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domingo, 31 de janeiro de 2016

Carlos Alberto Rabaça: Pátria Educadora?

31 de Janeiro de 2016

Fonte: O Dia

Rio - Qual o papel da Educação num país em que não há mais visão clara de futuro? Que função devem desempenhar os educadores quando os jovens se defrontam com profundas incertezas quanto à sua sorte e às expectativas de vida estável numa sociedade em crise de valores?
Diante das desconcertantes características do momento brasileiro, muitos jovens tendem a se isolar no mundo on-line de relacionamentos virtuais, na depressão, no abuso do álcool ou de drogas. Outros se lançam a formas violentas de comportamento, como gangues de rua e grupos de protesto difuso, recursos usados pelos excluídos do mundo do consumo, mas ávidos por participar do mercado.
Indiferentes às angústias da juventude, Executivo e Legislativo se alheiam à decisão de enfatizar a Educação como prioridade e deixam claro que o “problema dos jovens” não é mais prepará-los como futura elite política e cultural da nação, mas apenas adestrá-los para o consumo, distanciando seus destinos de princípios morais e éticos.
Os valores do mundo de consumo exigem que as pessoas esqueçam hoje o que aprenderamontem e aprendam hoje o que devem esquecer amanhã. Sendo assim, qual a tarefa da Educação nesse universo que dispensa a aprendizagem e desdenha a acumulação de conhecimentos?
Reflitamos, então, sobre a realidade da Educação. O Estado aplicou só 27% do valor previsto para 2015, a menor taxa de investimento em nove anos. A crise financeira comprometeu melhorias em escolas do Rio. O cenário de abandono é trágico. O corte de investimentos é grave. Uma boa escola deve ter, no mínimo, infraestrutura de salas de aula e recreio. A característica da rede escolar, de uso constante dos prédios, demanda permanente manutenção, o que não vem sendo feito.
Assim, não tem como haver qualidade do ensino, do trabalho pedagógico. Apesar de o acesso à Educação avançar, a universalização não é alcançada. Em média, 7,6% dos alunos abandonam os estudos no Ensino Médio. Dados reunidos pela ONG Todos pela Educação mostram, no entanto, haver impossibilidade, neste ano, da universalização do atendimento para crianças e adolescentes, entre 4 e 17 anos. Portanto, continuamos aquém de nossa responsabilidade social, sem sermos a “Pátria Educadora”.
Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor

sábado, 30 de janeiro de 2016

Justiça acata liminar e bloqueia recursos do antigo Fundef

30 de Janeiro de 2016

Fonte:O Povo

Em decisão proferida ontem, o Tribunal Regional Federal (5ª Região), em Recife, bloqueou 60% dos recursos que a União repassou à Prefeitura de Fortaleza, em dezembro do ano passado, como forma de compensar o Município por gastos feitos com o antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef,hoje Fundeb). 

A liminar deferida atende a recurso do Sindicato dos Professores e Servidores no Estado do Ceará (Apeoc). A entidade já havia entrado com pedido de suspensão de uso do recurso, em torno do qual docentes e Município travam uma queda de braço, mas o argumento foi rejeitado pela Justiça Federal no Ceará. 

Assinada pelo desembargador Élio Wanderley Siqueira, a decisão do TRF-5 congela a utilização de 60% dos R$ 361.905.575,31 recebidos pela Prefeitura, valor atualizado desde 2013, quando o Município entrou na Justiça (naquele ano, o recurso devido pela União somava R$ 289 milhões). 

“Com efeito”, escreve o magistrado na liminar, “a utilização desses valores pelo Tesouro Municipal, sem qualquer restrição, estaria em desacordo com a Lei, posto que o Município agravado destinaria, indiretamente, para outros fins, receitas asseguradas pela Constituição Federal destinadas à manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental”. 

O juiz continua: “O caso em análise (da verba extra) trata de complemento de receitas previstas no artigo 60, do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) e, portanto, há de ser considerado para o cálculo do Fundef, que é, na verdade, a fonte de onde se originou essa receita”.

Para o desembargador, qualquer gasto em área que não a da educação configuraria “possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação”. Segundo a decisão de Élio Wanderley Siqueira, a Prefeitura pode dispor do percentual restante - 40%.

Desde o início do ano, professores e Prefeitura discutem sobre a destinação dos recursos, cuja origem remonta à gestão da ex-prefeita Luizianne Lins (PT). À época, o Tesouro Municipal complementou receita insuficiente para cobrir despesas com 

o Fundef. A Prefeitura entrou na Justiça para garantir pagamento do que havia custeado por conta própria. No fim do ano passado, a Justiça deu ganho de causa ao Município. 

Em entrevista ao O POVO, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) afirmou que empregaria o dinheiro extra noutras áreas da cidade e não apenas na educação. Os docentes, porém, reivindicam gasto de cota prevista ao pagamento do magistério. 

O POVO entrou em contato com a Prefeitura na noite de ontem. Por meio da assessoria, o Município informou que só se manifestaria depois de notificado pela Justiça.

Números
R$ 361 milhões é o valor atualizado dos recursos enviados pela União para a Prefeitura

60%
Foi o percentual bloqueado pela Justiça. É a mesma cota que professores exigem

Para entender

8/1/2016. Verba extra provoca embate entre RC e professores 
Segundo a categoria, a Prefeitura não teria dado garantias de que empregaria o dinheiro na remuneração do magistério. Eles cobram que 60% seja destinado ao pagamento de professores. A Prefeitura contra-argumenta que a quantia já havia sido paga na gestão anterior e o dinheiro seria para reembolsar Tesouro. 
 
18/1. Verba vai para obras em saúde e educação
De acordo com o prefeito Roberto Cláudio (PDT), os recursos seriam utilizados, entre outros, em obras de infraestrutura, na educação e na saúde. 

21/1. RC é notificado
O prefeito Roberto Cláudio e a Secretaria da Educação foram oficiados pelo MPCE em ação sobre o uso da verba de R$ 289 milhões repassada pela União.

28.1. MP dá 10 dias para Prefeitura se explicar
Prefeitura tem de provar que gastou verba a mais do Tesouro. no passado, com educação.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Além da adição

29 de Janeiro de 2016

Fonte: Folha de São Paulo

O novo diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, é exato com as palavras: "A formação do professor é catastrófica", afirmou em entrevista à Folha publicada nesta quinta (28).
Viana aponta a deficiência no preparo de docentes de matemática, acertadamente, como uma das principais razões para a disseminada incompetência dos alunos brasileiros nessa matéria.
A instituição que dirige conta com alguns dos melhores matemáticos do mundo, mas ele assinala que meros 4% de nossos estudantes dominam o suficiente nessa disciplina para qualificar-se a trabalhar no setor de tecnologia.
É de acabrunhar, de fato. Mais de dois terços (67,1%) dos brasileiros de 15 anos avaliados no exame internacional Pisa, em 2012, revelaram baixo rendimento. Ninguém pode conformar-se com ver o Brasil na faixa entre a 57ª e a 60ª colocação em um ranking com 65 nações.
Dito isso, há que registrar o fato de o país ter melhorado nessa matéria ao mesmo tempo em que atraía mais jovens para os bancos escolares –a imperativa inclusão de alunos pobres, afinal, tende a rebaixar o rendimento acadêmico.
Em 2003, 35% dos jovens de 15 anos estavam fora da escola, grupo que se reduziu a 22% em 2012. Nesse período, a média de desempenho dos estudantes aumentou de 356 para 391 pontos, o maior ganho registrado pelo Pisa no intervalo.
Para a continuidade e aceleração desse progresso ainda tímido, uma ferramenta decisiva será a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), se e quando chegar a bom termo o processo tortuoso de sua formulação pelo MEC.
A BNCC possibilitará dar foco aos ultrateóricos cursos de licenciatura, pois deixará claro aquilo que o docente terá obrigação de ensinar. Felizmente, o capítulo de matemática está mais bem encaminhado do que os de língua e literatura e de ciências humanas, contaminados por ideologias pedagógicas e políticas.
A base, contudo, constitui apenas um fundamento (perdoe-se o pleonasmo). Sobre ela terão de mobilizar-se pais, mestres e diretores de escola para garantir que nossos jovens aprendam aquele mínimo de matemática sem o qual ninguém pode tornar-se cidadão pleno do século 21.

No Canal Futura: A escola pública, ontem e hoje, pelo olhar de duas professoras

29 de Janeiro de 2016

Fonte: O Globo

Em reportagem da qual participei no Canal Futura, discutimos, a partir do olhar de duas professoras, as mudanças que ocorreram na educação brasileira desde o século passado. Esse tema sempre me fascinou pois ainda é comum escutar relatos pessoais de que a educação brasileira, "naquela época", era de qualidade. Não é possível comparar as duas épocas por meio de avaliações padronizadas, que só começaram a ser apliadas em larga escala no Brasil em meados da década de 90. Mas é bem provável que a afirmação seja verdadeira se considerarmos que houve um tempo em que o magistério era concorrido (em parte por que as mulheres da elite não tinham outras opções no mercado de trabalho) e que os alunos vinham de famílias menos vulneráveis. Era sem dúvida um outro sistema educacional, mas que atendia a poucos. Como cito no início da reportagem abaixo, apenas 31% das crianças entre 7 e 14 anos estudavam em 1940, segundo o IBGE. Hoje, o percentual nesta faixa etária chega a 98%. A escola pública, portanto, é hoje mais democrática. Mas está longe ainda de garantir qualidade para todos. 

Link para o vídeo:
http://blogs.oglobo.globo.com/antonio-gois/post/no-canal-futura-escola-publica-ontem-e-hoje-pelo-olhar-de-duas-professoras.html

Procuram-se alunos

29 de Janeiro de 2016

Fonte: Diário de Cuiabá

Estimativa da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) aponta que há pelo menos 40 mil vagas sobrando em Mato Grosso à espera de alunos para o Ensino Médio neste ano letivo de 2016. O mesmo acontece para o Ensino Fundamental em Cuiabá e Várzea Grande, informaram as Secretarias de Educação de cada cidade nesta quinta-feira (28). 

Até quarta-feira (27), o Estado já havia conseguido realizar 367.374 matrículas. Apesar de o sistema online ter encerrado o prazo para matrícula no dia 19 passado, as matrículas presenciais seguem enquanto houver vaga. “O sistema online é feito para que não haja congestionamentos, filas, pessoas na chuva, no sol, dormindo nas portas das unidades. Ele existe para amenizar esse tipo de situação nas escolas mais visadas, como Liceu Cuiabano e Presidente Médici”, explicou a assessoria de comunicação da Seduc. 

Assim, a Seduc garante que “nenhum aluno vai ficar sem estudar”, pois enquanto houver vagas, matrículas podem ser feitas. À parte a preferência dos pais e responsáveis por escolas da região central das cidades, o método de ensino e o sistema de educação são os mesmos, mas há uma preferência adicional -- as escolas concessionadas, como a Souza Bandeira (localizada na Avenida Fernando Correa, em Cuiabá), escola cuidada por irmãs católicas, por exemplo, nunca tem vagas sobrando, mas na Raimundo Pinheiro, praticamente ao lado, há vagas de sobra. O mesmo acontece no Liceu Cuiabano, centro da Capital. 

Também ainda há vagas nos centros de Educação de Jovens e Adultos (EJA), nas escolas quilombolas, indígenas e nas do campo. 

DIFICULDADES -- O grande problema mesmo quando se fala em matrícula em escolas públicas reside nos primeiros anos de vida, pois há sempre dificuldades em conseguir vaga nas creches e pré-escolas. 

“As vagas já foram preenchidas. Para crianças de zero a três anos e 11 meses. A pré-escola de quatro e cinco anos, ensino fundamental, de seis a quatorze anos. Só a partir daí é que há vagas, apesar a ser responsabilidade do Estado”, explicou. 

Há exceções quanto a essa regra: caso haja aluno de idade avançada, mas que não cumpriu o ensino fundamental, segue sob responsabilidade da prefeitura, por meio do EJA, sempre no período noturno. 

META DAS CRECHES -- A secretaria municipal de Educação de Cuiabá anunciou uma meta ambiciosa no começo da gestão do prefeito Mauro Mendes: a de inaugurar uma creche por mês até o fim da gestão. Mas vieram as dificuldades habituais ,com arrecadação e os cortes do governo federal, e agora a ideia já não é bem assim. “A meta não era entregar uma por mês, mas ao fim da gestão de quatro anos, entregar 48 novas creches. Hoje, temos 51 creches, nove centros municipais de educação infantil, que atendem crianças de zero a três anos, e algumas unidades de escola que também atendem crianças até três anos”, diz a representante da secretaria municipal. 

Ainda segundo o município, há seis centros de educação infantil já construídos em funcionamento, outros 22 estão em andamento atendendo crianças de zero a três anos e de quatro e cinco anos. Os planos nacionais e municipais de educação preveem como uma das metas atender até o fim deste ano 100% das crianças de quatro e cinco anos. Quanto às creches, não há o atendimento total, mas o plano é até 2024 para atender 50% da demanda.

Programa Aluno Presente dribla a evasão escolar e traz crianças cariocas de volta à sala de aula

29 de Fevereiro de 2016

Fonte: Fundação Telefônica

Aqueles ritos que precedem a ida à escola, como arrumar os cadernos na mochila, colocá-la nas costas e abrir o portão luminoso de sol para ir estudar não fazem parte da rotina de muitos meninos e meninas no Brasil. Segundo levantamento feito pela plataforma Todos Pela Educação, em 2014, foram contabilizadas 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora do ambiente escolar. Quando o escritor Rubem Alves fala das escolas que são asas, “que existem para dar aos pássaros coragem para voar”, fica também o anseio de que esses alunos tenham possibilidade de frequentar o espaço de aprender e brincar.
No município do Rio de Janeiro, o cenário de evasão escolar é perpendicular ao caminho da desigualdade social. Na “cidade partida”, como bem a chamou o escritor Zuenir Ventura, é nas comunidades vulneráveis que estão os índicesmais altos de evasão escolar. Em 2014, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE) constatou que 24.417 crianças e adolescentes estavam fora das escolas na cidade, composto por uma rede de 11 coordenadorias regionais de educação.
Fazer com que as asas das crianças batam e avoem para dentro da sala de aula é a missão do projeto Aluno Presente. Atuando desde o final de 2013 no município do Rio de Janeiro, o programa é trabalho da Associação Cidade Escola Aprendiz, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro. Ele também integra a ação internacional Educate a Child, que atua em 32 países, com a missão de garantir que as crianças tenham direito à educação básica para se desenvolver plenamente.
O Aluno Presente é uma iniciativa cujo nome se autoexplica: trata-se de unir forças para fazer com que as crianças estejam na escola, diminuindo assim os altos índices de evasão. Para tanto, o projeto trança uma rede de atuação entre a família, a escola e a comunidade onde a criança que evade está inserida. Para identificá-las, foi necessário um trabalho hercúleo e pioneiro: mapear socioterritorialmente o município, subir e descer as quentes ladeiras cariocas para entender o ecossistema que favorece a ausência escolar.
O apoio de dois agentes é fundamental para o projeto. Um deles é o Observatório das Favelas, rede carioca de promoção aos direitos humanos. Com sua experiência em atuação nas comunidades, a equipe mapeou as regiões onde as crianças evadiam com mais frequência. E o segundo parceiro é a própria Secretaria, que, de acordo com Julia Ventura, gestora do Aluno Presente, “fornece listas com os dados das crianças que estão infrequentes ou que evadiram e abandonaram. Elas chegam até nós de três a quatro vezes por ano, com os dados da residência e contatos dos familiares”. Com o cruzamento dos dados, traçou-se um perfil do aluno que evade – culminando em um estudo inédito e de serviço público inegável (confira, abaixo, os resultados em destaque). 
                           
Contatar essas famílias é o primeiro passo na criação de um vínculo que permita a criança voltar a estudar. Os mais de 50 articuladores do programa, com base na lista de alunos recebida, fazem visitas às famílias. “A primeira pergunta que fazemos, ao iniciar a abordagem, é o motivo de a criança estar fora da escola. O articulador, ao longo do acompanhamento, qualifica a informação, que pode ir mudando porque os pais escolheram em um primeiro momento não revelar o motivo real. Qualificamos, então, o resultado de forma bastante elaborada e encaminhamos para as secretarias e para as CRES, para criarmos juntos uma solução”, explica Julia.
A gestora relata também que, com base na pesquisa, determinaram-se quais são os fatores que fazem a criança evadir. “As famílias desses alunos têm instabilidade de endereço muito grande, mudando não apenas dentro do município, mas também para outros estados. No momento da mudança, a criança sai da escola e corre o risco de não voltar nos próximos anos letivos.”
Existe, inclusive, a questão da prestação de serviços da escola, que oferece uma vaga que não é compatível com as necessidades da criança – ou pela localização, ou por uma dinâmica de fronteiras simbólicas que acontece nas comunidades. “Às vezes, a família não consegue atravessar a rua para ir para escola em razão de um conflito. Isso tem de ser considerado”, reforça Julia. Outra motivação relevante é o desinteresse com relação à escolarização. “Muitas vezes, o discurso de não interesse aparece dentro da família, ou até mesmo a criança, que diz não querer ou não ter motivos para estudar.”
Crédito: Divulgação
Leitura do mundo
O trabalho também depende muito da interação com o entorno – são mais de 1,4 mil as instituições parceiras do Programa Aluno Presente. Com uma rede tão fortificada, o projeto é capaz de adentrar territórios que outras instituições, até mesmo secretarias, não alcançam. “Temos um mecanismo de comunicação muito intenso com os locais para saber como está o território. Tomamos todos os cuidados; se, por exemplo, acontece algum conflito, nos programamos para ir aos horários mais tranquilos e continuar atuando, com toda a segurança possível”, conta Julia.
Os articuladores dentro das 800 escolas com os quais o projeto tem relação direta estão em contato permanente com seus coordenadores pedagógicos, criando com eles soluções e referências no tocante à evasão. Em fase piloto, um projeto também está sendo testado dentro de cinco escolas, em um trabalho com os grêmios escolares para mapear o que causa uma segunda evasão e o que pode ser feito para tornar a escola uma ambiente mais atraente.

Crédito: Divulgação
Nestes dois anos de atuação, 11.002 crianças e adolescentes retornaram à escola. No formato em que foi criado, o projeto está previsto para terminar em dezembro de 2016, mas pretende-se que o legado consolidado da iniciativa se torne política pública. “Temos feito um trabalho de sistematização das ações e dos resultados para que seja deixada uma memória metodológica de estratégia e intervenção no território”, ressalta a gestora.
Iniciativas assim, de efeito social multiplicador, podem ser aplicadas em outros municípios do Brasil, respeitando as particularidades de cada localidade, articulado com escolas, poderes públicos e comunidade. É a cidade não só educando, mas retornando às crianças às escolas. E fazendo-as ficar. 

    quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

    É preciso pensar em estratégias para manter jovens na escola

    28 de Janeiro de 2016

    Fonte: CBN

    Link para ouvir:

    http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/escola-da-vida/2016/01/28/E-PRECISO-PENSAR-EM-ESTRATEGIAS-PARA-MANTER-JOVENS-NA-ESCOLA.htm

    Pesquisa do Banco Mundial revelou que um em cada cinco jovens entre 15 e 24 anos não estuda e nem trabalha na América Latina. No estado do Rio, cerca de 20% da população nessa faixa etária se enquadra nesse perfil, segundo dados do IBGE.

    Comissão aprova mudança no cálculo do custo-aluno da rede escolar pública

    28 de Janeiro de 2016

    Fonte: Câmara Notícias

    A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou projeto que atualiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei 9.394/96) para obrigar a União a incluir todo o ciclo básico educacional (ensino infantil, fundamental e médio) no cálculo do custo mínimo por aluno (PL 5344/09, do Senado).
    O custo mínimo refere-se ao custo anual que o governo considera para manter um aluno na rede pública de ensino. O valor é regionalizado e transferido para estados, Distrito Federal e municípios.
    Atualmente, a LDB exige que o valor do chamado Custo Aluno leve em conta apenas o ensino fundamental. A mudança aprovada na comissão é apenas de forma, pois, na prática, a lei que criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb - Lei 11.494/07) já exige que o Custo Aluno inclua todas as etapas da educação escolar.
    Alteração
    O projeto recebeu parecer favorável do relator, deputado Andres Sanchez (PT-SP). A versão aprovada é semelhante à que saiu da Comissão de Educação, onde o projeto foi votado em 2011.
    Sanchez fez apenas uma alteração: retirou um dispositivo que obrigava a União a incluir, no cálculo do Custo Aluno, padrões mínimos de infraestrutura das escolas. O deputado explicou que isso elevaria as despesas públicas de forma permanente, e o texto da Comissão de Educação não estimou o impacto orçamentário da medida e nem como esse gasto seria custeado, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00).
    Texto original
    Originalmente, o texto obriga as escolas públicas e privadas de educação básica a comprovar a existência de áreas cobertas destinadas à prática de educação física, esportes e recreação como requisito essencial para seus credenciamentos.
    Sanchez pediu a rejeição dos projetos que tramitam apensados ao PL 5344 (5384/09, 6272/09, 7331/09, 1006/11 e 1158/11) por incompatibilidade com as normas orçamentárias. As propostas elevam os gastos públicos sem indicar as fontes de financiamento.
    Tramitação
    O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado agora na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

    ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

    Reportagem - Janary Júnior
    Edição - Marcia Becker

    Pesquisa revela grande índice de estudantes que, além de estudar, já têm uma profissão

    28 de Janeiro de 2016

    Fonte:Zero Hora

    Uma pesquisa inédita revelou que um a cada três jovens que cursam os últimos anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio na rede pública abandonam os estudos para se dedicar ao trabalho. O levantamento foi realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) em parceria com a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura e o Ministério da Educação (MEC). O resultado das entrevistas feitas com 8.283 alunos de 10 cidades brasileiras foi publicado no livro Juventudes na escola, sentidos e buscas: Por que frequentam?.

    Foram ouvidos alunos com idades entre 15 a 29 anos, matriculados no Ensino Médio da rede pública, na Educação de Jovens e Adultos (EJA) ou no  programa Projovem Urbano. Eles responderam questões que tinham como objetivo principal esclarecer a relação da nova juventude com a escola: qual o sentido dela em suas vidas, o que eles buscam nela e o que os motiva a frequentá-la. Durante as entrevistas, os pesquisadores identificaram que 20% dos frequentadores do Ensino Médio, além dos estudos, mantêm uma jornada de trabalho de oito horas diárias. Esse percentual chega a 40% no caso de alunos da EJA.

    – Isso não é uma novidade. A América Latina inteira, e o Brasil tanto quanto, têm um perfil de estudantes trabalhadores. A gente não pode naturalizar isso, mas também não pode pedir para que o aluno deixe de trabalhar. Essa é a nossa condição de país de terceiro mundo. Crescemos entendendo o trabalho como parte do processo de educação – afirma a professora do programa de pós-graduação em Educação da Unisinos, Edla Eggert.

    Para a professora da Universidade Católica de Salvador e uma das coordenadoras do estudo, Mary Castro, a grande supresa apresentada pela pesquisa é a revelação de que os jovens brasileiros abandonam os estudos cada vez mais cedo para ingressar no mercado de trabalho:

    – Na EJA e no Projovem, isso já era esperado, que é o caso dos jovens que saíram da escola e depois retornaram. O que nos surpreendeu é a alta proporção, de um a cada três jovens, que abandonou os estudos nos últimos dois anos do Ensino Fundamental e no Ensino Médio para trabalhar. E esse número vem aumentando.
    Escolas têm de se adaptar
    Segundo Edla, esses dados sinalizam um novo caminho para a educação nacional, que deve investir no diálogo com os alunos para compreender mais as suas diferentes realidades.

    – É um tema importante para reafirmar a importância de as escolas se convencerem que nós temos alunas e alunos trabalhadores. Então, esta instituição não pode ter o modelo europeu ou americano, que o aluno tem que só estudar e ponto. A gente também aprende trabalhando. É o princípio educativo: quando a escola considera a experiência de quem trabalha, ela vai levar em conta a questão do tempo, que é diferente nesses casos – avalia Edla.

    A pesquisadora cita um exemplo simples da percepção do tempo para alunos trabalhadores:

    – Se eu tenho o trabalhador que chega na sala de aula às 19h30min sem comer, eu não posso ser rígida ao ponto de dizer que ele não pode comer. Como eu não vou entender a importância desse aluno poder lanchar antes da aula? A escola precisa pensar formas para acolher esse estudante. São coisas muito simples que podem fazer com que ele seja considerado no seu contexto mais amplo.

    Os estados onde mais adolescentes abandonam a sala de aula

    28 de Janeiro de 2016

    Fonte: Exame

    São Paulo – Aulas pouco atrativas, falta de infraestrutura nas escolas ou necessidade de conciliar os estudos com o trabalho são apenas alguns fatores que podem explicar o que leva um adolescente a abandonar a escola. No Brasil, 7,6% dos jovens matriculados no ensino médio desistem das aulas antes de se formarem. 
    O percentual, considerado alto, já foi bem pior – em 2006, por exemplo, 15,3% dos jovens matriculados nesta etapa abandonaram os estudos.
    O momento em que mais gente sai das escolas é o 1° ano do ensino médio. A explicação, segundo especialistas, é que muitos jovens chegam a um novo ciclo sem o conhecimento básico da etapa anterior. Ao encontrar dificuldades para acompanhar o conteúdo ministrado em aula, acabam deixando as aulas de lado.
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    Longe das escolas, esses meninos e meninas terão muito menos chances no mercado de trabalho e poderão receber salários até 35% menores se comparados aos que conquistaram o diploma do ensino médio.
    Raio-x dos estados
    O Pará é quem lidera a lista dos estados com o maior percentual de adolescentes que abandonam o ensino médio. No 1° ano, por exemplo, quase 20% dos adolescentes paraenses deixam a sala de aula. Na outra ponta, aparece o Pernambuco – onde 3,2% dos jovens desistem dos estudos. 
    No gráfico abaixo, você encontra a taxa média de abandono do ensino médio em cada estado. Ela é calculada a partir do índice de desistência do 1° ao 4° ano (no caso de ensino técnico). Na conta, também entra o percentual de jovens que abandonam as salas não-seriadas (quando não há separação por ano).
    Os dados do Inep/MEC se referem ao ano de 2014 e foram analisados pelo Todos pela Educação. 
    Os estados onde mais jovens deixam as salas de aula antes do tempo
    ParáAlagoasPiauíSergipeParaíbaAmapáMato GrossoAmazonasAcreRio Grande do NorteBahiaMaranhãoRondôniaRoraimaMato Grosso do SulTocantinsCearáRio Grande do SulMinas GeraisEspírito SantoParanáSanta CatarinaGoiásRio de JaneiroDistrito FederalSão PauloPernambuco02468101214161816,118,815,712,613,917,413,19,713,717,412,89,613,617,112,88,612,716,8117,912,615,711,19,412,415,79,98,812,214,7128,810,513,68,48,11012,69,46,81012,29,47,79,811,99,479,311,58,86,18,311,36,84,98,210,17,35,98,110,47,84,87,910,57,45,17,910,37,64,67,58,98,14,86,89,26,13,66,886,95,46,58,55,74,35,87,45,54,25,67,25,23,35,26,94,634,25,24,22,93,242,42,9% em relação ao total de matriculados
    Taxa média de abandono
    Abandono no 1° ano
    Abandono no 2° ano
    Abandono no 3° ano