isso, quem faz animações tem a responsabilidade social e científica de se colocar à disposição da ciência para formar professores mais conceituais e alunos mais críticos. Este objetivo só será alcançado se as animações forem fiéis aos modelos matemáticos que estão por trás dos conceitos químicos.
Fala-se muito sobre as vantagens da tecnologia- no seu caso, das animações - para a educação, mas não existem riscos, desvantagens também?
Durante meu doutorado, o professor Peter Atkins, que é provavelmente um dos maiores autores de livros didáticos de química no mundo, fez uma visita à Unicamp. Tive a oportunidade de perguntar a ele qual era sua opinião sobre o uso de animações como recurso didático.
Ele observou que as animações podem contribuir para o ensino e o aprendizado de química, mas, em contrapartida, destacou algumas desvantagens. A mais polêmica é a que supõe que as animações podem destruir o conhecimento.
O professor Atkins diz que por trás dos conceitos químicos existem modelos matemáticos. E o uso de imagens, por sua clareza e poder de comunicação, podem fazer com que o formalismo matemático deixe de ser utilizado pelo professor em suas aulas.
Dessa forma, os alunos iriam aprender química com imagens e não fariam a associação com os modelos matemáticos. Se isso se confirmar, criaremos uma cultura em que os alunos, que serão os futuros cientistas, se acostumarão a pensar sem os modelos matemáticos, destruindo o processo de criação do conhecimento.

Cursos on-line abertos não motivam estudantes


FINANCIAL TIMES - VALOR ECONÔMICO - 31/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Os cursos on-line abertos em grande escala, conhecidos como Moocs, podem até ser a nova onda no ensino superior, mas deixam de cumprir o prometido em dois aspectos: abertura e escala. A opinião é de John Hennessy, presidente da Univesidade de Stanford que ajudou a desbravar o ensino via internet.
O cientista da computação diz que esses cursos são grandes demais para conseguirem engajar e motivar a maioria dos estudantes. Essa afirmação chega ao mesmo tempo em que acadêmicos e empresários repensam o modelo surgido em 2011, que muitos achavam ter potencial para revolucionar o ensino.
Os cursos, que prometem livre acesso ao material sendo ensinado nas principais universidades, atraíram milhões de usuários pelo mundo. No entanto, Hennessy diz que a maioria das pessoas nos cursos on-line de Stanford simplesmente “não estava preparada para o nível do material”. “Quando surgiu o primeiro Mooc, cem mil pessoas se inscreveram, mas nem a metade participou da primeira aula.”
Em 2013, o professor Sebastian Thrun deixou Stanford para fundar a Udacity, uma das primeiras empresas com o objetivo de criar cursos menores, de formação profissional, depois de ver os altos índices de abandono nos mais tradicionais. Thrun, que agora comanda a divisão de produtos avançados do Google, descreveu os Moocs de sua empresa como “um produto ruim”, em entrevista à revista “Fast Company”.
Apenas 4% a 5% das pessoas que se inscrevem em programas na Coursera, outra pioneira em Moocs que nasceu em Stanford, chegam ao fim, disse Andrew Ng, professor que comanda a companhia. Ele ressalta que o alto índice de desistências mostrou que as pessoas apenas estavam querendo testar o conteúdo. Cerca de 45% das pessoas que faziam o primeiro dever de casa, porém, concluíam o curso.
Hennessy enfatiza que há um papel bastante útil para os Moocs. Eles podem ensinar, por exemplo, “uma pessoa na Mongólia que está pronta para avançar por conta própria, mas não pode fazer o curso em nenhum lugar na Mongólia” — já que haveria conteúdo disponível “grátis ou quase grátis” para ela. Contudo, em sua opinião, não há uma tecnologia de avaliação automática para realizar “exames rigorosos e desafiadores” para números em grande escala.
A reconsideração dos Moocs fez surgir uma nova palavra de ordem no mercado da educação: “Spocs”, sigla em inglês que substitui o “aberto” e o “grande” por “privado” e “pequeno”.

Estudantes pedem mais segurança em residências da Ufba


DA REDAÇÃO - A TARDE - 31/03/2014 - SALVADOR, BA

Os estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) que moram na Residência Universitária da Garibaldi, onde residia o estudante de medicina veterinária Charles Müller Silva dos Santos, de 21 anos, vítima de latrocínio na última sexta-feira, 28, fizeram uma manifestação em direção a Reitoria da universidade no final da manhã desta segunda-feira, 31. Com o objetivo de ir até a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (PROAE) para conversar com a pró-reitoria, eles pedem melhoria de segurança na região.
O morador da residência Nilton César Miranda, estudante de Geociências, disse que durante assembleia na noite deste domingo, 30, os estudantes decidiram elaborar uma pauta de reivindicações, que inclui policiamento, refletores para melhorar a iluminação, inclusão do trecho no trajeto do Buzufba, monitoramento de câmeras de segurança e implantação de uma base da Polícia Militar nas proximidades do Banco Central. `A gente quer da Ufba recursos para termos uma melhor segurança`, disse Nilton.
O estudante ainda ressaltou que a ideia do grupo é se organizar em um movimento pacífico para sensibilizar o reitor para o desenvolvimento de melhorias e recursos para a segurança estudantil.
Atualmente há uma câmera de segurança na saída do prédio e outra do lado de fora. Os estudantes pedem que sejam colocadas mais câmeras e que o muro seja suspenso, com reforço de uma cerca elétrica. `O índice de assalto ali é muito grande`, completou Nilton.
Os estudantes moram no local desde o primeiro semestre de 2013, quando foram transferidos da antiga residência, na Graça.
A assessoria da Ufba informou que estão aperfeiçoando cada vez mais a segurança nos campus da universidade e nas áreas de residência. Atualmente são 700 homens entre agentes de portaria e vigilantes, mais de 400 câmeras, com uma central de monitoramento moderna, que registrou também o momento do assassinato do estudante Charles Müller.
Conforme dito pelo assessor, já foi pedido reforço policial para vigilância nas áreas das residências, mas como são regiões com poucas incidências de assalto, os policiais se deslocam para locais onde a demanda é maior.
Com relação a pauta de reivindicações, a assessoria informa que a universidade está permanentemente aberta para avaliar a viabilidade das propostas dos estudantes.

Coursera lança aplicativo para Android com 600 cursos


BRUNO CAPELAS - O ESTADO DE SÃO PAULO - 31/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Uma das mais famosas plataformas de ensino à distância do mundo, o Coursera acaba de chegar aos smartphones Android.
No último fim de semana, a entidade criada por dois professores da Universidade de Stanford lançou uma versão para Android de seu aplicativo, oferecendo mais de 600 cursos na palma da mão dos estudantes. Em dezembro, a plataforma online já havia lançado sua versão para iOS.
Em ambas as versões, é possível escolher cursos, se inscrever e até acompanhar as aulas por download ou streaming de mais de 100 instituições de ensino, localizadas no mundo todo, em 12 línguas diferentes – incluindo o português. (Nenhuma universidade lusófona, entretanto, já fez parcerias com o Coursera).

Aplicativos ajudam família a controlar agenda de estudantes


DA REDAÇÃO - UOL EDUCAÇÃO - 31/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Cada vez mais buscadas por alunos e professores, as novidades tecnológicas também facilitam a vida dos pais ou aproximam as famílias do cotidiano do colégio. Já são comuns aplicativos que permitem monitorar, a qualquer horário e de fora das escolas, notas, atrasos, faltas e até se a van escolar trafega na velocidade permitida. Para especialistas, o receio é que haja controle excessivo e invasão de privacidade.
O aplicativo SophiA, por exemplo, fez com que Pedro Aranha, de 12 anos, aposentasse a agenda de papel. Com a ferramenta, que organiza as atividades da semana, o pai também acompanha a rotina do filho. `Facilita a organização. Na tela do celular, posso ver tudo que haverá no dia seguinte`, conta Sérgio Aranha, de 47 anos, professor de Geometria. Para o adolescente, o app é motivo para redobrar a atenção. `Sei agora que meu pai acompanha ainda mais o que faço na sala.`
O app é uma novidade na Esfera Escola Internacional de São José dos Campos, no interior, onde Pedro estuda, e está disponível gratuitamente aos pais dos alunos. Para a diretora do colégio, Andrea Andrade, a ferramenta é mais uma opção para falar com as famílias. `Mas não elimina outras formas de comunicação`, ressalta.
Já a psicóloga Patrícia Gross, de 37 anos, conseguiu economizar alguns minutos do seu dia com o aplicativo Filho sem Fila, usado em oito escolas de São Paulo e da Região Metropolitana. O funcionamento é simples: o pai avisa pelo aparelho quando está perto do colégio e o professor responsável pelas crianças já leva o aluno à portaria.
Mãe de duas crianças, de 5 e 3 anos, Patrícia conta que as filas acabaram na porta da Escola Internacional Alphaville, em Barueri, na Grande São Paulo. `Agora nem preciso sair do volante porque eles já colocam meu filho no carro. Antes demorava quase 15 minutos.`
Vigilância
O app ZoeMob é outra solução para quem não quer perder o filho de vista. Pela ferramenta `dedo-duro`, pais podem ver se os filhos chegaram à escola, se atrasaram para alguma atividade e até conseguem saber se a van que leva as crianças anda em velocidade alta.
A psicóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ana Luiza Mano alerta para os riscos do exagero tecnológico. `O perigo é a paranoia: ficar obcecado em monitorar cada passo do filho.` Segundo ela, é importante dosar o uso das ferramentas, também para evitar desgaste nas relações familiares.
As informações são do jornal `O Estado de S. Paulo`.

Conferências sobre educação financeira acontecerão em maio


MEC - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - 31/03/2014 - BELO HORIZONTE, MG

Finanças pessoais, orçamento, planejamento, previdência social, sistema financeiro e investimento são temas que farão parte de conferências e palestras da Semana Nacional de Educação Financeira, programada pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef) para ocorrer em diversas cidades do País entre os dias 5 e 9 de maio.
Os interessados em participar devem acessar a página do evento na internet e conferir a agenda oficial. Cada iniciativa dá as informações necessárias para a inscrição.
A Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação preside o Grupo de Apoio Pedagógico (GAP) do Comitê, cujas ações resultaram num projeto piloto que, entre 2008 e 2010, levou educação financeira à rede pública de ensino médio dos estados do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e do Distrito Federal.
A experiência de se informar sobre finanças produziu mudanças significativas na vida dos jovens estudantes e de suas famílias, e rendeu ao Brasil referência sobre essa modalidade de ensino no relatórioThe impact of high school financial education – experimental evidence from Brasil (O impacto da educação financeira no ensino médio – a experiência do Brasil, em tradução livre), do Banco Mundial.
Segundo a professora Alzira de Oliveira Reis e Silva, especialista em educação financeira da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF), o projeto piloto “trabalhou um conjunto de comportamentos para que os jovens façam escolhas mais conscientes, se preparando para um futuro mais tranquilo”.
Analistas do Banco Mundial constataram o aumento de 1% do nível de poupança dos jovens que passaram pelo programa; 21% a mais dos alunos fazem uma lista dos gastos todos os meses; 4% a mais dos alunos negociam os preços e meios de pagamento ao realizarem uma compra. As famílias também foram beneficiadas, pois temas como orçamento, planejamento e taxas bancários entraram na pauta das conversas e decisões conjuntas de gastos por causa dos deveres de casa. O relatório conclui, ainda, que esse resultado indica que jovens educados financeiramente podem contribuir para o crescimento de 1% do PIB do Brasil.
O material didático do projeto piloto, distribuído para 26 mil alunos e dois mil professores de 891 escolas, está disponível ao público na página do MEC na internet. Não se trata de matéria extracurricular. O tema foi abordado nas aulas de matemática, ciência, história, geografia e português.
A meta da Estratégia Nacional de Educação Financeira e da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação agora é disseminar os resultados e estimular que a educação financeira seja adotada para alunos do ensino fundamental e médio.
Enef
O evento pretende divulgar as ações desenvolvidas pela Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) lançada pelo Decreto nº 7.397 do governo federal, em dezembro de 2010. A estratégia foi criada para promover a educação financeira e previdenciária em razão do impulso às políticas de inclusão social no país. A proposta é fortalecer a cidadania, oferecendo aos brasileiros noções sobre previdência e sistema financeiro.
Conef
O Conef, criado para gerir e coordenar programas da estratégia, propôs que a educação financeira fosse disseminada em ações para escolas de nível fundamental e médio, e também em ações para aposentados e mulheres beneficiárias do programa Bolsa Família.
O Conef é formado pelo Banco Central do Brasil (BCB), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), Superintendência de Seguros Privados (Susep), Ministério da Fazenda, Ministério da Educação, Ministério da Previdência Social, Ministério da Justiça, Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa), Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) e pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

domingo, 30 de março de 2014

Para professores e escolas, é mudar ou morrer, diz estudioso


RONALDO MOTA - POR BIANCA BIBIANO - REVISTA VEJA - 30/03/2014 - SÃO PAULO, SP

O professor emérito da UFSM, especialista em ensino e inovação tecnológica, diz que o atual sistema educacional é obsoleto e que o novo modelo só se erguerá se docentes e instituições ouvirem as lições de um ator: o aluno
Séculos depois do início da universalização do ensino e décadas após a introdução da formação profissional, a educação enfrenta uma terceira revolução. O motor é a tecnologia. Nem todos, porém, reagem bem ao terremoto, avalia Ronaldo Mota, professor emérito da Universidade Federal de Santa Maria, ex-secretário de desenvolvimento tecnológico e inovação no Ministério da Ciência e ex-secretário de ensino superior do Ministério da Educação. `Os alunos já podem estudar em casa e até obter diploma pela internet. Mas muitos professores ainda não perceberam esse movimento: serão engolidos pela tecnologia e perderão a atenção dos estudantes`, diz Mota, que acaba de lançar, em coautoria com David Scott, professor da universidade de Londres, o livro Educando para Inovação (Elsevier, 49,90 reais). A obra aborda o desafio das escolas de formar pessoas em um mundo de mudanças aceleradas em que a grande demanda é o aprendizado permanente. A despeito do atraso geral de instituições e mestres para lidar com a nova realidade — `O modelo de escola que conhecemos hoje será completamente extinto. O papel do professor, também` —, ele diz que o Brasil pode aproveitar a crise do modelo de ensino para promover uma grande transformação. `Temos uma população jovem, com nível de tolerância alto e flexibilidade diante de experimentos, elementos que favorecem a adaptação. Se fizéssemos disso um terreno para mudanças educacionais, provocaríamos uma grande transformação.` Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
Em Educando para Inovação, o senhor afirma que as mudanças a que assistimos hoje não são apenas tecnológicas e que esse movimento impulsiona também uma revolução de conceitos. Quais ideias estão em transformação? Inovação é muito associada a equipamentos e maquinário, mas as grandes mudanças deste século não têm necessariamente essa característica. Tomemos como exemplo uma inovação em outra área: o Cirque du Soleil. A partir do conceito tradicional do circo, o grupo canadense promoveu uma reestruturação radical e formatou um novo produto, criando um novo público. O conceito tradicional de inovação parte da ideia de que existe, antes de tudo, uma demanda para um produto ou processo. O que estamos vivendo neste século, porém, é o aparecimento de mudanças que não provêm da necessidade. Elas são tão revolucionárias que induzem a demanda após serem criadas. O tablet não foi feito após uma consultoria descobrir que havia demanda por computadores não portáteis. Ele surgiu como um produto inovador e criou a demanda a partir dele. Talvez você não necessite de uma impressora 3D agora, mas daqui a três anos vai querer uma em casa. O produto convence você de que é impossível viver sem ele.
Como a escola se insere nesse contexto de mudanças aceleradas? O que significa educar para a inovação? Significa que a escola precisa formar pessoas aptas a viver nesse cenário de constante inovação. No modelo fordista (sistema predominante no séxulo XX marcado pela linha industrial de produção), o papel da educação era formar técnicos competentes, aptos a atuar na produção tradicional para desenvolver tarefas com eficiência. Definitivamente, educação não é mais isso. O mundo não é mais fordista. Hoje, o sucesso ou não das empresas está associado diretamente à capacidade de inovar. O problema é que a escola segue se preparando para o antigo modelo. É como formar profissionais competentes que podem trabalhar em uma gráfica em vez de formar designers capazes de atuar em várias plataformas de comunicação. As instituições de ensino ainda não são, em geral, capazes de fazer esse raciocínio, pois carregam um atraso intrínseco. A título de comparação, tomemos o que aconteceu na área financeira nos últimos 30 anos: os bancos de hoje em nada lembram as instituições do passado devido à ascensão tecnológica. Enquanto isso, a escola permaneceu absolutamente a mesma. Ainda mantemos a figura clássica do professor que entra na sala de aula e apresenta o conteúdo para os alunos como se eles não soubessem nada. Isso, porém, não deve nos dar a ilusão de que a escola não será transformada: ela será.
Que tipo de transformação será essa? O modelo de escola que conhecemos hoje será completamente extinto. O papel do professor, também. Ele poderá até receber outra denominação, como `designer educacional`, um profissional dedicado à organização de conteúdos. Mas ele não poderá fazer essa tarefa sozinho: o processo de ensino e aprendizado será cada vez mais coletivo. O designer educacional de física que se propuser a colocar o conteúdo de aula em uma plataforma on-line contará com ajuda de gente que saiba usar a plataforma, alguém que entenda de design, usabilidade e ferramentas no ambiente virtual. Não será uma pessoa só, vai ser um time. No começo do processo de mudança, provavelmente ainda contaremos com um professor clássico, que domina o conteúdo de uma disciplina. Mas ao lado dele, veremos um menino de 14 anos, responsável por fazer a interface gráfica da plataforma. É um fenômeno que já está acontecendo: as grandes funcionalidades dos portais educacionais são desenvolvidas hoje por jovens que dominam os sistemas digitais graças à afinidade que possuem com o universo dos games. Se resolver ficar sozinho, o professor perderá essa corrida.
Nesse cenário, como será o ensino? Grande parte dos jovens já aprende parte do conteúdo escolar em canais que não dependem da escola. Os alunos já podem estudar em casa e até obter diploma pela internet. Mas muitos professores ainda não perceberam esse movimento: serão engolidos pela tecnologia e perderão a atenção dos estudantes. Não é o fim da escola, mas uma chance que se apresenta para aqueles alunos que não aguentam permanecer em sala de aula e que procuram mecanismos alternativos para adquirir o próprio conhecimento. Há muitos adolescentes criativos, que serão profissionais muito competentes e que simplesmente vivem em conflito com a escola. É um processo que vai acontecer cada vez mais. Até pouco tempo, existia um conflito do professor, que era alguém não digital, com o aluno, um nativo digital. Já estamos na fase seguinte, do não diálogo. As crianças já chegaram a uma etapa em que abstraem o conflito e simplesmente aprendem por conta própria, independente da escola. Seria um erro concluir que a escola não é mais importante. Ela é, mas desde que reconheça a existência do novo processo e que saiba se inserir nessa realidade. Se a escola entender isso como um confronto, vai perder.
Se a escola não mudar, a evasão de alunos vai crescer? Sim. A escola já enfrenta esse fenômeno, ainda que se trate de uma evasão não contabilizada. O aluno é deixado pelos pais na escola, senta lá por algumas horas e finge prestar atenção às aulas. O professor, por sua vez, altamente desestimulado, deixa o aluno ali, muitas vezes evitando o conflito. Quando olhamos os resultados numéricos desse modelo educacional, concluímos que o ensino vai mal. Sim, está ruim, mas é mais grave que isso. Temos dois conflitos acontecendo ao mesmo tempo: o ensino tradicional vai mal no Brasil e vai mal em si. Para superar essa crise, precisamos melhorar a qualidade de ensino e, simultaneamente, transformá-lo. O Brasil tem uma real oportunidade de dar um salto significativo e mais rápido do que outros países se entender a importância da inovação.
Por quê? Tomemos como base os resultados do exame do Pisa (mais importante avaliação educacional do mundo, realizada em alunos com 15 anos de idade), da OCDE. A Finlândia está sempre nos primeiros lugares da prova, que avalia o ensino tradicional. Qual a consequência? Os professores finlandeses morrem de medo de mudar seu método de ensino: afinal, quem quer mexer em time que está ganhando? A Finlândia pode não conseguir enfrentar os desafios da inovação com tanta facilidade. O Brasil, por sua vez, não tem motivo para temer a mudança. Afinal, se olharmos para o ensino médio brasileiro, podemos afirmar que não há como piorar. Por isso, temos um campo vasto para aplicar metodologias revolucionárias. O Brasil tem 200 milhões de habitantes e 104 milhões de usuários da internet, que em média navegam mais do que pessoas de outros países. Temos uma população jovem, com nível de tolerância alto e flexibilidade diante de experimentos, elementos que favorecem a adaptação. Se fizéssemos disso um terreno para mudanças educacionais, provocaríamos uma grande transformação.
Quais os caminhos para a inovação? Precisamos usar metodologias que valorizem a aprendizagem independente. Em caminho contrário, o Brasil deve ser o campeão mundial da aprendizagem dependente. Desde a pré-escola até o pós-doutorado, o que fazemos é estimular o estudante a ser dependente do professor. Por que o professor que termina o pós-doutorado na universidade tem medo de sair do laboratório? Porque ele é dependente. Nos países mais desenvolvidos, o estudante é estimulado a encontrar seus próprios caminhos. Aqui, criamos uma estrutura de dependência tão grande que as pessoas são estimuladas a não abdicar da zona de conforto. O que mais precisamos é do oposto disso. Quando isso ocorre, temos a rebelião à que estamos assistindo, sem interferência do Estado, dos pais e muito menos da escola: essa rebelião é movida pela juventude à procura de mecanismos alternativos. Isso explica o sucesso de serviços de aprendizagem on-line como o Veduca, que já tem 3,5 milhões de inscritos.
Como o senhor avalia projetos que tentam colocar o tablet na sala de aula? Na maioria, são frustrantes, porque são feitos por gestores escolares que não são do campo da tecnologia digital aplicada à educação. Daí, cena comum, os pais pagam pelos tablets e, como as estatísticas comprovam, eles ficam jogados em casa. Em geral, os alunos recebem o aparelho com um material antiquado, com reproduções de apostilas idênticas ao material impresso. Mas a questão vai muito além do produto. O hábito de estimular o aluno a estudar em casa depois de ver o conteúdo em sala aula é falido, não há a menor chance de dar certo. A única forma de preparar alguém para a inovação e para a aprendizagem independente é oferecer o conteúdo antes da aula e fazer com que os momentos presenciais e coletivos passem por um filtro: só participam desses momentos aqueles que demonstrarem o mínimo interesse. Se a criança sequer tocar no conteúdo antes, ela simplesmente não deveria participar do convívio. Sabemos, por vários experimentos, que se metade da turma estiver prestando atenção e a outra metade não estiver, a parte desinteressada contamina o restante do grupo e o resultado é um desastre. Se o professor usar um filtro inicial baseado em interesse e realizar os momentos coletivos somente com aqueles que demonstraram o mínimo de interesse, os resultados vão lá para cima.
E o que o professor faria com o estudante que não se interessa? Ele pode mandá-lo para a biblioteca, para uma sala de informática, para qualquer outra atividade. Em uma metodologia tradicional, mesmo que o professor tenha toda a rotina sob seu controle, ele precisa reprovar aquele que não acompanhou o grupo. Isso não é negativo da mesma maneira? Uma nova metodologia implica mudança de cultura. Vai ser normal que o aluno assuma que não pode assistir à aula porque não se preparou para ela, e terá que ser aceitável tanto para o gestor escolar quanto para os pais. Na próxima aula, ele vai se preparar para participar.
Que mudanças de conceitos são necessárias para a transformação de que o senhor fala? Todo o processo educativo tradicional é baseado na cognição, ou seja, como se aprende e como se ensina. O mais importante no futuro será a metacognição: o aluno terá que entender o processo ao que está submetido e conhecer seus avanços, obstáculos e deficiências. Ele precisa se enxergar no processo educacional. Isso abre a porta para um novo ponto: a classe não se dividirá mais entre aqueles que sabem e os que não sabem, mas dará espaço para um terceiro, que não sabe o conteúdo, mas sabe onde encontrá-lo. No mundo atual e futuro, é mais relevante a atitude de uma pessoa diante de uma pergunta para a qual ela não tem resposta, porque o acesso à informação não é mais crítico. O professor tem que esquecer essa ideia de que vai disputar espaço com a tecnologia. Não há chance de ele dominar mais esse tema que um jovem. Ele tem que achar mecanismos para dizer ao aluno: `Eu não sei essa linguagem como você sabe, mas eu estou disposto a compartilhar o que eu sei e aprender com você.` Mas fazer isso exige um alto nível de maturidade e metacognição para entender o papel de cada um. Ele não pode mais chegar na aula e dizer que sabe mais, pois não sabe mais sobre certas áreas, como as tecnologias digitais.
Não é, de fato, o que acontece hoje nas escolas, certo? Não, ainda temos a maior parte dos professores pedindo que seus alunos desliguem o celular durante as aulas. Mas eles não conseguem, cada vez que ele vira para frente, o estudante está lá teclando.

Ensino de todos os tipos e níveis

DA REDAÇÃO - O ESTADO DE SÃO PAULO - 30/03/2014 - SÃO PAULO, SP

João Víctor Ramani e Souza, de 11 anos, aluno do Colégio São Luís, na região central de São Paulo, pesquisa um fio de cabelo na aula de Ciências, em seu primeiro contato com o microscópio. Ele e os colegas, meninos e meninas, estudam em um dos estabelecimentos mais conceituados e caros da Companhia de Jesus, equivalente ao Santo Inácio, no Rio, e ao Loyola, em Belo Horizonte.
Cristian Gabriel Ramiro, de 14, dedilha as cordas de um violão na aula de música da unidade do Projeto Fé e Alegria, na Estrada de Taipas, periferia da zona norte. Ele estuda em uma escola pública à tarde, mas frequenta essa unidade na qual os jesuítas oferecem a crianças e adolescentes atividades de arte e lazer. Tudo de graça, com almoço, jantar e lanche. Fundado na Venezuela, o projeto tem 2,7 mil centros na América Latina e beneficia 1,5 milhão de pessoas.
`Temos 44 centros como esse em 15 Estados com cerca de 20 mil atendidos`, informa o diretor-presidente da Fundação Fé e Alegria no Brasil, padre Álvaro Negromonte. A obra, que funciona em convênio com prefeituras, Estados e empresas privadas, tem mais uma unidade no Grajaú, na zona sul. O coordenador estadual, Clodoaldo Muchinski, trabalha com colaboradores leigos. Como nos colégios, os padres são apenas um ou dois em cada instituição, em cargos de direção e orientação.
Os jesuítas têm 14 colégios e quatro instituições de ensino superior no Brasil, além de ser responsáveis por administrar a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). No Colégio São Luís, que tem 2.126 alunos, funciona também um curso noturno, com 500 vagas, para formação acadêmica e aulas de teatro e informática, com bolsas integrais, alimentação, livros e uniformes.
A Companhia de Jesus tem uma missão evangelizadora. A base são as questões relacionadas a moralidade e ética, sem catequese ou proselitismo. `As aulas tratam do ensino religioso como dado antropológico e uma experiência humana que inclui religião`, diz o coordenador pedagógico, Laez Fonseca. A maioria dos alunos é católica, mas há judeus, protestantes e ateus.
Os padres atuam no apostolado espiritual, em paróquias, em projetos sociais e na formação de lideranças em cultura, educação, política e economia. O Serviço Jesuíta de Refugiados beneficia 700 mil pessoas em 50 países. Em Manaus, o Projeto Pró-Haiti atende 30 imigrantes haitianos por dia. / J.M.M.

sábado, 29 de março de 2014

Alunos da USP denunciam frases preconceituosas de professores

DA REDAÇÃO - TERRA EDUCAÇÃO - 29/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Alunos da Universidade de São Paulo (USP) criaram uma espécie de mural com frases racistas, machistas e homofóbicas que teriam sido proferidas por professores da instituição. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as frases que encobriram os vitrais e colunas do prédio da Faculdade de Direito da USP foram escritas por um grupo feminista da escola com o objetivo de revelar as manifestações preconceituosas dos docentes.
Segundo o grupo, um dos professores teria dito que “gay não é confiável”. Outros, teriam atacado a ala feminina, dizendo que “`o assédio sexual é insignificante` e `homem não sabe por que bate, mas mulher sabe por que apanha`. Os nomes dos professores não foram publicados nos murais, apenas o local os cursos ou faculdades onde eles lecionam.
De acordo com o grupo feminista Dandara as queixas sobre preconceitos aumentaram nos últimos meses. `É absurdo. Fizemos a intervenção para mostrar que isso está errado, principalmente em um lugar onde se discutem os direitos e o cumprimento da lei`, relatou a estudante Ana Lídia Cavalli, 19 anos, que integra o grupo feminista. A iniciativa teve apoio do centro acadêmico da unidade.
O diretor da Faculdade de Direito, José Rogério Tucci, no cargo há pouco mais de um mês, afirmou que desconhece o conteúdo das reclamações e que vai procurar os envolvidos na segunda-feira. `Não queremos atitudes discriminatórias`, disse.

Em vez de aula, revisão de conteúdo


MARINA KUZUYABU - REVISTA EDUCAÇÃO - 29/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Criado para ser um instrumento de avaliação da qualidade do ensino médio, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se converteu hoje em um sistema de ranqueamento de escolas públicas e privadas, segundo o especialista em legislação de ensino Moaci Alves Carneiro. “O Ministério da Educação (MEC) não sabe o que fazer com os dados, que deveriam ser usados para reverter as fragilidades e deformações expostas. Desse ponto de vista, é uma avaliação inútil, que não serve para orientar”, acrescenta o ex-diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE) e consultor de órgãos como o Ministério da Educação (MEC), o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub).
Em vez de ser corrigida, essa distorção está provocando outra deformação, que é a decisão de algumas escolas de focar seus esforços na preparação dos alunos para o exame. Levantamento feito pelo Laboratório de Estudos Interdisciplinares (LEI), grupo independente criado há quase cinco anos para produzir pesquisas na área da educação, identificou 80 escolas que transformaram o 3º ano do ensino médio em uma etapa de revisão para o Enem.
Carneiro, que é um dos integrantes do grupo sediado em Brasília (DF), informa que a maioria das instituições está localizada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O nome das escolas não foi e nem será divulgado sob o argumento de que o objetivo não é expor as escolas, mas sim apontar o problema.
A pesquisa foi feita pelos próprios pesquisadores do laboratório – quase todos professores doutores aposentados –, em 11 estados brasileiros, além do Distrito Federal. Em cada local, foram analisadas 12 escolas, sendo seis particulares, quatro estaduais públicas e duas estaduais federais.
Entre as particulares, verificou-se que 92% delas estão usando o último ano para preparar os estudantes para o Enem. Entre as públicas estaduais, esse percentual é de 12% e, nas federais, de 78%. “Essas escolas estão organizando o ensino médio à margem da legislação. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) diz que a duração dessa etapa deve ser de no mínimo três anos, mas o que está acontecendo é a concentração do currículo em dois anos. Estamos encurtando o tempo de formação”, alerta.
O mapeamento também verificou que o conteúdo do Enem se tornou o elemento de referência para as escolas, que desde o 1º ano, no caso das instituições privadas, se planejam para ensinar ao aluno o que vai na cair na prova. “Contrariamente às orientações do MEC, as escolas estão esquartejando o currículo do ensino médio”, enfatiza.
Como avaliar sistemas desiguais
Como instrumento de avaliação, o Enem também é criticado por não considerar as diferenças existentes entre as redes de escolas. “Não temos no Brasil um sistema de ensino, mas redes de escolas que vivem em realidades discrepantes. Cada vez que sai o resultado do Enem se vê uma profunda penalização das escolas públicas e seus professores”, fala Carneiro. O especialista acredita que deveriam ser criadas formas de avaliação que contemplassem essas diferenças, pois a adoção de um único parâmetro produz e continuará produzindo injustiças.
Outro desafio é aproximar os professores da avaliação, o que poderia ser feito via Consed e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). “O professor, que muitas vezes é informado dos resultados de sua escola pela imprensa, não se vê implicado no processo, uma vez que ele não participou da elaboração do sistema de avaliação, nem de maneira indireta”, relata.
No ano passado, mais de 7 milhões de estudantes prestaram a prova, 23% a mais que em 2012. Além de medir o conhecimento dos alunos e, consequentemente, a qualidade das escolas, a prova também é usada pelos estudantes para obter o diploma do ensino médio e para o acesso a universidades.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Escola não consegue lidar com a nova cultura jovem


JORGE WERTHEIN* - O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Os desafios que enfrentamos na educação dos jovens se repetem na América Latina e em muitos países da Europa. A escola não sabe como lidar com essa nova cultura jovem e com as grandes mudanças de seu cotidiano nos últimos 20 anos.
O que vemos em todas as pesquisas sobre a juventude e a escola é que os jovens reclamam de uma profunda insatisfação com a forma que a escola o acolhe e da resposta que dá às suas demandas. Sem dúvida, a escola não é um ambiente acolhedor, o clima não é bom, há muitas carências - e é muito difícil estudar em um lugar assim. Acredito profundamente que o impacto é muito negativo no processo de aprendizado quando não há um clima apropriado na escola.
Governos estaduais, municipais e federal precisam trabalhar juntos e assumir suas responsabilidades para conseguir uma escola de qualidade. Sem docentes qualificados não vamos conseguir avanços. Mas, quando olhamos bons exemplos, fica claro o papel importante da gestão da escola e dos diretores. Daí o papel fundamental das secretarias, que precisam fomentar o surgimento desses profissionais.
*Jorge Werthein é educador e assessor de educação da Fundação Education Above All, Qatar

Curso de estatística da USP é o mais visto em plataforma gratuita de EAD


DA REDAÇÃO - UOL EDUCAÇÃO - 28/03/2014 - SÃO PAULO, SP

O curso online sobre probabilidade e estatística ministrado pela USP (Universidade de São Paulo) foi o mais visto no portal Veduca, responsável por disponibilizar cursos universitários gratuitamente, desde o lançamento das aulas em junho do ano passado. A plataforma oferece 289 cursos em 21 áreas de conhecimento.
De acordo com o levantamento da empresa, o curso recebeu 31.330 inscrições até o momento. Ao todo, são 15 horas de aulas online e o interessado poderá conseguir um certificado gratuito do curso. Para isso é necessária a inscrição e a aprovação em uma prova presencial realizada posteriormente.
O segundo colocado no ranking foi o de física básica, também da USP, com 21.628 inscrições desde junho de 2013. A disciplina tem 21 horas de aulas online sobre o estudo e análise do movimento e repouso dos corpos, sua evolução no tempo e seus deslocamentos, sob a ação de forças, e seus efeitos subsequentes sobre seu ambiente.
O curso de ciência política da Universidade de São Paulo, o primeiro Mooc (sigla em inglês para curso online, grátis e em larga escala) lançado na área de humanas, registrou a participação de 20.471 estudantes. As aulas envolvem conceitos sobre partidos políticos, opinião pública e o poder da Constituinte.
A pós-graduação (MBA) em engenharia e inovação da USP e da Universidade Federal de Santa Catarina (14.056); e o curso de bioenergética da UnB (Universidade de Brasília) completam a lista dos cinco com maior número de inscrições até hoje.
O MBA é focado no desenvolvimento da liderança dos estudantes. Ao final, o Veduca, em parceria com o Centro Universitário UniSEB, emitirá certificação mediante ao pagamento do curso. De qualquer forma, as aulas estarão disponíveis gratuitamente para quem não deseja o certificado.
Nas aulas de bioenergética, os estudantes podem acompanhar as transformações permitidas e quais são as proibidas; como o organismo escolhe, entre várias transformações possíveis, aquelas que levam ao crescimento e à multiplicação; como as leis da termodinâmica moldam as possibilidades do ser vivo.
De acordo com a companhia, o site Veduca conta com 321 mil estudantes cadastrados. No portal é possível assistir aos vídeos dos cursos sem a necessidade de inscrição prévia, porém o estudante não pode participar de fóruns e nem fazer anotações dentro do sistema.
Confira abaixo os com o maior número de inscrições:
Probabilidade e estatística, da USP: 31.330 inscritos;
Física básica, da USP: 21.628 inscritos;
Ciência política, da USP: 20.471 inscritos;
MBA engenharia e inovação, USP e Universidade Federal de Santa Catarina: 14.056 inscritos;
Bioenergética, da UnB: 12.710 inscritos;
Capacitação em Google Adwords, do Google: 11.608 inscritos;
Ética, da USP: 4.177 inscritos;
Eletromagnetismo, da USP: 2.138 inscritos.
Mais acessados em 2014
O levantamento também destaca os cursos mais acessados em 2014 independente do número de inscritos.
Veja a lista com os dez mais acessados desde janeiro:
Capacitação em AdWords (Google Expert:Training Day), do Google
Ciência política, da USP
Gestão de projetos, parte do MBA em Engenharia e Inovação
Probabilidade & Estatística, da USP
Física básica, da USP
Bioenergética, da UnB
Aprendizagem e utilização de plataformas digitais, parte do MBA em Engenharia e Inovação
Ética e justiça: O que é o certo a fazer, de Harvard (EUA)
Escrita científica: Produção de Artigos de Alto Impacto, da USP
Anatomia geral humana, de Berkeley (EUA)

Agressividade e mau desempenho escolar podem indicar abuso

CARTOLA - AGÊNCIA DE CONTEÚDO - TERRA EDUCAÇÃO - 28/03/2014 - SÃO PAULO, SP

No início do ano letivo, professores, coordenadores pedagógicos, diretores e servidores das escolas públicas da educação básica do Distrito Federal (DF) receberam o Guia Escolar – Rede de Proteção à Infância para auxiliá-los a identificar sinais de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
O Centro de Referência da Criança e do Adolescente do DF registrou 300 denúncias de violência contra crianças e adolescentes entre janeiro e abril de 2013. Entre os tipos de violência relatados, 72% são de negligência, 48% de violência psicológica, 39% de violência física e 23% de violência sexual. O levantamento revelou um aumento de 29,73% no total de denúncias entre 2012 e 2013.
Não necessariamente houve mais casos, mas os números refletem no mínimo uma mudança de comportamento, conforme destaca a subsecretária de Políticas para Crianças da Secretaria do Estado da Criança do DF, Maura Luciane de Souza. “Esse aumento mostra que as pessoas estão incomodadas com o assunto e estão denunciando. Quanto mais denúncias, mais deveriam ser elaboradas políticas de proteção”, diz. Com o guia, as secretarias da Criança e da Educação do DF pretendem que os profissionais da educação sejam aliados na missão de identificar crianças e adolescentes vítimas de violência.
Para Maura, a escola tem papel fundamental nessa questão. Além de capacitar o profissional, a subsecretária considera importante fortalecer a escola como um espaço de articulação com outros setores, como o da saúde, por exemplo. Maura acredita que o tema tem sido pauta e agenda política no País. “Ele tem saído de debaixo do tapete. Há muitos anos, era um pudor”, observa.
Entre as informações contidas no guia, há dicas de como reconhecer se um jovem ou criança sofreu abuso. Segundo Maura, trata-se normalmente de estudantes muito introvertidos, que se isolam, apresentam um déficit de aprendizagem e um desempenho escolar que não é dos melhores. Além disso, ela ressalta que eles podem apresentar um comportamento agressivo. “São crianças emocionalmente perturbadas”, afirma. Caso os pais identifiquem sinais de abuso ou violência sexual, o recomendado é contatar o Conselho Tutelar, ou então, ligar para o Disque 100, que é gratuito e protege a identidade do denunciante.
Vítimas de violência confiam pouco nos adultos
A socióloga e coordenadora da área da juventude e políticas públicas da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO), Miriam Abramovay, destaca o papel dos pais na questão. Parte da vida escolar, eles são atores que não estão presencialmente nas instituições e muitas vezes têm uma relação difícil com as mesmas.
Durante suas pesquisas relacionadas ao tema, ela diz que as crianças vítimas de violência revelaram “confiar pouco nos adultos”. O comportamento comum é se queixarem para um colega da mesma idade. “Nós sabemos que os pais nesse momento não só trabalham mas também têm uma sobrecarga de trabalho”, afirma. Dessa maneira, muitas vezes, os pais “não dão conta” de enxergar o que acontece com os próprios filhos. Para ela, a escola deveria trabalhar junto com eles. Entretanto, há uma resistência dos responsáveis quando são chamados na escola, pois geralmente acham que a instituição tem algo para reclamar dos seus filhos. “Fica um clima viciado”, diz, ressaltando que falta diálogo com a família.
A escola, um lugar de aprendizado que deveria ser de bom clima, nem sempre consegue garantir o respeito nas relações, seja entre pais, alunos ou professores. “As relações sociais são muito tensas agora”, afirma Miriam. Para ela, o que os alunos chamam de bullying é “violência mesmo”, sejam julgamentos, discriminação, desrespeito ou até mesmo “zoações” - termo utilizado por jovens. Ela ilustra uma situação: “quando dizem para você que o seu cabelo é `ruim` uma vez, é uma coisa; quando dizem todos os dias, é outra.” Como consequência dessa violência, os estudantes ficam traumatizados.
Professor falam em ir armados para a escola
Ela destaca ainda a relação igualmente tensa entre professores e alunos, e reconhece que há professores muito bons, mas também observa que uma grande parte deles não têm paciência com os estudantes. Como exemplo, ela cita uma situação que ocorreu durante suas pesquisas no ambiente escolar. “Em um grupo focal, um professor disse que ia armado para a escola porque não se sentia seguro”, conta. `Que tipo de instituição é essa que até o professor se sente vulnerável e acredita que ninguém nem nada podem protegê-lo?`, questiona. Segundo Miriam, os alunos também reclamam que suas queixam não são levadas a sério.
O clima tenso a que se refere também pode ser explicado, em parte, pela infraestrutura das escolas, de acordo com ela. “Como você quer que a escola seja um lugar agradável quando é tudo quebrado e não tem nada?”, questiona. Para Miriam, isso tudo compõe um ambiente que faz com que os jovens não tenham vontade de ficar naquele local, assim como professores e diretores, que perdem a vontade de ir trabalhar.
Para amenizar ou até mesmo solucionar o problema de violência nas escolas, Miriam acha que primeiro é preciso entender o que acontece dentro das instituições - o que não ocorre no momento. Os Estados e municípios deveriam desenvolver um projeto de convivência escolar, que possa mostrar aos professores qual o papel deles nessa missão de combate à violência. “Isso eles não aprendem na faculdade. A população que está na escola mudou muito, e a gente continua com os mesmos cursos de pedagogia”, reflete. Ela lembra que a violência no ambiente escolar não ocorre somente em áreas de vulnerabilidade social. “Há escolas em bairros tranquilos que são muito violentas, e há escolas que são em bairros violentos que são muito tranquilas”, afirma.

Lei que dificulta fechamento de escolas rurais é sancionada


AGÊNCIA BRASIL - TERRA EDUCAÇÃO - 28/03/2014 - SÃO PAULO, SP

A presidenta Dilma Rousseff sancionou lei que dificulta o fechamento de escolas rurais, indígenas e quilombolas. A Lei 12.960, de 27 de março, altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) para fazer constar exigência de manifestação de órgão normativo – como os conselhos municipais de Educação - do sistema de ensino para o fechamento desse tipo de escola. A lei foi publicada na manhã desta sexta-feira,no Diário Oficial da União.
Além de exigir que o órgão normativo opine sobre o fechamento da unidade de ensino nessas áreas, a lei também estabelece que a comunidade escolar deverá ser ouvida e a Secretaria de Educação do estado deverá justificar a necessidade de encerramento das atividades da escola.
O projeto é de autoria do Executivo e ao justificar a proposta o então ministro da Educação, Aloizio Mercadante, destacou que nos últimos cinco anos foram fechadas mais de 13 mil escolas do campo. Segundo ele, decisões tomadas sem consulta causam transtornos à população rural que deixa de ser atendida ou passa a demandar serviços de transporte escolar.
Em fevereiro, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra ocuparam o saguão da portaria principal do Ministério da Educação por duas horas para protestar contra o fechamento de escolas no campo.

Após acordo, alunos decidem desocupar reitoria da UFSC


DA REDAÇÃO - UOL EDUCAÇÃO - 28/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Estudantes decidiram nesta sexta-feira (28) desocupar a reitoria da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Eles estavam no prédio desde quarta-feira (26), quando a Polícia Federal realizou uma operação contra tráfico de drogas no campus. A ação teve a participação da PM e acabou em confronto.
A desocupação foi decidida em assembleia realizada na manhã de hoje. Por volta das 14h, os alunos já haviam começado a deixar a reitoria.
Ontem, estudantes e representantes da reitoria firmaram um acordo com 13 pontos, entre eles o compromisso da discussão de uma política de segurança no campus. No documento, a universidade reafirma que é contra qualquer tipo de ação violenta.Críticas
A operação realizada na quarta terminou com cinco detidos e um clima de tensão entre a UFSC e a PF, que trocaram críticas nos últimos dias. O delegado responsável pela operação, Paulo César Barcellos Cassiano Júnior, chegou a dizer que não ia permitir que a reitora transforme a UFSC em uma `república de maconheiros`
Logo após a ação, a reitoria divulgou uma nota dizendo que desconhecia a operação da Polícia Federal. `Reafirmamos nosso total repúdio ao lamentável episódio vivido hoje pela comunidade universitária, reiterando que, em nenhum momento, solicitamos ou fomos previamente informadas dessa ação`.
Na quinta, a PF informou que a reitora da UFSC solicitou em 26 de agosto de 2013 que a polícia tomasse providências para reprimir o tráfico de drogas na universidade. `Aliás, embora desnecessária, houve autorização expressa da reitoria para a realização das diligências`, disse a polícia.
Protesto e confronto
Na tarde de quarta, policias federais à paisana prenderam cinco indivíduos - sabia-se no começo da noite de apenas três detidos -- e todos eles foram liberados em seguida.
Em protesto pelas detenções, cerca de 300 alunos, professores e funcionários cercaram os agentes e viraram um carro da PF e uma viatura da guarda universitária. A PM foi chamada e entrou em ação lançando bombas de gás.
Depois do tumulto, os estudantes decidiram ocupar o hall principal da reitoria da universidade.

Plataforma de EAD quer ensinar inglês para profissionais de TI

ANDRÉIA MARTINS - UOL EDUCAÇÃO - 28/03/2014 - SÃO PAULO, SP

A baixa proficiência em inglês é um problema profissional. Principalmente em uma área tão internacionalizada como TI (tecnologia da informação).
Uma pesquisa com profissionais de negócios feita em 2013 pela GlobalEnglish apontou que os brasileiros tem o sétimo pior nível de inglês do mundo, e o sexto pior da América Latina. No Brasil, outro número lançou um alerta: um levantamento feito pela consultoria Michael Page com executivos mostrou que, na área de TI, apenas 45% desses profissionais dominam a língua inglesa.
Para melhorar a proficiência de inglês - especificamente entre profissionais de TI - um grupo de empresários norte-americanos (Mais Unidos) e o MEC lançaram uma plataforma online de ensino do idioma. É o Brasil Mais TI.
`A deficiência do inglês existe sim e não só em TI. Mas nessa área, dependendo do projeto, o profissional tem que trazer conceitos de fora e interagir com outros profissionais, técnicas e negócios que estão na língua inglesa. Além disso, hoje o suporte técnico de empresa estão centralizados em algumas partes do mundo, e o Brasil é um desses países. Então profissionais com bom inglês são cada vez mais requisitados`, diz Fabiana Nakazone, especialista em RH.
Muitas vezes os profissionais dizem que falam inglês porque leem manuais técnicos em outras línguas, mas na hora de conversar ou participar de uma reunião, a deficiência aparece. E a baixa proficiência desses profissionais pode ter mais de uma explicação. Embora a oferta de cursos de inglês seja ampla, Fabiana comenta que muitas pessoas acabam se preocupando com a formação profissional e deixam o aprendizado de um idioma para depois.
Os dois cursos, básico e intermediário, terão duração de 64 horas cada e entram no ar no final de março. Jogos, exercícios gramaticais, textos e material em áudio estarão disponíveis para os alunos. Ambos podem ser feitos por quem acessa o site e pelo público em geral, e terão certificação. As aulas devem atingir a maioria de jovens entre 18 e 25 anos, 65% dos usuários da plataforma, e que estão finalizando uma graduação ou são recém-formados.

Alunos não sabem nem o básico em Português


PAULO SALDAÑA - O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/03/2014 - SÃO PAULO, SP

Quase quatro em cada dez alunos chegaram ao fim do ensino médio na rede estadual de São Paulo sabendo menos do que o básico em Português. No 9.º ano, essa proporção é de três em cada dez. Como o Estado revelou nesta quinta-feira, 27, a qualidade da educação caiu no ensino médio e ficou estagnada no fim do fundamental, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp).
Os níveis de proficiência são organizados a partir da pontuação dos alunos nas provas de Português e Matemática no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). São quatro níveis: abaixo do básico, básico, adequado e avançado. A Secretaria de Estado da Educação considera como suficiente o desempenho dos alunos que fiquem entre os níveis básico e avançado. A pasta não informou, no entanto, as médias alcançadas pela rede nas duas provas - não é possível saber se houve piora nas duas avaliações.
A proporção de alunos que ficaram no pior nível de proficiência (abaixo do básico) aumentou tanto no ciclo 2 do fundamental (6.º ao 9.º ano) quanto no médio entre 2013 e 2012. No fundamental, 30% ficaram no patamar, ante 28,5% no ano anterior. São alunos incapazes, por exemplo, de organizar, em sequência, os episódios principais do enredo, em conto e fábula.
Já no ensino médio, 39,6% estão nesse nível mais baixo, ante 34,4% em 2012. Com esse desempenho, um aluno do 3.º ano não consegue, por exemplo, distinguir um fato da opinião sobre esse mesmo fato em um artigo opinativo.
Em Matemática, a proporção de alunos no nível mais baixo caiu nos anos finais do fundamental (de 36,6%, em 2012, para 36,5% em 2013) e no médio (de 55,8% para 55%). Isso significa que esses alunos não conseguem identificar o raio de uma circunferência, por exemplo.
O Idesp é calculado a partir dos resultados do Saresp e do fluxo (reprovação e abandono). Cada escola tem seu próprio índice, a partir do qual é mensurada a taxa da rede. Como o Estado revelou ontem, o ensino médio caiu de 1,91 para 1,83 e o ciclo final do fundamental ficou estagnado em 2,50 entre 2012 e 2013. As metas para 2030 são de 5 e 6, respectivamente.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) comentou ontem o Idesp da rede. `O ensino médio é uma dificuldade no mundo todo`, afirmou ele.
Comemoração. Alckmin comemorou o desempenho da rede nos anos iniciais (1.ª a 5.ª série). `É o melhor índice de toda a série histórica`, disse. A etapa vem em ritmo de melhora e cresceu de 4,28 para 4,42 - a meta é de 7, também até 2030.
Segundo dados da Secretaria, 16,1% dos alunos do 5.º ano estão nos níveis abaixo do básico em Português (esse porcentual era de 18,1% em 2012). Em Matemática, o índice é de 26,1% no nível mais baixo (em 2012 era de 27,9%). A partir deste ano, a pasta divulgou dados de avaliação no 2º ano, em que 94,6% dos alunos estão entre os níveis básico e avançado em Português - o que representa, segundo o governo, que sabem ler e escrever.

Capes lança Plataforma Sucupira para avaliação da pós-graduação


PEDRO ARCANJO - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - 28/03/2014 - BELO HORIZONTE, MG

O Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) conta a partir desta quinta-feira, 27, com uma nova ferramenta online para coletar informações, realizar análises, avaliações e servir como base de referência: a Plataforma Sucupira. A cerimônia de lançamento do sistema aconteceu no edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em Brasília com a presença do ministro da Educação, Henrique Paim.
A Plataforma disponibilizará em tempo real e com transparência as informações, processos e procedimentos que a Capes realiza no SNPG para toda a comunidade acadêmica. Igualmente, a ferramenta propiciará a parte gerencial-operacional de todos os processos e permitirá maior participação das pró-reitorias e coordenadores de programas de pós-graduação. O preenchimento das informações, como Cadastro de Discentes, na Plataforma poderá ser feito a partir do dia 3 de abril.
De acordo com o ministro Paim, um dos destaques do novo sistema é dar visibilidade à expansão da pós-graduação brasileira. `A Plataforma Sucupira fará com que todas as informações da pós sejam publicamente acessíveis e que os nossos esforços se tornem visíveis. É importante lembrar que tivemos um crescimento de 50% de cursos nos últimos seis anos, e somente a Região Norte teve um aumento de 40% nos últimos três anos`, lembrou.
Para o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, o antigo sistema de avaliação era pouco capaz de acompanhar os avanços da pós-graduação nos últimos anos. `Temos uma taxa de crescimento de 20% por triênio. Isso significa que provavelmente chegaremos a mais de 6 mil cursos na próxima Trienal. Permitir que todos esses dados fiquem permanentemente disponíveis será muito importante`, afirmou.
Segundo o diretor de Avaliação da Capes, Livio Amaral, a transparência e a publicidade são dois dos avanços significativos oferecidos pela nova plataforma. `A busca da transparência sempre foi o ponto fundamental sobre a avaliação da pós-graduação. Temos que ter os dados transparentes e tudo que fazemos e produzimos na pós-graduação deve ser de acesso à sociedade no seu todo`, ressaltou.
Além da transparência, a Plataforma Sucupira pretende reduzir o tempo, esforços e imprecisões na execução de avaliação do SNPG, promover maior facilidade no acompanhamento da avaliação, gerar maior confiabilidade, precisão e segurança das informações além de permitir um controle gerencial mais eficiente.
Para os programas de pós e as instituições de ensino, haverá maior facilidade e simplicidade no processo de coleta e envio das informações. Além de imediata visibilidade das informações da instituição, maior agilidade no processo de solicitações e comunicação junto à Capes. Tudo isso por meio do envio de informações continuamente em tempo real ao longo do ano e com a possibilidade de integração com sistemas de registro acadêmico-corporativos.
Desenvolvimento
A Plataforma Sucupira é fruto da parceria da Capes com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em maio de 2012, as duas instituições assinaram termo de cooperação para o desenvolvimento de um sistema voltado a coletar informações dos programas de pós-graduação em tempo real e estabelecer os procedimentos de avaliação com transparência para toda a comunidade acadêmica.
O diretor de Avaliação da Capes demonstrou gratidão pela conclusão da tarefa e saldou a quantidade de presentes na cerimônia de lançamento. `A presença de tantas pessoas representa uma manifestação positiva sobre o esforço coletivo que representou a construção dessa plataforma`, afirmou.
O esforço de implementação também foi destacado pelo professor da UFRN, Rubens Maribondo, um dos responsáveis pela construção da plataforma. `Temos gravado mais de 200 horas de videoconferência, um trabalho intenso e diário de desenvolvimento, com visitas ao Conselho Técnico-Científico da Capes, consultas aos conselheiros e à comunidade científica`, lembrou o professor.
Ferramenta
Para o professor Maribondo, um dos grandes avanços do sistema é ser uma plataforma única integrada com um único banco de dados. `A ideia é que não seja mais necessário entrar em diversos sistemas, temos agora uma única porta de acesso entre a pós-graduação e a Capes. Teremos muito mais transparência no processo, o que vai exigir muito mais responsabilidade dos coordenadores, que precisam garantir a confiabilidade das informações disponíveis`, ressaltou.