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terça-feira, 30 de abril de 2013

Professores da rede municipal decretam greve


30/04/2013
Profissionais de educação da re­de municipal de São Paulo fize­ram ontem à tarde manifesta­ção em frente à Prefeitura, no centro, e chegaram a fechar a Rua Libero Badaró e o Viaduto do Chá. Os manifestantes, liga­dos ao Sindicato dos Profissio­nais em Educação Municipal (Sinpeem), decidiram entrar em greve na sexta-feira.
Entre as reivindicações estão reajustes de 6,55% retroativo a maio de 2011, 4,61% (maio de 2012) e mais 5,6% neste ano. O governo propôs reajuste de 0,82%, além de 11,46%, em cin­co parcelas, a partir de 2014. Os professores não aceitaram.
A Prefeitura vai receber hoje a categoria, como parte do Siste- : ma de Negociação Permanente da Prefeitura (Sinp). Estima-se que 5 mil pessoas participaram do ato, mas a Prefeitura não in­formou a adesão à paralisação. Houve escolas onde mais da me­tade dos servidores faltaram.
Os professores do Estado de São Paulo também estão em gre­ve desde de 22 de abril. Eles exi­gem reajuste de 36,74%.

Dilma insistirá em recursos do pré-sal para educação

30/04/2013
A presidente Dilma Rousseff disse que enviará nova proposta ao Congresso para que os recursos dos royalties do pré-sal sejam destinados exclusivamente para a educação. O anúncio foi feito em Campo Grande (MS), durante a entrega de 300 ônibus escolares. Dilma foi vaiada em protesto de produtores rurais. Os manifestantes cobravam do governo a suspensão das demarcações de terras indígenas até que o Supremo Tribunal Federal se manifeste.
Dilma vai enviar nova MP sobre pré-sal para educação

Em Campo Grande, presidente diz que vai insistir na proposta que vincula recursos dos royalties do petróleo
Luciana Nunes Leal/CAMPO GRANDE

A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem que vai insistir na destinação exclusiva dos recursos dos royalties do petróleo e do pré-sal para a educação. Durante discurso em Campo Grande, onde entregou300 ônibus escolares a 78 municípios de Mato Grosso do Sul, Dilma anunciou que uma nova proposta será encaminhada ao Congresso Nacional.
Depois de a presidente vetar o trecho da lei do petróleo que distribuía os recursos entre vários setores, 0 governo editou em dezembro uma medida provisória que determina que os recursos sejam destinados à educação, mas a MP não foi votada no Congresso e perde a validade em 12 de maio. Como não pode repetir a anterior, o mais provável é que o governo envie nova MP, em outros termos, mas com o mesmo propósito.
"Nessa questão da educação somos teimosos, insistentes. Nós vamos enviar uma nova proposta para uso dos recursos de royalties, participações especial e recursos do pré-sal para chegar exclusivamente na educação (...) Vamos insistir, vamos teimar: o Brasil tem de destinar essa sua grande riqueza para ser gasta em educação", discursou Dilma.
A presidente disse que não é apenas a economia que fará o Brasil se consolidar como "um país de classe média, um país desenvolvido" e atenuou o peso do desempenho do PIB e do setor produtivo. "Se falarem para vocês que é só o PIB crescer, vocês acreditem parcialmente", disse Dilma.
"Tem uma coisa sem a qual nós não daremos nenhum salto, nenhum passo a frente: educação", disse a presidente, que, em vários momentos da solenidade, foi vaiada por produtores rurais inconformados com a demarcação das terras indígenas em Mato Grosso do Sul.
Ao anunciar investimentos de R$ 200 milhões em oito aeroportos regionais do Estado, Dilma anunciou também que o governo vai subsidiar assentos nos aviões, mas não deu mais detalhes de seu plano. A presidente também anunciou uma série de obras de construção e ampliação de 1.400 quilômetros de estradas no Estado, sem especificar quanto a União vai investir nas obras. Ela destacou a importância do investimento em rodovias para melhorar o patrulhamento das fronteiras.

Educação: Revisão das cotas já divide a UnB


30/04/2013
Alunos e professores divergem sobre a manutenção da reserva de vagas para negros, tema que será debatido por uma comissão interna. Adotado há 10 anos pela universidade, o sistema voltou a ser questionado depois do início das cotas sociais, previstas em lei federal


Cotas raciais dividem a UnB


THAÍS PARANHOS

A implantação do sistema de cotas sociais na Universidade de Brasília (UnB)coloca em questionamento as vagas exclusivas para negros e divide a comunidade acadêmica. A nova política reserva vagas para estudantes de escolas públicas, afrodescendentes, indígenas e pessoas de baixa renda. Com isso, alunos e professores se dividem sobre a manutenção do modelo de ingresso diferenciado para negros, adotado há 10 anos pela instituição. Em meio à polêmica, o Decanato de Ensino de Graduação (DEG) criará uma comissão para discutir o futuro da política afirmativa.

Das vagas oferecidas a cada vestibular, 20% estavam reservadas para o sistema de cotas para negros. De 2003 até hoje, a UnB ofereceu 7.805 cadeiras para os afrodescendentes. Desse total, cerca de 15% não foram preenchidas por alunos cotistas e voltaram para outro tipo de seleção, como o vestibular convencional ou o Programa de Avaliação Seriada (PAS), de acordo com o número de registros da Secretaria de Comunicação da UnB e do total de vagas informado pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe).

O reitor da UnB, Ivan Camargo, explica que a reavaliação do sistema já estava prevista desde a implantação da política. “Estamos cumprindo uma determinação do Consuni. Esperamos que os trabalhos comecem o mais rápido possível”, afirma, destacando que não data para a criação do colegiado. O titular do cargo mais alto da instituição de ensino se posiciona a favor das cotas raciais, mas afirma que cabe ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão decidir o futuro da ação. “A minha avaliação pessoal é que o sistema de cotas é um sucesso, mas isso deve ser uma avaliação institucional”, completa.

Enquanto o futuro das cotas não é definido, a comunidade acadêmica diverge. A estudante do 8º semestre de ciências sociais Rafaela Dantas, 22 anos, moradora de Taguatinga, entrou na universidade pelo sistema de cotas e defende a manutenção das duas formas de ingresso diferenciado na instituição, a racial e a social. “As duas se equilibram. O negro da classe média e alta não é privilegiado pela nova lei porque não estudou em escola pública, mas também sofre preconceitos no dia a dia”, opina. “A UnB ainda é muito elitista, mas é notória a trajetória que a universidade tem tomado com a aplicação do sistema de cotas raciais”, acredita.

Colega de Rafaela, a estudante do 7º semestre de letras/francês Thânisia Marcella Cruz, 21 anos, moradora de Ceilândia, compartilha a mesma opinião. “As cotas têm contexto diferente. As raciais servem para reverter um processo de exclusão, isso não ameniza, mas cria oportunidades. Os dois sistemas devem existir, um não pode ser excluído em detrimento do outro”, diz. Ela também entrou na UnB pelo sistema.

Já o estudante do 5º semestre de pedagogia Mário Jorge da Silva Jaymowich, 25 anos, não concorda com a política que reserva vagas para negros. “Hoje, o problema maior do país é o financeiro, o que gera mais desigualdade não é a raça, é a condição social. Conheço negros nas classes média e alta”, acredita. O jovem defende que não há uma dívida histórica do país com os negros. “Isso é besteira, se for assim, a gente cai no vício das cotas e todas as minorias vão reivindicá-las”, sugere. Para o professor de ciência política da UnB Paulo Kramer, o ingresso diferenciado para afrodescendentes também não deveria existir. “O ensino superior deve estar aberto ao mérito individual”, aponta.

Para o especialista em história e política da educação e professor da pós-graduação da UnB Célio da Cunha, ainda é cedo para fazer uma avaliação completa do sistema de cotas. “Nestes 10 anos, ficou evidente que foi uma política acertada, porque os egressos das escolas públicas têm índice muito baixo de matrículas na educação superior. Aquele receio de que os cotistas poderiam reduzir a qualidade do ensino não se confirmou, mas ainda é um projeto relativamente novo.”




Professor Gabriel, o homem da fusão


30/04/2013
Por Beth Koike | De São PauloAos 80 anos, Gabriel Rodrigues, mais conhecido como professor Gabriel, em nada lembra um senhor sedentário prestes a se aposentar. O fundador da Anhembi Morumbi e maior acionista da Anhanguera, além de dono de vários outros negócios nas áreas de construção e energia, é um homem ativo - como dizem seus pares, um "workaholic".
Às seis e meia da manhã, já está de pé - seja para suas caminhadas ou para responder e-mails em seu iPad, cuja capa surrada dá uma dimensão do quanto o acessório é usado. A jornada só termina às onze da noite. Nos fins de semana o expediente não é tão longo, mas ele nunca deixa de estar plugado.
Após 43 anos na Anhembi Morumbi, o professor Gabriel assume hoje a presidência do conselho de administração da Anhanguera. O cargo será ocupado oficialmente nesta terça-feira, mas ele já está na labuta há um mês, quando deixou a faculdade que fundou. Neste pouco tempo, coordenou a fusão entre Anhanguera e Kroton, formando o maior grupo educacional do mundo com valor de mercado de R$ 12 bilhões. "Nesse processo, eu fiquei todo o tempo ligado", diz Gabriel, em sua primeira entrevista após o anúncio da fusão.
Na conversa que teve com o Valor, a qualidade do ensino foi um tema recorrente. Na Anhembi Morumbi, adquirida pela americana Laureate, Gabriel travou alguns embates para não deixar o nível de seus cursos cair em troca de maior retorno financeiro. Ao que tudo indica, essa preocupação será mantida. Analistas têm visto com bons olhos a "dobradinha" que professor Gabriel fará com Rodrigo Galindo, presidente da Kroton.
"Não adianta só ter meta econômica porque há os alunos e o MEC [Ministério da Educação] que controlam a qualidade do ensino. Na Laureate, não foi fácil porque lá não havia pessoas ligadas à educação e as preocupações eram metas. Mas, aos poucos, eles se adaptaram e no fim acho que a relação foi boa porque sou bom articulador. Não sou de brigar", diz o presidente do conselho da Anhanguera. "O Gabriel é um dos mais atentos a essa questão do ensino, principalmente, nas faculdades privadas ", diz Altamiro Galindo, um dos acionistas da Kroton e pai de Rodrigo.
Além das cifras bilionárias, o negócio chamou atenção por ter sido fechado em apenas quatro dias. Nessa associação, o professor foi peça fundamental graças a uma de suas principais características: a habilidade de conciliar os interesses de forma polida. "Gabriel é muito conciliador e reflexivo, está sempre disposto a ouvir", diz Walfrido dos Mares Guia, um dos acionistas da Kroton. Foi de Walfrido a ideia de procurar o maior acionista da Anhanguera para uma fusão com a Kroton no dia 17.
"Há um ano e meio, eu, o Gabriel e o Walfrido jantamos juntos e falamos da possibilidade dessa fusão. Mas era ainda algo remoto. Agora, não precisamos mais esconder o namoro", brinca Antonio Carbonari, fundador da Anhanguera. A companhia paulista também flertou com a carioca Estácio, mas o namoro não avançou. "Entre fechar com pessoas que não conheço, preferi fechar com um grupo ligado à educação que conheço de longa data", disse Gabriel.
Carbonari classifica Gabriel como "homem visionário" porque há 13 anos teve coragem de colocar dinheiro em uma faculdade voltada ao público mais velho e de baixa renda - algo novo para a época. No ano 2000, Gabriel comprou 50% da Anhanguera. Na Anhembi Morumbi destacou-se no mercado por cursos como turismo, gastronomia, hotelaria e moda.
Agora, a aposta do professor Gabriel, arquiteto formado pelo Mackenzie, é o uso da tecnologia como ferramenta de aprendizado. "Eu acompanho tudo sobre tecnologia educacional. Nós já temos o conteúdo que só precisa colocar no portal. Não precisa imprimir livro", disse. "Uma das minhas poucas vaidades é achar que entendo de marketing. Por isso, acho que vão vencer aqueles [grupos educacionais] que têm estratégia diferenciada e atendem bem seu cliente", diz o empresário.
Além dos negócios na área de educação, Gabriel é dono da GMR, empresa de participações que atua em diferentes áreas como construção e energia. Sua filha mais velha, Angela é arquiteta e trabalha nessa holding familiar. Ela tem duas irmãs, Carmen, jornalista, e Gláucia, psicóloga - ambas atuam na área cultural. Gabriel tem oito netos e um bisneto


 
30/04/2013
Novo presidente da Anhanguera assume hoje
Por De São Paulo
Um ano e meio após assumir a presidência da Anhanguera, Ricardo Scavazza deixa hoje o comando do grupo educacional que, na semana passada, anunciou uma associação com a Kroton. Scavazza vai para o conselho e irá liderar um comitê de integração criado exclusivamente para tratar da fusão.
A presidência passa a ser ocupada por Roberto Valério, 37 anos, que até então, era o vice-presidente de operações da companhia. "Há um ano estou trabalhando diretamente ao lado do Scavazza", disse Valério ao Valor. "No processo de sucessão, ele era a primeira opção devido a sua forte formação acadêmica e experiência na área de serviços, ", afirmou Scavazza.
Valério fica na presidência da Anhanguera até a avaliação da fusão pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que ainda será informado da operação. A nova companhia terá como executivo principal Rodrigo Galindo, atual presidente da Kroton. Há dois anos na Anhanguera, Valério foi escolhido para ocupar interinamente a presidência porque tem um vasto conhecimento do dia a dia do grupo. Com uma experiência de 11 anos na DirectTV, o executivo foi trazido há dois anos de Nova York pelo ex-presidente da Anhanguera, Alex Dias. (BK)

Salto qualitativo na educação :: Mara Sampaio

Brasil Econômico
30/04/2013
Psicóloga e especialista em
cultura empreendedora
No início de abril foi realizado em São Paulo o evento sobre educação e empreendedorismo da Fundação Lemann: o Transformar 2013. Neste encontro se reuniram centenas de profissionais para refletir e conhecer práticas inovadoras, com o objetivo de inspirar inovações na educação brasileira. Estiveram presentes diversos especialistas da educação empreendedora mundial. Entre eles: Anant Agarwal, presidente do edX, uma plataforma on-line criada em parceria pelas universidades de Harvard e MIT (EUA) com o intuito de oferecer cursos livres e gratuitos a milhares de alunos de todo o mundo—e Seth Schoenfeld, do iZone - que estimula a adesão à modelos educativos inovadores desenhados a partir das necessidades das escolas. Este é um programa do departamento de Educação de Nova York e nasceu da percepção de que as escolas públicas nova-iorquinas não estavam preparando bem os alunos para a vida. Durante o Transformar 2013 houve um concurso cultural entre empreendedores que tivessem um negócio voltado para a educação. Entre os 70 inscritos, oito empreendedores foram selecionados e apresentaram soluções inovadoras para melhorar a educação.
Entre os selecionados esteve Eduardo de Lima e Silva, um dos criadores do Portal Aulalivre. net,uma empresa social gaúcha de videoaulas com seis meses de atuação. A plataforma oferece curso de revisão para vestibular e Enem totalmente grátis. São mais de 100 videoaulas distribuídas entre as principais disciplinas que já beneficiou mais de 40 mil estudantes no Brasil. As outras empresas todas do setor de tecnologia foram: Fábrica de Aplicativos; Konkero; Memória de Elefante; POD; Singol Games Educacionais - Kiduca; To Doo Eco; Zeppelin Game Studio Melhorar a educação brasileira é um desafio complexo, além da diversidade de problemas (modelo de aprendizagem, preparo dos professores) devem-se considerar as diferenças regionais.
Fazem-se necessárias soluções criativas em todos os níveis do sistema educacional. Existem experiências bem-sucedidasem vários países desenvolvidos como Finlândia e EUA, como tambémem países em estágio de desenvolvimento semelhante como Chile, Peru e Coréia, que podem ser referências para novas práticas. Há também inúmeras iniciativas exemplares criadas por brasileiros espalhadas pelo país que precisam ser valorizadas e incluídas no rol de soluções para que a educação no país cumpra seu propósito. Não existe só uma solução. Estimular o empreendedorismo na educação está entre estas alternativas. A inovação na educação é incluir novas e diferentes práticas vindas de fora ou criadas aqui mesmo que transformem a realidade promovendo um salto qualitativo e acelerado de desenvolvimento socioeconômico. Educar o educador é outro desafio a ser enfrentado para que estas inovações ocorram.
 É necessário abrir espaço a novas abordagens de empreendedorismo educacional e inovações educacionais que visam melhoria do acesso e da qualidade no sistema educacional. Esta abordagem vem sendo construída com iniciativas como a da Fundação Lemann que promove ações e a participação de pessoas que não esperam soluções vindas do céu e estão arregaçando a manga para construir a educação do futuro, agora. Eduardo Silva, do PortalAulalivre.net, disse durante o evento que cultura brasileira sempre teve a visão de que a educação é apenas papel do Estado. Hoje vemos uma sociedade civil se mexendo para correr atrás de superar as lacunas deixadas pelo Estado.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mesmo com 94 mil na fila, creches de SP atendem 7 mil a menos neste ano

29/04/2013
Paulo Saldaña
As creches da cidade de São Paulo estão atendendo 7 mil crianças a menos do que no ano passado. Em dezembro de 2012, o Município registrava 214.094 matrículas, mas dados de abril deste ano mostram que a administração paulistana tem atendido 206.945 crianças. Apesar de haver vagas ociosas, a fila por creche em São Paulo é de 94 mil crianças. É a primeira vez que o atendimento registra queda, pelo menos desde junho de 2007.
Essa queda ocorreu por causa de alterações regionais da demanda e também pela mudança na faixa etária das crianças atendidas, como explica a Secretaria Municipal de Educação. Quando uma creche passa a atender mais crianças de berçário do que alunos mais velhos, a capacidade cai.
"Berçário ocupa mais espaço físico e menos alunos são atendidos Isso gera as vagas remanescentes", explicou a Prefeitura em nota. Em meados do ano passado, 37% da fila por educação infantil na cidade era de crianças de até 1 ano, segundo informações obtidas pela ON G Ação Educativa.
Em abril, a gestão de Fernando Haddad (PT) registrava 5.797 vagas remanescentes, além de 1.623 matrículas em processo. Não houve regressão no cadastro de oferta de vagas, uma vez que o cálculo leva em consideração a capacidade dos prédios. Segundos os dados do portal da secretaria, essa oferta atualmente seria de 214.365 lugares.
Integrantes da gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) indicam que a queda no atendimento é um problema da atual administração na gestão das vagas. Segundo a equipe de Kassab, havia uma checagem semanal sobre essas questões.
Fila. Para o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), existe uma falha de planejamento. "São movimentos previsíveis que não são acompanhados, como demanda demográfica, taxas de fecundidade regionais."
Enquanto não consegue uma vaga para Yuri, de 2 anos, a secretária Luzia Rosa, de 26, compromete 40% da renda familiar para pagar uma creche particular. "Talvez consiga só no ano que vem. Ele está na posição 389 na fila daqui", diz ela, que é de Paraisópolis, zona sul.
Por regiões, Enquanto a demanda é sempre superior em bairros mais pobres, sobram vagas nas áreas mais ricas. Na região de Perdizes, por exemplo, existem 29 vagas de creche em aberto.



29/04/2013
Com parceria e convênios, meta é criar 150 mil vagas
A gestão Haddad prometeu criar 150 mil novas vagas em creche até o fim do mandato. Para alcançar essa meta, pretende construir 243 novas unidades, que criariam cerca de 50 mil vagas - aproximadamente metade da demanda registrada em dezembro, de 94 mil crianças. 0 restante seria atendido por dois modelos: ampliação do atendimento por creches conveniadas e parcerias com empresas, que bancariam novos centros de educação infantil.
A Secretaria de Educação finaliza um pente fino na rede conveniada. 0 objetivo é identificar falhas no atendimento, além de oportunidades de expandir o volume de vagas nas instituições já contratadas.
A pasta informa que já há conversas com empresas para parcerias. As primeiras creches da gestão devem ser construídas nos distritos de Campo Limpo e Capão Redondo, na zona sul. As declarações de desapropriação já foram publicadas no Diário Oficial na semana passada.
Atualmente, a rede pública de creches da cidade é composta por 364 entidades diretas e 1.258 conveniadas, que atendem crianças menores de 4 anos.



 
29/04/2013
Planejamento público e qualidade são fundamentais
Análise: Ester Rizzi
Falta de vagas em creches é um problema crônico de São Paulo. Em um necessário plano público de expansão - até agora inexistente - critérios de qualidade devem ser explicitados. Entre eles: o número máximo de crianças por creche e por professor, espaços físicos adequados, professores qualificados e com tempo para atividades extraclasse garantido e remunerado, existência de outros profissionais, em número e com formação suficiente, responsáveis pelo bom funcionamento das unidades. Deve-se priorizar a expansão de vagas em regiões com maior proporção de crianças em situação de vulnerabilidade e com idade até 2 anos - uma vez que somente 17,5% das crianças desta faixa estão matriculadas e 65,2% da fila de espera é composta por crianças deste perfil.
São Paulo só enfrentará os desafios por meio de um planejamento público que detalhe a expansão prometida a partir desses e de outros critérios. Só assim a sociedade poderá acompanhar o necessário avanço na garantia do direito à educação infantil de qualidade.

Compromisso permanente

 
29/04/2013
Ponto a ponto - Denilson Bento da Costa

Secretário de Educação do Distrito Federal promete vagas no sistema para todos os egressos dos cursos de alfabetização. Objetivo é acabar com o analfabetismo funcional

APRENDIZADO CONTINUO
Nossa proposta tem um diferencial. Não vamos nos limitar a ensinar a ler e a escrever. Esse conhecimento se perde com o tempo se não houver um processo de continuidade. O alfabetizado pode aprender como juntar letras, mas termina esquecendo como escrever o próprio nome. Vamos investir muito na permanência dos beneficiados para acabar com o analfabetismo funcional. Quando se torna a escola mais prazerosa e agradável, é natural que o aluno prossiga sua formação. Temos condições, espaço, escola e profissionais para isso. Eu assumo o compromisso de garantir vaga a cada egresso da alfabetização. Se forem 20 mil, abriremos 20 mil vagas para que toda a demanda seja atendida. São pessoas que mostram uma grande alegria e vontade imensa de aprender, o que nos é extremamente gratificante. O ingresso dos alfabetizados à Educação de Jovens e Adultos (EJA) será automático, de maneira que continue no sistema. Nosso objetivo é que todos os que entrarem nos cursos de alfabetização cumpram os segmentos de nível fundamental e médio.
QUALIDADE NO ENSINO
Investimos pesado para resgatar a qualidade do ensino. Brasília sempre foi referência em educação e fui aluno da escola pública, mas já fomos mais respeitados. Na época, passávamos por um processo seletivo que não era fácil. A Secretaria de Educação investe pesado na formação de professores. Dos 29 mil contratados, temos 17 mil com especialização e 905 com curso de mestrado. Em verdade, de duas décadas para cá houve uma grande expansão do sistema em geral, a partir de decisões tomadas pelo Ministério da Educação e Cultura, e isso se refletiu na educação em geral, inclusive com uma explosão no número de faculdades privadas. Quando me formei, só havia quatro universidades particulares e a Universidade de Brasília no Distrito Federal. Hoje, há uma em cada esquina, e, pela qualidade das redações para o processo vestibular, podemos constatar que a maioria dos alunos não tem nenhuma condição de frequentar o ensino superior, isso quando há uma redação. O processo de admissão tradicional foi substituído, na maior parte dessas entidades, por provas agendadas feitas em casa.
DESAFIO
O grande desafio para alfabetizar não está na estrutura que o Estado precisa montar. O difícil é atrair aquele adulto que nunca frequentou uma escola para a sala de aula. O Brasil tem desigualdades tremendas e as pessoas necessitam lutar pela sobrevivência, chegam em casa cansadas, depois de um dia de trabalho pesado, precisam de alimentação especial e, muitas vezes, lutam com problemas de saúde, como visão deficiente ou um aparelho auditivo. Brasília tem uma característica única: é uma cidade jovem a qual a maioria dessas pessoas veio para cá de outros estados, em busca de condições de sobrevivência. São pessoas que vieram de áreas de total exclusão social, como o Nordeste, onde os indicadores melhoraram, mas ainda é grande o índice de analfabetismo, para começar uma vida. Muitas chegaram no início da construção da cidade e agora precisam ser atraídas para o sistema formal.
ACÃO INTEGRADA
A alfabetização demanda uma ação integrada de governo, que não pode se limitar à Secretaria de Educação. Precisamos identificar a demanda, e uma boa maneira seria cruzar os cadastros dos programas sociais do governo, como o Bolsa Família. Por meio deles, poderíamos encontrar quem necessita do DF Alfabetizado e tentar contatá-lo e atraí-lo para o programa. É claro que isso exige um esforço adicional e voluntariado, com funcionários que aceitem visitar cada família que se enquadre no projeto. Se não fosse o esforço dos agentes e líderes comunitários, muitos dos quais são professores, não teríamos fechado tantas turmas de alfabetização na segunda edição do projeto.
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Os governos anteriores colocaram de lado a formação profissional, que é imprescindível para melhorar a renda do trabalhador de nível médio. As escolas técnicas foram praticamente abandonadas. Durante um tempo, saíram da responsabilidade da Secretaria de Educação e passaram para outra pasta. O resultado foi terrível. Não houve investimento e os equipamentos se deterioraram. Em algumas, temos máquinas que são oriundas do Senado no início da República no Brasil. Em outras, os professores dependiam de ajuda da comunidade, que fornecia pedaços de ripas ou de tábuas para as aulas de marcenaria. Trabalhamos pesado para reverter esse quadro e já investimos mais de R$ 1 milhão em equipamentos e materiais. Pretendemos continuar esse esforço e ampliar o número de unidades num futuro próximo, dentro da vocação do mercado de trabalho local. Temos muito que avançar, mas corremos atrás do prejuízo. No momento, há um processo licitatório para construir quatro escolas técnicas.
CATADORES
A Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) faz um levantamento perante os catadores de rua, mas esse público é extremamente arisco. A grande maioria não tem residência fixa no DF e apenas permanece aqui durante a semana, por isso teme dizer onde mora. Pensa que pode ser recambiada para os locais de origem. Muitas vezes, os assistentes sociais do governo chegam a cadastrar os integrantes de cada grupo, mas não os encontram na semana seguinte, porque já mudaram o local do acampamento. Mesmo assim, já houve contatos de elementos isolados que querem participar do DF Alfabetizado.
MOBILIZAÇÃO SOCIAL
A questão do analfabetismo só se resolve com uma intensa mobilização social. A Secretaria de Educação pretende promover uma campanha para atrair voluntários a fim de ensinar alunos que queiram participar do DF Alfabetizado. Já conversamos com o governador Agnelo Queiroz. Precisamos sensibilizar a sociedade para resolver o problema.





29/04/2013
Desafio contra o tempo
» PEDRO PAULO REZENDE
RAÍSSA MANSO/ESPECIAL PARA O CORREIO
Distrito Federal apresenta a menor taxa de analfabetismo do país: 3,8%, segundo os dados levantados pelo Censo de 2010 do Instituto  Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, 68.114 pessoas declararam não saber ler ou escrever. A Pesquisa Distrital de Amostra por Domicílio do Distrito Federal (PDAD), preparada pela Companhia de Planejamento de Distrito Federal (Codeplan) e divulgada em 2011, realizada a cada dois anos, encontrou valores menores. Apenas 51.967 pessoas acima de 15 anos afirmaram não saber ler e escrever, um percentual de 2,03% da população.
Para enfrentar o problema, a Secretaria de Educação do Distrito Federal aderiu ao programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação e Cultura (MEC). A versão lo­cal, batizada de DF Alfabetizado, entrou em sua segunda edição em fevereiro deste ano atendendo 3.813 alunos em todas as re­giões com 212 grupos. Durante o ano pas­sado, foram atendidos 3.209 alfabetizandos em 155 turmas formadas em Ceilândia, Taguatinga, Samambaia, Cidade Estrutural, Recanto das Emas, Paranoá, Itapoã e Planaltina. Ao final do curso, os alunos rece­bem um certificado e uma carta de conclu­são que permite a matrícula imediata na re­de pública de ensino destinada aos seg­mentos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), para continuidade nos estudos.
Segundo a coordenadora de Jovens e Adul­tos da Secretaria de Educação do DE Leila de Maria Jesus de Oliveira, o DF Alfabetizado é uma parceria bem-sucedida entre governo e sociedade. "Os educadores, todos voluntá­rios, são oriundos, em sua maioria, das co­munidades atendidas pelo projeto, partici­pam das sociedades de moradores e sabem onde captar alunos. A medida em que atingi­mos o total de 20 interessados, abrimos uma nova turma", contou. Cada alfabetizador re­cebe uma bolsa de R$ 400, de maneira a co­brir os custos de transporte e alimentação.
A formação de jovens e adultos está dividi­da em três segmentos que totalizam 11 se­mestres. Os oito primeiros, divididos em dois segmentos de quatro semestres, eqüivalem aos nove anos do ensino fundamental. Os três últimos, ao nível médio. A idade mínima para se matricular no EJA é de 15 anos.
Cidadania
A Secretaria de Educação realiza uma sele­ção entre os voluntários, de alfabetizadores e coordenadores voluntários, além de tradutores-intérpretes de Libras. Foram escolhidos 199 professores e 38 coordenadores de área. Os métodos de ensino, embasados no siste­ma desenvolvido pelo educador Paulo Freire (leia para saber mais), procuram preparar os alunos para o exercício da cidadania.
Trabalhamos a partir de exemplos prá­ticos do dia a dia", conta Leila. "Um bom exemplo ocorreu em uma comunidade on­de havia um problema crônico de recolhi­mento do lixo. Usamos a palavra "lixo" como base de aprendizado. A partir daí, promo­vemos reuniões na associação de morado­res onde discutimos soluções e propostas viáveis. Ao final, o grupo colaborou na re­dação e no recolhimento de firmas para um abaixo-assinado."
Esse diferencial decorre de uma caracterís­tica única às turmas de alfabetização de adul­tos: os alunos trazem consigo uma carga de conhecimento oriunda da experiência de vi­da. Eles podem não saber ler ou escrever, mas trazem uma bagagem consigo, conse­guem administrar uma família, fazer com­pras no armazém, pagar e receber troco e ma­tricular filhos na escola. É muito diferente de ensinar as primeiras letras a uma criança", pondera a coordenadora.
O material didático fornecido pelo progra­ma Brasil Alfabetizado se ajusta a esse públi­co. Os textos são escritos em caixa-alta. Há re­ferências a questões sociais, como a cons­ciência negra e os quilombos, e movimentos culturais, como a bossa nova. No entanto, se­gundo Leila, o objetivo não é parar na alfabetização. "Pretendemos atrair os que comple­tam o curso para a educação formal de jovens e adultos. O conhecimento que não é usado é perdido. Queremos não só diminuir significa­tivamente o número dos que não sabem ler e escrever, mas também reduzir o total de anal­fabetos funcionais."
Iniciativa federal
0 programa Brasil Alfabetizado, do governo federal, tem a finalidade de promover a superação do analfabetismo entre jovens acima de 15 anos, adultos e idosos, além de contribuir para a universalização do ensino fundamental no Brasil. Sua visão reconhece a educação como direito humano e a oferta pública da alfabetização como porta de entrada para a educação e escolarização das pessoas ao longo da vida. Desde 2003, atende prioritariamente em todo o território nacional, a 1.928 municípios.




 
29/04/2013
Abrindo portas no mercado de trabalho
Programa de qualificação de mão-de-obra forma mais de 5 mil pessoas a fim de atender à demanda dos grandes eventos, como as copas das Confederações e do Mundo. Meta é ampliar o número de trabalhadores formais e empreendedores
» Raíssa Manso
ESPECIAL PARA 0 CORREIO
O Qualificopa é um programa de qualificação profissional promovido pela Secretaria de Trabalho que oferece cursos de formação e capacitação em vários setores. O objetivo do programa é melhorar a qualidade dos serviços prestados no Distrito Federal, qualificar os trabalhadores para atender as exigências dos setores econômicos, diminuir a taxa de desemprego, aumentar a geração de renda, implantar à cultura de qualificação profissional permanente e dar oportunidade aos trabalhadores de atualizarem os seus conhecimentos para que possam entrar, retomar ou se fortalecer no mercado de trabalho.
No total, já foram formadas cerca de 5.500 pessoas desde a implementação no Distrito Federal. São 11 cursos e entre eles estão assistente administrativo, camareira, garçom, informática básica, montagem e manutenção de micro, operador de caixa, organização de eventos, supervisor de hospedagem, telemarketing, vendedor e webdesigner.  Além disso, os estudantes recebem orientações em informática básica e aulas de inglês. As aulas são gratuitas e os alunos que participam recebem vale-transporte, alimentação, material didático, uniforme e seguro de vida
O secretário de Trabalho, bispo Renato Andrade, destaca que a principal finalidade do programa é preparar os trabalhadores. "Não podemos esquecer que a principal meta é ingressar as pessoas no mercado de trabalho e, assim, contribuir para que a taxa de desemprego no DF seja pequena, além de prepará-las para as demandas das empresas."
Segundo o secretário, 8 mil pessoas já foram qualificadas pelo programa. "Houve mais procura do que vagas disponíveis. Para 10 mil oportunidades, a demanda foi de 40 mil pessoas. Portanto, temos uma alta busca desse projeto e, por isso, buscamos sempre aumentar esse número oferecido", destaca.
O objetivo, de acordo com a Secretaria de Trabalho, é inserir um mínimo de 30% dos alunos no mercado de trabalho. A meta foi alcançada, e em alguns casos, ultrapassada, como nos cursos de camareira, garçom e telemarketing, que possuem maior procura. Os cursos de qualificação são voltados para a Copa do Mundo de 2014, mas a maioria dos alunos formados já se inseriu no mercado de trabalho e está pronta para atender às demandas da Copa das Confederações.
Renato Andrade comemora o resultado do programa no DF. "O Qualificopa está mudando a vida de muitas pessoas. Fizemos uma pesquisa, onde foi levantado que a maioria dos jovens empregados participou do projeto. Então, eu acredito que esse programa ainda irá mudar a vida de muitos que procuram uma posição no mercado de trabalho."
Dados da Secretaria do Trabalho mostram que o índice de empregabilidade para quem estuda no Qualificopa é de, em média, 54%. Dependendo do curso, o emprego está garantido. Quando a quarta turma se formou, todos os diplomados em vendas foram contratados. As turmas de garçom e operador de caixa tiveram 90% de aproveitamento, enquanto a de montagem e manutenção de micros chegou a 70%.
"Temos a meta de qualificar mais de 20 mil trabalhadores. Por isso, buscamos parcerias, como o Ministério do Trabalho, o Instituto Federal de Brasília (IFB), entre outros. Também estamos implantando cursos à distância, o que poderá nos ajudar a alcançar mais pessoas interessadas", conclui o secretário de Ttabalho.




29/04/2013
Capacitação gera melhoria de renda
Senac e Senai oferecem cursos gratuitos que reinserem trabalhadores no mercado e combatem a desigualdade social. Público-alvo é formado por integrantes de famílias do Distrito Federal com renda per capita de até R$ 70
»RAÍSSA MANSO ESPECIAL PARA 0 CORREIO
Para diminuir as desigualdades sociais do país, o governo federal, em parceria com instituições privadas, promove a melhoria de renda e a cidadania por meio de  programas de qualificação profissional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, 16,2 milhões de brasileiros vivem em situação de extrema pobreza. A fim de contornar essa situação, o Plano Brasil Sem Miséria, direcionado àqueles que vivem em lares cuja renda familiar é de até R$ 70 por pessoa, tem co- mo um de seus eixos a qualificação profissional a fim de atingir esse objetivo, o governo articula ações entre vários projetos.
Com a capacitação, o trabalhador é devida­mente preparado e qualificado e, assim, tem maior facilidade para inserção no mercado de trabalho, provocando um impacto na oferta e procura de emprego. Segundo pesquisa da Se­cretaria de Emprego do Distrito Federal, houve uma queda da taxa de desemprego de, aproxima­damente, 14% e uma diminuição na espera por trabalho. Isso é resultado de um investimento na educação pelas entidades patronais, em conjun­to com o governo.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Comer­cial (Senac), que atua no Distrito Federal há 45 anos, já alcançou mais de 1 milhão de alunos ma­triculados. Desde seu início, contribui para a supe­ração dos problemas sociais e econômicos do país capacitação profissional de trabalhadores das áreas de comércio de bens, serviços e turismo. Dentro de sua programação, são oferecidos cursos gratuitos para a comunidade por meio do Programa Senac Gratuidade (PSG) e do Programa Nacional de Acesso à EscolaTécnica (Pronatec).
Competitividade
O gerente da Unidade de Inclusão e Cidada­nia do Senac, Elias Viana, destaca que a finalida­de dos cursos gratuitos da instituição é a inclu­são social. "Buscamos oferecer condições de in­serção de pessoas com baixa renda, ofertando uma atividade educacional de capacidade de aprendizado resoluto para o crescimento profis­sional, visando à melhoria na competitividade no mercado de trabalho."
De acordo com o Senac, em 2012, do total de 3.907 ex-alunos encaminhados para o mercado de trabalho, por meio de solicitação de empresas parceiras, 2.753 foram contratados. Além disso, realizou-se uma pesquisa, em 2012, em que foi constatado que 37% estavam trabalhando ao fi­nal do curso e 63% não estavam no mercado de trabalho. Dos 37% que estavam empregados, 74% já trabalhavam quando iniciaram as aulas e 22% passaram a trabalhar durante o curso. Dos 5.271 alunos, 65% responderam que o curso colaborou para a inserção no mercado de trabalho ou cresci­mento profissional.
Elias Viana afirma que o mercado está cada vez mais exigente e uma capacitação profissional pode melhorar a renda de quem procura os cursos. "O indivíduo que atua no mercado de trabalho sem uma qualificação profissional não é devidamente valorizado. Sendo assim, na medida em que ele busca o Senac para realizar um curso, ele vai se ca­pacitar para melhor atender as diversas demandas e desafios", diz. Essa formação profissional con­templa conteúdos técnicos e temas transversais que perpassam atitudes cidadãs. "Procuramos equacionar pedagogicamente o trinômio estudante-trabalhador-cidadão. Assim, ao finalizar o curso, já no mercado, as suas possibilidades de ganhos serão maiores, e por sua vez, contribuirá de forma significativa para o seu reconhecimento profissio­nal e o exercício da cidadania"
Igualdade
A aluna Stephany Campos integra a turma de técnico em secretariado executivo do Senac, fir­mada em parceria com a Secretaria de educação e que atende alunos do ensino médio. Para ela, as aulas gratuitas, oferecidas pela instituição, são de qualidade e preparam as pessoas para o mercado de trabalho. "Não vejo diferença entre os cursos gratuitos e os pagos. Os dois são iguais e nos ca­pacitam da mesma maneira. Por isso, tenho cer­teza que o que estou aprendendo irá me ajudar no futuro e melhorar a minha renda", destaca.
Outra aluna da mesma classe, Gleyce Hellen, en­fatiza que a iniciativa irá fazer diferença em seu cur­rículo. "Estarei habilitada para as empresas que, ca­da vez mais, procuram pessoas qualificadas, e O Se­nac é referência em qualificação profissional."
Outra entidade que oferece cursos gratuitos é o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Distrito Federal, que já atendeu mais de 350 mil jovens e, há 39 anos, contribui para o fortalecimento da indústria, promovendo a edu­cação para o trabalho e a cidadania. O Senai também oferece cursos desse tipo por meio do Pronatec, destinados à população de baixa ren­da. "O objetivo é contribuir com o desenvolvi­mento do mercado de trabalho, da indústria e do país", diz Cláudio Tavares, gerente de forma­ção profissional do Senai.
Em 2011 e 2012, foram oferecidas 450 mil va­gas em 234 cursos gratuitos em todo o Brasil. Em parceria com o governo federal, a instituição pre­tende fazer 4 milhões de matrículas por ano até 2014. "Costumo dizer que o menor caminho para se inserir e se manter no mercado de trabalho é ter uma qualificação profissional. Os profissio­nais com capacitação são mais valorizados na ho­ra de um processo seletivo, além de possuírem maior facilidade de se inserir e manter-se, con­quistando sua asserção profissional", conclui Cláudio Tavares.
Aluno de um dos cursos gratuitos do Senai, Alessandro Batista afirma que espera uma pro­moção em seu emprego com o que está apren­dendo. "Espero crescer na empresa onde trabalho e ser reconhecido. Sei que essa capacitação irá me ajudar muito no futuro, pois posso ter um salário melhor, enquanto tenho mais conhecimento e se eu for promovido", conta.
Jones de Freitas já ficou sem emprego por não possuir qualificação. "As empresas querem os melhores, procuram pessoas capacitadas e, por isso, decidi que o melhor era procurar um curso para melhorar meu currículo e não perder outras oportunidades", diz. Ele também destaca a im­portância de freqüentar um curso de qualificação profissional. "O mercado de trabalho é muito concorrido e, com um curso desses, tenho certe­za que estarei preparado para concorrer com muita gente."
Requisitos básicos
O Programa Senac Gratuidade (PSG) é resul­tado de um acordo feito entre o Senac e o governo federal, destinado à capacitação profissional de pessoas de baixa renda, estudantes ou egressos da educação básica e trabalhadores. É voltado às pessoas que buscam o seu primeiro trabalho com carteira assinada, que já atuam no mercado pro­dutivo e desejam se requalificar profissional­mente, e, também, aos demais indivíduos que precisam gerar renda para abrir o próprio negó­cio ou querem inserção no mercado formal Além de possuir renda familiar per capita de até dois salários mínimos, podem participar do PSG apenas candidatos residentes no Distrito Fe­deral que atendam aos requisitos exigidos pelo curso escolhido.
O Programa Nacional de Acesso à Escola Téc­nica (Pronatec), presente nas duas instituições, foi criado pelo governo federal em 2011 com o ob­jetivo de ampliar a oferta dos cursos de educação profissional e tecnológica, dando condições para que jovens e trabalhadores cheguem mais capa­citados ao mercado de trabalho. O programa en­volve um conjunto de iniciativas e projetos e, en­tre eles, a oferta de vagas gratuitas nos cursos do Senai e Senac.
Aí vagas destinam-se, prioritariamente, a alu­nos do ensino médio da rede pública, trabalha­dores, beneficiários dos programas federais de transferência de renda e estudantes que tenham cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições privadas na con­dição de bolsista integral.



Cotas raciais serão rediscutidas na UnB


29/04/2013
Pioneira na adoção de cotas para negros, a Universidade de Brasília (UnB) começará a reavaliar o sistema em 2013. O debate terá início uma década após a aprovação da política afirmativa, em 6 de junho de 2003, e as decisões tomadas no fim desse processo serão votadas pelo Conselho Universitário (Consuni) no próximo ano."Essa avaliação de 10 anos já era programada desde que o sistema foi implantado na UnB", lembra o decano de Ensino de Graduação, Mauro Rabelo. De acordo com ele, será montada uma comissão para analisar as perspectivas futuras da ação. A discussão será baseada em dados que estão sendo colhidos pela universidade, que vai consolidar as informações relativas, entre outros pontos, ao número de beneficiados pela política do sistema e o total de formados. "A avaliação tem esse objetivo: olhar os índices coletivos para entender o que aconteceu desde 2003", completa Rabelo. Esse grupo deve se reunir a partir de junho e poderá, inclusive, propor o fim do programa ou outras mudanças. O resultado será submetido a instâncias acadêmicas antes de uma decisão final.
Cristiano Dourado, 30 anos, é aluno do curso de direito da UnB. Ele entrou na graduação em 2010, pelo sistema de cotas raciais.Acredita que as notas de corte um pouco mais baixas nesse tipo de seleção ajudam os candidatos negros a ingressarem na universidade. "Mas eu acho que o foco não é a nota", alerta o estudante, "mas o reconhecimento por parte do Estado de que as chances são distribuídas de forma desigual. Pessoas negras têm menos oportunidades econômicas e sociais", reforça o estudante.
Em 2002, Cristiano foi aprovado pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS) para o curso de antropologia e pôde acompanhar todo o processo de implementação das cotas na instituição. "A universidade só tem tido ganhos, porque conta com uma diversidade maior." Hoje, se a UnB optasse por extinguir o critério de seleção por raça e adotar apenas a reserva determinada pela Lei de Cotas Sociais, Cristiano não poderia ser beneficiado, pois cursou o ensino médio na rede particular.
Com a aprovação dessa norma, no ano passado, a manutenção do sistema da UnB chegou a ser questionada, mas, na regulamentação da lei, o governo garantiu autonomia às universidades para manter outras políticas afirmativas adotadas anteriormente.
O coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da UnB, Nelson Fernando Inocêncio da Silva, não acredita que o programa terá fim. "O sistema deve ser mantido. Primeiro, porque foi pioneiro: a proposta da UnB reconheceu publicamente o racismo como um fenômeno que deve ser combatido não só nas periferias, mas o entendendo como um fenômeno capaz de interferir na vida das pessoas, independentemente da classe social a que ela pertença", explica.
Inocêncio acredita que a norma sancionada pela presidente Dilma Rousseff trará um benefício social incontestável, mas não vai, necessariamente, atender às demanda da população negra. "A avaliação socioecônomica foge ao cerne da discussão porque o racismo não acontece apenas entre os que estão nas classes sociais menos favorecidas." Para José Jorge de Carvalho, professor do Departamento de Antropologia da UnB e autor, com a professora Rita Segatto, do Programa de Ações Afirmativas da instituição, haverá retrocesso caso a lei sancionada em 2012 implique o fim do sistema adotado em Brasília.
O professor acredita que os modelos podem ser superpostos, ou seja, podem conviver de forma harmônica, sem que isso indique que a universidade terá 70% das vagas destinadas às cotas.
Meta pela metade
Além disso, a universidade ainda não atingiu a meta estabelecida no início da implantação do sistema, de chegar a 20% de estudantes negros. Segundo levantamento feito pelo Decanato de Ensino de Graduação (DEG) no fim do ano passado, esses alunos são apenas 10,5% do corpo discente da instituição. O avanço, porém, foi significativo. Em 2002, antes da adoção do sistema, o percentual era de 2%.
Para o professor adjunto da Faculdade de Direito da UnB, Evandro Piza Duarte, especialista em políticas de ações afirmativas, é hora de a universidade avaliar quais foram os motivos para não se atingir o objetivo previsto. Ele destaca que falta divulgação por parte das instituições que adotam esses sistemas, inclusive a UnB. "Acho que a incerteza jurídica que nós tínhamos foi um grande problema, mas os programas de cotas são, agora, uma marca", ressalta.
Duarte também acredita que muitos estudantes deixaram de se inscrever pelo sistema por causa das diversas contestações na Justiça pelas quais passaram as políticas afirmativas com critérios raciais. "A incerteza com relação aos programas fez com que muitos alunos não optassem pelo sistema, mas me parece que, agora, com a decisão do STF essa preocupação acabou", afirma. Em 2012, o tribunal julgou o sistema de cotas da UnB constitucional. Na opinião do docente, a universidade manterá as cotas raciais, mas deverá levar em consideração o percentual estabelecido pela Lei das Cotas Sociais.
» CARA A CARA
Marcelo Hermes Lima, professor do Instituto de Ciências Biológicos da UnB
"A maioria da comunidade acadêmica aprova as cotas, mas, para mim, a universidade abriu uma porta que deveria ter sido mantida fechada. A longo prazo, acredito que a educação brasileira vá piorar, e a UnB terá 70% das vagas para cotistas. As cotas vão contra o histórico constitucional brasileiro que nunca teve leis segregacionistas, como nos EUA. O país não pode tratar uma parte da população de forma diferente. Sem falar que é muito difícil definir quem é negro em um país tão miscigenado quanto o nosso."

Nelson Fernando Inocêncio da Silva, Coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da UnB
"O sistema de cotas deve ser mantido. Primeiro, porque foi pioneiro: a proposta da UnB reconheceu publicamente o racismo como um fenômeno que deve ser combatido não só nas suas periferias, mas o entendendo como um fenômeno capaz de interferir na vida das pessoas, seja de qual classe social ela pertença. A avaliação socioecônomica para definir quem deve ser beneficiado foge ao cerne da discussão porque o racismo não acontece apenas entre os que estão nas classes sociais menos favorecidas."
» Linha do tempo
2002
A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) são as primeiras a adotar o sistema de cotas para negros.
2004
Em 2003, a Universidade de Brasília (UnB) aprova a adoção do sistema de cotas, com a reserva de 20% das vagas do vestibular para negros, que passa a ser adotada na seleção do ano seguinte.
2007
Os gêmeos idênticos Alan e Alex Teixeira se inscrevem por meio do programa de cotas da UnB, mas um foi considerado negro e o outro não. À época, a universidade exigia apenas uma foto do candidato. É criada, então, uma banca de avaliação para evitar fraudes e erros. Hoje, os estudantes precisam passar por uma entrevista pessoal para pleitear uma vaga pelo sistema.
2008
Em 20 abril, o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, recebe o manifesto 113 cidadãos antirracistas contra as leis racistas, assinado por intelectuais, artistas, pesquisadores, políticos, entre outros. Os autores do documento consideram que as políticas de cotas raciais contribuem para o aumento do preconceito, por distinguir o acesso pela cor da pele.
2012
O STF considera constitucional a política de cotas para negros adotada pela UnB. A decisão foi unânime. O ministros julgam improcedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 186, ajuizada pelo Partido Democratas (DEM).
2013
A decisão de adotar o sistema de cotas raciais na UnB completa 10 anos e a instituição começará a debater, em junho, o futuro do política afirmativa.






29/04/2013
Herança histórica
O professor Marcelo Hermes Lima, um dos que assinou o manifesto 113 cidadãos antirracistas contra as leis raciais, entregue ao STF à época da decisão, afirma ter uma visão pessimista em relação ao futuro do ensino na UnB. "A maioria da comunidade acadêmica aprova as cotas, mas, para mim, a universidade abriu uma porta que deveria ter sido mantida fechada. A longo prazo, acredito que a educação brasileira vá piorar e a UnB terá 70% das vagas para cotistas", afirma. Para ele, o sistema vai contra o histórico constitucional brasileiro que, explica, nunca teve leis segregacionistas, como nos EUA. "O país não pode tratar uma parte da população de forma diferente. Sem falar que é muito difícil definir quem é negro em um país tão miscigenado quanto o nosso", completa.
Humberto Adami , diretor de Relações Étnico-Raciais do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara), que participou do julgamento da ADPF nº 186 na condição de amigo da Corte, acredita ainda que não é hora de extinguir as cotas raciais. "O quadro de exclusão apenas começa a ser tocado, começam a ser arranhados os resquícios da escravidão. Não é porque o presidente do STF, Joaquim Barbosa, é um negro que o racismo acabou no país. Ele ainda é forte e latente e precisa ser trabalhado", opina.
Os candidatos que podem se beneficiar do programa defendem a manutenção da reserva de vagas. José Lindemberg, 18 anos, vai prestar vestibular para engenharia da computação e vai pleiteá-la por meio do mecanismo. Desde mais jovem, percebeu, nas salas de aula, a quantidade superior de alunos brancos. "Há sempre uma massa. São poucos os negros. Não quero dizer que há incapacidade de um ou de outro, mas é um fato visível." (MN e RC)

Segurança pública e qualificação :: Cilas Rosa


29/04/2013
Coordenador geral da Escola Superior de Justiça (Esjus)O estudo da psicologia mostra a necessidade de segurança em segundo pilar na pirâmide criada pelo pelo psicólogo norte-americano Abraham Maslow, atrás apenas das necessidades fisiológicas. No cotidiano, a questão é de sobrevivência na selva de pedra com uma pessoa morrendo a cada 9 minutos e 48 segundos, segundo estudo divulgado pelo Instituto Avante Brasil. Apesar do dado alarmante, outra pesquisa foi mais animadora ao classificar a nação brasileira na 79ª posição no ranking, dos 153 países mais violentos. Ainda assim, as estatísticas refletem uma triste tendência, afinal o Brasil é considerado uma potência emergente, convivendo, arbitrariamente, com os resquícios de uma certa popularidade e o enfrentamento de graves problemas de crescimento e organização, sendo ironicamente notável a falta de preparo dos envolvidos nas ações de segurança pública.
Conceitualmente, segurança pública é toda ação que tem como objetivo reduzir a criminalidade e a violência. A Constituição estabelece que é dever do Estado oferecer as condições mínimas para garantir a integridade física do cidadão. Não é preciso olhar longe para perceber que esse não é o cenário atual.
A proximidade de grandes eventos esportivos, como as Olimpíadas em 2016, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, alerta para uma grave deficiência: o Brasil não tem profissionais qualificados para gerir, estrategicamente, a segurança pública de órgãos governamentais e privados. O mercado já percebeu isso, e como reflexo, a busca por preparação adequada dos agentes de segurança está em expansão, revelando um nicho ainda pouco explorado.
O maior desafio é superar o distanciamento entre a prática profissional e as salas de aula para produzir novos conhecimentos capazes de frutificar em ações governamentais mais eficazes de redução da criminalidade e violência.
Os países europeus e americanos com experiências bem-sucedidas em eventos de grande porte têm muito a acrescentar nesses primeiros passos da nação verde-amarela. Os aspectos legais podem, sim, ser conflitantes, mas as iniciativas de combate e controle das ações individuais e coletivas podem e devem ser compartilhadas. O desafio brasileiro é converter potenciais características de risco culturalmente enraizadas em atos sem impacto massivo, como os conflitos religiosos, no trânsito e até na relação com os times de futebol.
O relatório apresentado no final do ano passado pela Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais apontou números impressionantes: mais de 1 mil vagas criadas no sistema prisional, aumento de 36% no número de presos com trabalho e abertura de concurso para agentes prisionais, entre outros. Na fase preventiva, nem tantos benefícios assim. As ações de mediações de conflitos, acompanhamento de penas alternativas e investimentos em núcleos de prevenção à criminalidade são atitudes de impacto, mas que pouco valor têm quando não há profissionais capacitados atrás dos planejamentos e de suas aplicações.
Quando acontecem esses grandes eventos em que ficam expostas as verdadeiras condições do país os governantes tendem a criar mecanismos paliativos para esconder a realidade e, depois, tudo volta como antes, sem atacar as causas. O que veremos nesses grandes eventos no Brasil será isso, inclusive pelo fato de as soluções para o problema da violência passarem necessariamente por ações mais radicais no campo da educação, saúde e infraestrutura que alcancem a grande população menos favorecida. O desafio é grande e o tempo é curto. Nessa história, ganha quem aproveita o bom momento do mercado e transforma um problema mundial em oportunidades de crescimento. Ganhará também a nação brasileira, que pede menos cadeados e mais portas abertas.

Maioria não usou chance extra para passar de ano

29/04/2013
AVANÇO POLÊMICO


Chance extra aprova minoria



Um levantamento realizado por Zero Hora aponta que uma minoria aproveitou a chance de passar de ano ainda no primeiro trimestre de 2013, oferecida a alunos reprovados em escolas estaduais de Ensino Médio. A oportunidade extra foi proposta pela Secretaria Estadual da Educação (SEC), como parte de uma reformulação do secundário iniciada em 2012 em turmas de 1º ano.
Pelas novas regras, os alunos que não obtiveram conceito satisfatório em uma das quatro áreas do conhecimento passaram a ser promovidos para o 2º ano, em regime de progressão parcial. O ponto polêmico foi a orientação que a secretaria deu a respeito daqueles que foram mal em mais de uma área e acabaram reprovados: eles deveriam passar por uma nova avaliação nas primeiras semanas de abril, capaz de catapultá-los para o 2º ano com aulas já em andamento.
A medida sofreu resistências e gerou controvérsia dentro das escolas, onde foi criticada como uma forma encontrada pelo governo de melhorar na marra os índices calamitosos de reprovação no Ensino Médio. O levantamento realizado por ZH indica que centenas de alunos aproveitaram essa nova chance e reverteram a reprovação de 2012. Mas a maior parte não quis participar ou não alcançou o desempenho necessário. Continuaram na condição de repetentes.
ZH buscou os dados sobre aprovação e reprovação diretamente com as escolas estaduais dos cinco maiores municípios gaúchos. Nem todas responderam ou aceitaram fornecer informações, mas mais de uma centena revelou seus números. Em Porto Alegre, no universo consultado, 37% dos alunos habilitados a participar do chamado avanço foram aprovados. Os índices mais baixos apareceram em Canoas (23%) e Caxias do Sul (24%). Os mais altos, em Pelotas e Santa Maria (ambas com 51% de aprovação).
– A grande maioria dos alunos iniciou com interesse mas, no decorrer das aulas, apresentou o mesmo comportamento do ano anterior: não estudou e não entregou tarefas – relata Fabiene Silveira, diretora da Escola Julio Grau, de Porto Alegre.
Índices de aprovação podem ser menores
Por conta de algumas limitações, o levantamento de ZH dá uma ideia apenas aproximada do desempenho dos alunos – apesar disso, ele se justifica pela falta de dados oficiais até o momento. As distorções não dizem respeito somente ao fato de ter sido consultada uma amostra dos estabelecimentos estaduais.
Outro fator a interferir é o fato de o número de alunos não aprovados no avanço obedecer a critérios diferentes, conforme a escola. Algumas repassaram o total de estudantes que estavam habilitados a receber a nova chance, incluindo aqueles que não quiseram aproveitá-la. Outras informaram somente o número de alunos que se inscreveram para participar. Em algumas, foi possível usar apenas o universo de secundaristas que efetivamente se submeteu aos exames de 2013.
Isso significa que os índices de aprovação podem ser menores do que os sugeridos pelo levantamento. Se fossem levados em conta todos os alunos reprovados em 2012 e que poderiam ter aproveitado a nova oportunidade de avançar para o 2º ano, a proporção de aprovados cairia. No caso de Caxias do Sul, por exemplo, a 4ª Coordenadoria Regional de Educação realizou um levantamento abrangente e chegou a um índice de aprovação inferior ao colhido por ZH. Na cidade, 2.532 alunos foram reprovados em 2012. Participaram do plano de avanço 2.083 deles (82,26%). Desses, 501 (24,05%) desistiram no meio do caminho, 1.126 (54,05%) foram reprovados e 456 (21,90%) passaram de ano.
Apesar das críticas, a chance extra tem amparo na Lei de Diretrizes e Bases. A professora da UFRGS Maria Beatriz Luce, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE) entre 2004 e 2012, considera um dever das escolas oferecer chance de recuperação:
– Uma avaliação bem feita é decisiva para uma inflexão no comportamento de um aluno.
*Participaram Júlia Otero, Diário de Santa Maria e Pioneiro
Levantamento feito em escolas dos cinco maiores municípios gaúchos mostra que a maior parte dos alunos reprovados em 2012 não aproveitou a chance de passar de ano no primeiro trimestre deste ano. A oportunidade foi proposta como parte de uma reformulação do Ensino Médio iniciada no ano passado em turmas de 1º ano.

EDUARDO ROSA E ITAMAR MELO*


29/04/2013
Quando a opção é não avançar
Camila Conter, 15 anos, tinha em mãos a possibilidade de passar do 1º para o 2º ano, apesar da reprovação em matemática e ciências da natureza. Aluna da Escola Estadual de Ensino Médio Professora Margot Terezinha Noal Giacomazzi, de Canoas, ela fez a prova de recuperação neste trimestre e atingiu a nota necessária. Foi uma das 10 que, em um universo de 53, chegaram à média. Após uma conversa com os pais – uma dona de casa e um aposentado –, preferiu não avançar:
– As outras turmas, que já estavam no 2º ano, teriam começado as matérias. Então, eu estaria bem atrasada. Achei que não valeria a pena.
No entanto, o que mais pesou na decisão da moradora do bairro Guajuviras foi o temor de não estar preparada para os novos conteúdos, devido a uma defasagem no aprendizado.
– Se eu rodei no ano passado, foi porque eu não aprendi alguma coisa. Quis repetir e ficar mais forte, conseguir aprender o que faltou. Se não, eu ia acabar rodando de novo – afirma Camila, que considerou o novo sistema injusto por recuperar um ano em uma prova de múltipla escolha. – Teve gente que nem se preparou, marcou as questões e passou.
Assim como Camila, a direção do colégio avaliou a mudança como negativa no que diz respeito à reorganização do ano letivo.
– Os alunos, inicialmente, gostaram da notícia da nova chance oferecida, mas reconheceram que ficaria inviável recuperar as lacunas na aprendizagem em pouco tempo – acrescenta a diretora, Tatiana Lopes Stein.
A professora explica que, para a nova avaliação, os estudantes tiveram uma lista com os conteúdos exigidos e a possibilidade de empréstimo de livros para estudo das disciplinas.





29/04/2013
“Uma experiência bem-sucedida”
Jose Clovis de Azevedo/Secretário estadual da Educação
Na sexta-feira, o secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, falou sobre os resultados preliminares da chance de avanço. Além dos números levantados para esta reportagem, citou estatísticas da própria secretaria, referentes a alguns municípios. ZH detectou uma possível confusão nos números da SEC, que acabavam inflando os índices de aprovação. A secretaria respondeu que as observações feitas por ZH podem ser pertinentes, razão pela qual os números citados pelo secretário não são apresentados. A entrevista:
Zero Hora – Como o senhor avalia os resultados da nova chance dada aos alunos?
Jose Clovis de Azevedo – Os resultados estão além da minha expectativa. Se ficasse só nisso, o projeto já poderia ser considerado um grande êxito. Cada aluno que avança é uma vitória.
ZH – Há uma crítica de que essa experiência foi uma forma de promover a aprovação automática.
Azevedo – Como muitos não foram aprovados, a crítica de que se tratava de uma aprovação automática fica difícil. O que pedimos não foi pura e simplesmente aprovar, mas oferecer um novo desafio aos alunos.
ZH – Chama a atenção a discrepância de resultado entre determinadas escolas. O que explica isso?
Azevedo – As escolas têm autonomia, têm seus próprios critérios de avaliação. Onde a aprovação foi total, nossa convicção é que foi feito um trabalho sério e ético. Onde todos foram reprovados, acreditamos que há um problema grande, porque índices elevados de reprovação significam que há falhas no ensino.
ZH – Alunos que conseguiram o avanço estão sendo inseridos em turmas de 2º ano já em andamento. Eles não vão ficar para trás?
Azevedo – Se os professores concluíram que o aluno podia avançar, é porque estão preparados para recebê-los. Em uma turma, o nível de conhecimento sempre é diferenciado.
ZH – A oferta de uma nova chance de aprovação será repetida nos próximos anos?
Azevedo – Pela legislação, a avaliação tem de ser permanente, contínua e cumulativa. Vamos acompanhar o rendimento ao longo do ano, para evitar que seja necessário efetuar uma nova ação desse tipo. Mas é possível repeti-la, porque foi uma experiência muito bem-sucedida.




 
29/04/2013
Discrepância entre as escolas
Ao se debruçar sobre os resultados obtidos pelas escolas e levantados por ZH, chama a atenção o fato de algumas instituições terem chegado a números extremos. Há colégios que aprovaram todos os estudantes de 1º ano testados em avaliações neste mês, enquanto outros reprovaram 100% dos alunos que se propuseram a fazer as novas provas.
O Dom João Becker, na zona norte de Porto Alegre, alcançou aproveitamento total na recuperação aplicada com o ano letivo em andamento. A direção atribui o índice de 22 aprovados à maneira como a nova forma de avaliação foi implantada na escola – priorizando os conteúdos mais importantes, focando na revisão durante o primeiro mês de aula e fazendo com que os alunos fossem acompanhados de perto pela supervisão.
– Eles melhoraram o comportamento. Ainda é prematuro dizer se a alteração foi boa, ao longo do ano é que teremos respostas – salienta a diretora, Ana Maria Corte Mello.
Os estudantes Robson Silveira, 16 anos, e Anderson do Canto, 17 anos, se queixam da grande quantidade de conteúdos que tiveram de revisar, mas lembram que a alteração no processo também resultou em uma mudança no comprometimento diante dos estudos.
– Tinha muita imaturidade, falta de atenção, brincadeira. Mudei porque agora sei o que é um ano perdido – confessa Robson.
Diretor diz que não houve real recuperação dos conteúdos
Na outra ponta, está a Escola Estadual de Ensino Médio Affonso Charlier, de Canoas. Lá, nenhum dos 14 estudantes que fizeram a recuperação em 2013 atingiu desempenho satisfatório para mudar de série.
– Esse processo não foi válido porque não houve a real recuperação dos conteúdos e, em consequência disso, o aproveitamento também não foi efetivo. Os motivos são diversos: alunos que precisavam rever o conteúdo anual não aprendido em um mês, as sequências de aprendizagem dos temas de base enfraquecida, entre outros – justifica o diretor da escola, Marcos Hermi Dal"Bó.
Professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Helena Sporleder Côrtes explica que, ao deparar com situações extremas, é necessário relativizar as circunstâncias que cercam os dados. Pondera que, teoricamente, a aprovação ou a reprovação na totalidade é possível, mas uma questão precisa ser levantada:
– A avaliação é um processo muito complexo e, toda vez que temos resultados desta natureza, em princípio, desconfiamos que algum problema aconteceu. Será que o instrumento foi bem feito, que processo de avaliação foi efetivo, que os professores estavam suficientemente preparados para fazer isso e que os alunos estudaram? Os extremos sempre devem ser indicadores de uma reflexão.








 
29/04/2013
Aula mesmo só a partir da chegada dos retardatários
Depois de dedicar o primeiro mês de aula ao esforço de recuperar os alunos de 1º ano reprovados em 2012, as escolas estaduais têm diante de si um novo desafio: integrar os recém-aprovados a turmas de 2º ano que já estão em andamento. Levando em consideração que são estudantes com um histórico de dificuldade escolar, a tarefa pode se revelar especialmente complicada.
Para evitar esse problema, muitos colégios resolveram interferir no andamento do 2º ano. No começo do atual período letivo, orientaram os professores a dedicar as primeiras semanas de aula a uma revisão do conteúdo do nível anterior. Alguns estabelecimentos maiores, adotaram como solução a criação de turmas específicas para os que começaram 2013 no 1º ano e vão terminá-lo no 2º.