08 de agosto de 2009
O secretário de Educação Cultura e Deporto (Secd), Dirceu Medeiros,
anunciou ontem que o Governo do Estado não vai conceder aumento este ano aos
professores da rede estadual de ensino, apesar da greve marcada pela classe
para começar na segunda-feira.
Fonte: FOLHA DE BOA
VISTA (RR)
WENYA ALECRIM
O secretário de Educação Cultura e Deporto (Secd), Dirceu Medeiros, anunciou
ontem que o Governo do Estado não vai conceder aumento este ano aos professores
da rede estadual de ensino, apesar da greve marcada pela classe para começar na
segunda-feira.
Dirceu Medeiros disse, durante reunião com a diretoria do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação, que já foi comunicado pelo governo que está afastada
qualquer possibilidade de reajuste salarial para este ano. "Eles pediram
40% de reajuste. Está fora de condições. Ficamos quase quatro horas debatendo
estas questões", destacou.
De acordo com Medeiros, outros pontos das reivindicações foram atendidos, como
o pagamento das progressões salariais. "Algumas coisas já estamos fazendo,
mas eles não entendem e querem fazer a greve. A secretaria está preparada caso
aconteça a greve e continuará a distribuição do fardamento normal na semana que
vem. Temos 84 mil alunos e vamos continuar trabalhando para atendê-los",
disse.
Em entrevista pela manhã, o governador Anchieta Júnior (PSDB) disse que está
acompanhado a movimentação dos professores e pediu respeito ao momento de crise
que o país esta passando.
"Eu acho que não é momento de greve em nenhum estado da federação. Acho
que os professores têm que refletir, haja vista que nós já demos um aumento no
ano passado. A sociedade quer do professor é respeito para com as nossas
crianças, e nós estamos fazendo esforço imenso para não demitir ninguém, para
pagar salários em dia", frisou.
SINTER - De acordo com o presidente do Sinter, Ornildo Roberto, a reunião não
foi favorável para a classe dos trabalhadores. Um dos pontos que acirrou os ânimos
foi a discussão quanto ao reajuste salarial dos trabalhadores.
"Quando falamos de aumento, o secretário [Dirceu Medeiros] disse que o
governador [Anchieta Júnior] já avisou que para este ano está descartada a
possibilidade. Mas a gente pode pedir 100% de aumento e ir negociando e chegar
a um consenso", frisou.
Sobre o pedido de gestão democrática nas Escolas, onde os gestores passam a ser
eleitos por voto, o sindicalista disse que houve um pequeno avanço. "O
secretário pediu para a gente montar um projeto e voltar a discutir
posteriormente. Ainda teve a questão da merenda, onde falamos que é de péssima
qualidade. Não foi positivo o encontro", disse o presidente.
De acordo com o Ornildo Roberto, após o início da greve na próxima
segunda-feira, será montado um comando de greve, que irá marcar audiência com o
governador, para voltar a discutir os pontos da pauta.
Pais são contra paralisação dos docentes
A comunidade Escolar, representada pelas Associações de Pais e Mestres (APM),
está apreensiva quanto ao anúncio da paralisação dos professores do ensino
fundamental e médio da rede pública, confirmada para começar na próxima
segunda-feira. A maioria dos pais é contra esse tipo de movimento.
Para a presidente da APM da Escola estadual Tancredo Neves, Socorro Catão, os
professores possuem o direito de reivindicar, mas deveriam encontrar outra
maneira que não prejudicasse o andamento do ano letivo. Para ela, que é mãe e
professora, a melhor saída seria estender o diálogo com o governo.
"Conversar é a melhor saída, pois os alunos vão sair prejudicados com essa
greve", disse.
A presidente relembrou a greve do ano passado, quando os professores ficaram 21
dias sem das aulas. Na Escola em que trabalha, a saída adotada para repor as
aulas foi continuar o semestre letivo em parte das férias Escolares de final de
ano. Outra parte foi resposta aos finais de semana. "Os pais reclamam,
porque não podem viajar. Fica ruim", destacou.
Clice Rocha Matos faz parte da diretoria da APM da Escola estadual Wanda David
Aguiar, no bairro Raiar do Sol. Ela também é contra o início da grave. Segundo
a representante, a greve irá prejudicar significativamente a carga horária de
aulas dos alunos.
De acordo com Clice Matos, a reposição das aulas aos sábados é inviável, pois
os alunos já apresentam dificuldades para ir à Escola nos dias normais, quanto
mais aos finais de semana. "Os meninos irem para a aula aos sábados é
raro. O aproveitamento não é o mesmo. Então, por que os professores não fazem
manifestação no sábado?", questionou.
A representante disse ainda que já foi estudante da mesma unidade educativa e
nunca foi conivente com greves. "Não gostava, porque depois quem sofria
éramos nós", frisou.
O diretor da mesma Escola, José Carlos Morales, afirmou que as aulas não serão
prejudicadas, pois os professores em comum acordo decidiram continuar as
atividades. "Os pais nos apoiam", destacou.
O presidente da APM da Escola estadual Ayrton Sena, no Centro de Boa Vista,
Manoel Carvalho de Souza, destacou que é contra qualquer tipo de greve na área
da saúde e Educação. "Não concordo. Toda vez que eles repõem aula não é a
mesa coisa que o período normal", frisou.
A FAVOR - Diferente de outros pais, Margarete Barbosa Freitas é a favor da
paralisação dos professores. De acordo com a mãe de uma estudante, por diversas
vezes os professores tentaram diálogo com o governo e não foram atendidos.
"A única forma que eles têm é essa", disse