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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Interno da Fundação Casa é finalista de concurso nacional de poemas

31 de outubro de 2014
Jovem de 17 anos cumpre medida por tráfico; é sua terceira passagem. Ele disputará a final com 37 alunos de escolas públicas de todo o país

Fonte: G1

Um interno de 17 anos que cumpre medida socioeducativa em uma unidade da Fundação Casa, em São Paulo, foi classificado nesta quinta-feira (30) como finalista da Olimpíada de Língua Portuguesa, na categoria poema. A olimpíada reúne alunos de escolas públicas de todo o país e é promovida pelo Ministério da Educação e pela Fundação Itaú Social. Para participar da segunda etapa do concurso (a semifinal, em Belo Horizonte), ele teve autorização judicial para viajar de avião pela primeira vez, na última terça-feira (28), acompanhado pela professora de português Maria da Penha Silva e um agente de segurança. O retorno para São Paulo será nesta sexta-feira (31).
É a primeira vez que um adolescente da Fundação é classificado neste concurso. Na edição deste ano, 53.706 textos foram enviados por estudantes do Brasil todo nas quatro categorias (além de poema, a olimpíada seleciona textos de memória literária, artigo de opinião e crônica). Nesta quinta, a semifinal da categoria poema contou com 125 participantes, e 38 foram selecionados para a última etapa –entre eles o interno de São Paulo. A grande final da competição vai ser no dia 1º de dezembro, em Brasília (leia ao final da reportagem o poema do adolescente).
O jovem, que cursa o 6º ano do fundamental, escreveu um poema sobre como é morar na Fundação Casa. É a terceira vez que ele cumpre medida por tráfico de drogas: sua primeira infração aconteceu aos 13 anos.
"Gosto de escrever para passar o tempo, escrevo cartas e já fiz músicas, aí a professora me propôs escrever o poema sobre o lugar onde vivo para o concurso. Quando soube da classificação foi uma felicidade enorme, até por descobrir o potencial que tenho", disse o jovem, em entrevista ao G1.
Apesar de já ter 17 anos e idade para cursar o ensino médio, o jovem ainda está no 6º ano. Ele havia abandonado os estudos antes de chegar à Fundação. A distorção entre idade e série é uma realidade comum entre os adolescentes das 149 unidades. Segundo dados do mês de setembro, a maior parte dos adolescentes (6.324 alunos) cursa o segundo ciclo do ensino fundamental. No ensino médio estão 2.496 adolescentes infratores, 517 no primeiro ciclo do ensino fundamental e apenas 34 já concluíram o ensino médio. A maioria tem idades entre 15 e 17 anos e, nas unidades, eles são obrigados a frequentar as aulas.
Na primeira internação, o jovem ficou sete meses, após ser flagrado pela polícia com dinheiro do tráfico. Na segunda, um mês depois, passou um ano cumprindo medida. Ficou um ano livre e, agora, em sua terceira passagem, já se foi mais outro ano. A saída do jovem pode ser determinada a qualquer momento, e ele diz que está pronto para recomeçar a vida longe das infrações.
"Amadureci bastante neste tempo, descobri meu potencial nos estudos. Vi que foi uma oportunidade que Deus estava me dando. Quando fiz o poema não esperava ganhar e isso me mostrou que posso ser melhor e ter futuro", afirma.
O jovem já é pai. Os filhos gêmeos, hoje com um ano, nasceram dez dias depois de ele ter sido internado, por isso ele só conseguiu encontrá-los duas vezes. "A gente muda o pensamento quando se torna pai", explicou ele. O adolescente diz que, após sua saída, já tem emprego garantido em um restaurante. "Gosto da área de gastronomia."
Incentivo
O incentivo do jovem veio da professora Maria da Penha, da rede pública do estado de São Paulo, que leciona nas unidades da Fundação Casa há 12 anos. "Sempre trabalho com textos reflexivos para dar vazão para que eles pensem o que poderiam ter feito de melhor para não estarem nas unidades", afirmou. Ela diz que já havia notado o talento do adolescente para escrever. "Ele tem boa capacidade de reflexão."
A professora trabalhou técnicas de produção de poemas para que o jovem participasse da semifinal da olimpíada, na qual os concorrentes podem aprimorar os poemas. Mas, independente do resultado, ela considera que esta é uma vitória na história da Fundação Casa.
A olimpíada ocorre a cada dois anos e premia as melhores produções de alunos de escolas públicas de todo o país. Esta quarta edição do concursou mobilizou 46.902 escolas públicas nos 26 estados e no Distrito Federal, onde 5,1 milhões de alunos concorrem com poemas, memórias literárias, crônicas e artigos de opinião. O tema de todos os gêneros é O Lugar onde Vivo.
Leia a seguir o poema do jovem interno:
Vida em Transição
Viver na Fundação não é bom
Bom é ser livre em toda situação
Mas tenho minha opinião
Sobre esse período de transição
Que muitos dizem ser prisão.
Nesse lugar, maldade...
Que ao mesmo tempo é saudade
Por estar privado de liberdade
Mas tem um lado positivo
Nessa realidade
Estou me reabilitando para a sociedade.
Acordo e vejo grades
Meu peito dói de verdade
Só quem passou
Por isso sabe
De todas as realidades
E crueldades...
A maior necessidade
É a Liberdade!
Aqui lições de vida transmitem
Muitas coisas boas
Reconhecimento como pessoa
Que errar é humano
Mas aprender é a melhor coisa.
Atrás desses momentos tem algo impressionante
Hoje me tornei um estudante
Descobri que sou inteligente
Produzi este poema e me sinto importante.
 

Analfabetismo entre negras é duas vezes maior que entre brancas, aponta IBGE

31 de outubro de 2014
Em 2010, 9,1% das mulheres com mais de 15 anos não sabiam ler nem escrever; entre mulheres pretas, taxa é de 14%

Fonte: Agência Brasil

A taxa de analfabetismo caiu de forma mais acelerada entre as mulheres pretas e pardas entre 2000 e 2010, divulgou hoje (31) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, o indicador para ambas ainda é mais do que duas vezes maior do que o entre as mulheres brancas, registra a pesquisa Estatísticas de Gênero, que utiliza dados do Censo.
No ano 2000, 12,9% das mulheres brasileiras com mais de 15 anos não sabiam ler nem escrever. O percentual caiu para 9,1% em 2010, aumentando a vantagem que já era observada em relação aos homens, que tiveram redução de 13% para 9,8%. Entre as mulheres brancas, a taxa diminuiu de 8,6% para 5,8%.
Quando analisadas as mulheres pretas, a queda se deu de forma mais intensa, de 22,2% para 14%, mas o patamar ainda permanece 8,2 pontos percentuais acima das brancas. As mulheres pardas também tiveram uma redução mais expressiva que as brancas, de 17,9% para 12,1%.
Com a queda, a taxa de analfabetismo entre as mulheres pretas passou a ser menor que a dos homens que se declararam da mesma cor (de 20,9% para 14,2%). O analfabetismo entre os homens pardos também foi menor em 2010, com redução de 18,5% para 13,2%.
Avanço na alfabetização
O IBGE destaca que os avanços na alfabetização das mulheres inverteram uma desvantagem histórica, que ainda aparece na taxa de analfabetismo de pessoas com mais de 60 anos, em 24,9% entre os homens e 27,4% entre as mulheres. Para as mulheres pretas nessa faixa etária, o analfabetismo ainda chega a 42,2% da população, contra 39,2% dos homens.
Na população de 15 a 29 anos, as mulheres registram taxa quase duas vezes menor que a dos homens, com 1,9%, contra 3,6% deles. A vantagem feminina se mantêm na faixa etária de 30 a 59 anos, que incide sobre elas com 8,5% e sobre eles com 10,3%.
A Região Nordeste, apesar da queda mais acentuada, ainda é a que mais sofre com o analfabetismo entre as mulheres, com taxa de 16,9%, seguida pela Norte, com 10,3%. Sul, Sudeste e Centro-Oeste registram valores bem inferiores, de 5,4%, 5,7% e 6,9%, respectivamente.

Projeto que estabelece reciclagem para professores será analisado pela CE

31 de outubro de 2014
Medida tornaria obrigatória a reciclagem pedagógica de professores da Educação Superior e Básica pública a cada seis anos

Fonte: Agência Senado

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) vai analisar em reunião marcada para esta terça-feira (4), às 11h, o Projeto de Lei do Senado (PLS) 292/2012, que torna obrigatória a reciclagem pedagógica de professores da educação superior e básica pública a cada seis anos. Do senador Cyro Miranda (PSDB-GO), o projeto tramita em caráter terminativo e tem voto favorável da relatora, senadora Ana Amélia (PP-RS), na forma de substitutivo.
Ao justificar a iniciativa, o autor enfatiza a importância da atualização profissional na sociedade do conhecimento que caracteriza o século 21. O senador argumenta ainda que há uma lacuna na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) sobre a atualização dos profissionais da educação pública, em todos os níveis. O projeto, na visão de Cyro Miranda, representa “um esforço do Parlamento para a melhoria da qualidade de nossa educação pública, nos níveis básico e superior”.
Outro projeto que será analisado pela CE é o que estabelece medidas de incentivo para a criação de entidades representativas de estudantes (PLS 80/2014). Do senador Pedro Taques (PDT-MT), a proposta será examinada em decisão terminativa e tem voto favorável do relator, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Poesia e moda
Na mesma reunião, a CE deve votar projeto de resolução que cria o Painel Permanente da Poesia no Senado (PRS 78/2013). O objetivo da proposta da senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE) é promover a poesia, a educação e a cultura. Na justificativa do projeto, a senadora lembra que o painel pode, além de promover a poesia e a literatura do mais alto quilate, estimular a expressão poética de iniciantes, estudantes e pessoas interessadas, por meio de certames que elejam temas de relevo político-social e cívico, associado ou não à passagem de datas comemorativas, tais como o Dia da Mulher, o da Consciência Negra e o da Independência do Brasil.
Também constam da pauta da comissão o projeto que cria o Programa de Conscientização Ambiental para o Futuro (PRS 104/2013), no âmbito do próprio Senado, e o que dá ao prédio do anexo I do Senado o nome de Edifício Lúcio Costa (PRS 80/2013). Os senadores ainda vão analisar a obrigatoriedade da oferta da Língua Brasileira de Sinais (Libras) em todas as etapas e modalidades da educação básica ( PLS 180/2004), o título de Capital Nacional da Moda Bebê para o município paranaense de Terra Roxa ( PLC 79/2014) e a proposta que confere ao municípios onde tenham nascido atletas medalhistas olímpicos o título de Cidades Olímpicas ( PLS 465/2013).

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Como a tecnologia pode impactar na Educação do campo

31 de outubro de 2014
Série de reportagens mostrará como o acesso a recursos e à internet podem transformar aprendizagem nas zonas rurais brasileiras

Fonte: Portal Porvir

“A tecnologia faz parte da sociedade como um todo, independentemente de classe social, de origem cultural ou endereço. Todo cidadão tem direito a vivenciar esse contexto e explorar a potencialidade das tecnologias, não importando se ele mora em uma zona urbana ou rural”. É assim que a professora da faculdade de Educação da UFBA (Universidade Federal da Bahia) Maria Helena Bonilla começa a explicar seu entendimento sobre a importância da tecnologia e da internet chegarem às zonas rurais brasileiras. Para discutir o tema e mostrar como a tecnologia pode ajudar a enfrentar os desafios da educação rural, o Porvir começa a publicar hoje uma nova série de reportagens, chamada Tecnologia no Campo, realizada em parceria com a Fundação Telefônica.
Segundo o Censo Escolar 2013, divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), apenas 9,9% das 76.229 escolas brasileiras existentes no campo possuem acesso à internet. Em áreas urbanas, o número chega a 84%.
Esses dados mostram a diferença entre os contextos e reforçam a necessidade de ampliar a conectividade em zonas remotas. “É preciso combater o pensamento de que o campo é atrasado e que a vida na cidade é mais avançada. Não é questão de atraso, são formas diferentes de viver, cada uma com suas especificidades”, argumenta Bonilla. A professora defende que sejam implantadas mais políticas públicas para levar tecnologia e conexão para o campo, que via de regra são as regiões mais desassistidas no que diz respeito a recursos tecnológicos.
Com esse objetivo, a Fundação Telefônica realiza o programa Escolas Rurais Conectadas, que leva conectividade para zonas rurais. Iniciado em 2012, o projeto primeiramente forneceu internet e infraestrutura para 100 escolas públicas de sete estados (Alagoas, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo).
Este ano, com a compra pela empresa das licenças para oferta de serviços de 4G, veio junto a obrigação de levar telefonia e internet (banda larga 3G) para regiões remotas do país. A Telefônica ficou responsável pelo serviço em nove estados: Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e São Paulo, o que abrange cerca de 22 mil escolas rurais. Outras operadoras ficaram responsáveis por demais regiões.
“Existe uma questão de urgência nesse projeto. Temos que melhorar as escolas hoje, para que o aluno que estuda hoje tenha uma experiência mais completa de aprendizagem. Do ponto de vista macro, levar tecnologia e acesso à internet para escolas do campo mexe na maneira que os professores dão suas aulas, eles passam a ter mais condições de pesquisar e planejar atividades diferentes, mais conectada com o futuro, com um repertório ampliado, mais interativo e lúdico”, conta Gabriela Bighetti, presidente da Fundação Telefonica.
Para a professora Bonilla, a escola é um dos principais meios para que a tecnologia e a internet sejam difundidas. “É o local onde estão os jovens, se na escola tem esses recursos, eles vão utilizar. É uma forma de fazer isso chegar mais rápido aos cidadãos”, afirma. Segundo ela, se esse acesso e a inclusão digital depender apenas da aquisição pessoal, vai demorar muito para acontecer.
Salas de aula multisseriadas
Um dos grandes desafios da educação no campo é a grande quantidade de salas de aula multisseriadas. 71,4% das escolas possuem classes deste tipo, em grande parte, devido ao elevado número de alunos com defasagem idade/série – apenas nos anos finais do ensino fundamental, 43% dos estudantes estão atrasados em relação a sua idade.
Mas a tecnologia pode ajudar a transformar o que aparentemente é um problema em vantagem. Existe hoje um debate a respeito da divisão de turmas por séries e se essa é a melhor maneira de agrupar estudantes. Escolas inovadoras como o Gente, no Rio de Janeiro, e o Projeto Âncora, em São Paulo, já abandonaram essa estruturação e misturam alunos de diferentes períodos no mesmo ambiente de aprendizagem.
“Escolas urbanas estão quebrando suas paredes para terem uma espécie de salas multisseriadas. Existe um lado muito positivo em juntar alunos de diferentes idades no mesmo ambiente”, enfatiza Bighetti. Ela partilha da opinião de muitos especialistas em educação, que dizem que, com o suporte e com recursos apropriados, não é a idade que tem que definir onde o aluno deveria estar e o que deveria estar aprendendo em cada momento, mas sim, seus interesses, seu desempenho e seu ritmo. “As plataformas adaptativas são um exemplo de tecnologia que pode auxiliar o professor a conseguir olhar aluno por aluno, ao mesmo tempo, mesmo que cada um esteja em uma trajetória diferente”, destaca a presidente.
Já Bonilla ressalta que o acesso à internet vai permitir que alunos desse tipo de sala façam uso de objetos digitais de aprendizagem Glossário compartilhado de termos de inovação em educação e que isso enriquecerá a experiência educacional deles, pois vão poder trocar conhecimento sobre conteúdos com colegas de classe, com estudantes de outras classes e até de outras escolas, provenientes de outros contextos culturais. “O grande ganho do uso de tecnologias na escola não é usá-la como ferramenta para ensinar matemática, por exemplo, na mesma perspectiva que sempre se ensinou. É a chance de pensar diferente, pensar em partilha, de usar os ambientes virtuais para uma aprendizagem colaborativa, que preze a comunicação”, diz.
Outra porta importante que o acesso à internet abre para essas comunidades é a possibilidade de criação de uma identidade própria nesse mundo virtual. Além de consumir conteúdos, os moradores de zonas rurais passam a ter a possibilidade de produzir conteúdos sobre sua realidade e cultura. “A tecnologia não é apenas para ter acesso a cultura da cidade. Ela tem que ser vista e recebida para que essas pessoas também possam se colocar como produtores culturais, em suas próprias percepções. Isso fortalece e valoriza a cultura do campo”, completa a professora.
Ao longo da série Tecnologia no Campo vão ser abordados temas como a questão da formação dos professores, assim como experiências de escolas rurais que estão sendo impactadas através do uso de recursos tecnológico e conectividade.
Veja, aqui, infográfico com os principais dados sobre a educação nas zonas rurais.

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Opinião: Por que a Educação precisa mudar?

31 de outubro de 2014
"A Educação precisa mudar. Por quê? Porque está mal de resultados, de instituições, de políticas. E pior: porque ainda nem começou a mudar", afirma João Batista Araujo e Oliveira

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)

A Educação está mal de resultados. No plano internacional sabemos disso pelos resultados do Pisa, que nos põem entre os piores países que participam do exame. Também estamos mal no ranking das universidades e fazemos feio quando expomos a vexame jovens que vão para países cuja língua não falam, só para preencher cotas do Ciência Sem Fronteiras.
Estamos mal porque, por falta de Educação adequada, as desigualdades estão aumentando: na única etapa em que a Educação avançou um pouco, de 2007 a 2009, nas séries iniciais do Ensino fundamental, os Alunos das classes B e acima aumentaram mais de 30 pontos, mas os das classes abaixo, menos de 5 pontos - a desigualdade aumenta. Estamos mal porque nosso Ensino médio, voltado para o vestibular, reprova metade dos Alunos que nele conseguem entrar e os condena ao contingente dos "nem estuda nem trabalha".
Estamos mal porque dobramos os gastos com Educação nos últimos dez anos, mas isso não se refletiu nos resultados - o que comprova que o investimento foi mal feito, como no caso do Pronatec, programa de mais de R$ 4 bilhões cuja taxa de desistência se estima em 60% e que até agora não apresentou resultados.
Estamos mal de instituições. O aparelhamento que tomou conta do governo também tomou conta da Educação. Passamos a viver numa época do pensamento único, em que falta debate e há temas proibidos - sobretudo os que podem desagradar a qualquer interesse corporativo. Os vários conselhos e órgãos colegiados tornaram-se povoados por representantes de interesses corporativos, o que liquida a priori qualquer possibilidade de atuarem de forma isenta, menos ainda em prol do bem comum.
O peso e a capacidade operacional do governo federal liquidaram o pacto federativo, como se tornou patente no episódio do estabelecimento do piso salarial do magistério. O problema não é o piso, é criar obrigações para as instâncias subnacionais. Em outro episódio, obrigou-se o Inep a enviar os resultados da Prova Brasil para a Casa Civil antes de divulgá-los, enfraquecendo a instituição da avaliação.
Também nos faltam instituições adequadas nas áreas fundamentais da pedagogia, como currículo e formação de Professores. Temos poucas na área de avaliação e quase nada na gestão. E praticamente nenhum foro ou tolerância para qualquer tipo de debate sobre Educação: o pensamento único impede o desenvolvimento de uma cultura da Educação.
Estamos mal de políticas. As políticas públicas foram substituídas por programas que seguem uma sequência uniforme, previsível, inexorável e fadada ao fracasso. Primeiro acertam-se as ideias, sempre dentro de casa. Em seguida se abre um "debate amplo", devidamente controlado pelo aparelho que tomou conta do Estado. Eventuais divergências são contornadas pela pressão política, econômica e, mais comumente, pela cooptação. E depois, dá-lhe bolsas! - há bolsas para cooptar todos em todos os segmentos.
O mecanismo de repasse de recursos do Plano de Desenvolvimento da Educação elaborado por Estados e municípios para refletir suas prioridades, que foi criado para substituir o "balcão" de favores, tornou-se objeto de vendas cruzadas capazes de fazer o Cade corar: para receber recursos previstos no seu plano o cliente precisa "levar" sua cota de Creches ou ônibus Escolares ou adotar o programa tal e qual. Por exemplo, o governo federal gaba-se de que um de seus programas foi pactuado por mais de 5.500 municípios. Mas se esquece de informar a que custo foi conseguido esse "pacto". Enquanto a lei de licitações cria dificuldades, o governo "vende" facilidades para comprar ônibus Escolares que custam três vezes mais que nos países desenvolvidos ou camisetas Escolares com chips para entrar em Escolas que nem sequer têm portões. Estima-se que, dos mais de R$ 60 bilhões de recursos repassados pelo governo a Estados e municípios, menos de R$ 10 bilhões sigam via Fundeb. A maioria acaba sendo recurso repassado de forma discricionária.
O caso do Mais Educação ilustra muitas dessas mazelas que o Brasil quer e precisa mudar. Ele constitui a epítome da descaracterização do pacto federativo. Trata-se de um programa criado para estimular a oferta de Educação integral. O termo já é ambíguo: não é Escola em tempo integral nem Ensino em tempo integral. É algo indefinido. Em vez de estabelecer políticas - que num caso desses precisaria de um horizonte de ao menos 10 a 15 anos -, tudo se faz na correria: é para ontem, há metas a cumprir, cotas a preencher.
Em vez de estimular as redes de Ensino a desenvolverem políticas sustentáveis, o governo federal vai diretamente às Escolas e lhes oferece incentivos para fazerem seus "puxadinhos", para o que recebem uns trocados. E depois de se acertarem com o MEC, sem consultar suas secretarias, as Escolas vão procurá-las para prover recursos para transportar Alunos, dar-lhes almoço, espaço físico e todo o resto.
A Educação está mal porque não começou a mudar. Uma reforma da Educação requer um consenso mínimo da sociedade a respeito do que seja a Escola. Não temos uma cultura da Educação e uma cultura da Escola - o pensamento hegemônico não permite que isso exista -, vide o currículo e a bibliografia das faculdades de Educação. A Escola que serve para tudo não serve para nada. Não temos currículo, porque no espaço permitido para o "debate" não se podia falar em disciplinas. E por isso não temos cultura e instituições para tratar do essencial: a formação do Professor e a criação de carreiras que atraiam e mantenham no magistério os jovens mais talentosos de sua geração. O Brasil ainda não deu esse passo - em nenhum nível federativo.
A sociedade brasileira quer mudança. A Educação precisa de mudanças. O governo federal pode ter papel importante nesse processo.
*João Batista Araujo e Oliveira é Ph.D. em Educação, e presidente do Instituto Alfa e Beto

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Editorial: Educação além do piso

31 de outubro de 2014
"A Educação é maltratada por sucessivos governos gaúchos e subsiste com planos que apenas acrescentam remendos a uma estrutura cada vez mais precária", afirma jornal

Fonte: Zero Hora (RS)

É compreensível que o piso do magistério tenha se transformado num dos temas preferenciais da campanha eleitoral no Rio Grande do Sul, por significar a possibilidade concreta, mas sempre adiada, de melhor remunerar uma categoria que deveria estar entre as mais valorizadas do país. Mas é ao mesmo tempo limitador que o vencimento mínimo em debate tenha reduzido a discussão de propostas para o Ensino a uma troca de acusações sobre o assunto.
A prioridade à Educação merece mais do que a abordagem superficial de temas com forte apelo político. Superada a etapa do enfrentamento, o desafio está posto ao governador eleito, com todas as complicações das questões fundamentais desprezadas ao longo do tempo.
A Educação é maltratada por sucessivos governos gaúchos e subsiste com planos que apenas acrescentam remendos a uma estrutura cada vez mais precária. É degradante o salário médio pago ao magistério. É constrangedora a incapacidade do setor público de fomentar o aprendizado permanente dos Professores. É atrasada, com o suporte de referências já superadas, a gestão das Escolas. E, por consequência, carecem de atualização as próprias práticas pedagógicas que orientam o Ensino público. Pode-se dizer que esse conjunto de deficiências incorporou-se de forma crônica ao cenário brasileiro e que o Rio Grande apenas está inserido nesse contexto. Não é uma desculpa sensata para uma das mais prósperas unidades da federação.
O Estado tem déficit de Professores, calculado em pelo menos 7 mil profissionais, apesar da contrariedade do Estado. O Ensino funciona com boa parte do quadro de Educadores contratada de forma provisória, e é sempre questionável a efetiva racionalização na aplicação de recursos. Exemplos de eficiência no setor público, sempre apresentados como exceção, provam que é possível potencializar o bom uso de verbas escassas, com resultados no aprendizado reconhecidos nacionalmente.
São casos em que, sem milagres, os próprios Professores se encarregam de superar a burocracia e a inércia das hierarquias governamentais, para ousar, inovar e envolver servidores, Alunos e comunidades em seus projetos. Avançar na qualidade do Ensino significa também fortalecer a meritocracia, que obtém resultados em qualquer atividade. O governador tem a chance que outros tiveram de destravar a Educação pública. Que supere as omissões e a falta de vocação de seus antecessores para contrariar interesses e enfrentar conflitos.
 
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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Formas de comunicar e se informar na escola

30 de outubro de 2014
Produção de jornais e revistas nas escolas é uma maneira de divulgar o que ocorre no dia a dia das salas de aula

Fonte: Diário Catarinense (SC)

As Escolas têm encontrado diversas maneiras para divulgar o que ocorre no dia a dia das salas de aula. Uma delas, que também é uma forma de despertar o interesse dos Alunos para o mundo da informação, é a produção de jornais e revistas, que também costumam abordar assuntos externos, mas que repercutem entre a meninada.
Os exemplos dessa edição do DC na Sala de Aula são das Escolas de Educação básica Bela Vista, em São José, na Grande Florianópolis, e Vidal Ramos, em Lages, na Serra catarinense.
A Escola Bela Vista produziu a primeira edição do Bela em re-Vista em julho deste ano. Os Alunos do Ensino médio inovador aproveitaram para trabalhar relatos do cotidiano na Escola, como dicas de leitura, notícias sobre as turmas que participam de competições esportivas e passeios – como o que fizeram ao Diário Catarinense, em maio. Os estudantes também incluíram páginas de fotos e comentários sobre situações como o namoro na Escola, com depoimentos de casais.
Já os Alunos da Vidal Ramos produzem edições trimestrais do Jornal Vidal. O meio de comunicação é utilizado para divulgar ações do colégio, como projetos de leitura e teatro, e dicas gerais, como de alimentação saudável.
O jornal ainda é utilizado para relatar o envolvimento entre Escola, pais e Professores. Na edição de fevereiro, março e abril deste ano, a instituição de Ensino aproveitou para divulgar a assembleia da Associação de Pais e Professores (APP).
Conhecimento fora da sala
Os Alunos do 1o ano do Ensino médio inovador da Escola Estadual Básica Professora Maria da Glória Silva, de Içara, no Sul de Santa Catarina, realizaram uma viagem de estudos a Florianópolis para conhecer o Museu da Armas Major Lara Ribas, a Assembleia Legislativa e o Projeto Tamar.
No museu, os Alunos e Professores conheceram o valor histórico da coleção de armas do Estado, assim como a evolução do armamento utilizado década após década. Em seguida, os estudantes foram à Assembleia Legislativa, onde tiveram uma palestra sobre o Poder Legislativo do Estado e visitaram vários setores como o plenário.
No projeto Tamar, a aprendizagem foi sobre o trabalho de preservação ambiental, com foco na tartaruga marinha, ameaçada de extinção. Os monitores do projeto contaram a história do projeto e falaram sobre o ciclo de vida, anatomia, reprodução e as principais ameaças à espécie.

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Entre vilão e mocinho, o celular

30 de outubro de 2014
Apesar da frequente proibição de professores, Unesco recomenda o uso do aparelho em sala de aula

Fonte: O Globo (RJ)

Tão recente quanto seu próprio aparecimento é a discussão, nas Escolas, sobre como lidar com o uso cada vez mais intenso de smartphones em sala.
Sem orientações formais por parte de órgãos públicos, o tema tem como pioneira no debate a Unesco que, em 2013, lançou o guia "Diretrizes de políticas para a aprendizagem móvel". No documento, a instituição estimula o acolhimento da tecnologia nas disciplinas que, entre outros benefícios, pode "permitir a aprendizagem a qualquer hora, em qualquer lugar", "minimizar a interrupção em aulas de conflito e desastre" e "criar uma ponte entre a Educação formal e a não formal".
- Não podemos mais ignorar o celular, ele está em todo lugar. Sou contra a proibição do uso, pois a regra acaba sendo burlada. Será que em vez de proibir, não é melhor acolhê-lo como ferramenta educativa? - questiona Maria Rebeca Otero Gomes, coordenadora do Setor de Educação da Unesco no Brasil. - Já existem diversos aplicativos voltados para a Educação especial, a Alfabetização e o Ensino da matemática, por exemplo.
Para Priscila Gonsales, diretora do Instituto Educadigital, os Professores devem se planejar para incluir os celulares no processo de Ensino.
- É preciso olhar com empatia para os Alunos que estão usando seus aparelhos na classe e se perguntar: por que o celular está chamando mais a atenção deles do que a aula? - aponta Priscila, que se diz "super a favor" do uso de smartphones em sala. - O Professor tem, com os celulares, um infinito de possibilidades. Ao trazê-los para a sala de aula, a Escola pode instruir os Alunos sobre temas importantes do comportamento cibernético, como o respeito à privacidade.
No entanto, Maria Rebeca Gomes identifica entre os Docentes descrença e falta de conhecimento dos aparelhos.
- As Escolas devem auxiliá-los nesse processo, com diálogo e formação - afirma.

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Manobra da oposição derruba sessão na Assembleia

30 de outubro de 2014
Falta de quórum impossibilitou a votação do projeto de lei que prorroga por um ano o mandato de diretores de escolas estaduais no Paraná

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

Uma manobra regimental derrubou ontem a sessão da Assembleia Legislativa em que seria votado o projeto de lei que prorroga por um ano o mandato de diretores de escolas estaduais no Paraná. A sessão foi encerrada, por falta de quórum, quando o plenário votava outros itens da pauta e só 25 presenças haviam sido confirmadas. O quórum mínimo para as votações é de 28 deputados.
Algumas matérias chegaram a ser aprovadas antes, mas deputados do PT, do PMDB e do PRB não assinalavam presença no pai­­nel. O deputado Pastor Edson Praczyk (PRB) chegou a usar o banheiro da área de imprensa durante a votação.
Deputados da base questionaram o artifício. “Não entendo como um deputado pode estar ausente e ao mesmo tempo estar aqui e dar encaminhamento ou pedir a palavra pela or­­dem”, disse o deputado Nelson Justus (DEM).
O líder da oposição, Ta­­deu Veneri (PT), rebateu. Segundo ele, não existe nenhuma menção no regimento interno que obrigue os deputados a marcarem presença no painel. O argumento foi aceito e o presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB), encerrou a sessão.
“A oposição usou um ar­­tifício. Foi inteligente e saiu vitoriosa”, admitiu o líder do governo, deputado Ademar Traiano (PSDB), que passou a tarde no telefone ligando para deputados que não estavam na Casa. Nos bastidores, deputados queixavam-se de que o projeto deveria ser melhor discutido. 
A proposta chegou à Assembleia na semana passada. A ideia do governo era transformar o plenário em comissão geral e votar o projeto ontem. “A base do governo é de maioria folgada. Mas às vezes até um transatlântico afunda”, comemorou Veneri.
Nas galerias, professores ligados à APP-Sindicato comemoraram. “O prazo para inscrição das chapas se encerrava hoje [ontem]. O governo nunca nos procurou e agora, em cima da hora, quer mudar as regras”, disse o presidente da APP, Hermes Silva Leão.
Diretores de escola gritaram palavras de ordem contra o sindica­­to. “De­­fendemos eleições limpas, mas hoje o pro­­cesso é viciado pela APP”, dis­­se Alci Romero, di­­re­­tor de uma escola em Almirante Tamandaré.

Leia a reportagem no site original

Já parou para pensar em como será a escola em 2032?

30 de outubro de 2014
Iniciativa se propõe a ouvir a opinião dos estudantes para entender o que eles querem para a Educação brasileira

Fonte: Portal Porvir

Durante o mês de setembro, o Porvir convidou estudantes brasileiros a responderem um questionário on-line sobre como eles gostariam que as escolas fossem em 2032. As respostas dos alunos foram levadas para um debate que um grupo de atores e líderes influentes vem realizando desde o início do ano para construir cenários a respeito de como será a escola do futuro. O grupo engloba educadores, gestores, especialistas e representantes de organizações sociais, mas também quer levar em conta a opinião daqueles que estão estudando hoje.
No total, 175 jovens de 7 a 25 anos responderam a perguntas como: O que deseja que a Escola do Futuro não tenha?; O que você deseja que a Escola do Futuro tenha?; Como você imagina que será a escola em 2032? Eles também foram convidados a postar contribuições em forma de textos, fotos ou vídeos.
As respostas foram diversas, mas algumas palavras e ideias foram recorrentes como o desejo usar mais tecnologia na sala de aula. Sobre o professor, muitos apontaram a necessidade que ele tenha uma melhor remuneração. Também ficou claro que os estudantes não querem ser testados através de provas e a demanda por uma maior liberdade, tanto em relação ao espaço físico, quanto ao conteúdo curricular.
Esse primeiro levantamento foi um piloto para uma pesquisa maior que será realizada em 2015 e que além de estudantes, também pretende ouvir professores, para que eles possam subsidiar toda a discussão de qual caminho a educação brasileira deve traçar e quais práticas pedagógicas estão ligadas ao século 21.
Veja a seguir algumas das respostas:
Como será a escola do futuro?
“A tecnologia presente em sala. Aulas onde os alunos são o centro, não o professor. Os alunos buscam o conhecimento ao invés de absorvê-lo”
Maria Victória, 17 anos, São Paulo
“A escola em 2032 será altamente tecnológica, com infraestrutura de primeira. A biblioteca será um grande painel touchscreen em que será possível visualizar todo o catálogo de livros, após a escolha do título será gerado um QR code onde o aluno fará a leitura em seu smartphone/tablet e terá o livro em “suas mãos”. As salas de aula vão ser virtualmente conectadas com o mundo, haverá intercâmbio de informações culturais entre alunos do mundo todo.
Todos os alunos irão para a escola através do transporte coletivo, para redução de despesas, de CO² e outros benefícios da coletividade.
Se o aluno não estiver se sentindo “bem” (saúde) para comparecer à escola, sua projeção holográfica ao vivo estará presente”
Arthur, 17 anos, Rio Grande do Sul
“Todos os alunos vão usar notebooks ao invés de cadernos, todos vão se formar com uma profissão e até uma vaga na universidade. Os professores vão ser mais bem pagos e mais respeitados dentro de sala de aula. Os aluno usarão tablets e o uniforme não seria obrigatório”
Letícia, 15 anos, Rio de Janeiro
O que você deseja que a escola do futuro tenha?
“Experiências em diversas carreiras e ambientes de trabalho, professores on-line para responder a toda e qualquer dúvida 24h por dia, todos os dias. Uma rede mundial de escolas para que os alunos sejam incentivados a passar parte de cada ano letivo em um outro país. A possibilidade de eletivas em todas as matérias e pequenos núcleos onde fosse possível a vivência de um pouco do cotidiano de cada profissão
Marianna, 15 anos, São Paulo
“Laboratórios mais completos, tempo para livre recreação, aulas facultativas (de música, teatro, tecnologia, idiomas, etc), aulas ao ar livre, empresas juniores, professores mais bem remunerados e com programas de incentivo. Que tenha cachorros e o dia do animal 4 vezes na semana”
Michele, 11 anos, São Paulo
“Mais arvores, mais amor, inspiração e comprometimento por parte dos educadores. Alunos construtores do próprio conhecimento e valores socioambientais”
Ana Carla, 19 a 25 anos, Espírito Santo
O que você deseja que a escola do futuro não tenha?
“Professores ruins. Não queremos ser obrigados a receber aulas de péssimos professores, apenas por serem concursados. Queremos ter nas mãos uma forma de assegurarmos a conduta dos mesmos”
Pedro Henrique, 17, Bahia
“Provas. Acho que prova não prova nada”
Larissa, 19 a 25 anos, São Paulo
“Relações de mercado aplicadas à prática educacional, ceifar o pensamento criativo dos alunos, excessiva preocupação com provas e esquecimento do ‘eu’”
Brenda, 17 anos, Rio de Janeiro

Estado de AL é multado em R$ 10 mil ao dia por descumprir decisão judicial

30 de outubro de 2014
Justiça determinou que governo fornecesse kits escolares à rede pública. MP aponta ainda indícios de superfaturamento na compra do material

Fonte: G1

O governo do estado de Alagoas está sendo multado em R$ 10 mil ao dia por descumprimento à medida judicial que determina a compra e entrega de kits escolares a alunos da rede pública estadual. A juíza Aída Cristina Lins Antunes, da 28ª Vara da Infância e da Juventude de Maceió, estipulava um prazo de cinco dias, que se venceu no início da semana sem que o Estado cumprisse o que foi determinado.
A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE) informou que a secretária Stella Albuquerque está reunida com a Procuradoria Geral do Estado (PGE) e que ainda não há informação sobre as medidas que serão tomadas a respeito.
A decisão é resultado de uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Alagoas (OAB-AL), que entrou na Justiça após o Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente encaminhar ao órgão denúncias informando sobre a falta de material escolar em grande parte das escolas alagoanas.
Quem lida diretamente com os alunos tem que fazer malabarismo para não deixar as crianças sem estudar na sala de aula. A diretora de uma das escolas estaduais conta que teve de poupar dinheiro das despesas escolares para comprar caneta, lápis e borracha.
"É sempre um jogo de cintura, estamos aguardando a chegada dos kits. Eu já mandei a média de alunos aqui da escola umas três ou quatro vezes", lamenta a diretora Rosana Maria.
O procurador geral da OAB-AL disse que a SEE não informou quantas escolas receberam os kits e nem se manifestou sobre a decisão judicial. A multa estipulada pela Justiça deve aumentar até que a situação seja regularizada. "Nós aguardamos uma resposta, como também pedimos que sejam explicadas as razões para que o Estado não fornecesse os kits escolares", diz o procurador Rodrigo de Victor.
Denúncia de superfaturamento
O Ministério Público Estadual de Alagoas (MP-AL) detectou indícios de superfaturamento na compra de kits escolares. Segundo o governo do estado, seriam necessários R$ 63 milhões para a realização da compra. O MP contesta e diz que o valor de mercado fica em torno de R$ 22 milhões, uma diferença de R$ 41 milhões.
Como se trata de recurso federal, o MP não pode atuar e encaminhou o caso ao MPF. De acordo com o procurador da República Leandro Mitidieri, a investigação já foi aberta oficialmente. "Instauramos um Inquérito Civil Público porque os indícios são suficientes. Não temos as medidas que serão tomadas, mas é muito importante a gente ter em mente que esse dinheiro tem que voltar para os cofres públicos", afirma.
O procurador geral do estado, Marcelo Teixeira, rebateu as acusações. "Não houve nenhum superfaturamento. Não há nenhum indício de sobrepreço", garante.

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RJ não é obrigado a destinar 35% da receita para Educação, decide STF

30 de outubro de 2014
Supremo declarou inconstitucional artigo da Constituição do estado. Constituição Federal exige 25% do orçamento estadual para Educação

Fonte: G1

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (30) que é inconstitucional o artigo da Constituição do Rio de Janeiro que obrigava o estado a destinar, pelo menos, 35% da receita estadual de impostos à área da educação. A legislação que vinculava parcela do orçamento já estava suspensa desde 2008 por uma liminar (decisão provisória) concedida pelo ministro Gilmar Mendes.
Com a decisão do plenário, essa obrigatoriedade prevista na Constituição do estado será derrubada em definitivo. O pedido para não ter que gastar 35% das receitas com a manutenção do ensino público foi feito pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB).
Na ação, ele alegou que a legislação estadual restringia de forma indevida a autonomia do Executivo na elaboração do orçamento anual. O governado argumentou ainda que a Constituição Federal obriga os estados a destinar 25% das receitas para a educação e que uma legislação estadual não teria a prerrogativa de alterar esse percentual.
“Ao elevar esse percentual para 35%, o artigo 314, caput [da Constituição estadual], retirou do Poder Executivo a competência de livremente, de acordo com as prioridades que lhe é dado estabelecer, propor a destinação de mais 10% da receita estadual de impostos”, sustentou o governo do Rio.
A maioria do Supremo acolheu os argumentos do governo do RJ de que uma legislação estadual não poderia limitar o poder do Executivo de elaborar o próprio Orçamento em conformidade com os programas e prioridades que pretende seguir.

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Antiga loja de brinquedos vira escola improvisada no ES

30 de outubro de 2014
Tapume separa alunos da calçada e o quadro é apoiado sobre cadeiras. Direção disse que obra em nova unidade termina em dezembro deste ano

Fonte: G1

Uma antiga loja de brinquedos em Marataízes, no Sul do Espírito Santo, foi alugada pela prefeitura do município para ser utilizada como sala de aula para alunos de uma escola fechada para reforma há cerca de um ano e meio. O local foi interditado após uma vistoria da prefeitura, no início do ano letivo de 2013. De acordo com a diretora da escola, a previsão é que as obras terminem em dezembro deste ano.
Sem janelas na sala, a porta de ferro da Escola Municipal Lagoa Danta fica aberta durante a aula para que os alunos tenham ventilação. Apenas um tapume separa os alunos da calçada e o quadro é apoiado sobre duas cadeiras. “Adequado não é, porque não é escola. Isso aqui não é escola, é um lugar improvisado. E foi improvisado porque não tinha, na comunidade, um espaço que fosse suficiente para atender a demanda de alunos que nós tínhamos”, justificou a diretora da escola, Delza Marvila.
Para o horário do intervalo, foi montado um refeitório improvisado, com mesas e cadeiras para as crianças se alimentarem. Como o local fica na calçada, os alunos vão para o meio da rua comprar merenda. “Não tem proteção nenhuma. A gente tem que ficar aqui tomando conta dos menores e dos maiores também”, falou uma mulher que trabalha na escola.
Os alunos de seis anos de idade estudam em uma casa com teto sem forro e grades de proteção enferrujadas. “Tem previsão para terminar agora em dezembro e, em 2015, nós iniciarmos o ano no antigo prédio já reformado e adequado”, disse a diretora da escola.
A secretária de Educação de Marataízes, Maria da Penha Silva, informou que, ao assumir o cargo, já encontrou o problema na escola de Lagoa Danta. “Ela foi interditada no início do ano letivo de 2013, depois de uma vistoria do engenheiro da prefeitura, com o secretário da época, que estava na pasta. Devido a umas rachaduras, o engenheiro, por precaução, entendeu que deveria interditar a escola para que as rachaduras fossem corrigidas, porque estava comprometendo a estrutura das salas”, explicou.

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MPF processa prefeitura que deixou 600 indígenas fora da escola em MS

30 de outubro de 2014
De acordo com o documento, as escolas indígenas não atendem à demanda na cidade

Fonte: UOL Educação

O MPF-MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) entrou com uma ação civil contra a Prefeitura de Dourados pelo descaso com a educação indígena no município. De acordo com o documento, as escolas indígenas não atendem à demanda na cidade, de forma que as salas de aula estão superlotadas e cerca de 600 crianças estão fora da escola.
A ação de improbidade administrativa também responsabiliza o prefeito Murilo Zauith (PSB), que, segundo o MPF, tem "plena ciência da situação calamitosa pelo menos desde o ano de 2012". O documento é assinado pelo procurador Marco Antonio Delfino de Almeida.
Dados enviados pela Secretaria Municipal de Educação ao MPF mostram que só cinco das sete escolas indígenas possuem pré-escola. O número insuficiente de vagas deixa parte das crianças de cinco anos fora da sala de aula. Além disso, não existem creches para a polução indígena com menos de cinco anos.
Ao todo, os dados colhidos pelo MPF apontam que das 3.700 crianças em idade escolar nas comunidades indígenas do município, quase 600 estão fora da sala de aula. De acordo com a ação, o número considerado "alarmante" fere o direito à educação garantido pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e pela Constituição Federal.
Salas lotadas
Além da falta de vagas, muitos alunos que conseguiram concluir a matrícula estão em salas superlotadas. Das 30 turmas (vespertino e matutino) de ensino fundamental da escola Tengatui Marangatu, quase a metade tem mais alunos do que o recomendado.
A estrutura existente também é precária, com banheiros destruídos e salas com janelas quebradas. Quando chove ou faz muito calor (os ventiladores não funcionam) os alunos precisam estudar de forma improvisada na biblioteca ou no quintal da escola.
O desempenho das escolas indígenas do município também é preocupante. Enquanto a média da cidade de Dourados foi de 5,1 no Ideb 2013 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), as escolas indígenas não ultrapassaram 3,0 na mesma avaliação.
Para solucionar os problemas encontrados, o procurador pede a imediata construção de cinco salas de aula na escola Tengatui Marangatu e a restauração da escola Francisco Ibiapina. A ação ainda prevê multa em caso de descumprimento e responsabilização direta do prefeito da cidade. A Justiça ainda vai julgar os pedidos do MPF.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Dourados disse que não vai se manifestar, porque ainda não teve acesso ao processo.

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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Professores celebram a leitura

29 de outubro de 2014
Ler e Pensar, projeto do GRPCom, premia profissionais de Educação por iniciativas que usam o jornalismo como instrumento de ensino

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

Uma professora experiente mostra aos alunos que ler e interpretar dados é o ponto de partida para entender a matemática. Em um município longe dali, o desafio é apoiar estudantes com dificuldades de aprendizagem, encaminhados para um contraturno que é a única esperança de progredirem na escola. Em outra região do Paraná, a docente se empenha em ajudar as crianças a perceberem que estão sempre diante de escolhas importantes.
Essas três mulheres, que fazem parte de redes municipais de ensino, encontraram no jornalismo uma ferramenta poderosa para trazer o mundo real para dentro da sala de aula. Ontem, estas e outras experiências foram homenageadas durante o Seminário de Educação e Leitura promovido pelo projeto Ler e Pensar, do GRPCom (Grupo Paranaense de Comunicação).
Na categoria Prática Pe­dagógica, as três premiadas foram as professoras Elvira do Rocio Bezerra Geraldo, da Escola Municipal Professor Joa­quim Tramujas Filho, no Conjunto Porto Seguro, em Paranaguá, com o traba­lho “Matemática é Ler e Pensar”; Vanessa Cristiane de Souza, da Escola Municipal Marcos Nicolau Strapassoni, do Jardim Santa Rosa, em Campina Gran­de do Sul, que desenvol­veu “O Uso Lúdico do Jornal como Bússola para o Conhecimento”; e Débora Gabriel Essig de Mattos, da Escola Municipal Doutor Linneu Madureira Novaes, da Vila Rio Branco, no município de Castro, que inscreveu seu trabalho “Um Futuro Decente Depende de Escolas Conscientes”. Juntou-se a elas a professora Sonia Alves Domingues, da Escola Municipal Paulo Freire, no Sítio Cercado, em Curitiba. Para as quatro, assim como as demais professoras que trabalharam com a Gazeta do Povo ao longo do ano, temas como Copa do Mundo, eleições e até o menino que teve o braço arrancado por um tigre em Cascavel, são ponto de partida para debates, operações matemáticas e composições de textos.
Conexão
No magistério há 20 anos, Sonia Alves Domingues participa do Ler e Pensar há 14. Ela foi premiada como hors-concours, uma categoria criada neste ano para reconhecer aqueles que participam do projeto há muito tempo, conta Fernanda Cotrim, do corpo técnico do Instituto GRPCom. “São profissionais, secretarias ou escolas que chegaram várias vezes à final”, diz.
“Todo ano é um recomeço”, conta a professora Sonia. “Desde o início do ano letivo entro na sala com o jornal embaixo do braço. Leio e comento alguma notícia e até o dia em que noto que a turma está familiarizada e quer trabalhar com o jornal”, diz. A professora também envia reportagens para os pais comentarem. “É preciso conectar a aprendizagem com a vida dos estudantes, com a vida das famílias e da comunidade”, explica.
Além da premiação às professoras, o Ler e Pensar tem outras duas categorias. Na categoria Compromisso, que reconhece o trabalho de secretarias municipais de educação, foram premiadas Lapa, Piên e Castro. Curitiba levou o prêmio de hors-concours pelo apoio dado aos professores e professoras que se interessam pelo projeto. A categoria Mobilização prestou homenagens às escolas. As quatro premiadas foram as escolas municipais Marcos Nicolau Strapassoni, do Jardim Santa Rosa, em Campina Grande do Sul, a Professor Gunther Urban, de Campo do Tenente; e a Rui Valdir Pereira Kern, do Conjunto Itapira III, em Quatro Barras. O premiado hors-concours foi a escola Bortolo Lovato, do bairro de Tranqueira, em Almirante Tamandará. Hoje, também no Guaíra, a programação prossegue com um evento que premia estudantes que participaram de concursos culturais do Ler e Pensar.
Histórico
Em 15 anos, Ler e Pensar já foi adotado por 500 escolas do Paraná
O Ler e Pensar foi criado há 15 anos dentro da Gazeta do Po­vo nos moldes de outros proje­tos que oferecem jornais para es­colas que queiram usá-los co­mo material didático, fo­mentan­do o debate da realida­de e a leitura. Trabalhos as­sim são estimulados pela Asso­ciação Brasileira de Jor­nais (ANJ) e pela Associação Mun­dial de Jornais (WAN), com sede em Paris. Esta última premia anualmente os trabalhos de mais amplitude e mais úteis ao ambiente escolar. O Ler e Pen­sar foi premiado em 2011, e agora, em 2014. Nesses 15 anos, foi ado­tado por 500 escolas de 58 municípios paranaenses. Ele ofe­rece treinamento e uma publicação periódica com sugestões de práticas pedagógicas que utilizam o jornal, além de compartilhar as experiências das professoras.
Os trabalhos inscritos no prêmio anual são pré-selecionados pela equipe técnica do Ins­titu­to GRPCom e depois passam pelo crivo de uma banca formada pelas professoras Jus­­sara Finatti (Uninter), Rosa Ma­ria Dalla Costa (UFPR) e Ester Cristina Pereira (Sindicato das Es­colas Particulares do Paraná e Es­cola Atuação), além da jor­nalista Marleth Silva, colunis­ta da Gazeta do Povo. O Ler e Pen­sar é patrocinado pelo Ban­co HSBC, Instituto HSBC Soli­dariedade, Fiep/Sesi, CCR Ro­donorte e Associação Comer­cial do Paraná; 28 empresas são padrinhos sociais de escolas participantes e seis escolas são investidoras. O Sinep e a ANJ são apoiadores.

>>Guairão
Mais de dois mil educadores do estado participaram da ‘festa’
Mais de dois mil professores vindos de vários municípios do Paraná se reuniram no Teatro Guaíra na noite de ontem para o evento que comemorou os 15 anos do projeto Ler e Pensar. O clima foi de festa e torcida. A cada nome de uma professora, escola ou município premiado pelo trabalho desenvolvido ao longo de 2014, havia gritos de alegria e aplausos. “É a maior festa que já vi para nós, professores”, contou a Clélia Soares da Costa, de Curitiba.
Recebidos pela diretora da Unidade Jornais do GRPCom, Ana Amélia Filizola, e pela gerente do Instituto GRPCom, Ana Gabriela Simões Borges, professores, patrocinadores e apoiadores subiram ao palco do Guairão para serem homenageados. As duas agradeceram o empenho dos professores, secretarias de educação e escolas, que trabalham no dia a dia para estimular seus alunos a amarem o aprendizado e que, nessa empreitada, elaboram formas criativas de levar o jornal para a sala de aula.
Após a entrega dos prêmios, os professores acompanharam a entrevista feita pelo jornalista José Carlos Fernandes com o escritor Laurentino Gomes, autor da trilogia sobre História do Brasil 1808, 1822 e 1898. Laurentino, paranaense de Maringá, contou que, quando criança, vivendo na zona rural de Paiçandu, onde a família era produtora rural, levava a marmita para o pai na roça. “Meu pai se sentava à sombra de um pé de café para comer e ao mesmo tempo me contava sobre os livros que lia, sobre personagens da História que ele descobria nas suas leituras. Acho que foi assim que nasceu minha vocação para escrever.”

Opinião: Inovação no Ensino Médio, sem dinheiro, não dá!

29 de outubro de 2014
"Mais investimento na Educação como resposta às nossas deficiências educacionais pela ausência de recursos, e aos altos impostos que pagamos", afirma Paulo Sérgio de Faria

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

As intenções governamentais no que se refere à melhoria do ensino médio não saem do papel, e nem dos cofres. Por quê? Todo professor de ensino médio já ouviu falar sobre o programa do MEC para a melhoria do ensino médio – o Ensino Médio Inovador –, com verbas para o desenvolvimento de novas formas metodológicas de aprendizagem a partir da aquisição de novos equipamentos, por exemplo, com a criação de uma rádio na escola, de um grêmio estudantil e tantas outras formas ligadas às demais áreas do conhecimento.
O peixe foi vendido, as forças dos professores das diversas escolas espalhadas Brasil afora foram direcionadas para uma reorganização metodológica necessária para que a verba prometida fosse oferecida. Minha escola, por exemplo, dedicou-se por todo um bimestre, e muitos foram os profissionais que dedicaram tempo extra para que toda a documentação fosse entregue dentro do prazo. Fomos atrás do melhor preço sem perder a qualidade dos equipamentos novos a serem adquiridos. Pois, se há alguém preocupado em melhorar a metodologia de aprendizagem também a partir da aquisição de novos equipamentos, é, por excelência, o professor.
Recebemos, no entanto, a seguinte informação do MEC: nossa escola não receberia mais a verba pelo fato de que no próximo ano teremos duas turmas a menos (a diminuição seria por volta de 50 alunos). Pediram, inclusive, que fizéssemos um replanejamento para adaptá-lo ao novo número de alunos. E as escolas que tivessem aumento de alunos também não receberiam. E é a partir daqui que surgem alguns questionamentos:
Nossa escola conta atualmente com 700 alunos; estamos certos de que 50 alunos a menos não alterariam nada na nova organização metodológica e nem no número dos equipamentos a serem adquiridos. Pela falta de 50, outros 650 deixarão de crescer no desenvolvimento da aprendizagem. Pela ausência de 50, prejudicar 650 é justo? Eles não têm direitos? Não pagam impostos?
Se a verba é destinada à educação, não estamos mendigando nada. Só queremos aquilo que, por direito, é nosso. E a verba que não veio para o nosso colégio, para onde vai? A pergunta parece ser inocente, mas não é! Falta transparência ou não falta?
Fomos muito elogiados pela organização apresentada, pelos projetos realizados, mas de que adianta se não nos mandam o dinheiro para colocá-los em prática? Não seria o momento de rever os critérios para a destinação da verba?
A negação dessa verba por parte do governo federal será cobrada pelos professores das escolas que foram afetadas. Pois não estamos mendigando, mas exigindo que se cumpra o que, no discurso, se faz presente. Mais investimento na educação como resposta às nossas deficiências educacionais pela ausência de recursos, e aos altos impostos que pagamos.
*Paulo Sérgio de Faria, mestre em Filosofia e especialista em Informática na Educação e Comunicação Social, é professor de ensino fundamental, médio e superior.

Opinião: O desafio de ser professor

29 de outubro de 2014
"Brasil é um dos países em que o profissional da Educação recebe os menores salários do mundo", afirma Christiano Rocco

Fonte: Estado de Minas (MG)

Investir em Educação não é uma tarefa simples, requer planejamento e, sobretudo, tempo e paciência para colher os frutos e começar a enxergar resultados. Discutir Educação significa dimensionar inúmeras questões essenciais para o bom funcionamento do sistema de Ensino de um país, como a infraestrutura física das instituições, ações de formação continuada e diminuição da evasão Escolar e a grade curricular.
Analisar esses pontos – e outros tantos que merecem a atenção dos governos – é o caminho para começar a se pensar em uma Educação pública de qualidade, que, no caso do Brasil, é comprometida por uma questão que, talvez, seja a chave de todo o debate em torno dessa pauta: a valorização do Professor.
O Brasil é um dos países em que o profissional da Educação recebe os menores salários do mundo. De acordo com dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os salários daqui são muito baixos, se comparados aos que são pagos em países desenvolvidos, já que um Professor brasileiro, em início de carreira, que dá aulas para o Ensino fundamental em Escolas públicas, recebe, em média, US$ 10.375 por ano.
Por outro lado, Luxemburgo, país que apresenta o maior salário, paga US$ 66.085 dólares aos seus Docentes, valor quase sete vezes maior que o do Brasil. As estatísticas fazem parte do estudo Education at a Glance 2014, que fez um mapeamento das 43 nações-membros da OCDE e de mais 10 parceiros, incluindo o Brasil.
E quais as consequências da falta de atenção do poder púbico com os Professores? Podemos listar várias, mas a principal delas é, sem dúvidas, a desmotivação do profissional, que, para ganhar razoavelmente bem, é obrigado a trabalhar três turnos e a assumir papéis de coordenação e até administrativos nas Escolas. Mas essa é só a ponta do iceberg. Na sua rotina de trabalho, o Professor da rede pública de Ensino no Brasil, em sua maioria, ainda lida com condições precárias das salas de aula, falta de material, livros e, não raro, ainda é vítima do abuso e da violência promovidos por Alunos.
No entanto, crescemos nos últimos anos. Alguns programas desenvolvidos no Brasil demonstram que a Educação tem conquistado um espaço cada vez maior na agenda de discussão do governo, em suas diversas instâncias, e tem aberto portas significativas para o Ensino dentro e fora do país.
Além disso, uma importante conquista dos últimos tempos foi a aprovação da Lei dos Royalties do Pré-Sal, que destinará 75% dos recursos da exploração da reserva petrolífera para a Educação, garantindo que, até o fim do ano, diferentes setores recebam cerca de R$ 3 bilhões e que, em 35 anos, seja repassado R$ 1,3 trilhão. Temos, ainda, o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em junho, que eleva o investimento em Educação para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2024. Atualmente, esse percentual é de 6%.
Com a realização dos investimentos previstos e com o bom funcionamento (e a ampliação) dos programas do governo, é possível se pensar em melhores condições da Educação pública, tendo como um dos principais objetivos a valorização dos Professores, do Ensino básico à pós-graduação, pois uma nação que não olha para os seus mestres e não entende o seu papel de agente social dificilmente compreende que educar é um ato político, é preparar o indivíduo para enxergar o mundo que existe para além de si mesmo. No mês do Professor, nada mais adequado e contemporâneo do que uma das lições deixadas pelo Educador Paulo Freire: “Se a Educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”.


Esta opinião foi publicada apenas em veículo impresso

"Os alunos amam programar, criar e construir"

29 de outubro de 2014
Professor conta no Diário de Inovações que o celular se transformou em um aliado durante as aulas de robótica

Fonte: Portal Porvir

"Sou professor de robótica em vários colégios particulares do Recife, Pernambuco. Sempre notei que, no início das atividades, o encantamento dos alunos é evidente. Para tornar as aulas vivas, sempre procurei manter um clima de desafios em aula, criando pequenas competições entre as equipes. A maioria se empolga, mas quando são cobrados deles conteúdos educacionais e programações mais elaboradas, perdem interesse.
Minha grata surpresa se deu quando comecei a tentar incentivar a participação dos alunos nas aulas de robótica na escola Shalom Centro Educacional, que não são obrigatórias, mas oferecidas a todos. A robótica possui um mundo de possibilidades, mas os alunos não tinham o material quando bem queriam para usar na sua casa e brincar. No entanto, mesmo se tratando de uma escola em um bairro pobre do Recife, a maioria dos alunos possuem seu celular e, normalmente, com sistema Android: a ferramenta que eu precisava para que todos participassem e aprendessem mais.
Usando o celular ao meu favor, pesquisei e encontrei uma ótima ferramenta de desenvolvimento de aplicativos para dispositivos Android, o App Invento2. Comecei a estudar a sua plataforma, criada pelo MIT e baseada no Scratch.
No início, duas limitações me deixaram muito inseguro: o fato da ferramenta não existir no idioma português e do seu uso, a princípio, necessitar de acesso à internet. O primeiro problema só existia em minha cabeça, pois a maioria dos alunos não tinham medo do idioma, devido a sua experiência com jogos eletrônicos. Mesmo não possuindo domínio da língua, o uso intuitivo de clicar e arrastar blocos foi muito bem aceito pelos alunos.
O segundo problema era a conexão. “E se não tiver conexão em determinados dias, por alguma razão, durante as aulas?”, pensava. Bom, nada como a frase “navegar é preciso”. Com um pouco mais de pesquisa, verifiquei que existe uma forma de criar servidores para o App Inventor2 e utilizá-lo offline, sem precisar da conexão com a internet.
Agora, precisava saber se eles gostariam de aprender a fazer seus próprios aplicativos para celular. Visitei todas as salas e 100% dos alunos desejavam aprender a criar aplicativos. Fui um pouco mais criterioso, gostaria de saber quantos estavam realmente dispostos. Expliquei que precisariam estudar mais disciplinas como matemática e inglês. Grata a surpresa, eles ainda se sentiam desafiados e muitos queriam aprender.
Esse é o primeiro ano que estamos desenvolvendo essas atividades. Começamos as aulas há alguns meses, por isso, estamos indo com calma, despertando o aluno para as possibilidades do uso das novas tecnologias como ferramentas para aprender.
Criei vários aplicativos simples para que eles conhecessem algumas possibilidades. Agora já estamos em uma fase em que os alunos precisam apresentar projetos próprios. Por sugestão deles, estamos desenvolvendo um aplicativo que ajuda a ensinar algumas palavras e o alfabeto em Libras, pois eles já aprendem isso na escola. Também estamos desenvolvendo um aplicativo para crianças com Síndrome de Down. A ideia foi de uma aluna que tinha uma prima com a síndrome. Basicamente, a criança toca na imagem e o dispositivo sonoriza palavras como como água, maçã, brincar, dormir, etc.
Posso dizer que os alunos amam programar, criar e construir seus próprios “carrinhos de lata” e suas “bonecas de pano”. A maioria dos alunos estão empolgados e participam com muita alegria das atividades. Essa é a linguagem que eles conversam. Eles usam tecnologia o tempo todo e o celular está ao alcance da maioria dos alunos."
*Manoel Pereira de Lima Filho

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