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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Destino de escolas 'fechadas' por Alckmin em São Paulo ainda é incerto

30 de Outubro de 2015

Secretaria disse que 22 das 25 escolas atingidas na capital serão transformadas em centros de Ensino Técnico ou repassadas à prefeitura

Fonte: Folha de S.Paulo (SP)
O destino de 22 das 25 escolas estaduais da cidade de São Paulo que serão "fechadas" pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) no ano que vem continua incerto.
Esses colégios fazem parte da lista de 94 no Estado que deixarão de oferecer ensino fundamental ou médio, obrigando a migração de seus estudantes para outros, conforme a reorganização da rede proposta pela gestão tucana.
O objetivo da mudança é dividir as escolas estaduais por ciclos de ensino –atenuando a mistura de alunos do ensino médio e dos anos iniciais e finais do fundamental na mesma unidade.
Ao divulgar a relação de colégios que serão desativados da rede estadual, a Secretaria da Educação disse que 22 das 25 escolas atingidas na capital serão repassadas ao Centro Paula Souza (autarquia do Estado voltada ao ensino técnico) ou à prefeitura.
O problema é que tanto a prefeitura como a autarquia estadual dizem que ainda não definiram quais dessas unidades vão incorporar nem qual é a proposta para elas.
O secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, tem afirmado que todas as escolas "fechadas" seguirão com a área da educação.
Na capital, além das 22 com futuro incerto, 3 serão transformadas em unidades de apoio da pasta. O governo diz que há hoje 13 mil alunos nesses 25 colégios -que têm capacidade para 31,6 mil.
A gestão Haddad (PT) diz que se reunirá com representantes do Estado para "dar continuidade às discussões", mas não há data definida.
O Paula Souza afirma que "trabalha em sintonia com a secretaria no planejamento para transformar eventuais escolas disponibilizadas em unidades" da sua rede.
A pasta da Educação estadual disse que já negocia com as duas instituições.

A reorganização fará com que 311 mil alunos sejam transferidos. Para a gestão Alckmin, deixar os colégios com só um ciclo de ensino facilita a gestão das unidades.
Outro objetivo é desativar escolas com poucos alunos, após a rede perder mais de 2 milhões desde 1998 (de 6 milhões para 3,8 milhões).
Desde que a ideia foi anunciada, no mês passado, há protestos quase diários –alunos, pais e professores reclamam que podem ficar longe de sua escola original.
Nesta quinta, a Apeoesp (sindicato docente) fez novo ato contra a medida na av. Paulista. Alckmin disse ser "normal" haver protestos. "Às vezes, somos conservadores. Sempre quando vai mudar uma coisa há reação. Qual o objetivo [da reorganização]? É melhorar a escola pública."
Colaborou VENCESLAU BORLINA FILHO

Cadeirinha na van escolar ainda gera polêmica

30 de Outubro de 2015

Equipamento passaria a ser obrigatório no transporte de estudantes em fevereiro, mas exigência deve ser remarcada a pedido dos motoristas

Fonte: Jornal da Câmara (DF)
O possível adiamento para a entrada em vigor da medida que obriga o uso de cadeirinhas no transporte Escolar começa a provocar reações. Na quinta-feira da semana passada, a ONG Criança Segura e a Proteste Associação de Consumidores publicaram texto na internet lamentando a mudança de data, inicialmente prevista para 1o de fevereiro de 2016. As entidades informaram que vão pedir ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que estabeleça o mês de junho como prazo máximo para que seja feita a adoção dos equipamentos de segurança.
O anúncio do eventual adiamento foi feito pelo diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Alberto Angerami, em audiência pú- blica promovida na quarta- -feira pelas Comissões de Educação (CE) e de Infraestrutura (CI) do Senado. Ele disse que levará à pró- xima reunião do Contran, no dia 17, a reivindicação dos motoristas de transporte Escolar, que querem a anulação da exigência.
Angerami não garantiu que a medida será derrubada, mas acredita que a data-limite será alterada para que o assunto seja melhor estudado. Na audiência, representantes dos motoristas afirmaram que não têm como cumprir a obrigação, considerada desnecessária por eles em razão do baixo número de acidentes no setor. Alegam que, desde 1997, quando entrou em vigor o Código de Trânsito Brasileiro, nenhuma criança morreu ou sofreu lesão grave sendo transportada por veículos Escolares legalizados e vistoriados. — Temos um serviço que é seguro e aprovado, com sinistralidade zero — afirmou o diretor da Associação Regional de Transporte Escolar de São Paulo, Jorge Salgado. Já a ONG Criança Segura e a Proteste consideram uma eventual anulação da medida um retrocesso.
“A forma mais segura de transportar crianças nos ve- ículos é na cadeirinha, pois ela é projetada de acordo com o tamanho da criança para retê-la no veículo, distribuir a força da colisão de forma igual pelo corpo e proteger partes frágeis do corpo da criança, como cabeça, pescoço e coluna”, afirma a coordenadora nacional da ONG, Gabriela Freitas, no texto publicado pelas entidades. Apesar de avaliar o adiamento da exigência, Alberto Angerami, do Denatran, concorda que a eficácia dos chamados dispositivos de retenção infantil está comprovada. — O Ministério da Saúde tem estatísticas que mostram diminuição de cerca de 30% dos acidentes com ferimentos graves para as crianças que estavam usando os equipamentos — disse na audiência.
De todo modo, Dário Berger (PMDB-SC) e Marta Suplicy (PMDB-SP), que também participaram do debate, elogiaram a decisão de tentar adiar a vigência da norma. Os senadores consideraram o argumento dos motoristas sobre o baixo índice de acidentes no setor. O Brasil possui cerca de 100 mil veículos de transporte Escolar legalizados e certificados. A grande maioria deles tem identidade visual explícita e tacógrafo, dispositivo que monitora a velocidade de veículos. Resolução O uso de cadeirinhas em carros de passeio particulares é obrigatório desde 2010. Com a Resolução 541/2015, o Contran estende a exigência para todo transporte Escolar, independentemente da classificação, categoria ou peso bruto do veículo. Continuarão dispensados de ter o equipamento os táxis, os veículos de transporte coletivo, carros de aluguel e os que pesam acima de 3,5 toneladas.
O descumprimento da nova exigência acarretará multa de R$ 191,54 por infração gravíssima, com retenção do veículo e sete pontos na carteira de habilitação do motorista. Mãe de duas crianças, de 1 ano e 8 meses e 4 anos, a figurinista Luiza Hagah acredita que a maioria dos pais evita colocar filhos menores de 5 anos em veículos Escolares, por motivos de segurança. Ela acha a cadeirinha fundamental. — Em freadas mais fortes e até mesmo quando o carro morre ou engasga a criança sofre um tranco. A cadeirinha segura a onda — elogia.
Alerta
Em agosto, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez um alerta sobre a mortalidade infantil no trânsito. Segundo a corporação, 1.200 crianças morreram nos últimos 5 anos nas rodovias federais devido a acidentes. Para a diretora-geral da PRF, Maria Alice Nascimento, o número de mortes só pode diminuir se o uso das cadeirinhas for adotado por mais pessoas. — Os condutores precisam entender que a utilização do bebê conforto, cadeirinha e assento de elevação pode salvar a vida de seus filhos em um possível acidente. Desde 2010, a PRF já multou quase 60 mil motoristas de moto e carro transportando crianças em desacordo com a legislação.

Professora potiguar com Down recebe prêmio nacional de Educação

30 de Outubro de 2015

Débora Seabra recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro em Brasília. Ela foi considerada exemplo no desenvolvimento de ações educativas no país

Fonte: G1
A potiguar Débora Seabra, primeira professora com síndrome de Down do país, foi homenageada com o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação 2015 em Brasília. O prêmio é promovido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que elege todos os anos três pessoas – físicas ou jurídicas – consideradas exemplos no desenvolvimento de ações educativas no país.

A entrega da homenagem aconteceu na última terça-feira (27). "Eu amo o que eu faço. Amo meus alunos, amo o meu trabalho e também eu gosto muito da minha equipe de trabalho. É importante também para incluir muitas pessoas como eu", disse Débora.
Ela é professora há mais de 10 anos e faz palestras no Brasil e em outros países, como Argentina e Portugal, sobre o combate ao preconceito. Hoje ela trabalha como professora assistente na Escola Doméstica, um colégio particular de Natal. Quando mais nova, Débora sempre estudou em escolas da rede regular de ensino e se formou no curso de magistério, de nível médio, em 2005.

Em 2013, ela lançou o seu primeiro livro, chamado “Débora conta histórias”. A obra traz várias fábulas infantis que se passam na fazenda e têm animais como protagonistas. Embora sejam animais, eles precisam lidar o tempo todo com problemas humanos, especialmente o preconceito e rejeição por serem diferentes.

O nome de Débora foi indicado a concorrer ao prêmio pelo deputado federal Rafael Motta (PROS). “Ela é um orgulho para todos os potiguares e essa é uma justa homenagem por sua competente atuação no setor educacional do Rio Grande do Norte”, contou o deputado. Ao escolher os homenageados, a Comissão de Educação levou em consideração critérios como originalidade ou caráter exemplar das ações educativas desenvolvidas pelos indicados ao prêmio.

MEC quer mudar licenciatura e estuda criar residência para professores

 30 de Outubro de 2015

Discussões sobre o documento que deve nortear currículos dos cursos de formação docente ganharão força em 2016

Fonte: Veja.com
Após lançar a proposta de base curricular comum para o Ensino Básico, o Ministério da Educação (MEC) discute documento que norteará os currículos de todos os cursos de licenciatura e de pedagogia do país. Esse texto deve ir para consulta pública até o fim do ano que vem. A pasta também retoma a discussão sobre criar uma residência para os professores, nos moldes do que existe na área médica.
Um dos principais objetivos é tornar os programas das graduações mais próximos da realidade de sala de aula. "Muitos cursos são mais voltados à formação científica do que à formação docente", disse Manuel Palácios, secretário de Educação Básica do MEC.
Na proposta de currículo do ensino básico, ainda em consulta pública, a opção do MEC foi de apresentar só objetivos de aprendizagem, e não como ensinar. No novo documento para as licenciaturas, haverá indicações sobre métodos.
"O diagnóstico é de que o espaço para questões didáticas é pequeno na formação de professores", explicou Palácios. "E mais importante do que selecionar um ou outro método, é que aqueles reconhecidos como válidos em cada área sejam objeto de discussão nos cursos."

Novo currículo - No próximo mês, uma comissão de especialistas deve divulgar um roteiro de trabalho para o debate. Ao longo de 2016, universidades e organizações do setor também poderão contribuir. O processo começa agora, mas deve ganhar força no segundo semestre do ano que vem, quando o currículo do ensino básico estará pronto.

"O formato final deve atender às expectativas geradas pela base (curricular do ensino básico)", disse Palácios. A má qualidade na formação docente é considerada entrave para a adoção prática do currículo único.

Bernadete Gatti, especialista em formação docente, foi convidada para coordenar o grupo. Segundo ela, servirão de ponto de partida as diretrizes do Conselho Nacional de Educação, de julho, que elevam o conteúdo prático e a carga horária das licenciaturas. "Com isso, não dá mais para condensar, compactar (os cursos), como vem sendo feito", afirma.
Para cada disciplina, o documento do MEC terá uma seção separada. Também haverá sugestões para as licenciaturas interdisciplinares. Ao fim do debate, o documento deve tornar-se uma resolução. Com a reforma, a expectativa é reduzir a evasão em carreiras como Matemática e Física, maiores que 60%.

Helena Freitas, da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais de Educação, defende participação mais ampla no processo. Outro problema é a baixa atratividade da carreira. "Investimos na formação de jovens que depois não vão para a escola pública", critica.

Residência - A criação de uma residência docente também está na agenda do ministério. Proposta semelhante já tramita no Congresso desde 2012.

A ideia, segundo Palácios, é o governo federal dar bolsas para recém-formados trabalharem por um ou dois anos nas redes municipais e estaduais. Assim, o professor chegaria "com experiência de ensino mais expressiva".

O modelo já é adotado por algumas universidades em parceria com as redes. "Esse candidato a professor teria condições de trabalhar na escola e, ao mesmo tempo, ter um suporte universitário", diz. A reforma curricular das licenciaturas e o reforço de estratégias de formação à docência estão previstos no Plano Nacional de Educação. Já a antiga a ideia do MEC de instituir uma prova nacional docente, que serviria para ingresso na carreira em todo o País, não está na pauta no momento, segundo o secretário.

Maioria das escolas fechadas fica na periferia

30 de Outubro de 2015

Apenas 9 dos 25 colégios atingidos pela medida na capital estão em áreas centrais

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
Apenas 9 das 25 Escolas fechadas na capital paulista pela reorganização Escolar estão na área central da cidade. O secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, havia afirmado anteriormente que as Escolas que não teriam mais Alunos no próximo ano estavam em regiões centrais dos municípios, tanto na capital como no interior, já que são as áreas com a menor demanda de Alunos e maior número de classes ociosas.

O projeto de reestruturação atingiu 94 Escolas em todo o Estado e fechou etapas de Ensino em 754 unidades para que passem a ter apenas um dos três ciclos - fundamentais 1, 2 ou médio - em 2016. O argumento do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é de que há espaços ociosos na rede e, ao reorganizá-la, é possível melhorar a qualidade do Ensino com Escolas de ciclo único.

Na cidade de São Paulo, apenas nove das fechadas pertencem às diretorias de Ensino centrais (centro, centro-oeste e centro-sul). As outras 16 são de áreas periféricas, como a Escola Professor Antonio de Oliveira, na zona leste. A unidade também já tem apenas um ciclo, o fundamental 1 (do 1.º ao 5.º ano) e, segundo funcionários, acolhe turmas em seis das dez salas.

“Sempre tivemos bom desempenho nas avaliações, 98% dos Alunos se alfabetizam nos primeiros anos. E a unidade tem toda a estrutura para os Alunos menores, com biblioteca, brinquedoteca, paredes coloridas. É um desperdício perder uma Escola como essa e colocá-los em qualquer lugar”, disse uma Professora, que pediu para não ser identificada.

A Escola Mary Moraes, na zona sul, também só atende Alunos do 1.º ciclo da região de Paraisópolis. Para o diretor Eduardo Paulo Berardi Junior, a reestruturação pode dificultar o acesso de Alunos. “Mesmo que a Escola para onde forem esteja a 1,5 km, pode complicar, já que muitos moram longe.”

Quando assumiu a direção do colégio, Berardi Junior mudou para uma casa no mesmo bairro para ter mais contato com a comunidade, disse. “Fizemos muitas adaptações para que a Escola atendesse melhor as crianças.”

A secretaria ainda não detalhou para onde os Alunos de Escolas fechadas serão transferidos. Mas informou que os colégios fechados na capital estão “consideravelmente ociosos”. “Possuem atualmente 13 mil Alunos matriculados, mas têm capacidade para 31,6 mil estudantes, o que representa 58,8% de ociosidade”, disse em nota. As 94 unidades “disponibilizadas” terão os prédios repassados às prefeituras, para abrigar Creches, ou ao Centro Paula Souza, para Escolas técnicas ou faculdades de tecnologia.

Protesto. Nesta quinta-feira, 29, Professores e Alunos fizeram mais uma manifestação contra a reorganização e o fechamento das Escolas. Segundo a Apeoesp, sindicato dos Professores, 50 mil pessoas participaram do ato que saiu da Avenida Paulista e foi até a Praça da República, sede da Secretaria de Educação. A PM não fez estimativa de manifestantes.

Para a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, a divulgação da lista de Escolas mostrou que o argumento do governo de que quer melhorar a qualidade é “enganação”. “Tudo indica que essa reforma é só para reduzir custos, não tem por que fechar essas Escolas”, completou o secretário do sindicato, Leandro de Oliveira.

MEC prorroga prazo para renovação de contratos do Fies até 30 de novembro

30 de outubro de 2015

Fonte: Uol Educação

Brasília - O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Ministério da Educação e gestor do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), ampliou mais uma vez o prazo para renovação dos contratos do programa. Portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) fixa em 30 de novembro a nova data limite para os aditamentos referentes aos 1º e 2º semestres de 2015.
A portaria também prorroga para a mesma data o prazo para transferência integral de curso ou de instituição de ensino e de solicitação de dilatação do prazo de utilização do financiamento, respectivamente, referentes ao 1º e 2º semestres de 2015.
Libera ainda, até 30 de novembro, aditamento de suspensão temporária e encerramento antecipado do prazo de utilização do financiamento, referente ao 2º semestre de 2013, 1º e 2º semestres de 2014 e ao 1º semestre de 2015.
As renovações dos contratos - cujo prazo foi prorrogado por diversas vezes este ano, desde abril - deverão ser realizadas por meio do Sistema Informatizado do Fies (SisFies), disponível nas páginas eletrônicas do MEC e do FNDE.

EXTRA:Escolas: o fim de um ciclo de crescimento

 30 de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10

Todos temos um compromisso maior: educação de qualidade, não importa se pública ou privada – um divisionismo antipatriótico que só faz perdedores. Não é enfraquecendo a escola particular que se fortalecerá a pública, e sem escola pública de qualidade jamais seremos uma nação com justiça social. 

Nestes últimos dez anos, na educação básica do Paraná, as escolas públicas apresentaram quedas em suas matrículas: as estaduais, de 165 mil; e as municipais, de 43 mil. Daí se justifica o cancelamento de turmas ou até mesmo o fechamento em 71 escolas estaduais, conforme reportagem da Gazeta do Povo do último sábado. A principal causa dessa redução de matrículas é a queda na taxa de fecundidade, que no Paraná é de 1,9 filho por mulher, índice abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 – o decimal 0,1 é para compensar os que falecem antes de atingir a idade reprodutiva. 

O atraso do governo em relação às parcelas do Fies e do Pronatec faz diversas instituições de ensino reféns de empréstimos bancários 
 
Em um aparente paradoxo, neste mesmo período, a rede privada obteve um incremento de 88 mil alunos, fruto do maior potencial financeiro – menos filhos, menos despesas – disponível para pagar uma escola particular, percebida como a melhor estratégia de ascensão social e econômica. Hoje, um filho é um tesouro, porém caro – todos os custos (ou investimentos) somam, em média, cerca de R$ 1,5 milhão até o término de uma faculdade paga. 

No Paraná, temos 1.740 instituições particulares que atendem 710 mil alunos da educação infantil ao ensino superior, o que corresponde a 16,5% das matrículas na educação básica e aproximadamente 71% nas faculdades. Enquanto categoria econômica, representam 1,4% do PIB brasileiro e, tal qual uma senoide, têm seus ciclos de altos e baixos. Vários são os indicadores a sinalizar que a curva ascendente atingiu o seu ponto de inflexão, devido à queda do poder aquisitivo, desemprego, juros elevados e fecundidade em baixa. Ademais, é provável uma dinâmica de transferências mais equilibrada entre escolas públicas e privadas em 2016, causada também pela eufórica fartura de créditos concedidos nos últimos anos, que insidiosamente promoveu dívidas elevadas na população. A Confederação Nacional do Comércio informa que a mais atingida é a classe média, na qual 66% das famílias estão endividadas, um índice inédito na história do país. 

Segundo a Serasa Experian, no primeiro semestre deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2014, a inadimplência nas mensalidades escolares registrou um aumento de 22%, um porcentual superior à elevação da inadimplência geral do consumidor, apurada em 16%. E há uma outra inadimplência, ainda mais deletéria, que é o atraso do governo em relação às parcelas do Fies e do Pronatec, o que faz diversas instituições de ensino reféns de empréstimos bancários. 

Portanto, prenuncia-se um novo ciclo, no qual as escolas privadas estarão diante de novos desafios: pouquíssimas crescerão, enquanto a maioria conviverá com a estagnação ou redução de matrículas, com o ônus adicional do aumento da inadimplência. Por sua vez, nas escolas públicas, um menor número de turmas implica maior disponibilidade financeira por aluno, pois a verba para a educação é carimbada em 25% da receita do estado e do município, e uma boa gestão promoverá a tão almejada melhoria na qualidade. 

“A escola é a nova riqueza das nações. Passou a valer mais que a fábrica, o banco, a fazenda” – faz-se oportuno lembrar Peter Drucker, renomado consultor americano. A nossa matéria prima é a mais nobre que existe na face da Terra: nossa crianças, adolescentes e jovens. Somos educadores e, como educadores, não temos o direito de ser medianos, cabendo-nos o dever da busca incessante pela qualidade de ensino.

Proposto na Câmara de Curitiba teste para identificar síndrome que prejudica leitura

30 de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10

As escolas da rede pública municipal de Curitiba poderão disponibilizar, a todos os alunos, um exame para identificar uma síndrome que dificulta a leitura e concentração em sala de aula, conhecida como Síndrome de Irlen. A proposta, de Bruno Pessuti (PSC), autoriza a prefeitura a realizar os exames nos próprios estabelecimentos de educação.

“É um teste sem custos, que demanda equipamentos simples, bastando um médico que vá às escolas. A ideia é que se descubra precocemente a existência da síndrome, pois quem a possui geralmente não sabe, e acaba tendo a leitura prejudicada e, consequentemente, diminui a concentração em sala e fica mais lento em relação aos demais”, explica o vereador. 

A síndrome, conforme a justificativa da proposição, é causada por um desequilíbrio da capacidade de adaptação à luz, que produz alterações no córtex visual e deficit na leitura. Além de fotofobia (aversão à luz), quem tem a síndrome apresenta dificuldade na manutenção do foco, estresse visual, alteração na percepção de profundidade e dores de cabeça. 

“Durante a leitura, segundo pacientes, o brilho ou reflexo do papel branco contra o texto causam irritabilidade, assim como a luz natural fluorescente. Eles possuem ainda sensação de movimentação das letras que pulsam, tremem, vibram, confluem ou desaparecem e a leitura passa a ser fragmentada. Além disso, queixam-se de insegurança ao dirigir, estacionar, com esportes com bola ou em outros movimentos, como o descer e subir escadas rolantes”, complementa a justificativa. 

A prevalência da síndrome, conforme o texto, é maior que a da própria dislexia – estimada entre 3% a 6% da população –, atingindo 12% a 14% de bons leitores, e entre alunos com dificuldades de leitura, gira entre 17% e 46%. “Como os sintomas podem ser semelhantes, o diagnóstico diferencial é indispensável para intervenção correta”, diz o projeto. 

A identificação da síndrome é feita por profissionais da saúde e educação devidamente capacitados, por meio de um protocolo padronizado conhecido como Método Irlen, para classificar o grau de intensidade das dificuldades visuoperceptuais dos casos suspeitos. O teste de “screening” (ou rastreamento) é feito após avaliação da acuidade visual e sob correção refracional atualizada, quando necessária. O teste verifica os benefícios obtidos, na correção das dificuldades constatadas, como a supressão das distorções visuais, após a interposição de uma ou mais transparências coloridas selecionadas individualmente pelo portador da Síndrome de Irlen. 

A justificativa do projeto afirma que na aplicação do Método Irlen ocorre a indução de estresse em atividades com alta demanda "visuoatencional" e posterior supressão, após a sobreposição de uma lâmina colorida. “Uma vez determinada a transparência ideal, o portador passa a usá-la sobre o texto durante a leitura ou cobrindo a tela do computador enquanto lê, obtendo benefícios imediatos no conforto visual, fluência e compreensão”, explica a proposição. 

A proposta foi lida em plenário no último dia 21 de outubro. Agora, receberá uma instrução técnica da Procuradoria Jurídica e depois segue para as comissões temáticas do Legislativo. Durante a análise dos colegiados, podem ser solicitados estudos adicionais, juntada de documentos faltantes, revisões no texto ou o posicionamento de outros órgãos públicos afetados pelo teor do projeto. Depois de passar pelas comissões, o projeto segue para o plenário e, se aprovado, para sanção do prefeito para virar lei. Caso seja sancionada, entrará em vigor 90 dias após a data de publicação no Diário Oficial do Município (DOM), conforme estabelece o texto em seu artigo 2.º.

Educadora pede fortalecimento de escolas e comunidades rurais

 30 de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10

Prestes a completar 30 anos de magistério, a professora Ruti Kniest defendia, no início da carreira, que as escolas rurais, multisseriadas, sem infraestrutura física e humana, deveriam ser fechadas, com a transferência dos estudantes para escolas maiores, próximas à cidade. Após três décadas e diferentes experiências profissionais, a professora pensa de forma diferente. “Ao contrário, considero necessário que os órgãos públicos fortaleçam as escolas e as comunidades com uma política séria de recursos físicos e humanos”, enfatiza. 

Desde 2013, Ruti leciona na Escola Municipal de Ensino Fundamental Etelvino de Araújo Cruz, na área rural, a 30 quilômetros da sede do município gaúcho de Montenegro. A opção da professora pela escola deve-se ao destaque obtido pela unidade de ensino no processo de construção, resgate e valorização da identidade cultural da comunidade na qual está inserida. 

A instituição tem 280 alunos, matriculados em turmas que vão da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental. Eles são atendidos por 25 professores e quatro funcionários. “Meus colegas e eu temos formação superior; quase todos são especialistas em alguma área educacional”, diz. “Alguns têm mestrado em educação.” De acordo com a professora, é uma realidade diferente daquela vivenciada no início da carreira. 

Com graduação em pedagogia, pós–graduação em gestão educacional (supervisão e orientação) e vários cursos na área de alfabetização, Ruti trabalha com turmas do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental. Para ela, a tarefa da professora que atua com alunos dessas turmas é aproximar o conhecimento escolar das vivências do mundo infantil. “É estimular a criatividade, a curiosidade, a alegria de conhecer coisas novas, mas também a possibilidade de valorizar os conhecimentos e as vivências da comunidade”, diz. Ela enfatiza a necessidade de estimular as crianças a conhecer e apreciar suas raízes. Quando forem adultas, elas poderão olhar com orgulho para sua origem e sua história. “A cor e o sabor das aulas dependem da nossa curiosidade em buscar”, afirma. “Em olhar para o mundo que está a nossa volta, em nunca deixar de ter curiosidade e buscar conhecimento.” 

Ruti mostra satisfação ao trabalhar com duas colegas que foram suas alunas. “São meninas do interior, que levaram os sonhos adiante, buscaram aperfeiçoamento profissional em especializações e mestrado”, diz. “Hoje, voltam para a sua localidade para continuar o ciclo de construir caminhos para aqueles que vêm. Neste sentido é que tenho esperança no futuro.” 

As crianças da área rural, hoje, segundo a professora, têm mais possibilidades de avançar e escolher o local de atuação, na cidade ou no campo, com respeito à própria história de vida. “É esse movimento que faz as gerações evoluírem.”

Pesquisadores desenvolvem aplicativo que auxilia na tradução de línguas indígenas

30 de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10

Pesquisadores da Universidade Federal de Tocantins (UFT) desenvolveram um aplicativo capaz de traduzir palavras escritas nas línguas dos povos Xerente e Apinajé para o português. O “Traduzíndio” foi lançado esta semana durante os Jogos Mundiais do Povos Indígenas em Palmas (TO). 

A ideia surgiu quando o professor George de Brito sentiu a dificuldade de muitos dos alunos indígenas de se comunicarem em português. “Nós temos um número considerável de indígenas na universidade e a ideia era criar um sistema que auxiliasse na comunicação destes alunos. Fizemos um sistema web no começo e logo depois pensamos numa versão mobile para que outras pessoas, além dos alunos, também tivessem acesso”, explica. 

O Tocantins é território de sete etnias que falam quatro línguas diferentes ( apinajé, xerente, carajá e krahô) e duas delas (apinajé e xerente) estão no Traduzíndio, pois têm documentação, vocabulário e dicionário. O povo Xerente tem atualmente uma população de quase 1.800 pessoas distribuídas em 33 aldeias. Os apinajé têm população de cerca de 1.100 pessoas que habitam 14 aldeias. 

Alunos das duas etnias ajudaram a desenvolver o Traduzíndio e validaram a tradução palavra por palavra. Eles também visitaram as aldeias para ouvir a opinião dos indígenas sobre o aplicativo. 

O aplicativo abrange 5.504 palavras da língua apinajé e 3.692 do xerente. Além da tradução, a ferramenta apresenta a cultura das duas etnias e uma breve apresentação do projeto. 

Uma equipe já trabalha na ampliação e aprimoramento da ferramenta que, em breve, deve trazer ainda as línguas carajá e krahô . “Queremos também ter os verbetes disponíveis em áudio e acrescentar uma linha do tempo interativo sobre a chegada das etnias no Tocantins e com informações sobre os dias atuais”, diz o professor Brito. 

O universitário Felipe Tkibumrã, da etnia Xerente, foi um dos alunos que ajudou na validação dos verbetes do aplicativo. Ele conta que todos na aldeia gostaram da ideia. “A tecnologia veio para nos ajudar. A gente não pode esquecer da nossa língua e o aplicativo também serve como conservação dela. Também é interessante para que outras pessoas conheçam um pouco da nossa cultura”.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Melhor desempenho escolar – uma parceria entre a família e a escola

28 de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10

A família e a escola são os dois primeiros ambientes sociais da criança, referência para sua conduta e são fundamentais no crescimento e desenvolvimento, desempenhando funções e responsabilidades distintas. Contudo, o desempenho escolar pode ser afetado por muitos fatores, tais como: competência e habilidade do professor, ambiente da sala de aula, condições econômicas da família, material didático. 

Os pais precisam transmitir para os filhos, por meio de suas atitudes, o quanto a escola é importante. E quanto mais ativos os pais na vida escolar, maior a chance de o filho tirar boas notas no boletim e concluir uma faculdade. 

O envolvimento dos pais na escola ajuda a diminuir as diferenças de aprendizado entre os mais ricos e os mais pobres, e é fator determinante do sucesso educativo. Melhora a qualidade da educação e o aproveitamento escolar dos alunos e influencia no comportamento geral do aluno, como por exemplo maior concentração nos estudos e nas aulas, disciplina, maior habilidade para lidar com professores, colegas e administração da escola. 

Mas muitas vezes os pais não sabem como proceder para ajudar seus filhos a serem bons alunos. Ainda há alguns pais que se atrapalham com a lição de casa, outros trabalham demais e acabam não participando das atividades, reuniões e apresentações escolares. 

A participação da família na vida escolar traz vantagens para a escola, pois aumenta as suas informações para orientar os seus filhos, os docentes ficam com as tarefas mais facilitadas e bem-sucedidas, além de ficarem mais bem vistos e compreendidos pelos pais. Os professores, além de informar os pais sobre as notas dos seus filhos devem informar da progressão dos filhos. E por outro lado, os pais devem reconhecer que as tarefas da escola não se limitam a pura transmissão de conhecimentos, mas também proporcionam um engajamento dos filhos à vida. 

Tanto a escola como a comunidade são espaços de socialização e de aprendizagem. Os pais devem interessar-se pelas aspirações, verificar as dificuldades dos seus filhos e conversarem sempre com eles, motivando-os nos estudos. E essa “parceria” entre família e escola faz com que a criança se sinta mais integrada e segura, apesar das múltiplas diversidades que possam existir. 

O papel da família é de extrema importância no processo de formação da criança e reflete em todos aspectos do seu desenvolvimento, pois “a cultura familiar” inclui tudo, desde comida, música, vestuário e arte, estilo de vida, atividades extras, hábitos sociais/familiares, saúde, história, férias, educação, atitudes, etc. Embora este processo de socialização varie de família para família. 
Os pais transmitem valores como autoridade, disciplina, obediência e respeito. Ainda partilham conhecimentos. E devem organizar uma rotina familiar diária, elaborando um horário de forma a proporcionar tempo de sono suficiente, uma hora e lugar adequado para o estudo, uma hora certa para finalizar os trabalhos de casa, fixar o tempo passado em frente à televisão e aparelhos eletrônicos. 

Uma boa colaboração, cooperação e interação entre a família e a escola traduz-se sempre em vantagens para as duas instituições. Os pais compreendem melhor o desempenho dos professores. E a escola passará a contar com mais recursos comunitários na materialização das diversas atividades, pois o envolvimento das famílias melhora a imagem da escola e aproxima a escola da comunidade. Portanto compete aos pais e à escola a tarefa de tornar as crianças cidadãos participativos e conscientes dos seus deveres e direitos.

Comissão aprova mudança em critério para concessão do Fies

28 de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10

A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 6652/13, do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que proíbe a utilização da renda familiar mensal bruta como critério de exclusão para inscrição no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) - programa do governo que financia cursos em universidades privadas. 

Atualmente, os estudantes de famílias cuja renda familiar bruta mensal é igual ou superior a 20 salários mínimos são proibidos de pleitear empréstimo junto ao Fies. 

Segundo Jovair Arantes, “não é justo excluir o estudante do Fies apenas com base na renda familiar mensal bruta, sem considerar o número de integrantes do núcleo familiar, especialmente aqueles em idade escolar”. 

O parecer da relatora, deputada Tia Eron (PRB-BA), foi pela não implicação da matéria em aumento ou diminuição da receita ou da despesa pública, não cabendo pronunciamento quanto à adequação financeira e orçamentária do projeto e do substitutivo da Comissão de Educação. 

O substitutivo permite a utilização da renda familiar mensal per capita como critério para obtenção de financiamento do Fies. As regras do Fies já tratam da renda familiar dividida pela quantidade de integrantes da família (renda per capita). Hoje não recebem os benefícios do programa as famílias que gastam menos de 20% da renda per capita com encargos educacionais. 

Agora, a proposta será analisada em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Dificultada a extinção de museus, bibliotecas ou teatros

28  de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10


A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou projeto do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) que proíbe a extinção ou a demolição de museus, bibliotecas ou teatros de propriedade federal sem que haja receita destinada para reconstrução, montagem ou construção de outra instituição idêntica no mesmo município (PL 7750/14).
A proposta recebeu parecer favorável do relator, deputado Jose Stédile (PSB-RS). “Não há dúvida da importância dos museus, bibliotecas e teatros como meios de acesso à cultura e de valorização e difusão das manifestações culturais, tampouco há dúvida de que já há uma carência destes no País”, disse.

“Portanto, nada mais razoável que a União, no mínimo, não reduza o número das unidades pelas quais ela é hoje responsável, garantindo, no caso extremo em que haja necessidade de extinção ou demolição de uma existente, que ocorra a construção, reconstrução ou montagem, no mesmo município, de outra instituição congênere”, completou o deputado.

O projeto tramita em caráter conclusivo, e ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Mercadante vê 'transição delicada' em mudanças nas escolas públicas de SP

28 de Outubro de 2015

Ministro afirmou que reestruturação é "recomendável", mas destacou ser necessária cautela na transferência dos alunos

Fonte: Estadão.com
Em audiência pública numa comissão do Senado, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta terça-feira, 27, que a decisão tomada pelo governo de São Paulo de separar os estudantes da rede pública por faixa etária é "recomendável", mas destacou ser necessário cautela nessa transferência dos alunos.
A mudança, anunciada em setembro pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB), prevê a reorganização das escolas estaduais para que tenham apenas um ciclo de ensino: anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º), anos finais do fundamental (6º ao 9º) e ensino médio. Com isso, 311 mil alunos serão transferidos para outra unidade no próximo ano e 74 mil professores - quase um terço do 220 mil que trabalham na rede - serão afetados.
A Secretaria Estadual da Educação divulgou nesta segunda-feira, 26, que 94 escolas da rede serão fechadas, seus alunos serão transferidos para unidades próximas e os prédios terão outras finalidades. Dessas, 66 ficarão à disposição dos municípios para uso em Educação de Jovens e Adultos (EJA), ensino técnico ou creches. O governo do Estado promete divulgar a lista das unidades nos próximos dias.
A alteração foi divulgada em um contexto de protestos quase diários de professores, pais e alunos, além de críticas do principal sindicato de professores do Estado, a Apeoesp, que estimava que 162 unidades seriam fechadas.
Dizendo ter muito cuidado em falar da "rede alheia", comandada pelo tucano Geraldo Alckmin, Mercadante defendeu que a educação seja tratada como uma "questão suprapartidária". "Fecharam 94 escolas. Do ponto de vista pedagógico, não vejo problema em separar por faixa etária, talvez até faça sentido. Agora, com o problema da mobilidade em SP, os pais que escolhem a escola mais perto de casa vão ter um problema de transporte", avaliou.
Para o ministro, a mudança prevê "uma questão imediata a ser ajustada". "Acho que é até recomendável que você tenha faixas etárias específicas, e não ter a criança da alfabetização convivendo com o aluno do último ano do ensino médio. Mas, como fazer essa transição, é algo muito delicado", disse.

Após pressão, formação de professor terá menos teoria e mais aula prática

28 de Outubro de 2015

Cursos de Pedagogia da USP, Unicamp e Unesp passarão por reformulação

Fonte: Folha de S.Paulo (SP)
Um dos principais pedidos de ministros e secretários de Educação começa a ser atendido por USP, Unesp e Unicamp: cursos que formam professores para o ensino básico estão em reformulação, com aumento da carga horária para atividades práticas.
O ministro Aloizio Mercadante e o secretário de Educação de SP, Herman Voorwald, já reclamaram publicamente que os estudantes de pedagogia e de licenciatura se formam sem saber ensinar, pois tiveram excesso de teoria.
Os formados em pedagogia atuam como professores do ensino infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental; os de licenciatura, nas demais séries.
As alterações nas instituições paulistas só começaram, porém, após o Conselho Estadual de Educação intervir no processo. O órgão normativo determinou que currículos de licenciatura devem ter ao menos 30% da carga horária destinada a atividades didático-pedagógicas.
Segundo a conselheira Rose Neubauer, uma das autoras da norma, havia cursos em que esse índice era de 10% (ela não quis citar quais).
Pesquisa feita pela também conselheira Bernardete Gatti apontou que, no país, a média da carga para atividades práticas chega a apenas 10% em algumas áreas de formação de docentes, como a de ciências biológicas.
"Os cursos se preocupam mais em formar um físico, um químico, um matemático, do que um professor", afirmou Neubauer. Num primeiro momento, as universidades contestaram a regra, de 2012. Pediram a revogação e ameaçaram entrar na Justiça.
O conselho manteve a decisão e passou a ameaçar não conceder a renovação para funcionamento dos cursos, conforme a Folha revelou ano passado. Sem isso, não poderiam emitir diplomas.
Pressionadas, as universidades decidiram concordar com a regra. A adaptação começou neste ano e já abrangeu 44 (60%) dos cursos analisados pelo conselho. Os demais estão em processo de revisão ou sob análise.
A norma exige ainda que 50% do estágio obrigatório seja cumprido em salas de aula das escolas. Também passaram a ser obrigatórias aulas de português na graduação. As medidas valem para pedagogia e licenciatura.

Opinião: Má formação

28 de Outubro de 2015

"Concurso para professor de matemática no Rio reprova 96% dos candidatos", afirma Antônio Gois

Fonte: Blog do Antônio Gois - O Globo Online
Em agosto deste ano, a secretaria municipal de educação do Rio abriu concurso para preencher 150 vagas para professores de matemática, oferecendo salários de R$ 4.410,31 (R$ 4.974,46 com benefícios) para 40 horas semanais. Além das provas objetivas e discursivas, os candidatos precisavam enfrentar um teste prático de sala de aula. Uma das tarefas exigidas nessa atividade foi “desenvolver a construção do conceito de multiplicação ou divisão de fração". Foram 2.826 inscritos, ou 19 candidatos por vaga. Mas só 109 foram admitidos, 41 a menos do que a demanda. Em resumo, 96% dos candidatos foram reprovados.
A evidência de que temos uma grave deficiência na formação de professores não é restrita ao Rio, e o problema não começa nas universidades. No estudo “Quem quer ser professor?”, Paula Louzano, Valéria Rocha, Gabriela Moriconi e Romualdo Portela identificaram que 50% dos alunos de cursos de pedagogia vinham de famílias onde a escolaridade da mãe era igual ou inferior ao primário completo. Na engenharia, essa proporção caía para 19%. Analisando notas de candidatos do vestibular da USP, eles constataram também que, em 2010, o candidato de melhor desempenho que optou pela licenciatura em matemática ficaria longe do último aprovado em medicina. Descobriram ainda que 45% desses alunos que entraram na USP em matemática disseram que não teriam escolhido essa carreira se tivessem a chance de entrar em um curso mais seletivo.
Esses dados ajudam a explicar a constatação de outro estudo, da pesquisadora Rachel Pereira Rabelo. Ela identificou que, dos alunos que ingressaram em 2009 em licenciaturas em matemática, apenas 34% concluíram o curso. Desses que se formam em matemática e também em licenciaturas de física, biologia e química, a maioria acaba fugindo da sala de aula e procura outras profissões.
Esse grave problema seria amenizado se tivéssemos pelo menos a certeza de que a formação recebida por esses profissionais que persistem na carreira fosse adequada aos desafios que enfrentarão na prática. O alto percentual de reprovação no concurso da prefeitura indica que estamos longe disso. Outros estudos já haviam identificado o problema da má formação no Brasil, criticando, em muitos casos, o excesso de disciplinas teóricas quando comparado com a formação prática do docente. (Um dos mais citados estudos nessa linha é "Formação de professores no Brasil: características e problemas", da pesquisadora Bernadete Gatti.
Isso tudo só reforça que é preciso enfrentar urgentemente dois gargalos estruturais da educação brasileira: aumentar a atratividade da carreira docente (o que significa também salários maiores) e melhorar a formação de professores.
Sem esse passo sério, continuaremos a nos deparar com situações como a que o pesquisador Ernesto Martins Faria, da Fundação Lemann, encontrou no portal de devolutivas pedagógicas do Inep (órgão do MEC). O site traz exemplos de questões aplicadas aos alunos em testes nacionais, com comentários pedagógicos e informações sobre índices de acerto. Uma delas perguntava: “No Brasil, 3/4 da população vive na zona urbana. De que outra forma podemos representar esta fração?”. As opções eram 15%, 25%, 34% ou 75%. Somente um terço dos alunos ao final do ensino fundamental respondeu corretamente 75%, e um percentual maior (38% dos estudantes) assinalou a opção C. Ernesto Faria desconfia que, provavelmente, muitos juntaram os números 3 e 4 da fração e chutaram como resposta 34%.
O papel da escola não pode se resumir ao ensino de matemática ou português. Mas, quando dois terços dos alunos erram até uma questão básica como essa, não há dúvida de que temos um problema grave. E os professores são parte essencial da solução.

Mercadante classifica de "censura" críticas à temática feminista cobrada no Enem

28 de Outubro de 2015

Segundo ele, a edição de 2015 mostrou que a participação feminina no exame é cada vez maior

Fonte: Agência Brasil
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defendeu hoje (27) o tema adotado na redação do Enem, sobre a continuidade da violência contra as mulheres. Além disso, durante audiência pública no Senado, o ministro classificou de "censura" as críticas a uma questão que citava a escritora e filósofa feminista Simone Beauvoir.
"Sobre o tema do Enem, cito Simone de Beauvoir: 'A gente não nasce, mas se torna mulher'. O que se discute [com isso] é a condição histórica da mulher, que não votava até os anos 30 e que era tida como um ser ligeiramente acima de crianças e de loucos", destacou o ministro.
Doutrinação
Mercadante negou que o tema esteja relacionado a qualquer tipo de doutrinação, como acusaram alguns deputados, e destacou ações do governo da presidenta Dilma Rousseff em favor das mulheres. "Talvez, por termos uma presidenta mulher, avançamos muito com a Lei Maria da Penha, e contra o feminicídio. Chamar à reflexão esse tema é algo que deveria ser aplaudido", disse. "Censurar Simone de Beauvoir pode ser chamado de tudo, menos de educação", completou.
O ministro apresentou alguns dados sobre o perfil dos candidatos do Enem. Segundo ele, a edição de 2015 mostrou que a participação feminina no exame é cada vez maior. "Este ano, 57% dos candidatos são mulheres e 58% se declararam negros ou pardos. Além disso, participaram 10 mil pessoas com deficiência visual e 9 mil com deficiência auditiva".

Ministro anuncia programa de alfabetização para o Nordeste

28 de Outubro de 2015

Mercadante lembrou ainda dos resultados da ANA e anunciou a intenção de construir um material didático específico para a região

Fonte: Portal MEC
O Ministério da Educação e as secretarias de estado de educação do Nordeste criarão um programa específico de alfabetização para alunos da região. O anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante encontro dos gestores estaduais de educação do Nordeste, realizado em Salvador nesta terça-feira, 27, para discutir as ações específicas do MEC para a região.
“Estamos fazendo um projeto específico para o Nordeste, que está sendo construído pelos secretários da região. Os secretários vão coordenar e gerir o programa e o MEC dará todo o apoio necessário”, explicou. Segundo ele, o programa deve integrar o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic).
O ministro lembrou ainda dos resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização e anunciou a intenção de, em parceria com as secretarias estaduais, construir um material didático específico para a região. “A nossa avaliação é que temos excelentes experiências no Nordeste e, juntando todo este esforço, esperamos dar um grande salto”, afirmou.
A reunião discutiu ainda os programas educacionais federais, como o Pnaic, o Mais Educação e o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), com foco nas especificidades regionais. Foram abordados temas como diversidade cultural, densidade demográfica e as necessidades singulares de cada estado, para avançar na educação pública.

Crianças aprendem o tempo todo na cidade

28 de Outubro de 2015

Seminário discute a relação da criança com a cidade e como transformar experiências urbanas em aprendizados

Fonte: Portal Porvir
As crianças aprendem o tempo todo. Um simples trajeto até a escola pode estar recheado de experiências: a banca de jornal, o prédio da esquina, o movimento da rua e a convivência com pessoas. Tudo se transforma em oportunidades de aprendizagem. Nesta segunda-feira (26), em São Paulo, um seminário organizado pelo Laboratório de Educação, em parceria com a Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, levantou o debate sobre o papel da criança na cidade.
“A criança é uma cidadã desde que ela nasce. Ela não deve ser tratada como uma futura cidadã”, defende Beatriz Cardoso, diretora executiva do Laboratório de Educação. De acordo com ela, as experiências no espaço urbano são importantes para a sua formação. “É vivendo a cidade que as crianças poderão ampliar seu cotidiano, que em geral tende a ser muito controlado. As referências delas serão ampliadas em função do que podem experimentar”, relaciona.
As formas de compreender a cidade na infância variam conforme as experiências de cada criança. Para exemplificar isso, a educadora Cristina Pereira apresentou alguns perfis fictícios, como a criança que mora no centro e faz todos os seus trajetos andando, a que se locomove sozinha pelo transporte público e a que só conhece a cidade que é mostrada pela sua família. Todas aprendem coisas diferente com noções de cidade diferentes, que podem ser mais ou menos limitadas.
Durante o seminário, foram apresentadas experiências práticas de como é possível aprender com as cidades. Na Dinamarca, as crianças experimentam o espaço público ao pendurarem a chaves de casa no pescoço e irem à escola acompanhadas de colegas da vizinhança. Enquanto isso, no Japão, o movimento Independent Kids (veja o vídeo abaixo) estimula que elas possam ir sozinhas, passando por trens ou ônibus sem a companhia de um adulto. Outro exemplo mencionado foi o projeto Little Free Library, iniciado nos Estados Unidos, que transforma pequenas caixas de correio em bibliotecas gratuitas espalhadas pelas ruas de cidades.
Para trazer um exemplo nacional, a socióloga e educadora Nayara Brettas apresentou o projeto “Criança Fala: Escuta Glicério”, que realiza a escuta de meninos e meninas que vivem em cortiços na região do Glicério, em São Paulo. “Precisamos sair da nossa paralisia e ver que tudo é possível”, defende, ao mencionar a inclusão das crianças no projeto e como elas ajudam na elaboração de políticas públicas. “Não é só o que a criança aprende com a cidade, mas o que aprendemos com ela”, diz.
Embora os casos sejam exemplos bem-sucedidos de interações com o espaço público, o arquiteto Luiz Eduardo Suarian Brettas, da empresa pública SP Urbanismo, diz que ainda temos muitos desafios para incluir uma criança mais autônoma na cidade.
Para o pediatra Daniel Becker, é necessário garantir itens como transporte público de qualidade, espaços abertos e saneamento básico. Segundo ele, a vida moderna traz para a criança características que, necessariamente, não são as melhores para o seu desenvolvimento. Além da desigualdade social, que piora a situação da infância nas cidades, o médico chama atenção para outros fatores como a redução do convívio com a família, a exposição ao mundo da publicidade e a falta de interação com o espaço público, que coloca a rua como um local de perigo.
José Armênio de Brito Cruz, do Instituto Arquitetos do Brasil, reforça a ideia de que a rua ainda gera insegurança em muitos cidadãos. De acordo com ele, a cidade privatizada e o desconhecimento geram medo. Para ele, além de incentivar a apropriação do espaço, é preciso investir em qualidade de infraestrutura. “A cidade é uma obra coletiva em formação”, diz.

Oficinas de inclusão levam tecnologia a povos indígenas

28 de Outubro de 2015

Cursos de comunicação em mídias sociais reúnem alunos de diversas etnias nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas

Fonte: Portal Brasil
Nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas há muito mais do que as arenas de esporte. Os atletas brasileiros de várias etnias têm ocupado também a "Oca Digital" para participar das oficinas de tecnologia conduzidas por instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac Tocantins).
Ao todo estão sendo oferecidas oito oficinas para os indígenas, com os temas "comunicação em mídias sociais" (dias 24 e 28/10); "criando blogs interativos" (27 e 31/10); "tratamento e edição de imagens" (25 e 29/10) e "web conferências: facilidades e vantagens" (26 e 30/10). Os cursos reúnem cerca de 30 alunos por dia, das 9 horas às 11 horas.
Frederico Pires, um dos instrutores do Senac, disse que os cursos foram montados a partir das demandas apresentadas pelo Comitê Intertribal Indígena, que organiza os jogos. “A programação foi centrada nas necessidades dos povos. A gente tentou levantar quais eram as demandas e percebemos que eles tinham a vontade de usar a web para a expor a cultura deles. Então, nós estamos ensinando como criar páginas no Facebook, fazer blog interativo e até como usar as redes para divulgar os blogs que eles estão criando aqui”, explicou o instrutor.
Na aula desta segunda-feira (26), a aluna Nahuria Javaé, do Tocantins, realizou o sonho antigo de criar um blog para divulgar a cultura e os costumes do povo Javaé. “Estamos participando para poder aprender e ajudar outros índios. Minha proposta é colocar no blog os vídeos dos rituais, as festas culturais para poder mostrar para os outros tudo que nós fazemos na nossa aldeia. Eu quero que o blog também sirva para manter contato com outras etnias”, disse.
Luciana Rakibata, de Mato Grosso, buscava aprender a fazer algo mais simples: criou e começou a utilizar uma conta de e-mail. “Eu queria usar o e-mail para poder ter contato com outras pessoas. A primeira vez que eu fiz um e-mail não sabia como enviar mensagens, mas agora que eu aprendi, estou achando muito bom”, disse. Sem internet em sua aldeia, Luciana só vai poder acessar o novo e-mail nas aldeias vizinhas que ficam a mais de 14 quilômetros de distância. “Seria bom se também tivesse internet lá”.
Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas estão ocorrendo em Palmas, capital do Tocantins, e terminam no domingo (1º).

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Governo de São Paulo anuncia o fechamento de 94 escolas

26 de Outubro de 2015

Dessas unidades, 66 ficarão à disposição dos municípios para Educação de Jovens e Adultos, Centro de Educação Unificado ou creche

Fonte: Estadão.com
A Secretaria Estadual de Educação divulgou nesta segunda­feira, 26, que 94 escolas da rede serão "reorganizadas", ou seja, serão fechadas e terão de transferir seus alunos para outras unidades próximas. Dessas, 66 ficarão à disposição dos municípios para uso de Educação de Jovens e Adultos, Centro Educacional Unificado (CEU) ou creche.

A mudança, anunciada em setembro pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), prevê um arranjo nas escolas para que tenham apenas um ciclo de ensino (anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do fundamental e ensino médio). Com isso, cerca de 340 mil alunos serão transferidos para outra unidade no próximo ano e 74 mil professores serão afetados. Não foi divulgado quandos temporários serão dispensados.

Pela manhã, Alckmin afirmou que 754 escolas passarão a ter ciclo único ­ hoje são 1,5 mil ­, um aumento de 52%. Disse também que, com a reestruturação da rede, 1.197 salas serão fechadas. Segundo o secretário de Educação, Herman Voorwald, o ensino fundamental 1 ganhará 54 escolas de ciclo único, passando das atuais 778 para 832? o ensino fundamental 2 terá 360 unidades a mais neste formato (de 206 para 566)? e o ensino médio, 340 (de 459 para 799).

Voorwald apresentou dados do Idesp, principal indicador de qualidade da educação paulista, que aponta que as escolas de ciclo único têm desempenho melhor em todos os ciclos. A melhora na nota é de 5,1% nos anos iniciais, de 10,5% nos anos finais e de 28,4% no ensino médio.
A informação foi divulgada em meio a protestos quase diários de professores, pais e alunos, além de críticas do principal sindicato dos docentes no Estado, a Apeoesp, que estimava que 162 unidades seriam fechadas. A medida foi tomada após diagnóstico da secretaria que identificou 2,9 mil classes ociosas (sem turmas) em todo o Estado. Esse é um dos
principais argumentos do governo estadual a favor da alteração.
A estratégia, segundo a pasta, também é baseada em estudos que apontam melhora de até 10% no desempenho de escolas de ciclo único. Desde que a mudança foi divulgada, no entanto, os detalhes tem sido mantidos sob sigilo, o que desencadeou uma série de especulações e críticas de que a pasta pretendia apenas enxugar a rede por economia.

Conforme o Estado antecipou em setembro, entre 2000 e 2014, a rede estadual perdeu 1,8 milhão de alunos, segundo estudo da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A queda do número de crianças e jovens em idade escolar, a municipalização do ensino fundamental e a migração para a rede privada explicariam a mudança, de acordo com a pesquisa.

Por causa da diminuição de 32,2% no número de matrículas, o Estado acumulou classes (também chamadas de turmas) ociosas, criando espaços que poderiam ser mais bem aproveitados nas escolas. É com essa margem de vagas que o governo pretende separar os ciclos e distribui­los em cada unidade, unindo os alunos de uma determinada faixa. A junção deverá respeitar uma distância de até 1,5 km entre a escola atual e a nova.

"É importante escutar os problemas dos professores"

 26 de Outubro de 2015

Em entrevista, o filósofo espanhol Fernando Savater falou sobre a crise na gestão da Educação e a falta de atenção aos problemas dos professores

Fonte: Zero Hora (RS)
Espanhol, de origem basca, Fernando Savater é filósofo por formação, mas não se considera propriamente um pensador, e sim um Professor de filosofia. É no Ensino, não apenas como profissão, mas como militância, que Savater vem desenvolvendo a maior parte de sua atividade intelectual desde 1970: é autor de oito dezenas de livros, alguns traduzidos para mais de 20 idiomas, muitos deles dedicados a provocar leitores jovens sobre questões cruciais da ética e da filosofia.
Savater já teve vários de seus livros lançados no Brasil, entre eles O Valor de Educar, Política para Meu Filho e A Importância da Escolha (pela Editora Planeta) e Ética Urgente (pela Editora do Sesc). Seus lançamentos mais recentes no país estão saindo na próxima semana pela L&PM, A Aventura do Pensamento e Lugares Mágicos: os Escritores e Suas Cidades (leia mais na página ao lado).Savater é o convidado desta segunda, dia 26, no ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento.
Por e-mail, ele concedeu a seguinte entrevista ao PrOA, na qual discorreu sobre focos de crise na gestão da Educação, a falta de atenção aos problemas dos Professores, a diferença entre problemas éticos individuais e problemas políticos sociais, a promoção da leitura e os desafios da Educação no ambiente virtual, um espaço ao mesmo tempo desafiador, perigoso e libertário
.Como filósofo, um de seus temas recorrentes é a ética. O Brasil atravessa hoje o que muitos observadores interpretam como uma grave crise ética, marcada por escândalos de corrupção nos mais altos cargos da república e em praticamente todo o espectro partidário. O que um quadro como esse revela sobre o estado da ética na sociedade como um todo? O que se pode fazer para superar uma crise desse tipo?
Fui Professor de ética por mais de 30 anos e dei aulas sobre o assunto em muitos países. Bem, durante todo esse tempo e em todos os lugares que visitei, as pessoas sempre me disseram que seu país estava em uma crise moral terrível. Aparentemente, a ética foi sempre um problema dos outros (políticos, banqueiros, militares etc.) e vivia-se em uma perpétua situação de crise. Lembrei-me do início de um conto de Borges, em que, falando sobre um antepassado seu, ele diz: “Couberam-lhe, como a todos os homens, maus tempos para viver”. A corrupção dos políticos e dos governantes é um problema ético somente para cada um deles, pessoalmente (se um ministro gasta o dinheiro destinado a um hospital infantil em uma viagem de lazer para o Caribe com uma amiga, certamente tem um problema moral), mas, nessa mesma hipótese, os cidadãos têm um problema político, não moral. A corrupção, presente no Brasil, na Espanha e em muitos outros lugares, que afeta aos políticos e a esses outros políticos que são os cidadãos, levanta a questão de como podemos tornar a impunidade dos crimes impossível e impedir as más práticas públicas, mas não de como fazer com que todos os homens empreguem bem sua liberdade.
O senhor tem escrito livros de filosofia para os jovens. Entende que a filosofia tem sido negligenciada para as novas gerações? O que espera alcançar com essas obras?
Eu não me considero um filósofo, com maiúscula, como Spinoza ou Kant, e sim um simples Professor de filosofia. Acho que se os jovens aprenderem a prática da filosofia (e não apenas de dados, datas e nomes dos movimentos intelectuais, é claro), poderão dar mais profundidade humana para suas vidas e talvez pensar melhor sobre as questões que os cercam. Meus livros são destinados a ajudar os recém-chegados a conhecer essa tradição emancipadora, com base em dúvidas estimulantes e não em certezas rotineiras.
No Brasil, a Escola funciona como um mecanismo de reprodução da desigualdade social. Crianças pobres vão para Escolas públicas de qualidade deficiente, enquanto crianças de posses estudam em colégios privados em que a qualidade, muitas vezes, corresponde àquilo que a família pode pagar. Que mensagem um sistema assim passa à sociedade?
Envia a mensagem de um país mal governado, onde as pessoas não se importam o suficiente com a Educação ao votar ou ao exigir dos eleitos que cumpram suas obrigações neste campo (e esse não é um problema exclusivo do Brasil, é claro, na Espanha acontece o mesmo). Os governos não se preocupam muito com a Educação, porque os seus efeitos só são sentidos no longo prazo, e os políticos só planejam o futuro a algumas semanas de distância; de modo que são os cidadãos que devem insistir na importância desta questão. Uma boa Educação pública é um elemento mais revolucionário de equiparação social do que qualquer sublevação violenta.O Brasil também tem enfrentado outro problema: a carreira de Professor não parece atraente para muitos jovens, e a procura por faculdades na área vem diminuindo.
O ex-ministro da Educação do Brasil, Renato Janine Ribeiro, recentemente se referiu ao risco de um “apagão” de Professores no sistema de Educação. Que riscos uma situação dessas pode trazer para um país em desenvolvimento?
Riscos gravíssimos. Os Professores são o fundamento da democracia, e eu diria que também da civilização. Sem eles, há apenas a barbárie da elite tecnológica e a arrogância brutal dos plutocratas latifundiários ou financeiros. É uma obrigação racional de todos tornar a carreira de Professor atraente, dotá-la de uma boa preparação e de uma remuneração adequada. Acima de tudo, é importante que a cidadania escute os problemas e as advertências dos Professores, converta-os em protagonistas sociais, limpe as suas fileiras de sindicalistas corruptos. Só então poderá exigir deles as responsabilidades de sua alta função, que não consiste em orientar meninos e adolescentes para que sejam revolucionários ou conservadores, e sim para que conheçam os requisitos da cidadania democrática e a exerçam como acharem melhor.
A promoção da leitura na Escola tem sido muito discutida em termos duais: para alguns, as aulas de literatura devem apresentar ao Aluno os clássicos que formam um cânone; para outros, deve ser encorajada a leitura com livros contemporâneos que os adolescentes e as crianças podem desfrutar com prazer. Qual sua opinião neste debate?
Em minha opinião, o importante é contagiar os jovens com o amor pela leitura, e não com a veneração aos clássicos. Esta última virá depois, se vier, e se não vier, o mundo não vai afundar por isso. Assim, os jovens devem ler o que eles gostam, não o que a maioria de seus Professores de literatura aprecia. Que leiam Harry Potter e mais tarde, como tema acadêmico, conheçam Machado de Assis.
O senhor se posicionou contra o nacionalismo do País Basco, sua região de origem, tendo inclusive de receber proteção por causa de ameaças. Nesse contexto, que consequências para a Espanha e a Europa antevê na atual situação catalã, em que partidos separatistas saíram vitoriosos na última eleição?
A situação atual é muito grave, porque os separatismos nacionalistas ameaçam a unidade da cidadania. Um cidadão não é alguém que faz parte de um território ou de uma etnia, mas sim de um pacto constitucional a partir do qual cada um pode orientar sua identidade e sua opção de vida como melhor escolher. Nada é mais reacionário e antidemocrático que despedaçar um Estado de Direito e transformá-lo em um arquipélago de tribos étnicas.
Do ponto de vista ético, como o senhor analisa as posições de diferentes populações e governos diante da atual crise de refugiados na Europa?
Não se trata de um problema meramente ético, ou seja, de pessoas, e sim político, quer dizer, das autoridades europeias. Os refugiados políticos e os imigrantes econômicos devem ser acolhidos não apenas por humanidade, mas também porque podem ser imprescindíveis para o desenvolvimento de países com taxas de natalidade mais baixa. Mas é preciso dar-lhes condições dignas de vida e trabalho, assim como tentar ajudá-los em seus países de origem para que não precisem fazer os deslocamentos forçados que impõem tantos sacrifícios vitais. Não é apenas uma questão de boa vontade, e sim de uma reflexão inteligente sobre a melhor forma de organizar este fluxo agora tão caótico.Muitas subculturas da atual sociedade de informação servem-se frequentemente do anonimato e do efeito manada em redes sociais para orquestrar perseguições em grupo e bullying, não importando a idade.
Que desafios este contexto oferece ao Ensino da ética?
O sentimento de impunidade oriundo do anonimato é uma das piores ameaças enfrentadas pela rede. Onde não há responsabilidade pessoal, a moral desaparece. Portanto, devemos garantir que não haja, nas redes sociais, nem impunidade, nem assédio, nem abusos contra pessoas ou roubos de propriedade intelectual. Lá onde os humanos exercemos nossa liberdade, deve haver leis, caso contrário, o que se favorece não é a liberdade, e sim a tirania dos piores.