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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Número de conselhos municipais de Educação cresce, mas ainda há desafios

Dados são de levantamento feito pela organização não governamental Todos pela Educação; região Norte é a que tem o menor percentual de municípios com conselhos Fonte: Agência Brasil
28 de fevereiro de 2014

O número de municípios com conselhos municipais de Educação vem crescendo nos últimos anos. Dos 5.570 municípios brasileiros, 4.718 (84,8%) já contavam com conselho constituído em 2011. A Região Norte é a que tem o menor percentual de municípios com conselhos de educação (65%) e o Sudeste tem o maior percentual, 90%. Em 2009, 4.403 municípios tinham conselhos e, em 2006, eram apenas 3.760.
Os dados são de levantamento feito pela organização não governamental Todos pela Educação com base em informações da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) de 2011, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fortalecer os conselhos como instrumentos de participação e fiscalização da gestão escolar faz parte das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), em debate no Congresso Nacional.
Os conselhos estão previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). No entanto, não existe legislação no país que obrigue uma cidade a ter um Conselho Municipal de Educação. A decisão depende apenas do próprio município. As cidades que não têm esse colegiado acabam dependendo do conselho estadual de educação que normalmente tem sede na capital do estado.
A pedagoga e pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Eloisa de Blasis, avalia que a formação e o trabalho dos conselhos municipais têm avançado, mas que essas instâncias ainda enfrentam desafios. “No Norte e Nordeste ainda temos municípios pequenos, com baixa arrecadação, que, com o fortalecimento da municipalização, não tinham estrutura para garantir a existência desse colegiado, mas estamos avançando nessas regiões”, diz.
Nos municípios brasileiros que têm conselho, a pesquisa aponta que 69,5% deles são paritários, ou seja, contam tanto com representantes da gestão municipal quanto da sociedade civil. Em 2006, menos da metade (47,6%) tinha essa característica.
A composição do conselho deve sempre buscar o equilíbrio entre membros da Secretaria Municipal de Educação, pais e estudantes. Há ainda a possibilidade da participação de entidades religiosas, organizações não governamentais, fundações e instituições de capital privado.
“Temos ainda situações em que o conselho não é necessariamente paritário, a composição algumas vezes vai atender à composição política local”, alerta a pesquisadora Eloisa de Blasis. “Outras vezes ele funciona como fórum paritário e zela pela política de educação do município”, completa.
Os conselhos funcionam como mediadores e articuladores da relação entre a sociedade e os gestores da educação municipal. O órgão tem função consultiva, normativa, deliberativa, mobilizadora e de fiscalização. Faz parte dessas funções, por exemplo, a autorização para o funcionamento de escolas públicas municipais e da rede privada e o acompanhamento da execução de políticas públicas da área educacional.
Uma das atribuições mais importantes dos conselhos municipais é a de cobrar e orientar a elaboração do Plano Municipal de Educação (PME), política que vai reger os rumos da educação da cidade para a década seguinte.
“O conselho tem como função opinar sobre assuntos educacionais, colaborar com a política educacional e a elaboração do plano municipal de educação, zelar pelas distorções normativas em matéria de educação, fazer análises de situações que chegam até eles e precisam de um parecer”, explica Eloisa de Blasis.
Um exemplo de atuação de um conselho vem do município de Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco. O colegiado mantém encontros semanais e é formado por 15 conselheiros, entre eles, representantes da Secretaria de Educação, de pais, alunos, e também do setor privado. Os conselheiros são eleitos por representantes de cada segmento.
“Cabe a nós propor correções de políticas públicas, já fizemos normatização de credenciamento de escola, da relação professor e aluno. Cabe a nós também provocar discussões para que algo necessário seja viabilizado”, explica a presidenta da Câmara da Educação Básica do conselho de Goiana, Carmem Nóbrega.
Ela lembra de um caso em que o conselho conseguiu intervir na reforma de uma escola. Segundo ela, a solicitação de reforma já havia sido feita pelo diretor, estava aprovada, mas a escola não tinha a documentação relativa ao território que ocupava. O conselho, então, atuou com a prefeitura para conseguir o documento e assim viabilizar o início da obra.
Carmem conta que a atuação desses órgãos ainda é um desafio e que o sucesso depende da gestão do colegiado e do combate ao ingresso de pessoas com interesses políticos. “Estamos andando, há muitas contradições, mas as instâncias democráticas estão aí e precisamos da organização de cada conselho. Vemos, em alguns casos, a prática de nepotismo, mas precisamos garantir a indicação de quem efetivamente representa aquele segmento”, diz.

Dilma: Ensino integral está `longe` do desejado apesar de avanços


SUELLEN SMOSINSKI - UOL EDUCAÇÃO - 28/02/2014 - SÃO PAULO, SP

`Demos um passo bem grande para aumentar o ensino em tempo integral, mas ainda está muito longe do que queremos e devemos ter` -- esse foi o comentário da presidente Dilma Rousseff sobre os dados do Censo da Educação Básica 2013. Ela fez a afirmação durante discurso em formatura de 3.800 egressos do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) na manhã desta quinta (27) em São Paulo.
Segundo dados do MEC (Ministério da Educação), o número de matriculados no ensino integral, em que o estudante fica 7 horas na escola, foi de 3,1 milhões no ano passado. Em 2010, era 1,3 milhão. O censo foi divulgado na terça (25).
Dilma disse ainda que os alunos precisam aprender conteúdo escolar no segundo período: português, matemática, ciências e uma língua estrangeira. A presidente foi embora do evento sem falar com a imprensa.
O destaque do levantamento, no entanto, é o gargalo que existe no ensino médio -- as matrículas nessa etapa seguem estagnadas, apesar do aumento das matrículas nas creches (7,5%) e na pré-escola (2,2%) e da melhora de fluxo apontada pelo governo.
Ensino técnico
O ministro José Henrique Paim Fernandes (Educação), que fez parte da comitiva presidencial no evento, reforçou as metas do Pronatec. Segundo ele, o programa chegará a 8 milhões de beneficiados até o final de 2014. Atualmente o número está em 5 milhões.
`É um programa que veio pra ficar`, afirmou Dilma. Segundo a presidente, o governo federal coloca R$ 14 milhões na iniciativa. O Pronatec é um programa federal com o objetivo de ampliar a oferta de ensino técnico e tecnológico para jovens e trabalhadores com ensino médio.
Dilma também afirmou que a educação é uma área prioritária para o governo e que as creches terão um cuidado especial daqui para frente: `As oportunidades não podem ser diferentes. O neto da senhora [apontando para a platéia] e o meu têm que ter acesso aos mesmos estímulos`.
Também estava presente na cerimônia o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que declarou a intenção de ceder o uso de um prédio municipal para o IFSP (Instituto Federal de São Paulo) na zona leste.

Fies tem crédito extraordinário de R$ 2,5 bilhões


YARA AQUINO - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL - AGÊNCIA BRASIL - 28/02/2014 - BRASÍLIA, DF

Lei que abre crédito extraordinário de R$ 2,5 bilhões para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) foi publicada na edição de hoje (28) do Diário Oficial da União. O programa oferece empréstimos a juros mais baixos aos alunos que queiram frequentar um curso superior privado.
A concessão do crédito foi aprovada pelo Congresso Nacional a partir da Medida Provisória 626 de 2013. O Fies concede financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos superiores particulares, com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação. O programa oferece cobertura de até 100% do valor da mensalidade e juros de 3,4% ao ano. O contratante só começa a quitar o financiamento 18 meses depois de formado.

Governo de SP anuncia bônus de R$ 700 mi para servidores da Educação

PAULO SALDAÑA - O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/03/2014 - SÃO PAULO, SP

O governo do Estado de São Paulo vai pagar, na segunda-feira, R$ 700 milhões de bônus para 255 mil servidores de 4.030 escolas. A bonificação é calculada de acordo com a evolução do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp) - que, conforme o Estado revelou nesta semana, registrou queda de desempenho no ensino médio, estagnação no ciclo 2 do fundamental e cresceu nos anos iniciais.
Todos os funcionários, entre diretores e equipe de limpeza, das escolas que atingiram ou superaram as metas estabelecidas pelo Idesp podem ganhar até 2,9 salários a mais. Do total de contemplados, 206 mil são professores, dos quais 47 mil ganharão mais de R$ 5 mil (16 mil deles recebendo mais de R$ 8 mil).
Apesar de o porcentual de escolas que atingiram as metas ter caído (de 85,1%, em 2012, para 81% em 2013), o número de servidores que receberão o bônus cresceu 24%. O valor total também avançou, com salto de 18% em relação ao ano passado.
O pagamento de bônus para servidores das escolas levando em conta o desempenho no Idesp foi adotado pelo Estado de São Paulo a partir de 2009, no governo José Serra (PSDB). A política é criticada por especialistas, que afirmam não haver pesquisas que mostrem que ela melhora a educação.
Se não atingida a meta, é calculado o avanço da escola (se avançou, por exemplo, 50% da meta, o bônus é de 1,2 salário). As faltas dos profissionais também são consideradas no cálculo do bônus. A partir deste ano, o perfil socioeconômico das escolas também foi levado em conta para o pagamento. Segundo a Secretaria da Educação do Estado, esse índice leva em consideração a situação dos estudantes, como renda mensal familiar e casa própria.
Esse novo índice é usado no cálculo em conjunto com o Idesp, que leva em conta os resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) em Matemática e Português, além de taxas de aprovação e abandono escolar. As escolas que não atingiram metas no Idesp não garantem o bônus, independentemente dos níveis socioeconômicos.
Consulta. Como o Estado revelou nesta semana, a qualidade da educação medida pelo Idesp caiu no ensino médio de 1,91 para 1,83 entre 2012 para 2013. No ciclo 2 do fundamental (6.º ao 9.º ano) ficou estagnado em 2,5. A rede registrou avanço nas escolas do ciclo 1 do fundamental (1.º ao 5.º ano), saltando de 4,28 para 4,42 e mantendo um ritmo de alta dos últimos anos.
A Secretaria da Educação ainda não divulgou oficialmente os dados do Idesp e os resultados Saresp. A pasta prometeu liberar hoje os boletins de cada escola para os professores consultarem os resultados que motivaram os bônus.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A cada ano, mais estudantes da educação básica migram para escolas privadas

PRISCILLA BORGES - IG ÚLTIMO SEGUNDO - 27/02/2014 - SÃO PAULO, SP

A cada ano, os dados do Censo Escolar feito pelo Ministério da Educação mostram uma queda no número de estudantes brasileiros. Esse fenômeno, no entanto, não tem sido percebido na rede privada de ensino. Ao contrário das escolas públicas, as instituições particulares ganham cada vez mais alunos. Entre 2012 e 2013, a rede cresceu 3,5%. A rede pública – que inclui os colégios federais, estaduais e municipais –, por sua vez, tive queda de 1,9% nas matrículas.
O percentual de redução das matrículas na rede pública representa um contingente de 790.415 alunos. Como explicam os especialistas, parte desse número reflete a queda natural no número de estudantes do país, já que a população reduziu de tamanho e as políticas educacionais para correção de fluxo (diminuir a quantidade de jovens reprovados) surtiram efeito. Os números do Censo mostram que essa queda geral nas matrículas foi de 502.602 estudantes entre 2012 e 2013.
Os outros 287.813 alunos, no entanto, migraram para a rede privada no ano passado. Agora, a escolas públicas possuem 8.610.032 alunos. A participação das escolas particulares no total de matrículas do País saltou de 12% em 2007 para 17% em 2013. A quantidade, segundo o professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) Reynaldo Fernandes, é significativa. Reynaldo já presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela elaboração do censo a partir dos dados oferecidos pelas secretarias estaduais e municipais de educação.
Ele ressalta que muitas famílias, quando melhoram a renda, tendem a colocar os filhos nas escolas particulares. “Toda vez que a economia melhora, as matrículas na rede privada aumentam. As pessoas ainda têm a percepção de que a escola particular é melhor, apesar de existirem muitas ruins. Além disso, a greve se torna outro motivo de transferência”, concorda Ruben Klein, diretor-presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave).
Para Rubem, a queda geral no número de estudantes não deve ser vista com preocupação. A redução de quase 3 milhões de estudantes nos últimos seis anos, para ele, é um bom sinal. “Uma parte dessa queda é explicada pela questão demográfica, mas o principal é que menos estudantes estão ficando retidos nas séries. Se analisássemos a população que deveria estar matriculada no ensino fundamental ou no ensino médio, veríamos que temos muito mais matrículas do que deveríamos, porque há muitos fora da série adequada para a idade”, afirma Klein.
A maior perda da escola pública foi na rede estadual. Em 2013, 4,2% dos 18,7 milhões de estudantes matriculados em 2012 deixaram os colégios da rede. Na rede municipal, não houve alteração de alunos. Há cerca de 23 milhões de crianças estudando nos colégios municipais. A rede federal, que é pequena diante das outras, cresceu 5,2%. Em 2012, possuía 276 mil alunos e, em 2013, ultrapassou os 290 mil.
Jornada ampliada
O número de estudantes do ensino médio que estuda em turno integral também aumentou. Ontem, os dados do crescimento da oferta de jornada ampliada para os alunos do ensino fundamental foram ressaltados pelo ministro da Educação, Henrique Paim, como a grande revelação do censo. Em um ano, a quantidade de crianças nas escolas integrais aumentou 45,2%. Há 3,1 milhões de crianças nessas escolas do total de 29 milhões de alunos do ensino fundamental.
Entre os adolescentes e jovens que cursam o ensino médio, a parcela que possui jornada ampliada é bem menor. Em 2013, 377.662 alunos estavam matriculados em turnos integrais. Um percentual de 4,54% dos 8,3 milhões de matriculados nessa etapa. O crescimento em relação a 2012 foi de 26,8%. A maior parte das vagas está na rede pública: 344 mil (um aumento de 28,2% no número de alunos em relação a 2012). Na rede privada, as vagas de jornada ampliada cresceram 14,8%, chegando a 33 mil estudantes.

Encontro com alunos do Ciência sem Fronteiras revela conquistas


ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA CAPES - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - 27/02/2014 - BELO HORIZONTE, MG

O programa Ciência sem Fronteiras promoveu nesta quarta-feira, 26, mais uma edição do Encontro de Orientações para Bolsistas. O evento tem como objetivo principal passar orientações gerais sobre a viagem e a graduação-sanduíche no exterior para os novos participantes do programa. O encontro aconteceu em Brasília, no edifício-sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Presente na abertura do evento, o ministro da Educação, Henrique Paim, observou que o Ciência sem Fronteiras não é uma ação isolada. “O Brasil teve um despertar tardio para a questão da educação”, lembrou ele. “As pessoas em geral não tem noção de que uma ação educacional possui resultados a médio e longo prazo. O CsF faz parte desse esforço, que integra a educação infantil à pós-graduação”, ressaltou. “Os bolsistas aqui presentes são o futuro da ciência aplicada no Brasil. Dentro de alguns anos, quando forem pesquisadores e professores do futuro, poderão trazer mais desenvolvimento e crescimento ao país.”
Segundo o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, a participação no programa permite oportunidades únicas aos estudantes brasileiros. “Os bolsistas do Ciência sem Fronteiras têm a possibilidade de conviver por algum tempo nas melhores universidades do mundo”, afirmou.
Experiências – Durante o encontro, também estiveram presentes ex-bolsistas do Ciência sem Fronteiras que retornaram recentemente ao Brasil e compartilharam suas experiências com os novos participantes do programa.
Cristiano Cunha, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ficou 12 meses na Coreia do Sul para estudar engenharia mecatrônica. “Tive a oportunidade de me aprofundar na pesquisa de um tema em um nível que ainda não tinha visto no Brasil. Estudos de Inteligência Artificial, mais especificamente neurorobótica”, explicou. O estudante teve aulas em inglês na Coreia e pôde realizar um estágio na empresa Hyundai. Há duas semanas, o estudante foi contratado pela empresa Google, em São Paulo.
Da Universidade de Brasília (UnB), o estudante de engenharia Vinícius Santana, foi para Cingapura em uma experiência de 15 meses. “Foram 12 meses de aula e pesquisa na universidade e mais três meses de estágio monitorado em uma empresa que me permitiu ir às Filipinas e Taiwan”, conta. Para o estudante, a experiência requer dedicação. “Lá fora, temos menos aulas e mais tutoria, mais leitura. Tive contato com um nível de desenvolvimento tecnológico com que não tinha me deparado anteriormente, e a grande comunidade estrangeira presente nas universidades faz com que as diferenças sejam complementares”, contou.
Para a ex-bolsista Monique Gasparoto, estudante da Universidade de São Paulo (USP), é importante que os novos participantes do Ciência sem Fronteiras demonstrem uma postura proativa nas universidades estrangeiras. “Mostrem interesse, se coloquem e se apresentem. Foi dessa maneira que iniciei minha pesquisa em biologia sintética, algo que está começando no Brasil. Apresentei-me ao professor-coordenador e, graças a esse passo, pude colher muitos frutos.” Durante a graduação-sanduíche, Monique foi medalhista de ouro da competição International Genetically Engineered Machine (iGem). Hoje existe um time para participar da competição na USP.
Responsabilidade – A responsabilidade e o compromisso dos novos bolsistas com a transformação da realidade brasileira também foram tema do encontro de orientação. O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, definiu o Ciência sem Fronteiras como um “programa transformador de vidas”.
“Os bolsistas do CsF constituem um grupo seleto, e pelos próprios méritos conseguiram essa oportunidade de realizar um ano da graduação fora do país”, observou Oliva. Ele lembrou que a bolsa é um prêmio, mas também uma grande responsabilidade. “Essa oportunidade vem de recursos públicos e de impostos”, disse. “Representa um investimento para o aprendizado individual, mas também social. Vocês vão voltar e, ao longo da vida profissional, vão aproveitar a rede de contatos criada e o conhecimento adquirido para ajudar o Brasil a se tornar uma sociedade menos desigual e, para isso, precisamos inovar. Vocês são os vetores de transformação do nosso futuro”, ressaltou Oliva.
O compromisso com a transformação do ambiente educacional também foi reforçado pelo conselheiro da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, John Mattel. “Essa é uma grande oportunidade aos estudantes brasileiros. E, com grandes oportunidades, vêm grandes responsabilidades. Uma delas é voltar ao Brasil e criar oportunidades para outros estudantes. A melhor coisa do conhecimento é que ele se torna maior quando compartilhado”, afirmou.
Histórico – O Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileiras por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio de suas respectivas instituições de fomento - Capes e CNPq.
O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior, com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros nas áreas prioritárias definidas no programa, bem como criar oportunidades para que pesquisadores de empresas recebam treinamento especializado no exterior.
Assessoria de Comunicação Social da Capes

Educação integral pode não ser sinônimo de qualidade


ALEXANDRE LE VOCI SAYAD* - O ESTADO DE SÃO PAULO - 27/02/2014 - SÃO PAULO, SP

É preciso olhar com cuidado para a tentação otimista dos dados do censo escolar que constataram um aumento de mais de 40% de matrículas para o período integral de alunos de ensino fundamental no Brasil. A ideia de que mais tempo na escola sempre será necessariamente sinônimo de melhor aprendizado e retenção de alunos é equivocada.
O Ministério da Educação (MEC) começou há oito anos o projeto interministerial do Mais Educação com o objetivo de que, primeiramente nos ciclos do fundamental, e depois no do médio, alunos pudessem viver a integralidade da educação – o que inclui o conceito de educação integral, mas não termina nele.
Com uma “inspiração suave” no que foram os CIEPS no Rio de Janeiro e a Escola Plural em Belo Horizonte, o Mais Educação prevê que não exista dicotomia entre turno e contra-turno escolar – geralmente enxergados por pais e professores como o período sério do currículo seguido do “leve” do entretenimento, respectivamente. Essa impressão, da parte “chata” e da “divertida” da escola, quase automática, acaba mais por fragmentar do que integralizar a educação.
Uma educação integral de fato deveria abarcar o aprendizado de forma holística, ampliando o tempo e espaço da escola de um lado, mas dissolvendo as fronteiras entre disciplinas, os muros da instituição e as linhas imaginárias entre educação e vida cotidiana. Assim, acelerar o processo de transformação do ensino tradicional e aproximar o estudante da instituição que ele sempre ameaça abandonar e acha distante de seu universo.
Muitas escolas particulares, de olho na fatia de mercado de pais atolados de trabalho o dia todo, também passaram a dobrar o turno de ciclos que antes não eram integrais.
Vale prestar atenção: uma escola que repete atividades de um turno para outro, como aula de reforço por exemplo, ou transforma o período vespertino em uma colcha de retalhos de atividades desconexas, periga multiplicar por dois o fracasso escolar. Se a onda de start-ups e pensadores de plantão com razão insiste em lutar contra uma educação fragmentada e sem sentido para o aluno, a educação integral mal feita acaba fazendo um desserviço para atualizar a escola para o século XXI.
Fora alguns trabalhos acadêmicos relevantes, que dão conta de parte pequena do Brasil, não tenho conhecimento de alguma ferramenta que acompanhe de fato o que acontece nas escolas integrais. O MEC disponibilizou apostilas que estimulam diversas atividades interessantes, ligadas à cultura digital, participação, comunicação e esportes. Essas atividades carecem de parcerias entre escolas, empresas e ONGs porque muitas vezes não estão dentro das competências encontradas no corpo docente. A verba, que vai direto do MEC à instituição, esbarra em entraves para firmar essas parcerias.
Há muitas experiências impressionantemente transformadoras que tive oportunidade de conhecer. Mas os números do censo escondem a maior parte delas.
A pergunta perigosa que resta é: a percepção de grande parte dos pais de que a escola é boa porque oferece merenda e “segura” o estudante o tempo inteiro entre seus muros está sendo reforçada? Tenho receio de postergarmos o tempo em que os pais perguntarão aos filhos o que eles aprenderam e experimentaram naquele dia.
*Alexandre Le Voci Sayad é jornalista e educador

Em SP, vereadora sugere vasectomia para diminuir procura por creche


DA REDAÇÃO - UOL EDUCAÇÃO - 27/02/2014 - SÃO PAULO, SP

A vereadora Tatiana Salles (PT), de Itupeva, no interior de São Paulo, aproveitou uma sessão da Câmara municipal, nesta terça-feira (25), para fazer uma campanha pela vasectomia. Em seu discurso, ela sugeriu, em tom de piada, que a cirurgia poderia contribuir com a diminuição da procura por creches na cidade.
`Eu gostaria de convidar todos os vereadores para nós fazermos uma campanha sobre vasectomia. Porque eu não aguento mais pedido de creche`, disse a vereadora, rindo. `Eu gostaria de convidar vocês para a gente fazer essa campanha, fazer essa divulgação para ver se no futuro a gente colhe o índice de natalidade um pouco mais baixo no município, né?.`
Após o pronunciamento de Tatiana, um dos vereadores presentes na Câmara pediu a palavra e afirmou que já havia feito a cirurgia. Segundo ele, não havia problema nenhum com a vasectomia, que `não prejudica o homem em lugar nenhum`, referindo-se a uma possível impotência.
Pelo Facebook, nesta quarta-feira (26), a vereadora disse que o intuito da campanha é o de ajudar mulheres, crianças e consequentemente a família. Segundo a vereadora, ela quis conscientizar a população sobre a realização de um planejamento familiar onde os homens possam cooperar.
`Em momento algum foi citado que a vasectomia reduziria a fila em creches, sou bem esclarecida para saber que isto não existe`, afirmou. `Quando falo sobre as creches, falo sobre o fato de que quem vem pedir vagas são as mães, ou seja, as mulheres, muitas delas com um ou mais filhos e precisam trabalhar para ajudar no orçamento familiar.`

Recursos obtidos com pré-sal serão aplicados na educação, reafirma Dilma


FLÁVIA ALBUQUERQUE - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - 27/02/2014 - BELO HORIZONTE, MG

A presidenta Dilma Rousseff reafirmou hoje (27), durante a cerimônia de formatura de 3.800 alunos do Programa Nacional de Acesso ao ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que os recursos obtidos com a exploração do petróleo da camada pré-sal serão aplicados na melhoria da educação, sendo 75% dos royalties e 50% do óleo destinados a esse fim.
“Precisamos pagar bem os professores e vamos gastar dinheiro, não só pagando professores, mas fazendo escolas para dois turnos, com laboratórios e equipamentos. O Brasil é um país rico pela qualidade de seu povo e porque temos petróleo. Essa riqueza finita tem que ser transformada em uma riqueza que não acaba para o Brasil, que é a educação”, destacou a presidenta.
Dilma lembrou que, no Brasil, o caminho da educação é o meio para conseguir transformar o país em uma nação de técnicos, cientistas, pesquisadores e universitários. “Para o Brasil crescer e se desenvolver e deixarmos para trás a história trágica da desigualdade, precisamos trilhar o caminho da educação e do ensino técnico, que é importantíssimo em um país.”
A presidenta destacou que as mulheres também estão procurando pelo Pronatec – em alguns estados, elas são 70% dos participantes. Em São Paulo, as mulheres são 51%. “É interessante que as mulheres tenham claro que este é o caminho da sua valorização, que leva também a mais oportunidades para as famílias”, acrescentou.
De acordo com informações da Presidência da República, o Pronatec é um dos programas federais que têm mais sucesso, com cerca de 5,8 milhões de participantes em 3.500 municípios – no estado de São Paulo, são 870 mil matrículas. Entre os cursos técnicos com maior procura estão administração, comércio, eletroeletrônica, informática, logística, multimídia, publicidade, recursos humanos, redes de computadores e segurança no trabalho. Também têm muita demanda os cursos de educação continuada.
“Este programa tem algumas características que o tornam vencedor. Sua função é criar oportunidades. Ele é gratuito e permite que a participação das pessoas que precisam.` Ela ressaltou que não há qualquer restrição e privilégio por causa da renda dos interessados. `Isso porque é uma parceria, e o governo federal coloca R$ 14 bilhões para garantir que vocês tenham acesso a educação de qualidade. Quem dá os cursos técnicos são aquelas instituições mais bem preparadas do Brasil.`
Dilma destacou que o esforço dos estudantes, o apoio da família e as oportunidades dadas no âmbito dos programas federais formam um arco de força para o sucesso das pessoas. “E é esse arco de força que leva este país para a frente. O Brasil precisa da educação para que saia de forma perene da pobreza, para garantir que sejamos um país que usa a tecnologia e a inovação para agregar valor e criar empregos de melhor qualidade.”
Para construir tal caminho, disse a presidenta, é preciso começar na creche, oferecendo a todos os pequenos brasileiros as mesmas oportunidades. “As crianças têm de ter acesso aos mesmos estímulos porque sabemos que é na infância que a criança começa a se desenvolver. Uma criança com os estímulos corretos será um adulto com muito mais condições de realizar todo o seu potencial”, ressaltou a presidenta, que falou também sobre a necessidade de reforçar o ensino em período integral e as melhorias no acesso à universidade. Neste sentido, Dilma elogiou o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Mais um dia na fila: universitários enfrentam o caos para obter transferência


DANIEL HAIDAR - REVISTA VEJA - 27/02/2014 - SÃO PAULO, SP

Filas intermináveis, calor, falta de informação e incerteza sobre o próprio futuro. Pelo terceiro dia seguido, ex-alunos do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) e da Universidade Gama Filho (UGF), ambas controladas pelo grupo Galileo, enfrentaram nesta quinta-feira um cenário caótico na Rua Gonçalves Dias, no Centro do Rio de Janeiro. No local, uma antiga sede da UniverCidade, centenas de estudantes formaram filas que se prolongavam por mais de um quarteirão até a esquina da Avenida Rio Branco para tentar obter documentos como histórico escolar, diplomas e certificado de conclusão de curso – como determinado por um cronograma da Galileo. A entrega começou na terça-feira e tem de ser feita, por ordem judicial, até esta sexta-feira.
Não havia funcionários da Galileo na Rua Gonçalves Dias para prestar informações. Senhas foram distribuídas de maneira aleatória e era preciso estar perto da entrega para conseguir ouvir a convocação e entrar no prédio para retirar os documentos. Tudo isso ocorria em meio a muita gritaria, confusão e discussão.
A estudante de direito Aline Queiroz, 22 anos, criticou a falta de organização para a entrega dos documentos. Ela afirmou que colegas de classe receberam o histórico escolar com informações erradas, com disciplinas que não foram cursadas. “Preciso das ementas, do histórico escolar, e da documentação original do ensino médio que ainda está com a universidade. Faltei ao trabalho para estar aqui, mas não tenho opção, porque preciso dos documentos”, disse a estudante.
Alguns alunos começaram o dia na fila. Amanda Maria da Silva Maciel, 34 anos, chegou às 5h e ainda aguardava para ser atendida por volta de 11h. Ela tentava receber os documentos acadêmicos do curso de direito, encerrado no sexto período pelo descredenciamento da UniverCidade e da UGF. “É humilhante ter de passar por isso, porque paguei uma mensalidade de 380 reais”, criticou.
Iniciar uma batalha jurídica era uma opção cogitada por alguns dos prejudicados. De acordo com a estudante Carolina Brasileiro Cristovão, 26 anos, se não entregarem os documentos até sexta-feira, ela vai entrar com um pedido de mandado de segurança no Judiciário para que a instituição seja obrigada a fornecê-los. Ela se formou em direito no primeiro semestre de 2013, fez colação de grau no segundo semestre e até hoje não tem os documentos de conclusão. “Foram cinco anos de esforço para terminar desse jeito. Se não resolverem isso hoje, vou entrar com um pedido de mandado de segurança na Justiça”, criticou a ex-aluna da UniverCidade.
A rua lotada atrapalha o comércio da região. A lojista Roberlina Vieira, 26 anos, que gerencia uma loja de roupas, disse que a confusão afastou consumidores. “Nossas vendas caíram muito. Hoje era pra vender 7.000 reais por ser véspera de Carnaval e não venderemos nem 3.000 reais”, criticou.
Pelo processo de transferência assistida conduzido pelo Ministério da Educação, as universidades Estácio de Sá, Veiga de Almeida e a Faculdade de Tecnologia Senac Rio (Fatec), que formam o Consórcio Rio Universitário, foram escolhidas para receber os estudantes.
Diante das notícias de confusão na entrega dos documentos, somente no começo da tarde desta quinta-feira o Ministério da Educação (MEC) se pronunciou e disse que a transferência assistida, para essas universidades, poderá ser iniciada mesmo que os documentos acadêmicos não sejam entregues. “Basta manifestar interesse ao apresentar documentação pessoal, de modo a garantir o pleno aproveitamento do primeiro semestre letivo de 2014. As instituições selecionadas no processo de transferência assistida dispõem de informações suficientes para iniciar o procedimento de matrícula, independentemente da apresentação de histórico escolar”, informou o MEC em comunicado.
Depois desta sexta-feira - prazo final imposto pela 4ª Vara Empresarial antes que uma multa de 100.000 reais seja cobrada para cada dia de atraso da Galileo - todo o acervo acadêmico da UniverCidade e da UGF será transferido para Estácio de Sá, Veiga de Almeida e Fatec, de acordo com o MEC. “Essas instituições assumirão a responsabilidade pela guarda e emissão de documentos acadêmicos (históricos escolares, certificados de conclusão e segunda via de diplomas, dentre outros), também, dos alunos que já concluíram seus estudos”, informou a pasta.

Aberto processo de seleção de obras sobre universo indígena


IONICE LORENZONI - ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO MEC - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - 27/02/2014 - BELO HORIZONTE, MG

Está aberto o processo de inscrição e seleção de obras de literatura para o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) indígena. O edital do Ministério da Educação convoca editoras a inscrever obras que serão distribuídas a escolas indígenas públicas que oferecem educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental e magistério de nível médio. As inscrições vão até 19 de abril.
O PNBE indígena vai selecionar acervos literários com até 25 títulos que serão distribuídos às escolas indígenas do país todo para uso no ano letivo de 2015. Podem participar do processo autores indígenas e não indígenas que tenham produção literária relacionada aos povos indígenas brasileiros. O edital orienta que as obras devem fomentar a ruptura de estereótipos sobre histórias, culturas e identidades, apresentar abordagem positiva da pluralidade cultural indígena e da afirmação de direitos culturais diferenciados desses povos.
Na categoria educação infantil, as obras devem privilegiar textos em verso e prosa, ou que vinculem textos ou palavras-chave a imagens. Os materiais devem ser confeccionados em papel atóxico para o manuseio por crianças de quatro a cinco anos de idade, podendo ser apresentados em diferentes tamanhos. Os livros devem trazer o selo do Inmetro.
As obras para os anos iniciais do ensino fundamental e para o magistério de nível médio devem ser de textos em verso e prosa, livros de imagens e de histórias em quadrinhos em língua portuguesa ou bilíngue – português e uma língua indígena.
Cada editora pode inscrever até 15 obras no total, com limite máximo de oito obras por categoria. Todas as obras passarão por triagem, pré-avaliação e avaliação pedagógica. Instituições públicas de educação superior serão convocadas pelo Ministério da Educação para fazer a avaliação pedagógica. Os processos de inscrição, recebimento das obras e da documentação e a triagem serão conduzidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); a pré-análise, avaliação pedagógica e seleção dos livros serão de responsabilidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).

Aluno de universidade descredenciada em SP aguarda diploma desde 2009


MARCELLE SOUZA - UOL EDUCAÇÃO - 27/02/2014 - SÃO PAULO, SP

Formado no fim de 2008 e aprovado no Exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Luiz Henrique Leite da Silva não pode advogar. Isso porque a Universidade São Marcos, descredenciada pelo MEC (Ministério da Educação) em março de 2012, ainda não entregou o seu diploma nem o histórico escolar - indispensáveis para o registro na Ordem.
Os documentos foram solicitados pelo ex-aluno em junho de 2009, cinco meses após a sua colação de grau no curso de direito. Depois do pedido, Luiz procurou a universidade várias vezes, que sempre dava um novo prazo para a entrega dos papéis.
Com o descredenciamento, a instituição está limitada hoje a uma sala de atendimento, um site para a solicitação dos documentos (via formulário) e um número de telefone que não atende. `O único endereço que eu tenho da faculdade é uma `portinha` que nunca está aberta. E se essa porta não abrir eu fico sem diploma`, afirma.
Luiz diz que nos últimos quatro meses não encontrou funcionários no endereço de atendimento. `A faculdade não existe, virou fumaça, e está se furtando de expedir o meu diploma.`
Impedido de advogar
A situação começou a ficar mais grave em novembro de 2013, quando o bacharel em direito foi aprovado na OAB. Depois de muito estudo, ele descobriu que continuaria impedido de advogar, já que para fazer a inscrição na Ordem é preciso apresentar o diploma ou o histórico escolar.
Sem o registro, Luiz não pode advogar nem retirar processos do fórum para análise. `Eu estou no limbo: não sou nem estagiário nem advogado. Sou assistente jurídico em um escritório, ganho bem menos do que poderia receber e não posso nem ajudar a minha família em casos na Justiça`, diz.
Em janeiro, o UOL mostrou o caso Thiago Valentim, aluno da Universidade Gama Filho, que também não conseguia o registro na OAB -apesar de ter concluído o curso de direito e da aprovação no Exame de Ordem. A instituição foi descredenciada no dia 14 de janeiro deste ano pelo MEC e os estudantes têm dificuldade para obter seus documentos acadêmicos --assim como sofreram (e ainda sofrem) os alunos da São Marcos.
Para o presidente da OAB/SP, porém, o problema só pode ser resolvido na Justiça. `Infelizmente não podemos liberar o registro só com o certificado de conclusão de curso. É uma regra que temos que cumprir`, afirma o presidente da Comissão do Exame de Ordem, Edson Cosac Bortolai.
O diploma e o histórico só poderiam ser substituídos, afirma o representante da OAB, caso Luiz apresente uma decisão da Justiça obrigando os diretores da universidade a fornecerem os documentos.
Ação contra a São Marcos
Em nota, o MEC disse que o despacho de descredenciamento determina que a Universidade São Marcos se responsabilize por todo o acervo acadêmico dos alunos de graduação e pós-graduação, inclusive daqueles que estavam com a matrícula trancada quando a instituição foi fechada.
Diante da notícia de que a universidade está descumprindo a decisão, o MEC diz que `provocou a Advocacia Geral da União para ajuizar ação, com o intuito de constituir instrumento eficaz para constranger os representantes da mantenedora a cumprir sua atribuição de fornecer aos estudantes e ex-alunos toda a documentação de seu interesse`.
A reportagem não encontrou os representantes da Universidade São Marcos para comentar o caso.

Com apoio do Google, Oppia traz ensino interativo


CAMILO ROCHA - O ESTADO DE SÃO PAULO - 27/02/2014 - SÃO PAULO, SP

Apoiado pelo Google, estreou o Oppia, um site educacional com foco na interatividade. O Oppia é um projeto de código aberto onde qualquer pessoa pode criar ou acessar atividades de ensino.
As atividades são chamadas de “explorações” e funcionam à base de perguntas e respostas. Conforme o aluno vai respondendo de maneira correta os exercícios, avança no curso. “Baseado nas respostas, o mentor decide qual pergunta fazer em seguida, que retorno dar, se ele pode se aprofundar ou proceder para algo novo”, explica uma apresentação do projeto no blog de código aberto do Google. Segundo o Oppia, o sistema “ensina a pessoa a pescar” em vez de “simplesmente revelar a resposta correta ou marcar uma resposta como errada”.
O site ainda apresenta poucas alternativas de atividades, mas a lista de áreas já é razoável. Entre as disciplinas, estão matemática, línguas, geografia e tecnologia da informação.
As “explorações” também podem ser incorporadas (“embedadas”) em outros sites. O acesso é totalmente gratuito.
Segundo informações do site, boa parte do código que move o site foi escrito como parte de um projeto de código aberto desenvolvido por engenheiros do Google em seus “20% de tempo” (referência ao período que funcionários do Google tem de seu horário de trabalho para tocar projetos próprios). Entretanto, o site avisa: “Oppia.org não é um produto Google e o Google não tem responsabilidade sobre o conteúdo do site”.

Sites oferecem cursos grátis de inglês e matemática em vídeo


CARTOLA - AGÊNCIA DE CONTEÚDO - TERRA EDUCAÇÃO - 27/02/2014 - SÃO PAULO, SP

Dentre os muitos e-mails que chegam do público do Calcule Mais com dúvidas sobre matemática, o professor Vandeir Vioti dos Santos, de São Paulo, guarda com carinho a mensagem de Débora Paiva da Costa que agradecia a ajuda oferecida. Deficiente visual, ela faz parte da audiência fiel dos vídeos publicados no site.
Débora faz faculdade de Direito e estuda para concursos públicos em casa. Apesar da limitação na visão, ela tem preferência pelas vídeo-aulas e encontrou uma vantagem no Calcule Mais: o simples fato de Vandeir descrever tudo o que está na tela. `A gente fica menos deficiente porque consegue acompanhar o vídeo como uma pessoa que não tem deficiência nenhuma`, disse.
Para estudar na internet, Débora utiliza programas que fazem a leitura da tela do computador, mas nenhum deles consegue ler imagens. Na matemática, há outras dificuldades, como por exemplo, os cálculos com potenciação que o software não lê corretamente.
Débora conta que tem muitos amigos deficientes visuais que também estudam por vídeo-aula. Ela vê ainda outra vantagem no Calcule Mais, que é o retorno de Vandeir aos estudantes, o que nem sempre ocorre em outras páginas de vídeo-aulas, diz.
Vandeir é estudante de engenharia e começou, em 2011, a produzir vídeo-aulas. O site nasceu da vontade de ajudar pessoas que queriam estudar mas não tinham condições de pagar por um curso preparatório. A primeira versão de seu site, que leva o seu nome no endereço eletrônico, começou a ganhar audiência de concurseiros e estudantes que iam prestar vestibular ou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No ano passado, Vandeir firmou uma parceria com uma empresa de design e reformulou toda a página, que virou o Calcule Mais.
O site possui um arquivo de 30 mil provas e gabaritos e teve 110 mil visitas só em fevereiro de 2014. Vandeir é o único professor do Calcule Mais e faz todos os vídeos no mesmo formato desde o início, escrevendo na lousa enquanto explica. O acesso ao Calcule Mais é gratuito e não é necessário fazer nenhum cadastro para acessar o material disponibilizado.
Ajuda que parte de estudantes
O caso de Débora mostra que a internet pode ser parceira do aprendizado. Sites, blogs e canais de vídeo-aulas são cada vez mais comuns na rede. Criados por professores e estudantes, com conteúdos de revisão do ensino médio, idiomas ou matérias preparatórias para concursos e para o Enem, o universo de aulas online atende um número crescente de usuários, como é o caso também do Me Salva.net, que começou com vídeos publicados em um blog pelo estudante de engenharia Miguel Andorffy.
`Para ajudar os alunos do cursinho onde eu dava aula, fiz uns vídeos e coloquei no ar, sem projeto nenhum`, conta. Mas foi durante o período em que coordenou o curso pré-vestibular do Centro dos Estudantes Universitários de Engenharia (Ceue), oferecido para jovens de baixa renda e todo ministrado pelos estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que Miguel resolveu formar uma sociedade e apostar nas vídeo-aulas.
Com a meta de ser aquele `amigo que te salva` quando bate uma dúvida na hora de estudar, o site oferece vídeo-aulas com o conteúdo do Ensino Médio e do começo do Ensino Superior. São oito professores, todos estudantes da graduação, que ensinam matemática, física, química, biologia, história, cálculo, bioquímica, engenharia e conteúdo específico para o Enem. Até agora, já foram mais de 12 mil aulas vistas.
O site está em processo de atualização para uma nova versão que trará novidades para os estudantes em 2014. Além de mais aulas e da ampliação dos conteúdos para contemplar toda a matéria do Ensino Médio, a nova plataforma vai sugerir roteiros de estudos e analisar os pontos fracos e fortes do aluno. O site é de uso gratuito e não requer cadastro prévio para acesso aos vídeos. Até o fim do ano, devem ser lançados alguns cursos pagos, mas a maior parte dos conteúdos do site vai continuar aberto, garante Miguel.
Matemática embalada pelo funk
As ciências exatas são uma dificuldade para muitos estudantes. Rafael Procópio, professor de uma escola municipal do Rio de Janeiro, resolveu unir o gosto pela matemática que tem desde criança com o interesse pela produção audiovisual. Rafael leciona desde 2007 e disse que, antes de começar a fazer os vídeos, estava pensando em desistir da profissão, até que foi transferido para uma outra escola, onde encontrou nos novos alunos o incentivo que precisava para começar a fazer os vídeos.
Um ano depois da primeira postagem, as visualizações cresceram, mas, segundo o professor, foi no ano passado que o canal `bombou`. Os acessos aumentaram quando ele começou a fazer vídeo-aulas com paródias, como aconteceu com o Bonde das Matemáticas, uma brincadeira para ensinar com humor a partir do hit Quadradinho de 8, do Bonde das Maravilhas.
O vídeo teve mais de 6,5 milhões de acessos. A visibilidade levou Rafael a ser um dos escolhidos para participar de um curso de aperfeiçoamento oferecido pelo YouTube, onde aprendeu novas técnicas para fazer suas aulas. As vídeo-aulas são produzidas com a participação dos alunos, que sempre pedem os conteúdos nesse formato em sala de aula. `Eles prestam mais atenção no vídeo do que na aula tradicional. Na aula normal, o aluno conversa, se dispersa, e com o vídeo, não`, destaca Rafael, que, além do Matemática Rio, voltado para o conteúdo do ensino fundamental, ainda tem outros canais de vídeos como o Ciências Gerais e o Minuto Matemática, e os que são traduzidos por ele para o português, como o Minuto da Física, Minuto da Terra e o Minuto Ciência.
Apesar do tempo exigido para se dedicar a tantos projetos, o professor diz que, no momento, não pensa em abandonar a sala de aula. `Aprendo muito com meus alunos`, justifica. As produções do professor podem ser acessadas gratuitamente no blog e no canal Matemática Rio, no YouTube, ou no site Educopédia, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro.
Inglês de graça em vídeos de três minutos
O Você aprende agora.com oferece vídeo-aulas de inglês gratuitas. O professor Felipe Dib, de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, lecionava em uma universidade até que sofreu um acidente de carro em 2011.`Eu sobrevivi e resolvi fazer alguma coisa pra agradecer, então comecei a fazer as vídeo-aulas e postar no YouTube`, conta. Hoje, Felipe se dedica exclusivamente ao site, que tem 13 mil alunos inscritos e uma média de 8 mil acessos por dia.
O curso é baseado no conteúdo definido pela Universidade de Cambridge como o que é mais utilizado na conversação em língua inglesa. `Ensina o que é útil`, resume Felipe. O tempo para conclusão do curso depende do aluno, mas, como as aulas são curtas - três minutos cada -, com 10 minutos todos os dias dá para ficar fluente em dois anos, garante o professor. Sua recomendação é que os alunos assistam cada vídeo três vezes para absorver melhor os conteúdos.
O estudante se cadastra e começa a obter pontos com as atividades realizadas no site, como assistir a vídeos e responder questões. Os pontos podem ser trocados por pacotes de exercícios e servem também para motivar o aluno a continuar seus estudos. As aulas são gratuitas, mas os pacotes de exercícios são pagos, com valores que vão de R$ 49 a R$ 389. Felipe explica que quem compra os pacotes recebe o certificado. `Se o aluno não pode pagar, ele pode acompanhar as aulas, mandar e-mails, mensagens, ligar… Eu respondo todas as dúvidas que me mandam”, explica.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Senado aprova MP que libera crédito de R$ 2,5 bi para o Fies


AGÊNCIA BRASIL - TERRA EDUCAÇÃO - 26/02/2014 - SÃO PAULO, SP

O plenário do Senado aprovou nessa terça-feira a Medida Provisória 626/2013, que abre créditos extraordinários de R$ 2,53 bilhões para o Programa de Financiamento do Ensino Superior (Fies). A MP foi editada para que o governo possa oferecer novos financiamentos em faculdades privadas a estudantes que não têm como pagar e arcar com os contratos já em vigência.
O texto foi aprovado sem alterações, conforme foi enviado pelo Poder Executivo. Uma emenda tinha sido sugerida na comissão mista que analisou a matéria previamente, mas o relator, senador Wilder Moraes (DEM-GO), apresentou parecer pela rejeição. Com isso, a MP segue para promulgação.
Com a pauta destrancada depois da aprovação da MP, os senadores aproveitaram para aprovar dois projetos que criam cargos nos tribunais regionais do Trabalho, em Santa Catarina e em Sergipe. No primeiro projeto, foram aprovados 23 cargos de analista judiciário e quatro de técnico judiciário para o tribunal catarinense. No segundo, foi aprovada a criação de sete cargos de analista e oito de técnico para o tribunal sergipano.
Os projetos seguiram para sanção da presidenta Dilma Rousseff. Os gastos com a criação dos cargos vão sair dos recursos previstos para esses tribunais no Orçamento Geral da União.

Dilma: `Precisamos entrar na economia do conhecimento`


CARLA ARAÚJO E LUÍS LIMA - O ESTADO DE SÃO PAULO - 26/02/2014 - SÃO PAULO, SP

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira, 26, durante a cerimônia de entrega de 226 máquinas a 209 prefeitos em Betim, Minas Gerais, que para o Brasil crescer, ser competitivo e subir de nível, tornando-se uma nação de classe média, a educação é imprescindível. `Nós precisamos entrar na economia do conhecimento`, disse. Segundo Dilma, o conhecimento é capaz de transformar processos produtivos.
A presidente voltou a destacar que o governo conseguiu tirar 36 milhões de pessoas da pobreza extrema e promoveu a ascensão de 42 milhões à classe média. `Primeiro a gente tira as pessoas da pobreza, tem que dar Bolsa Família, tem que garantir que as crianças não passem necessidade. Depois, começa o segundo tempo do jogo`, afirmou.
Dilma falou da importância dos investimentos em professores e da qualidade da educação. `Temos que pensar a educação como investimento, não só no espaço físico, mas em investimentos em professor e professora, em qualidade`, disse.
Segundo Dilma, educação de qualidade melhora também o nível da mão de obra do País. `Se for qualificar profissionalmente as pessoas, elas terão empregos melhores, a renda vai aumentar. Então é através do acesso ao trabalho que elas sairão permanentemente da pobreza`, disse.
Ela citou a importância de investimentos em escolas técnicas e creches. `A creche não pode ser depositário de crianças, tem que ter qualidade, e para isso tem que ter dinheiro`, disse, citando o projeto enviado ao Congresso que prevê a destinação de recursos do pré-sal para a educação.
A entrega das máquinas em Betim foi um investimento, de R$ 67,5 milhões, que faz parte do PAC Equipamentos, programa destinado a municípios brasileiros com até 50 mil habitantes.

Na Índia, livro escolar diz que Japão jogou bomba nuclear nos EUA


DA REDAÇÃO - UOL EDUCAÇÃO - 26/02/2014 - SÃO PAULO, SP

Um livro escolar indiano para crianças de oito anos ensina que o Japão jogou uma bomba nuclear nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e que Mahatma Gandhi foi assassinado nove meses após sua verdadeira data de morte.
O livro didático de ciências sociais, que seria usado por mais de 50 mil alunos de Gujarat, teria cerca de 150 erros - de informação, gramática e ortografia. As informações são do Daily Mail.
Segundo o livro, Gandhi foi assassinado em 30 de outubro de 1948. Ele de fato foi morto a tiros, mas em 30 de janeiro do mesmo ano, em Nova Déli, por um hindu radical.
Já a bomba atômica foi lançada pelos EUA nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. O ataque americano foi decisivo para o fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, com a rendição do Japão.
Os estudantes de Gujarat também aprendem erroneamente que, ao se tornar independente, o Paquistão passou a ser chamado de `Islamic Islamabad`. O livro também erra ao localizar a capital do país.
Segundo o responsável pela publicação do livro, os exemplares não serão recolhidos e as correções serão divulgadas na internet.

UniverCidade descumpre prazo de entrega de documentos e causa tumulto


ESTADÃO CONTEÚDO - REVISTA VEJA - 26/02/2014 - SÃO PAULO, SP

Os alunos e ex-alunos do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), no Rio de Janeiro, enfrentaram problemas no primeiro dia de entrega de diplomas, certificados de conclusão e transferência. A instituição foi fechada pelo Ministério da Educação (MEC) em janeiro, juntamente com a Universidade Gama Filho, por má qualidade de ensino e problemas financeiros. O grupo Galileo, dono das duas instituições, anunciou o calendário de entrega de documentos na terça-feira.
Os estudantes começaram a chegar à Rua Gonçalves, onde seria feita a entrega de documentos, por volta das 7h desta quarta-feira e uma imensa fila se alastrou por três quarteirões do centro do Rio. O atendimento estava marcado para começar às 9h, mas os documentos não estavam disponíveis e o atendimento não havia começado até as 11h30. Houve tumulto e a Polícia Militar foi chamada.
Algumas senhas foram distribuídas, mas não em número suficiente para a procura. Às 11h30, os estudantes foram avisados de que os diplomas não estavam disponíveis e de que só poderiam pegar documentos os alunos formados no segundo semestre de 2013 dos cursos de marketing, administração e ciências contábeis.
A informação deixou o grupo ainda mais revoltado. `Estou formada em administração desde 2011 e não tenho diploma nem certificado de conclusão do curso. Não posso sequer fazer um concurso público`, desabafou Priscila Maia Abrandes Lima, de 32 anos.
Vanessa Cristina Simões Gomes, de 31 anos, foi aprovada para tirar o registro do Conselho Regional de Contabilidade, mas tem prazo para entregar o diploma. Formada no primeiro semestre de 2012, não tem ideia de quando vá receber o documento.
As universidades Estácio de Sá, Veiga de Almeida e a Faculdade de Tecnologia Senac Rio (Fatec), que formam o Consórcio Rio Universitário, foram escolhidas pelo MEC para receber os estudantes. O processo de transferência assistida começou nesta quarta-feira.
Cerca de 13.000 estudantes aguardam a entrega de documentos. O grupo Galileo Educacional informou que está cumprindo os prazos determinados pela Justiça e que reforçou o número de funcionários para garantir a entrega. Disse ainda que os estudantes que não conseguirem comparecer aos locais de entrega nesta semana poderão procurar o grupo após o Carnaval.

Gama Filho e UniverCidade: alunos podem se matricular com documentos faltando

AKEMI NITAHARA - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL - REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - 26/02/2014 - BELO HORIZONTE, MG

As universidades Estácio de Sá (Unesa), Veiga de Almeida (UVA) e a Faculdade de Tecnologia Senac Rio (Fatec) foram orientadas a receber a documentação incompleta para fazer a matrícula dos estudantes da Gama Filho e da UniverCidade, devido à dificuldade que os alunos estão tendo em conseguir os papéis necessários com o Grupo Galileo Educacional, mantenedora das duas instituições descredenciadas pelo Ministério da Educação (MEC). As três instituições venceram os editais de transferência assistida divulgada no dia 21 de fevereiro.
A informação foi divulgada hoje (26) pelo Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro e confirmada pelo MEC. De acordo com o Nudecon, o Grupo Galileo tem até sexta-feira (28) para entregar a documentação para os estudantes, conforme decisão liminar, mas não está cumprindo a ordem judicial.
Grandes filas se formaram hoje (26) na Rua Gonçalves Dia, no centro, dia previsto para os alunos de ciências contábeis, administração, marketing e relações internacionais das unidades Centro e Madureira da UniverCidade receberem documentos e certificados. Agentes do Procon-RJ estiveram no local e constataram a ineficiência na distribuição de documentos como certificados de conclusão de curso e históricos escolares para a transferência assistida.
De acordo com o órgão de defesa do consumidor, apenas dois funcionários estavam no local, onde funcionava a UniverCidade, e a fila dava volta no quarteirão. Os documentos estavam impressos e era necessário a conferência manual para encontrá-los, além de estarem disponíveis apenas documentos a partir do segundo semestre de 2013.
Com isso, o Proco-RJ autuou o Grupo Galileo por má prestação de serviço, feito “de forma precária e em local inadequado”, além do descumprimento do cronograma previsto.
A Galileo Educacional informou que só vai se pronunciar sobre a questão depois que for notificada oficialmente.

CNE quer que prova de residência médica seja feita pelo Inep


LÍGIA FORMENTI - O ESTADO DE SÃO PAULO - 26/02/2014 - SÃO PAULO, SP

O Conselho Nacional de Educação (CNE) quer a prova de residência médica passe a ser feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Atualmente, a avaliação fica sob a responsabilidade das instituições que oferecem o curso ou de secretarias de saúde.
Pela proposta, o `Enem` da residência seria feito por meio de duas provas. O projeto foi apresentado pelo CNE nesta quarta-feira, 26, durante uma audiência púbica e faz parte da revisão das diretrizes curriculares para o curso de graduação de Medicina.
Além da mudança nas regras para provas de residência, a proposta do CNE prevê que 30% do internato obrigatório durante a graduação seja feito em serviços de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). O texto prevê que a carga horária de todo o curso de Medicina seja de 7,2 mil horas, distribuídas ao longo de seis anos. Desse total, 35% estão reservadas para o internato. O estágio, por sua vez, é divido em dois módulos: 70% para clínica médica, ginecologia e obstetrícia, pediatria, saúde coletiva e saúde mental. O restante, para atendimentos na atenção básica em serviços ligados ao SUS.
Críticas. A proposta recebeu uma série de críticas de entidades ligadas à formação médica. As sugestões ao texto apresentado nesta quarta serão avaliadas e, no dia 12, integrantes do CNE devem se reunir novamente, para apresentar um texto com novos ajustes - já levando em conta sugestões e críticas feitas durante a audiência.
A revisão das diretrizes curriculares do curso de Medicina é uma decorrência da lei que instituiu o Programa Mais Médicos. O CNE tem prazo de 180 dias para finalizar o novo texto. Depois da decisão do conselho, o Ministério da Educação lançará editais de concorrência para a implantação de novos cursos de graduação nessa área, de acordo com os capítulos I e II da lei do Mais Médicos.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Parceria alerta sobre limites da iniciativa privada nas universidades


CARTOLA - AGÊNCIA DE CONTEÚDO - TERRA EDUCAÇÃO - 25/02/2014 - SÃO PAULO, SP

A doação de R$ 288 mil da empresa gaúcha Tramontina à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) resultou na criação da cátedra Tramontina Eletrik, onde serão desenvolvidas pesquisas na área de marketing e comportamento do consumidor. A ação inaugura o modelo na instituição, ainda que ela já tenha firmado mais de 350 parcerias com empresas nos últimos quatro anos. A diferença entre a cátedra e os projetos anteriores está na forma como acontece o investimento privado. No primeiro caso, a empresa doa à universidade, para financiar um grupo de pesquisa específico - no caso o Grupo de Pesquisa sobre Marketing e Consumo (GPMC) -, sem que nenhum produto ou serviço seja criado exclusivamente para a doadora. Vinicius Brei, professor responsável pelo GPMC, destaca ainda que já há duas cátedras na UFRGS. No entanto, a instituição que doa a elas é a Unesco, ou seja, não é privada.
O ineditismo da novidade reavivou o debate sobre o limite da aproximação entre empresas e universidades públicas. Secretária do Desenvolvimento Tecnológico da UFRGS, Raquel Mauler não vê nenhuma desvantagem no processo. Para a UFRGS, é importante o investimento externo para avançar nas pesquisas e formar os alunos. A Tramontina se beneficiaria pelos resultados adquiridos, ainda que não possam ser exclusivos da empresa.
Segundo o presidente da seção do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), professor Carlos Alberto Gonçalves, para o projeto dar certo é preciso que o lucro não seja a sua única e principal diretriz. “A qualificação pessoal, a formação dos alunos e o desenvolvimento de novos produtos também são fatores que devem ser observados”, destaca.
O Andes-SN defende que o investimento em universidades públicas seja responsabilidade do Estado, ainda que isso não exclua a possibilidade de haver investimentos privados. Gonçalves ressalta, porém, que a autonomia da universidade nos rumos da pesquisa e em sua difusão deve ser preservada – seria esse o limite da aproximação privada das universidades. “Os resultados não podem ser somente de uma empresa. Ela estaria se apropriando de uma instituição pública para benefício individual”, diz.
A opinião é compartilhada pelo Diretório Central Estudantil (DCE) da UFRGS. “A universidade deve ter liberdade para escolher o que pesquisar. No momento em que há gerência de pesquisa pelas empresas, isso se torna maléfico para toda a comunidade acadêmica”, afirma o presidente do DCE, Lucas Jones. No entanto, o estudante confia na boa relação entre a academia e o setor privado para tornar a iniciativa produtiva nos dois sentidos. “Essa interação possibilita que nossas pesquisas cheguem mais facilmente ao mercado e melhorem a vida das pessoas”. O acordo também gera bolsas e estágios e favorece o contato com a iniciativa privada, um “setor mais dinâmico” nas suas palavras.
Ainda que julgue ser muito cedo para justificar qualquer desconfiança em relação ao projeto, o presidente do sindicato afirma que há algumas preocupações. De acordo com ele, professores e alunos não podem ficar sobrecarregados nos seus ofícios ou deixar prioridades em segundo plano. “Os professores não podem abandonar algumas atividades, não podem deixar de atuar em sala de aula para se dedicarem a projetos, por serem financiados. Isso seria uma precarização do ensino, prejudicaria a área principal da universidade, a graduação”, alerta. As mesmas condições devem ser respeitadas quanto ao trabalho dos alunos que participarem da cátedra.
Estudantes de graduação, doutorado, mestrado ou cursos de especialização da Faculdade de Administração podem fazer parte da cátedra. Segundo Brei, a equipe será formada por professores e alunos orientados por eles, além de voluntários (por meio de seleção). As pesquisas começaram, oficialmente, em 10 de janeiro.
O retorno costuma ser baixo para a iniciativa privada
Para o presidente da seção sindical, os investimentos privados não são comuns no país pelas características dos estudos e pelo comportamento da indústria nacional. Segundo ele, o retorno das pesquisas costuma ser baixo, demorado e caro. “Na área de biologia, por exemplo, às vezes são testados mil remédios para determinada doença e apenas um ou dois são selecionados como eficazes. Isso após muitos testes”, explica.
Por isso, Gonçalves observa um mercado menos interessado em produção de conhecimento local do que deveria. “A indústria nacional é tradicionalmente de colônia, não de matriz. Ou seja, prefere comprar tecnologia do exterior e produzir no Brasil a desenvolver o conhecimento através de pesquisas”. Porém, ainda que o processo seja mais difícil, caro e demorado, os resultados são muito maiores, afirma. “Dessa forma, a soberania (sobre a tecnologia) está garantida”.
Raquel Mauler percebe avanços em relação à adesão de modelos de cátedras no Brasil. “O governo vem incentivando essa troca. Está se dando conta da necessidade de parcerias entre empresas e universidades para o desenvolvimento do país. A pesquisa evita a compra externa de tecnologia”.
Acordo limita investimentos de concorrentes
UFRGS e Tramontina firmaram um acordo de cooperação em 16 de dezembro de 2013. Com a assinatura do contrato, foi criada a cátedra Tramontina Eletrik na universidade, ficando encarregado pelo projeto o Grupo de Pesquisa sobre Marketing e Consumo (GPMC). O estudo será concluído em dois anos, contados a partir de 2 de janeiro deste ano.
Conforme o documento, a UFRGS tem “total independência técnico-científica, sem qualquer interferência, exclusividade e/ou monodependência econômica” da Tramontina. Além disso, a instituição pode agregar outras doações ao projeto, desde que não tenham origem de empresas concorrentes da empresa na área de produtos elétricos. A universidade pode utilizar livremente os resultados acadêmicos da pesquisa, desde que os direitos autorais sejam preservados.