22 de maio de 2009
Proposta - Acabou sem acordo reunião de servidores com representantes do
governo do Estado
Fonte: O LIBERAL
(PA)
As duas horas de reunião entre representantes do governo do Estado e Sindicato
dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) não deram em nada e os
servidores decidiram dar continuidade à greve que já atinge mais de 500 mil
alunos em 37 municípios paraenses. Na audiência de ontem, que começou por volta
de meio dia, o governo permaneceu com a proposta de reajuste salarial de 6% a
7,5% para os professores de ensino superior, 9,93% para nível médio e 12,05%
para nível operacional.
Os grevistas rejeitaram, mais uma vez, os índices. Eles querem aumento de 30%
no salário para todos os níveis, além do acréscimo de R$ 300 reais no
tíquete-alimentação e aumento do abono do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação Básica (Fundeb). Mesmo com a rejeição dos servidores, Iracy Gallo,
titular da Secretaria estadual Educação (Seduc), garantiu que a partir de hoje
o reajuste proposto pelo governo já estará no contracheque dos professores.
MARCHA
Antes da conversa com representantes do poder público, os grevistas saíram em
caminhada pela rodovia Augusto Montenegro em direção ao prédio da Seduc, onde
aconteceu a audiência. A manifestação dos educadores teve início por volta das
9h30, no trevo do Satélite, local da concentração da manifestação. Com faixas,
cartazes e apitos, os servidores ocuparam uma das pistas da rodovia.
O tráfego de veículos na via no sentido Augusto Montenegro/ Icoaraci ficou
interditado durante toda a marcha dos servidores. Os veículos tiveram que
trafegar em mão dupla por uma única pista, o que resultou em um extenso
congestionamento. Sem a presença de agentes da Companhia de Transportes do
Município de Belém (Ctbel) no local, os próprios manifestantes tiveram que
organizar o trânsito na via. Ao chegarem ao prédio da Seduc, ocuparam a área
externa do local e parte da área interna do hall de entrada do prédio. Hoje a
secretaria de Educação é dos servidores, portanto, vamos aguardar o fim da
audiência na área da Seduc , declarou um dos grevistas.
Sem conseguirem o que queriam na reunião - que começou ao meio-dia e terminou
por volta das 14 horas -, os professores voltaram a fechar a rodovia Augusto
Montenegro, no sentido Icoaraci/ Entroncamento, durante dez minutos. Amparado
por um carro som, que foi usado para bloquear a rua, um dos manifestantes
protestava contra a administração da governadora Ana Júlia Carepa. Esse
governo, que fala tanto em terra de direitos, está muito pior que o governo
passado, dos 'tucanos' , protestou.
A principal justificativa do governo para não aceitar o reajuste solicitado pelos
grevistas é a crise financeira internacional. Eles dizem que a culpa é da
crise, mas aumentaram para 60% a verba destinada a propaganda. Os salários
estão afetados. As Escolas estão sem condições de uso , destacou Joana Machado,
professora da rede pública.
DESCONTOS
Abel Ribeiro, do comando de greve, disse que a Secretaria de Estado de Educação
(Seduc) ameaçou descontar do salário dos professores os dias parados, mas mudou
de idéia com medo da reação deles. Não houve avanço nenhum. O governo permanece
com os mesmo percentuais. Marcaram mais um diálogo para eles dizerem a mesma
coisa que já haviam dito antes e acabou não dando em nada. Diante disso, a
greve permanece por tempo indeterminado. Eles pensaram em descontar dos nossos
salários os dias parados, mas eles sabem que se fizeram isso, a perspectiva de
radicalização do movimento é bem maior , ameaçou Abel.
Outro impasse que não foi resolvido diz respeito ao recurso do Fundeb, que
destina um mínimo de 60% para a folha de pagamento e o restante para outros
gastos, como reforma das Escolas. Eles tinham prometido fazer um estudo para
mostrar a possibilidade de aumentar esse percentual destinado ao pagamento dos
servidores, mas chegaram aqui sem nada. Fomos 'enrolados', porque eles têm
técnicos que poderiam ajudar na análise da proposta , reclamou.
Secretária diz que crise financeira impede melhor proposta salarial
Iracy Gallo, secretária estadual de Educação, disse que não existe
possibilidade do governo do Estado oferecer aos servidores mais do que está
sendo proposto. Ela afimou também que, hoje, todos os professores do Estado já
terão acesso ao aumento salarial sugerido pelo governo, mesmo sem a aceitação
dos grevistas.
Não estamos com nenhuma carta na manga e reafirmamos a proposta que havíamos
colocado na mesa antes. Mostramos os números do Estado e fizemos o reajuste que
é possível nesse momento de crise. Essas são as possibilidades reais. O governo
trabalha com o limite que é possível. Eu espero que a categoria entenda. Temos
cerca de um milhão de alunos e 20% das Escolas estão paradas , lamentou.
RETROATIVO
Iracy negou também que, mesmo com o aumento, alguns professores de nível
superior continuarão recebendo abaixo do salário mínimo, como reclamam os
grevistas. O reajuste de 6% a 7,5% para esses professores é justamente para que
eles possam atingir o valor do salário mínimo vigente no País (R$ 465). Já os
que vinham ganhando abaixo do mínimo, irão receber o retroativo desde
fevereiro. É direito deles. Só não posso informar quando porque isso está a
cargo da Sepof (Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças) ,
disse.
Em relação ao Fundeb, Iracy disse que o valor destinado para folha de pagamento
está em 72%, ou seja, acima do percentual mínimo, que é de 60%. O que foi
proposto no dia 30 de abril foi montar uma comissão com o sindicato para
estudar a aplicação do Fundo. Essa comissão foi formada e só tivemos a primeira
reunião ontem , explicou.
RUMOS
Hoje pela manhã os servidores irão se reunir em assembleia geral no ginásio da
Universidade do Estado do Pará (Uepa), na avenida Almirante Barroso, onde serão
decididos os rumos da greve. Segundo Eloy Borges, do Sintepp, a paralisação por
tempo indeterminado já atingiu 57 municípios paraenses, entre estes os que
fazem parte da Região Metropolitana de Belém (RMB) e as cidades de Abaetetuba,
Castanhal, Marabá, Paragominas e Tucuruí. Conseguimos a adesão de servidores de
diversos municípios paraense, inclusive Santarém, que também já aderiu à greve
, destacou.
Cerca de 500 mil alunos estão sem aula em todo o Estado desde o início de maio,
quando a greve teve início. Segundo a direção do Sindicato dos Trabalhadores de
Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), esta foi a sétima audiência entre
os servidores e a Seduc. Já tivemos várias audiência sem avanços, pois a
proposta da secretaria não foi aceita pela nossa categoria , declarou o
sindicalista.
Participantes do Pró-Jovem Adolescente expõem trabalhos no Centur
Cerca de 700 adolescentes de 15 a 17 anos, de Belém, atendidos pela Fundação
Papa João XXIII (Funpapa) apresentaram, ontem, os resultados de um ano de
atividades durante a I Mostra de Trabalhos do Pró-Jovem Adolescente. A
programação transcorreu na sede da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves
(Centur) e reuniu técnicos da fundação, familiares e adolescentes que fazem
parte do pograma, além de alunos de Escolas e entidades convidadas para
participar das mostras.
A praça do artista, no piso térreo, foi o local escolhido para os grupos
apresentarem cartazes, performances culturais e minipalestras educativas sobre
seus bairros de origem. A mostra é resultado do primeiro ano de atividades do
Pró-Jovem - programa da Funpapa de assistência e apoio a jovens em situação de
vulnerabilidade social ou atendidos por programas como o de Erradicação do
Trabalho Infantil (Peti) e o Bolsa Família, do governo federal.
O Pró-Jovem começou em junho do ano passado como uma continuidade do Agente
Jovem, também da Funpapa, e hoje a pelo menos duas mil pessoas - todos
encaminhadas pelo próprio governo federal e pelos onze Centros de Referências
de Assistência Social (Cras) de Belém. Durante os quatro ciclos que a fundação
organizou para o período 2008-2009, eles tiveram acesso a atividades
esportivas, de lazer, culturais e pedagógicas, com foco na produção de
conhecimento e na redução dos índices de evasão Escolar do município.
Os grupos montaram pequenos estandes temáticos sobre seus bairros e distritos
de origem - Terra Firme, Barreiro, Mosqueiro e Benguí entre eles. Além de
cartazes com dizeres históricos e curiosidades de cada área, os adolescentes
também aproveitaram para apresentar a cultura de sua vizinhança, com
performances de teatro, hip hop e dança. Para nós, isso é uma chance de mostrar
o que há de singular em cada comunidade de Belém , disse a jovem Graciete
Ferreira da Silva, 17 anos.