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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Educar os jovens para a justiça e a paz


16 de Dezembro de 2011

A mensagem de Bento XVI para a celebração do XLV Dia Mundial da Paz


Fonte; Zenit

EDUCAR OS JOVENS PARA A JUSTIÇA E A PAZ
1. O INÍCIO DE UM NOVO ANO, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos, com grande confiança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fique marcado concretamente pela justiça e a paz.
Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor « mais do que a sentinela pela aurora » (v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações. Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. É verdade que, no ano que termina, cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes são primariamente culturais e antropológicas. Quase parece que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia.
Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora de que fala o salmista. Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o meu pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial da Paz duma perspectiva educativa: « Educar os jovens para a justiça e a paz », convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo.
A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, a todas as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, económica, cultural e mediática. Prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade.
Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem. Esta é uma tarefa, na qual todos nós estamos, pessoalmente, comprometidos.
As preocupações manifestadas por muitos jovens nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo de poder olhar para o futuro com fundada esperança. Na hora actual, muitos são os aspectos que os trazem apreensivos: o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável, a capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais humano e solidário.
É importante que estes fermentos e o idealismo que encerram encontrem a devida atenção em todas  as componentes da sociedade. A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum, a possuírem perspectivas abertas sobre o mundo e olhos capazes de ver « coisas novas » (Is 42, 9; 48, 6).
Os responsáveis da educação
2. A educação é a aventura mais fascinante e difícil da vida. Educar – na sua etimologia latinaeducere – significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma plenitude que faz crescer a pessoa. Este processo alimenta-se do encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. Isto exige a responsabilidade do discípulo, que deve estar disponível para se deixar guiar no conhecimento da realidade, e a do educador, que deve estar disposto a dar-se a si mesmo. Mas, para isso, não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe.
E quais são os lugares onde amadurece uma verdadeira educação para a paz e a justiça? Antes de mais nada, a família, já que os pais são os primeiros educadores. A família é célula originária da sociedade. « É na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro ».[1] Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz.
Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se vêem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. Condições de trabalho frequentemente pouco compatíveis com as responsabilidades familiares, preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida, emigração à procura dum adequado sustentamento se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; uma presença, que permita compartilhar de forma cada vez mais profunda o caminho para se poder transmitir a experiência e as certezas adquiridas com os anos – o que só se torna viável com o tempo passado juntos. Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas.
Quero dirigir-me também aos responsáveis das instituições com tarefas educativas: Velem, com grande sentido de responsabilidade, por que seja respeitada e valorizada em todas as circunstâncias a dignidade de cada pessoa. Tenham a peito que cada jovem possa descobrir a sua própria vocação, acompanhando-o para fazer frutificar os dons que o Senhor lhe concedeu. Assegurem às famílias que os seus filhos não terão um caminho formativo em contraste com a sua consciência e os seus princípios religiosos.
Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar activamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna.
Dirijo-me, depois, aos responsáveis políticos, pedindo-lhes que ajudem concretamente as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito-dever de educar. Não deve jamais faltar um adequado apoio à maternidade e à paternidade. Actuem de modo que a ninguém seja negado o acesso à instrução e que as famílias possam escolher livremente as estruturas educativas consideradas mais idóneas para o bem dos seus filhos. Esforcem-se por favorecer a reunificação das famílias que estão separadas devido à necessidade de encontrar meios de subsistência. Proporcionem aos jovens uma imagem transparente da política, como verdadeiro serviço para o bem de todos.
Não posso deixar de fazer apelo ainda ao mundo dos media para que prestem a sua contribuição educativa. Na sociedade actual, os meios de comunicação de massa têm uma função particular: não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários e, consequentemente, podem concorrer notavelmente para a educação dos jovens. É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe entre educação e comunicação: de facto, a educação realiza-se por meio da comunicação, que influi positiva ou negativamente na formação da pessoa.
Também os jovens devem ter a coragem de começar, eles mesmos, a viver aquilo que pedem a quantos os rodeiam. Que tenham a força de fazer um uso bom e consciente da liberdade, pois cabe-lhes em tudo isto uma grande responsabilidade: são responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz.
Educar para a verdade e a liberdade
3. Santo Agostinho perguntava-se: « Quid enim fortius desiderat anima quam veritatem – que deseja o homem mais intensamente do que a verdade? ».[2] O rosto humano duma sociedade depende muito da contribuição da educação para manter viva esta questão inevitável. De facto, a educação diz respeito à formação integral da pessoa, incluindo a dimensão moral e espiritual do seu ser, tendo em vista o seu fim último e o bem da sociedade a que pertence. Por isso, a fim de educar para a verdade, é preciso antes de mais nada saber que é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. Olhando a realidade que o rodeava, o salmista pôs-se a pensar: « Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que Vós criastes: que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para com ele Vos preocupardes? » (Sal 8, 4-5). Esta é a pergunta fundamental que nos devemos colocar: Que é o homem? O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, uma sede de verdade – não uma verdade parcial, mas capaz de explicar o sentido da vida –, porque foi criado à imagem e semelhança de Deus. Assim, o facto de reconhecer com gratidão a vida como dom inestimável leva a descobrir a dignidade profunda e a inviolabilidade própria de cada pessoa. Por isso, a primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade. É preciso não esquecer jamais que « o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões »,[3] incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele económico ou social, individual ou colectivo.
Só na relação com Deus é que o homem compreende o significado da sua liberdade, sendo tarefa da educação formar para a liberdade autêntica. Esta não é a ausência de vínculos, nem o império do livre arbítrio; não é o absolutismo do eu. Quando o homem se crê um ser absoluto, que não depende de nada nem de ninguém e pode fazer tudo o que lhe apetece, acaba por contradizer a verdade do seu ser e perder a sua liberdade. De facto, o homem é precisamente o contrário: um ser relacional, que vive em relação com os outros e sobretudo com Deus. A liberdade autêntica não pode jamais ser alcançada, afastando-se d’Ele.
A liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser mal entendida e usada mal. « Hoje um obstáculo particularmente insidioso à acção educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio “eu”. Dentro de um horizonte relativista como este, não é possível, portanto, uma verdadeira educação: sem a luz da verdade, mais cedo ou mais tarde cada pessoa está, de facto, condenada a duvidar da bondade da sua própria vida e das relações que a constituem, da validez do seu compromisso para construir com os outros algo em comum ».[4]
Por conseguinte o homem, para exercer a sua liberdade, deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal. No íntimo da consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz o chama a amar e fazer o bem e a fugir do mal, a assumir a responsabilidade do bem cumprido e do mal praticado.[5] Por isso o exercício da liberdade está intimamente ligado com a lei moral natural, que tem carácter universal, exprime a dignidade de cada pessoa, coloca a base dos seus direitos e deveres fundamentais e, consequentemente, da convivência justa e pacífica entre as pessoas.
Assim o recto uso da liberdade é um ponto central na promoção da justiça e da paz, que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu. Desta atitude derivam os elementos sem os quais paz e justiça permanecem palavras desprovidas de conteúdo: a confiança recíproca, a capacidade de encetar um diálogo construtivo, a possibilidade do perdão, que muitas vezes se quereria obter mas sente-se dificuldade em conceder, a caridade mútua, a compaixão para com os mais frágeis, e também a prontidão ao sacrifício.
Educar para a justiça
4. No nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante não separar das suas raízes transcendentes o conceito de justiça. De facto, a justiça não é uma simples convenção humana, pois o que é justo determina-se originariamente não pela lei positiva, mas pela identidade profunda do ser humano. É a visão integral do homem que impede de cair numa concepção contratualista da justiça e permite abrir também para ela o horizonte da solidariedade e do amor.[6]
Não podemos ignorar que certas correntes da cultura moderna, apoiadas em princípios económicos racionalistas e individualistas, alienaram das suas raízes transcendentes o conceito de justiça, separando-o da caridade e da solidariedade. Ora « a “cidade do homem” não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão. A caridade manifesta sempre, mesmo nas relações humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo o empenho de justiça no mundo ».[7]
« Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados » (Mt 5, 6). Serão saciados, porque têm fome e sede de relações justas com Deus, consigo mesmo, com os seus irmãos e irmãs, com a criação inteira.
Educar para a paz
5. « A paz não é só ausência de guerra, nem se limita a assegurar o equilíbrio das forças adversas. A paz não é possível na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos e a prática assídua da fraternidade ».[8] A paz é fruto da justiça e efeito da caridade. É, antes de mais nada, dom de Deus. Nós, os cristãos, acreditamos que a nossa verdadeira paz é Cristo: n’Ele, na sua Cruz, Deus reconciliou consigo o mundo e destruiu as barreiras que nos separavam uns dos outros (cf. Ef 2, 14-18); n’Ele, há uma única família reconciliada no amor.
A paz, porém, não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, ser activos dentro da comunidade e solícitos em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos. « Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus » – diz Jesus no sermão da montanha (Mt 5, 9).
A paz para todos nasce da justiça de cada um, e ninguém pode subtrair-se a este compromisso essencial de promover a justiça segundo as respectivas competências e responsabilidades. De forma particular convido os jovens, que conservam viva a tensão pelos ideais, a procurarem com paciência e tenacidade a justiça e a paz e a cultivarem o gosto pelo que é justo e verdadeiro, mesmo quando isso lhes possa exigir sacrifícios e obrigue a caminhar contracorrente.
Levantar os olhos para Deus
6. Perante o árduo desafio de percorrer os caminhos da justiça e da paz, podemos ser tentados a interrogar-nos como o salmista: « Levanto os olhos para os montes, de onde me virá o auxílio? » (Sal 121, 1).
A todos, particularmente aos jovens, quero bradar: « Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente o voltar-se para o Deus vivo, que é o nosso criador, o garante da nossa liberdade, o garante do que é deveras bom e verdadeiro (…), o voltar-se sem reservas para Deus, que é a medida do que é justo e, ao mesmo tempo, é o amor eterno. E que mais nos poderia salvar senão o amor? ».[9] O amor rejubila com a verdade, é a força que torna capaz de comprometer-se pela verdade, pela justiça, pela paz, porque tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 1-13).
Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação.
Vivei com confiança a vossa juventude e os anseios profundos que sentis de felicidade, verdade, beleza e amor verdadeiro. Vivei intensamente esta fase da vida, tão rica e cheia de entusiasmo.
Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor e vos comprometerdes a construí-lo. Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: a possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo – Ele que é a justiça e a paz.
Oh vós todos, homens e mulheres, que tendes a peito a causa da paz! Esta não é um bem já alcançado mas uma meta, à qual todos e cada um deve aspirar. Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos na responsabilidade que temos para com as jovens gerações, presentes e futuras, nomeadamente quanto à sua educação para se tornarem pacíficas e pacificadoras! Apoiado em tal certeza, envio-vos estas refl exões que se fazem apelo: Unamos as nossas forças espirituais, morais e materiais, a fim de « educar os jovens para a justiça e a paz ».
Vaticano, 8 de Dezembro de 2011.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

APÓS GREVE NO CEARÁ, ESCOLAS NÃO TÊM PLANO DE REPOSIÇÃO


Paralisação dos professores da rede estadual durou 64 dias e sem estratégia coordenada, aulas devem ir até março
Fonte: iG
Daniel Aderaldo, iG Ceará

Desde que a paralisação dos professores da rede estadual de ensino do Ceará terminou há dois meses, as aulas nas escolas seguem em ritmo normal como se os 64 dias de greve não tivessem comprometido o calendário escolar oficial do Estado.
A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) deixou a direção de cada escola encarregada de organizar seu próprio plano de reposição das aulas.

Como resultado, os 500 mil alunos do Estado devem terminar o ano letivo de 2011 em meses diferentes e somente a partir do mês de fevereiro de 2012, provocando um descompasso na rede. Algumas escolas entrarão no mês de março ainda em aula.
Segundo o governo do Ceará, 23% dos estudantes da rede pública do Ceará tiveram o calendário atrasado por causa da greve. A maioria na capital Fortaleza, onde a adesão à greve se concentrou. A previsão é que os reflexos dessa greve alcancem o ano letivo de 2013.
Por nota, a Seduc afirmou que no interior a greve aconteceu apenas nos grandes municípios e nos demais casos as escolas apresentaram poucos dias de paralisação, “o que evitou prejuízo no calendário nesses locais”.

A secretaria diz ainda que a partir do número de dias parados, as unidades farão suas reposições dando continuidade ao que foi planejado para o ano de 2011. “No momento, a Seduc organiza o calendário de matrícula para 2012. Já é possível adiantar que a rede estadual terá calendários letivos diferenciados em função do número de dias paralisados por parte das escolas”.

Entretanto, mesmo entre as escolas onde houve paralisação total ou parcial durante os dois meses de greve os impactos serão sentidos de formas distintas. Professores ouvidos pelo relataram situações bem peculiares, de acordo com as características das instituições em que ensinam.

A recomendação da Seduc é que os professores não acelerem a exposição dos conteúdos e que se cumpram os 200 dias letivos previstos na íntegra para todos os turnos. Algumas escolas estão dando aulas extras aos sábados. Contudo, as iniciativas alternativas são pontuais e não seguem uma estratégia coordenada.

Na Escola de Educação Profissional Joaquim Albano, localizada em Fortaleza, no bairro Dionísio Torres, por exemplo, ainda não se sabe se o ano letivo termina em fevereiro ou março. Lá, os alunos ainda farão as avaliações referentes ao conteúdo do terceiro bimestre. Caso os professores das disciplinas profissionalizantes concluam suas matérias mais cedo, os professores das disciplinas do currículo de ensino básico utilizarão os horários livres para adiantar aulas.
Universidade
Entre os 550 alunos do 3º ano da Escola Governador Adauto Bezerra – localizada no bairro de Fátima, também em Fortaleza – que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a incerteza é sobre como será o ingresso nas universidades públicas. É que as matrículas para os aprovados na Universidade Federal do Ceará (UFC) serão na primeira semana de fevereiro e o início das aulas na segunda quinzena do mês.
Os estudantes da Escola Adauto Bezerra Judson Pontes, 18 anos, Fábio Ferreira Menezes, 18 e Isabella Mota, 17, mesmo durante a greve não deixaram de comparecer as escolas. Os três participaram durante seis dias por semana de aulas, simulados e plantões de redação no auditório da instituição.

Com boas chances de ingressar em uma das universidades públicas do Ceará, agora eles temem o choque dos calendários. As aulas de reforço não contaram como dias letivos e lá a adesão a greve foi total, por isso as o final do ano letivo para eles só deve chegar em março.

Rede municipal de Fortaleza
Na rede municipal de ensino de Fortaleza, que também enfrentou dois meses de greve, mas ainda no primeiro semestre do ano, as aulas estão sendo respostas três sábados por mês.

Ainda assim, mesmo com um planejamento comum a todas às instituições, como a rede da capital já havia passado por outras greves recentes, o calendário escolar deve ficar parecido com o do Estado.

Para as escolas que não entraram em greve, o fim do ano letivo será 21 de fevereiro de 2012. Para as que entraram, será 30 de março. Em torno de 50% das escolas municipais tiveram paralisação total ou parcial durante 38 dias úteis.

APÓS GREVE NO CEARÁ, ESCOLAS NÃO TÊM PLANO DE REPOSIÇÃO



Paralisação dos professores da rede estadual durou 64 dias e sem estratégia coordenada, aulas devem ir até março
Fonte: iG
Daniel Aderaldo, iG Ceará

Desde que a paralisação dos professores da rede estadual de ensino do Ceará terminou há dois meses, as aulas nas escolas seguem em ritmo normal como se os 64 dias de greve não tivessem comprometido o calendário escolar oficial do Estado.
A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) deixou a direção de cada escola encarregada de organizar seu próprio plano de reposição das aulas.

Como resultado, os 500 mil alunos do Estado devem terminar o ano letivo de 2011 em meses diferentes e somente a partir do mês de fevereiro de 2012, provocando um descompasso na rede. Algumas escolas entrarão no mês de março ainda em aula.
Segundo o governo do Ceará, 23% dos estudantes da rede pública do Ceará tiveram o calendário atrasado por causa da greve. A maioria na capital Fortaleza, onde a adesão à greve se concentrou. A previsão é que os reflexos dessa greve alcancem o ano letivo de 2013.
Por nota, a Seduc afirmou que no interior a greve aconteceu apenas nos grandes municípios e nos demais casos as escolas apresentaram poucos dias de paralisação, “o que evitou prejuízo no calendário nesses locais”.

A secretaria diz ainda que a partir do número de dias parados, as unidades farão suas reposições dando continuidade ao que foi planejado para o ano de 2011. “No momento, a Seduc organiza o calendário de matrícula para 2012. Já é possível adiantar que a rede estadual terá calendários letivos diferenciados em função do número de dias paralisados por parte das escolas”.

Entretanto, mesmo entre as escolas onde houve paralisação total ou parcial durante os dois meses de greve os impactos serão sentidos de formas distintas. Professores ouvidos pelo relataram situações bem peculiares, de acordo com as características das instituições em que ensinam.

A recomendação da Seduc é que os professores não acelerem a exposição dos conteúdos e que se cumpram os 200 dias letivos previstos na íntegra para todos os turnos. Algumas escolas estão dando aulas extras aos sábados. Contudo, as iniciativas alternativas são pontuais e não seguem uma estratégia coordenada.

Na Escola de Educação Profissional Joaquim Albano, localizada em Fortaleza, no bairro Dionísio Torres, por exemplo, ainda não se sabe se o ano letivo termina em fevereiro ou março. Lá, os alunos ainda farão as avaliações referentes ao conteúdo do terceiro bimestre. Caso os professores das disciplinas profissionalizantes concluam suas matérias mais cedo, os professores das disciplinas do currículo de ensino básico utilizarão os horários livres para adiantar aulas.
Universidade
Entre os 550 alunos do 3º ano da Escola Governador Adauto Bezerra – localizada no bairro de Fátima, também em Fortaleza – que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a incerteza é sobre como será o ingresso nas universidades públicas. É que as matrículas para os aprovados na Universidade Federal do Ceará (UFC) serão na primeira semana de fevereiro e o início das aulas na segunda quinzena do mês.
Os estudantes da Escola Adauto Bezerra Judson Pontes, 18 anos, Fábio Ferreira Menezes, 18 e Isabella Mota, 17, mesmo durante a greve não deixaram de comparecer as escolas. Os três participaram durante seis dias por semana de aulas, simulados e plantões de redação no auditório da instituição.

Com boas chances de ingressar em uma das universidades públicas do Ceará, agora eles temem o choque dos calendários. As aulas de reforço não contaram como dias letivos e lá a adesão a greve foi total, por isso as o final do ano letivo para eles só deve chegar em março.

Rede municipal de Fortaleza
Na rede municipal de ensino de Fortaleza, que também enfrentou dois meses de greve, mas ainda no primeiro semestre do ano, as aulas estão sendo respostas três sábados por mês.

Ainda assim, mesmo com um planejamento comum a todas às instituições, como a rede da capital já havia passado por outras greves recentes, o calendário escolar deve ficar parecido com o do Estado.

Para as escolas que não entraram em greve, o fim do ano letivo será 21 de fevereiro de 2012. Para as que entraram, será 30 de março. Em torno de 50% das escolas municipais tiveram paralisação total ou parcial durante 38 dias úteis.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Choro de felicidade marca sorteio de vagas de tradicional escola pública do Rio
10/12/2010

Colégio Pedro II é conhecido por ensino acima da média do oferecido na rede pública
 Anderson Dezan, iG Rio de Janeiro | 10/12/2010 18:47:56
O clima é tenso e o silêncio predominante. Centenas de pessoas lotam o auditório com o olhar fixo para o palco, onde uma mulher gira uma urna repleta de papéis. A cena poderia retratar perfeitamente um sorteio da Mega-Sena. Não retrata, mas algumas vidas ali presentes também poderão mudar. O cenário em questão refere-se ao sorteio de vagas para o primeiro ano do Ensino Fundamental do tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.
Com 173 anos de existência, completados no início deste mês, a instituição de ensino mantida pelo Governo Federal recebe, a cada final de ano, centenas de pais ávidos para conseguir uma vaga para os filhos no colégio reconhecido pelo ensino de qualidade acima da média do oferecido na rede pública. Na lista de ex-alunos estão alguns personagens ilustres, entre eles, a atriz Fernanda Montenegro, o poeta Manuel Bandeira e o ex-presidente marechal Floriano Peixoto.
“O sucesso da nossa fórmula está no corpo docente. Cerca de 40% dos nossos professores possuem mestrado e, 10%, doutorado”, informa a diretora-geral Vera Rodrigues. No ranking do Enem 2009, a unidade Centro do Colégio Pedro II ficou no 102º lugar, entre as 25.484 escolas existentes no Brasil. No Rio, a instituição ficou na 29ª posição e, entre os colégios públicos fluminenses, na 3ª colocação.
Atualmente, o Pedro II possui oito unidades espalhadas pela Região Metropolitana do Rio, mas apenas cinco recebem alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. A partir do 6º ano, todas as unidades recebem estudantes, mas o ingresso, assim como no Ensino Médio, acontece por provas. O ingresso por sorteio ocorre apenas no primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
Neste ano, foram registradas mais de seis mil inscrições para as 438 vagas existentes. Na unidade de São Cristóvão, na zona norte do Rio, que abriga a direção-geral, foram oferecidas 150 vagas e contabilizadas 2.050 inscrições.
Lágrimas de felicidade
“Isso aqui parece jogo entre Vasco e Flamengo”, compara um pai, tamanho é o clima tenso no auditório do colégio em São Cristóvão minutos antes do início do sorteio, ocorrido nesta sexta-feira (10). O primeiro nome é tirado da urna e lido em voz alta. Silêncio no local. O responsável pela criança não estava presente. A situação foi a mesma com o segundo nome. O gelo só foi quebrado no terceiro .
“Aqui! Aqui!”, comemora Tatiana Braga, aos gritos e com os braços para o ar, ao escutar o nome da filha caçula. “Agora estou aliviada. Pagar colégio está muito caro”, diz a professora, moradora da Tijuca, que já tem a filha mais velha estudando na instituição de ensino centenária.
O procedimento continua. Alguns sorteados são mais contidos, sequer levantam da cadeira ao ouvir o nome do filho. Quem ainda não teve a mesma sorte reza, outros roem unhas. “Mãe, tomara que eu seja sorteada. Torce por mim”, pede uma menina à mãe, mostrando maturidade de gente grande.
Ao ouvir o nome do neto, a aposentada Júlia Moreno começa a chorar, se ajoelha e levanta as mãos para o alto, segurando um terço. “Antes do nome ser lido, eu já estava dizendo ‘obrigada Senhor por já estar aqui’. Temos que agradecer porque muitas pessoas não puderam sequer pagar o valor da inscrição”.
Mãe de três filhos, sendo um ex-aluno que hoje trabalha na Petrobras, a moradora de São Cristóvão revela que já vinha cumprindo uma maratona espiritual há semanas para o sorteio. “Fui à igreja e coloquei o nome do meu neto embaixo do Santíssimo e rezava diariamente o terço da misericórdia. Ao entrar no colégio, eu disse: ‘Senhor, entre primeiro na minha frente’”, conta.
Desempregada e estudando para concursos, Laires Lima também apelou para a fé. E deu certo. “Acendi uma vela antes de sair de casa. É muito bom saber que meu filho tem um futuro garantido. O ensino é muito bom e aqueles que se dedicam praticamente saem daqui direto para uma faculdade pública”, diz.
Viúva, a moradora de Duque de Caxias foi às lágrimas ao ouvir a boa nova e ligou para a mãe para compartilhar. “Ela disse para meu filho que Deus estava nos olhando lá de cima e ele disse: meu pai também’”, relata, emocionada.
Melhores do mundo
As vagas vão acabando e algumas pessoas vão se desesperando. “Mexe mais essa urna!”, grita uma mãe. A técnica parece ter ajudado a analista de sistemas Mariana Bernardo, que levantou da cadeira e começou a pular de felicidade ao ter o filho contemplado com uma cobiçada vaga.
“O meu sonho era colocá-lo para estudar aqui e agora vou realizá-lo. É muito bom saber que meu filho vai estudar em uma escola pública com bons professores, o que vai proporcioná-lo uma ótima formação. Estou segura em relação ao futuro dele”, diz a moradora do Méier.
Um exame recente feito pelo Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Pisa) mostrou que os alunos da rede federal de educação básica estão entre os melhores do mundo. A média geral – 528 – está à frente de países como França, Estados Unidos, Israel, Espanha, Reino Unido, Dinamarca, Alemanha, Austrália e Canadá.
O sorteio das 150 vagas acaba e mais 15 nomes são tirados da urna para compor uma lista de espera. Muitos deixam o auditório, mas a maioria ainda mantém a esperança. “Vai que algum maluco desiste. Sempre tem”, murmura um pai.
O procedimento tem fim e alguns não tiveram o sonho realizado por pouco. “Sortearam a inscrição 1512 e a minha era 1513”, lamenta o motorista Bruno Araújo. Mesmo chateada, a assistente administrativa Adriana Ferreira mostra confiança. “Não podemos desistir, ainda há a possibilidade da prova. Uma hora a gente chega lá”, diz.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

''O RIO GRANDE DO SUL ESTÁ CANSADO DE GREVE''


05 de dezembro de 2011


Após superar sua primeira greve como secretário da Educação do governo Tarso, Jose Clovis de Azevedo aproveitou o fim de semana para se dedicar a outros assuntos
Fonte: Zero Hora (RS)

Após superar sua primeira greve como secretário da Educação do governo Tarso, Jose Clovis de Azevedo aproveitou o fim de semana para se dedicar a outros assuntos. Enquanto rumava para o Beira-Rio a fim de assistir ao Gre-Nal e torcer para o Inter, concedeu a seguinte entrevista por telefone:

ZH – Como ficará a recuperação da greve?

Jose Clovis de Azevedo – Como a greve foi muito pequena, inferior a 1% nos melhores momentos, e ainda menor nos últimos dias, restrita de 200 a 300 professores muito ligados à estrutura do sindicato e a grupos ideológicos, a recuperação será mais fácil. As direções das Escolas vão apresentar os seus planos de recuperação.

ZH – Como ficará o ponto dos grevistas? Haverá negociação?

Jose Clovis – Quem não trabalhou, terá as faltas registradas, e o salário será cortado nesses dias. Uma negociação sobre isso vai depender. Não dá para negociar quando não há espírito de negociação. Não podemos fazer nada enquanto houver intenção do Cpers de boicotar as conferências sobre a reforma do ensino médio. Isso precisa ser pacificado para avançar.

ZH – Mas há alguma possibilidade de pagar o piso antes do inicialmente previsto?

Jose Clovis – O governo está fazendo o que prometeu, que era criar condições para pagar o piso. Estamos trabalhando muito nisso, fazendo cálculos, previsões do comportamento da arrecadação para que se possa fazer uma proposta exequível, que se possa cumprir. É certo que o piso só poderá ser pago, na sua totalidade, ao longo do governo.

Terá de ser gradativo. Mas tudo o que for possível fazer dentro da realidade, vamos fazer. Se houver um enorme crescimento da economia, poderá impactar em antecipações ou índices melhores (de reajuste) a cada ano.

ZH – Como o senhor vê a ameaça de uma nova greve em 2012?

Jose Clovis – Acho que podemos avançar no sentido de um entendimento para evitarmos mais traumas. Desde o início, previ que greve não teria possibilidade de êxito. Coloquei isso para o Cpers e para a opinião pública. Em março, será outra conjuntura. Acho que não haverá condições favoráveis (para a greve) porque teremos avançado na proposta de implantação do piso. O Rio Grande do Sul está cansado de greve.

sábado, 3 de dezembro de 2011

RAZÕES QUE FIZERAM GREVE DEFINHAR


03 de dezembro de 2011


Professores estaduais desistem da paralisação sem ter reivindicações atendidas e nem sequer ser recebidos pelo governador
Fonte: Zero Hora (RS)
A Praça da Matriz, que nos tempos de Zilah Totta ficava inchada de gente em manifestações do Cpers Sindicato, ontem reuniu apenas punhados de professores sentados ao longo da calçada fronteiriça ao Palácio Piratini, na assembleia geral que decidiu pelo fim da greve.

Abaixa mobilização para optar pela continuidade ou não dos 12 dias de paralisação da categoria mais numerosa do funcionalismo público estadual pode ser sintetizada em três razões, conforme analisam educadores que participaram do movimento e outros que apenas assistiram ao embate com o governo.

Primeiro, o momento da parada foi inoportuno e impopular, às vésperas das férias Escolares e do vestibular. Segundo, porque o governador (no qual muitos professores votaram) está prestigiado e ainda com grande apoio no magistério.

Terceiro, porque setores que em outras épocas puxaram a greve (como a tendência petista Democracia Socialista) hoje estavam divididos, inclusive com vários militantes trabalhando no governo. É o caso do próprio secretário de Educação, Jose Clovis Azevedo.

O enfraquecimento do boicote pode ser medido pelos resultados: o governador Tarso Genro não recebeu os grevistas (embora intermediários tenham feito isso), não negociou e não anunciou promessas. Informou apenas que vai pagar o piso salarial reivindicado pelo magistério, sem marcar data para isso.

Mesmo assim, os professores desistiram da paralisação. Um definhamento que se anunciava desde o início: levantamento de Zero Hora em mais de 40% das Escolas mostrou adesão de 8% dos professores à parada.

Secretário foi duro: dinheiro só com o fim da paralisação
No meio da semana, os sinais de esvaziamento da greve já eram claros. Uma integrante da direção do Cpers sondou o governo sobre a possibilidade de que o piso fosse parcelado.

Em contrapartida, os grevistas estariam dispostos a sugerir o fim do movimento. A secretária adjunta da Educação, Maria Eulália Nascimento, até topou a proposta, mas o secretário Azevedo foi duro: aceno de dinheiro, só com o fim da greve.

Pesou também contra os grevistas o furor de pais de alunos, preocupados com o que fazer com as férias dos filhos e com o vestibular marcado, caso a paralisação persistisse.

HUMBERTO TREZZI E NILSON MARIANO
humberto.trezzi@zerohora.com.br  e nilson.mariano@zerohora.com.br




GREVE FOI INOPORTUNA, AVALIAM ESPECIALISTAS

03 de dezembro de 2011


Ao deflagrar a greve do magistério público em 21 de novembro, a direção do Cpers/sindicato teria se precipitado
Fonte: Zero Hora (RS)

Ao deflagrar a greve do magistério público em 21 de novembro, a direção do Cpers/sindicato teria se precipitado. Ontem, ao interromper uma paralisação que tinha adesão inferior a 10%, agiu com bom senso ao recuar.

 Em linhas gerais, este é o diagnóstico que surge a partir das avaliações feitas por ex-dirigentes da entidade, ex-secretários de Educação e especialistas no ensino público consultados por Zero Hora.

Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fernando Becker enumera os equívocos da paralisação. Foi declarada precipitadamente, sem motivações claras e com a categoria desmotivada.

Becker percebeu que a maioria dos professores esteve dedicada aos seus afazeres, que aumentam no final de ano, sem participar do movimento.

– O Cpers não estava com os sensores ajustados para captar a situação da própria categoria – observa.

Ex-secretária de Educação no governo anterior, Mariza Abreu também diz que o Cpers errou o “time” da paralisação. Com a experiência de quem enfrentou duas greves – em 2008 (12 dias) e 2009 (oito dias) –, Mariza ressalta que o recurso extremo só tem prejudicado os alunos e a qualidade da Educação.

Defende que se deve encontrar outras formas de relacionamento. – Parabenizo o Cpers por ter saído da greve. Melhor errar uma vez do que duas – diz a ex-secretária da Educação.

Mariza elogia que pelo menos “80% dos professores” são sérios, trabalham arduamente, sustentam o ensino público e mantêm as Escolas funcionando. Para ela, esse contingente não se vê representado pelo atual modelo sindical.

Ex-presidentes do Cpers são mais diplomáticos. Maria Augusta Feldman, comandante do sindicato de 1990 a 1993, acha que faltou maior representação ao se decretar a greve. Mas diz que a direção agiu certo ao fazer um recuo estratégico, para somar forças e juntar novos argumentos.

Presidente da entidade de 1975 a 1978, Hermes Zaneti também aprova o encerramento da greve dos professores. Pondera que, sem mobilização das bases, a categoria enfrentaria o risco de perder legitimidade.

TERMINA A GREVE DO MAGISTÉRIO ESTADUAL


Em assembleia geral tensa, que teve, inclusive, cartão vermelho para o governador, os professores estaduais decidiram encerrar a greve iniciada no dia 18 de novembro
Fonte: Correio do Povo (RS)

Em assembleia geral tensa, que teve, inclusive, cartão vermelho para o governador, os professores estaduais decidiram, ontem, encerrar a greve iniciada no dia 18 de novembro.A presidente do Cpers/Sindicato, Rejane de Oliveira, comandou a assembleia realizada na Praça da Matriz, na Capital, onde a categoria fazia vigília desde o início da paralisação.

A dirigente admitiu as limitações de uma greve instituída no final do ano letivo; mas enfatizou que haverá "grande campanha contra o governo Tarso, de luta pela implantação do Piso Nacional e contra a reestruturação do ensino médio". Segundo ela, "o importante é que a categoria saiu com capacidade de mobilização".

Rejane assinalou que o governo aprovou reformas na Educação "na calada da noite". E, com a mobilização, avaliou que a categoria conseguiu levar o assunto à sociedade para que seja amplamente debatido. Assim, entende que "a greve cumpriu o seu papel".

No carro de som, estacionado em frente ao Palácio Piratini, o discurso do comando de greve era pelo fortalecimento da mobilização. Os poucos que tomaram o microfone para se posicionar contrários à paralisação eram vaiados por um grupo da plateia. Foi em um desses momentos que os ânimos ficaram exaltados entre membros do 8 Núcleo regional do Cpers, com sede em Estrela.

Uma das professoras do Núcleo, Denise Goulart, que não aderiu à greve, se irritou com as vaias. "Nem acordo de greve teve. Precisamos de uma avaliação séria do movimento, para primarmos pela tradição da nossa entidade. Precisamos lutar pela implantação do Piso Nacional da categoria, e não do embate entre colegas", disse a professora.

Com a declaração, a coordenadora do 8 Núcleo, Luzia Hermann, acrescentou: "A categoria tem que estar unida de verdade e deixar de lado a disputa política". A discussão entre os professores só foi interrompida quando, do carro de som, Rejane começou a cantar o Hino dos educadores

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

GREVE: CPERS DEVOLVE PROPOSTA DO GOVERNO


Os docentes rejeitaram a proposta do governo em reunião realizada na terça-feira
Fonte: Correio do Povo (RS)
No momento em que a chuva desabou sobre Porto Alegre, por volta das 15h de ontem, professores estaduais, que estão em vigília na frente do Palácio Piratini desde o início da greve do Magistério, foram até a sede do governo para devolver o ofício do Executivo sobre a integralização do Piso Nacional da categoria.

Os docentes rejeitaram a proposta do governo em reunião realizada na terça-feira.O grupo foi recebido do lado de fora do Piratini, pelo chefe de Gabinete da Casa Civil, Flávio Helman, indignando os professores.

"Estamos sendo recebidos na calçada pelo governo, que sequer convida o comando de greve para dialogar. Não aceitamos esse tipo de provocação", considerou a presidente do Cpers/Sindicato, Rejane de Oliveira.

Na carta direcionada ao governador Tarso Genro, o Cpers avalia que o governo mantém atitude "autoritária e desrespeitosa". A entidade convocou a categoria para assembleia amanhã, às 14h, na Praça da Matriz. E hoje, às 17h, neste local, o 39 Núcleo do Cpers realiza encontro regional.

A secretária-adjunta da Educação, Maria Eulália Nascimento, criticou a posição do Cpers, e disse estar surpresa com a atitude do sindicato.

"Em anos de profissão, nunca tinha visto um comando de greve negar-se a dialogar com o governo para definir uma proposta conjunta. Não existe conflito na Educação pública do RS. São eles que querem aprofundar esse conflito", afirmou.

"É como aquela letra do Cazuza: Tuas ideias não correspondem aos fatos ", ilustrou a secretária, referindo-se a trecho da letra da música de "O Tempo Não Para". 
Educação gera protestos na Capital
Dezenas de professores e estudantes bloquearam, ontem, a avenida Teresópolis, na zona Sul da Capital. A manifestação reuniu educadores e alunos das Escolas públicas estaduais deensino médio Ceará, de ensino fundamental Cidade Jardim Nonoai, além dos colégios Costa e Silva e Júlio de Castilhos.

O ato foi em protesto à reforma do ensino médio e apoio à greve do Magistério. Já no Centro, cerca de 200 jovens da Via Campesina, do Movimento dos Trabalhadores Desempregados, do Levante Popular da Juventude e de movimentos estudantis saíram do Gasômetro, por volta das 9h30min, em direção ao Palácio Piratini.

Eles protestavam contra o descaso com a Educação no país e no Estado. "Somos contra a ditadura do governo, que não quer negociar", disse a diretora do Cpers/Sindicato, Andréa Ortiz. Conforme a EPTC, houve lentidão no trânsito. Os dirigentes do Cpers ficaram insatisfeitos com a reunião ocorrida terça-feira com representantes do governo do Estado. 


O secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, ressaltou que o Palácio Piratini só apresentará proposta efetiva com o término da paralisação

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

SECRETÁRIO EXIGE O FIM DA GREVE PARA NEGOCIAR


Nos primeiros 10 minutos de reunião, o professor Enilson Silva, do comando de greve e da direção do Cpers, abandonou o encontro
Fonte: Zero Hora (RS)

Nos primeiros 10 minutos de reunião, o professor Enilson Silva, do comando de greve e da direção do Cpers, abandonou o encontro. Alegou que o secretário da Educação, José Clovis de Azevedo não estava lá para negociar, e sim para exigir.

– A saída foi um ato pessoal por entender que o governo está nos tratando como se fôssemos alunos chamados à secretaria da Escola para ser repreendidos por mau comportamento – explicou Silva.

A reunião terminou meia hora depois da saída de Silva. A direção do Cpers saiu anunciando a continuação da greve. A presidente do sindicato, Rejane de Oliveira disse que a exigência do governo de só negociar com o fim da greve é um “absurdo que não merece maiores comentários”.

Recordou que o impasse foi criado pelo Estado ao apresentar no fim do ano letivo o projeto de reformulação do ensino médio. – O governo não nos apresentou uma proposta salarial. Continuamos aguardando – afirmou.

Azevedo não usou meias palavras: – De fato, a greve dos professores não existe mais no Estado. O que existe é a mobilização de seguidores dos dirigentes sindicais. Mas, para negociarmos, é necessário que a paralisação seja formalmente encerrada. Se isso acontecer, vamos formar comissões para implementar as reivindicações salariais e o plano de ensino.

Azevedo bateu de frente com a presidente do Cpers deixando bem claro que ele era o governo. O secretário da Educação é hoje uma voz forte dentro da administração estadual. Recuperou a confiança do governador Tarso Genro depois que começou a implantar as políticas previstas para a pasta, entre elas a avaliação do ensino e a reforma do ensino médio.

A baixa adesão dos professores à greve também reforça a imagem de Azevedo na pasta. À tarde, o secretário enviou uma carta com 38 linhas à direção do Cpers reiterando a disposição governamental para o diálogo.

– A carta não diz nada. É uma provocação à categoria – afirmou a presidente do sindicato dos professores.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

GREVE: ESTADO E CPERS RETOMAM NEGOCIAÇÃO


Hoje, o governo do Estado e o Cpers retomam as negociações, interrompidas desde 18/11, quando iniciou a greve dos professores
Fonte: Correio do Povo (RS)
Hoje, às 9h, no auditório da Procergs, na Capital, o governo do Estado e o Cpers retomam as negociações, interrompidas desde 18/11, quando iniciou a greve dos professores. O maior impasse se relaciona ao pagamento do Piso Nacional do Magistério - principal reivindicação da categoria. Mas a reformulação curricular no ensino médio também é alvo de embate.

O andamento dessas últimas semanas de aula neste ano, motivo de preocupação de estudantes e familiares da rede estadual, será tema também tratado.Para a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, a expectativa é de boa disposição para negociar.

Ontem, após um dia de mobilização e vigília na Capital e no Interior, o comando de greve do sindicato decidiu aceitar a agenda. "Vamos discutir sobre o Piso, o Plano de Carreira e a reforma do ensino médio; e estaremos abertos a ouvir a contraproposta do governo", antecipou Rejane.

Conforme a dirigente, ontem houve boa mobilização em Porto Alegre, diante do Palácio Piratini; e no Interior, nas Coordenadorias de Educação (CREs/SEC) e praças centrais de municípios.

Na reunião de hoje, o Cpers será recebido pelo secretário da Educação, Jose Clovis Azevedo. Ontem, nota da Secretaria Estadual da Educação (SEC) comunicava que não tinham informações a serem antecipadas. E sobre o movimento, ressaltava que segue a determinação de corte no registro de ponto dos grevistas.

Após encontro com o governo, o comando de greve do Cpers avaliará o conteúdo discutido e agendará nova assembleia para definir, com a base da categoria, rumos e estratégias do movimento.
Coelho Neto sem escola de lata
O fim da "era de lata" na Escola Estadual de ensino fundamental Coelho Neto foi comemorado ontem pela comunidade Escolar do bairro Bom Jesus, na Capital.

Depois de quase cinco anos estudando em sete módulos "habitáveis", os 700 alunos do colégio participaram da cerimônia de inauguração das novas instalações, com a presença do secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo.

Segundo ele, foram investidos R$ 1,139 milhão na construção do novo pavilhão. O espaço conta com seis salas de aula, três conjuntos de sanitários, salas de professores, direção e orientação; depósito, biblioteca, reservatório de água e áreas de circulação abertas e cobertas.

"Também foi construída nova sala de vídeo, com mezanino, onde a direção da Escola pretende instalar um estúdio de rádio", revelou o secretário.
A diretora da Coelho Neto, Patrícia Andriola da Silva, falou das dificuldades enfrentadas, lembrando que muitos alunos deixavam de estudar devido às condições precárias dos módulos de lata, como frio, calor e barulho. Agora, espera reverter a situação.

"Os alunos se encantaram com a Escola nova. Estão cuidando de detalhes, enfeitando, limpando o pátio e fizeram, até, mutirão para pintar o muro", citou.

A Coelho Neto estava entre as 11 Escolas de lata que foram implantadas na rede estadual a partir de 2007. Recentemente, o governo entregou as novas instalações da Escola Estadual Ismael Chaves Barcellos, em Caxias do Sul. O prédio teve investimento de R$ 1,57 milhão.

E a última Escola a ser recuperada será a Rafaela Remião, na Lomba do Pinheiro, na Capital. A inauguração deve ocorrer amanhã (15h).

Situação física de escolas em debate
A estrutura física das Escolas públicas do RS foi ontem tema de audiência pública na Assembleia Legislativa. O debate foi proposto pelo deputado estadual Carlos Gomes (PRB), que integra Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia.

Conforme a Secretaria Estadual da Educação (SEC), das 2.554 Escolas da rede, ao menos 1.521 precisam de reforma. Nesse universo, está a Escola de ensino fundamental Alvarenga Peixoto, no bairro Arquipélago, na Capital, que funciona em prédio provisório há 66 anos.

"Não temos telas e muros de proteção. A cozinha e o refeitório encontram-se em condições lamentáveis. Atendemos 800 alunos, praticamente sem estrutura", afirmou a diretora Doris Alves. Ela citou ainda que o colégio sofre constantes ataques de vândalos.

O diretor substituto do Departamento Administrativo da SEC, Roberto Adornes, reconhece a gravidade da situação. Mas revelou a meta de aplicar R$ 1 bilhão em melhoria na estrutura física das Escolas estaduais até 2014

OPINIÃO: SOBRE A GREVE DO MAGISTÉRIO ESTADUAL


''A greve é um instrumento de luta dos trabalhadores. Parece um chavão batido, porém importante sempre de relembrar'', afirma Sofia Cavedon
Fonte: Zero Hora (RS)
* Sofia Cavedon


A greve é um instrumento de luta dos trabalhadores. Parece um chavão batido, porém importante sempre de relembrar. Quem decide o momento de utilizá-lo, as razões e a intensidade é a categoria por suas instâncias de participação.

O Cpers é o mais importante sindicato do Estado, por sua representatividade, pelo setor estratégico no qual atua, pela influência política no movimento sindical, pelos símbolos que já imprimiu para a Educação estadual, de resistência ao desmonte da Educação, à deterioração das condições de trabalho, à pauperização dos educadores, à municipalização fruto da desresponsabilização do Estado com suas tarefas constitucionais, de combate à instalação do autoritarismo e centralização da Educação, tentados pelos inúmeros ataques à gestão democrática.

Fez história aqui e no Brasil conquistando plano de carreira que a faz uma das categorias mais qualificadas da federação. Não fora toda esta história de luta, o que seria da Educaçãogaúcha, se ainda a vemos tão vilipendiada?

Por outro lado, é preciso identificar com que governo estamos tratando. Certamente um governo que não quer derrotar a categoria e seu sindicato.

Não fosse assim, não tinha liberado no início do ano os coordenadores regionais que haviam diminuído sua capacidade de organização da categoria, pela decisão política do governo anterior em mantê-los atuando com alunos.

Não fosse assim, não teria o governo abonado as faltas aplicadas nas greves pelo governo anterior, que penalizavam o professor não só com desconto dos dias, inclusive recuperados, mas com prejuízos na carreira!

Estamos tratando com um governo que não hesitou em extinguir o Saers – sistema de avaliação que foi imposto, sem nenhum debate, à rede estadual pela secretária que não conseguiu concluir o mandato porque queria aplicar a meritocracia e não logrou êxito! No lugar disso, propõe o debate sobre um sistema participativo de avaliação.

Chama conferência e põe em debate uma proposta de reestruturação do ensino médio! Portanto, um governo que aposta na lógica da construção com a categoria organizada de avanços para a Educação e para o magistério. Que quer diálogo. Que sabe que mudanças e avanços passam por investimento e construção conjunta com as comunidades escolares!

Mas, aí, dirão, e o piso? Não vamos aceitar nada sem o pagamento do piso nacional, direito conquistado, lei a ser cumprida, e Tarso prometeu! Todas afirmações certas, com exceção, permitam-me discordar, de primeiro ter o piso para depois ver o resto.

Esta, na verdade, não é a atitude do conjunto dos professores, não só porque está participando em todas as oportunidades de formação e debate pedagógico, demonstrando seu compromisso com a profissão, mas porque lutou muito por este direito quando lhe era negado participar de seminários e conferências.

Mas também, pela Caravana das Boas Práticas Pedagógicas, visitando Escolas estaduais de Porto Alegre, fica evidenciado o esforço de superação das dificuldades do cotidiano e o investimento no sucesso do aluno.

Quanto às promessas de Tarso, manifesto-me como testemunha da escrita dos compromissos enquanto candidato, uma vez que era da coordenação de campanha e do Grupo do Programa. Tarso compromete-se com o piso, afirmando que construiria as condições necessárias para pagá-lo. Ele indica recursos no orçamento para tal e aponta para um calendário.

Meu apelo, então, aos professores e ao governo, que o diálogo se restabeleça, respeitadas as autonomias, num processo rápido de solução da greve, para que todos ganhem, especialmente a Educação gaúcha.

* Vereadora de Porto Alegre (PT)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

GREVE: CPERS QUER REUNIÃO


Para o governador Tarso Genro, até agora não existiu greve de professores no Rio Grande do Sul
Fonte: Correio do Povo (RS)

Para o governador Tarso Genro, até agora não existiu greve de professores no Rio Grande do Sul. Em entrevista à Rádio Guaíba, após ter participado de atividade do Partido dos Trabalhadores (PT), sábado no Cais do Porto da Capital, ele afirmou:"Na nossa avaliação, não teve greve. Teve algumas faltas ao serviço. Isso não nos tira o respeito pelo movimento, mas greve não houve".

Sobre o pedido do Cpers/Sindicato de audiência com o governo para a tarde desta segunda-feira, Tarso não deu resposta clara e deixou o tema sem definição. "Estamos examinando. Parece que, na segunda, eles têm uma reunião para consolidar a sua posição", assinalou.

Na avaliação do governador, o projeto de lei de incorporação de 45% das gratificações aos servidores da Fazenda é parte das ações do Executivo para recompor salários de vários níveis do funcionalismo. "Nós estamos fazendo isso com várias categorias.

Eles tiveram aumento real de 6%, não é nem um terço do aumento que demos aos brigadianos. Estamos fazendo discussão com todas as categorias. No caso da Fazenda, ocorria discussão há oito meses, e o Ministério Público havia comunicado que a gratificação como estava sendo paga não podia continuar".

A presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, garantiu que a mobilização dos trabalhadores em Educação permanecerá, com a vigília em frente ao Palácio Piratini e nos 42 núcleos regionais, rebatendo a interpretação de Tarso de que não existe greve.

De acordo com a dirigente sindical, a categoria espera que o governo estadual confirme reunião para esta segunda-feira. "Recebemos da Casa Civil a orientação de pedir a audiência por meio de um ofício. Foi o que fizemos. Agora, esperamos que haja uma posição clara do Executivo para marcar o encontro. Quem disse que quer o diálogo foi o governo. Então, estamos esperando", declarou a presidente do Cpers.

sábado, 26 de novembro de 2011

CONFLITO, TUMULTO E DECISÃO DE NÃO RETOMAR A GREVE


Representantes da OAB consideraram a votação legítima, mas com problemas na forma como foi comandada
Fonte: Diário do Nordeste (CE)

Professores contra professores. Este foi o saldo da assembleia geral da categoria, que decidiu, ontem, não retomar o movimento grevista. Depois da votação, houve tumulto e episódios de agressão física.

Várias pessoas denunciaram que professores do interior foram coagidos a votar a favor da proposta do Governo do Estado, enquanto outros alegavam que tal resultado era fruto do desgaste do movimento.

Iniciada com uma hora e meia de atraso, a votação aconteceu no Ginásio Paulo Sarasate. Segundo o Sindicato dos professores e Servidores do Estado do Ceará (Apeoc), cerca de 4 mil professores compareceram à assembleia, além de dezenas de estudantes.

Este número atípico motivou alegações de que os professores do interior teriam sido coagidos a votar. A cada ônibus que chegava ao ginásio, manifestantes gritavam: "Mais um ônibus, mais um curral eleitoral!".

"Essa vinda de professores do interior é pressão do Governo, principalmente em cima dos temporários. Ninguém vai admitir por medo, mas muita gente foi obrigada a assinar um termo se comprometendo a votar contra a greve. Quem tá pagando esses ônibus e a hospedagem desses professores?", alerta a professora Gorete Almeida.

A assembleia foi marcada por momentos de tensão. Vaias e gritos aumentavam quando um dirigente do Apeoc se pronunciava. Alguns chegaram a jogar papéis e garrafas de plástico na mesa onde estava sendo conduzida a votação.

A grande maioria decidiu não retomar a greve, mantendo a mobilização da categoria pela negociação. Seguranças tentaram conter os manifestantes que não se conformavam com o resultado da assembleia e tomaram a mesa de votação. O presidente do Sindicato Apeoc, Anízio Melo, teve que sair pelos fundos do ginásio com a escolta de seguranças.

Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Ceará, participaram da assembleia como observadores. Edmir Martins, da Comissão de Educação da OAB-CE, considera a votação legítima, mas vê problemas na forma como ela foi conduzida.

"Fiz uma questão de ordem junto à mesa diretora de que a votação não poderia ser conduzida pelo Sindicato Apeoc, o próprio Anízio Melo foi quem defendeu a proposta de não continuar a greve. Deveria ter sido conduzida por entidades isentas, como a CUT ou a própria OAB, que estavam presentes à assembleia", explica.

Fogueira
Na saída, professores de Fortaleza interpelaram os colegas do interior, chamando-os de traidores. Algumas pessoas fizeram uma fogueira com a bandeira da entidade e os crachás de votação.

Os dissidentes marcaram uma plenária para amanhã, às 14 horas, na quadra coberta do Colégio Adauto Bezerra. Entre as propostas estão uma desfiliação em massa e a deposição da diretoria do sindicato.

A reportagem entrou em contato com a titular da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), Izolda Cela, para avaliar o resultado da assembleia. A assessoria pediu que as perguntas fossem mandadas por e-mail, mas até o fechamento desta edição, não houve retorno.

KAROLINE VIANA, REPÓRTER