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quarta-feira, 27 de julho de 2016

"Volta às aulas: lá vem uma nova adaptação!"

Fonte: Uol Educação
27 de Julho de 2016

  • Programe-se para levar seu filho à escola no primeiro dia, não importa se ele vai fazer esse caminho sozinho ou com os amigos depois
Na próxima semana, recomeçam as aulas em boa parte das escolas do País. Esse retorno costuma ser um período mais sensível para as crianças e até para os jovens. Afinal, todo recomeço é um novo começo. Os vínculos precisam se restabelecer, há novamente um esforço para se adaptar aos horários, ao espaço, aos colegas, aos professores e aos novos desafios... Até mesmo para os adultos, a retomada de uma rotina é difícil: volta aquele corre-corre de manhã, a pressa para não chegar atrasado, leva e busca, "como foi na escola hoje?" e "já fez o dever de casa?".
Porém, uma coisa é certa: quando bem encaminhada, essa readaptação dá certo. Mas, para que isso aconteça, precisamos participar! Aliás, diversas pesquisas mostram que, quando os pais participam de pertinho da educação dos filhos, a aprendizagem deles é muito, muito melhor. Pensando nisso, compartilho aqui quatro coisas que aprendi ao longo desses anos, como mãe e também ativista pela Educação, sobre a volta às aulas.
Converse com seu filho sobre o retorno para a escola
Ajude a criança a lembrar que é muito importante ir para a escola e quanta coisa gostosa ela faz por lá, quanta coisa ela aprende; fale dos amigos, do recreio. No caso dos mais velhos, converse sobre as expectativas relativas ao segundo semestre, que professor vai dar a primeira aula, sobre o que eles acham que vai ser, o que eles gostariam de aprender e de fazer na escola nos próximos meses.
Valorize esse momento
Ajude a arrumar o material, a separar o uniforme. Rever os cadernos do semestre anterior também é uma forma de ligar de novo a chavinha da escola.
Vá com ele para a escola no primeiro dia de aula
Programe-se para levá-lo à escola no primeiro dia, não importa se ele vai fazer esse caminho sozinho ou com os amigos depois.
Converse com os professores
A ida à escola não é só para ajudá-los a relembrar o caminho, mas também para conversar um pouco com os professores e, se der, com outros educadores – do bedel à diretora. Quando você vai à escola desde o primeiro dia, já começa com o pé direito, estabelecendo uma boa relação com os educadores de seus filhos. E isso é outra coisa que as pesquisas confirmam: a aproximação entre a família e os educadores só gera resultados positivos para a aprendizagem.
E vale lembrar: é melhor se envolver desde o começo – ou recomeço – das aulas até o final, inclusive durante as férias, feriados, fins de semana...  Quando você valoriza a educação de seu filho, ajuda a valorizar a Educação em geral. E isso é bom para todo mundo! Parece incrível, mas pude comprovar isso de perto quando viajei com a equipe do Canal Futura para o Canadá, a Coreia do Sul, a Finlândia e outros lugares que estão no topo do ranking da Educação do mundo (veja aqui o resultado).
Educação valorizada por todos = educação de qualidade! 

PRISCILA CRUZ

Priscila Cruz é fundadora e presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação. Graduada em Administração (FGV) e Direito (USP), mestre em Administração Pública (Harvard Kennedy School), foi coordenadora do ano do voluntariado no Brasil e do Instituto Faça Parte, que ajudou a fundar.

"Gilberto Schwartsmann: quem vale mais, deputado ou professor? "

Fonte: Zero Hora
27 de Julho de 2016 

Médico e professor


O bom político merece remuneração condizente. Mas quem assiste às sessões da Câmara dos Deputados não tem dúvida quanto à má qualidade de muitos deles. Falta-lhes preparo para o exercício do cargo. Têm baixa escolaridade. Pouca cultura. Alguns são réus ou condenados em processos por fraude ou corrupção.
Posso errar o cálculo, mas será por pouco. Cada um dos nobres deputados federais custa ao erário cerca de R$ 170 mil por mês. Isto mesmo. Façamos a conta. São R$ 34 mil por mês de salário, uns R$ 90 mil para cargos em comissão e R$ 45 mil para auxílio-moradia, alimentação, aluguel de carro etc.
Em resumo: o Brasil gasta mais de R$ 1 bilhão por ano com os 513 deputados federais. E cada deputado tem ainda direito ao ressarcimento de gastos médicos e outros serviços. Há ainda despesas com carros oficiais, em número de 11, para presidente, vice, presidente do conselho de ética, ouvidor e outros.
Os senadores da República custam até mais. Somados, deputados federais e senadores consomem mais de R$ 2 bilhões por ano de nosso dinheiro. Congresso caro, não? A título de comparação, tomemos apenas (apenas?) os R$ 34 mil que os deputados federais recebem de salário. Como esses valores se comparam aos salários dos professores?
Por que os professores? Muito simples. Os professores desempenham uma função essencial ao país. Sem ensino de qualidade, nunca teremos um país justo e desenvolvido. Na maioria das capitais brasileiras, o governo paga ao professor do Ensino Médio entre R$ 2 mil e R$ 3 mil mensais. No topo da pirâmide do Ensino Superior, o professor universitário titular de instituições federais, com dedicação exclusiva, recebe entre R$ 6 mil e R$ 17 mil.
Portanto, os deputados federais recebem salário 11 a 17 vezes maior do que o de um professor do Ensino Médio e duas a seis vezes maior do que o do professor universitário no ponto máximo da carreira.
Na comparação de custos totais ao erário, ou seja, salário mais extras, individualmente, é abismal a diferença no investimento público com professores e políticos. O professor do Ensino Médio custa 56 a 85 vezes menos ao Estado do que o deputado federal. E o professor titular, no ponto máximo da carreira universitária, 10 a 28 vezes menos.
No Brasil de Temer, não há o menor sinal de corte nos privilégios da classe política. Tampouco há evidência de uma maior valorização dos professores, por mais modesta que seja. Pelo andar da carruagem, o Congresso continuará incompetente e recebendo a peso de ouro. E o professor continuará mal pago e sem o menor reconhecimento. Mas não deixará de ensinar.

"Projeto político pedagógico"

Fonte: Centro de Referências em Educação Integral
27 de Julho de 2016

Um projeto é um plano para realizar algo, que demanda planejamento para definir as estratégias e os caminhos a serem seguidos. No âmbito escolar não é diferente. Toda escola precisa ter clareza de seu projeto educacional que diz de sua responsabilidade e contribuição com o desenvolvimento integral e formação cidadã dos estudantes.
Como elaborar uma proposta pedagógica com foco em Educação Integral?
Na perspectiva da educação integral, a proposta pedagógica é o grande alicerce para que a escola faça as conexões e articulações necessárias para compreender o sujeito em toda sua complexidade.
Além de pactuado com a comunidade escolar - estudantes, professores, gestores e demais profissionais, além de familiares – o projeto político pedagógico (PPP) deve prever ações de médio, curto e longo prazo que deem conta de seus diversos desafios.
Na prática, o projeto político pedagógico traduz a identidade escolar e se consolida no dia a dia a partir de ações práticas deste cotidiano. “Ter papel higiênico ou não, permitir que os alunos se sirvam da comida ou não, tudo isso é projeto político pedagógico”, afirmou a coordenadora executiva do Cedac, Roberta Panico, em entrevista cedida ao Centro de Referências em Educação Integral.
Projeto Político Pedagógico: reflexão constante e permanente
Veja entrevista completa com Roberta Panico, onde ela comenta sobre o Projeto Político Pedagógico e a publicação temática feita pelo Cedac e direcionada a gestores: “Projeto Político Pedagógico: orientações para o gestor escolar entender, criar e revisar o PPP’
Um desafio do PPP é dialogar com a realidade escolar, e isso aponta para a necessidade das instituições promoverem um diagnóstico prévio de seus atores para então traçar um perfil desta comunidade e elencar as expectativas que se tem com ela.
O papel da gestão
A aplicação do PPP, ou seja, o seu desdobramento nas práticas pedagógicas, deve ser garantida pela gestão escolar – diretores e coordenadores – que deve buscar pautá-lo em meio a rotina como, por exemplo, na hora de trabalho pedagógico coletivo (HTPC).
Também se espera que os gestores coloquem em prática uma gestão democrática, possibilitando a participação ativa dos demais atores escolares na formatação dessa política educacional. Nesse sentido, já no planejamento do PPP deve se garantir a entrada das instâncias participativas, bem como as devidas devolutivas das diversas representações envolvidas.
Na práticacef_01_pppCentro de Ensino Fundamental 01 de Planaltina (CEF 01) – também conhecido como Centrinho – mostra como revisou o seu projeto político pedagógico em nome de um posicionamento da comunidade escolar a favor da diversidade. O “Diversidade na Escola” , que começou como um projeto na unidade, hoje integra as diretrizes pedagógicas da instituição.
Ainda na visão de Roberta Panico, isso é uma questão do diretor se aproximar e discutir a gestão democrática a partir de sua operacionalização – como se faz uma gestão de outra forma? -, uma vez que os mecanismos legais nem sempre garantem processos mais democráticos e participativos.
Outra questão fundamental é que o PPP não se configure como uma política local, de uma única escola e leve em consideração as orientações da rede, seja ela municipal ou estadual. E, da mesma maneira, busque refletir os pressupostos de outras diretrizes educacionais, como Plano Nacional de EducaçãoBase Nacional Comum Curricular, entre outros. O PPP deve levar em consideração, ao mesmo tempo, o micro e o macro, sempre em diálogo.

terça-feira, 26 de julho de 2016

"Médicos lançam Manifesto em favor da educação médica"

Fonte: Portal Terra
26 de Julho de 2016

Imagine unir o que há de melhor em uma sala de aula ao que existe de mais moderno na educação à distância. Esta é a proposta lançada por um grupo de renomados médicos que, por detectarem necessidade de maior avanço na educação médica contemporânea, buscaram, juntos, soluções modernas para que o ensino da medicina possa avançar de forma eficiente e inexorável.
Foto: DINO
A solução concebida representa perspectiva de um novo sistema de ensino, que traz tecnologia de ponta à sala de aula, objetivando maior absorção de conteúdo com registro, certificação e segurança indispensáveis ao rigor e seriedade exigidos na medicina. Nesse sentido, esse manifesto propõe uma fusão de métodos e tecnologias disponíveis para unificar os ambientes presencial e virtual assegurando o rigor necessário para assimilação do conhecimento.
Cinco diretrizes são fundamentais na implementação desse novo sistema com uma única plataforma tanto no ambiente virtual quanto presencial:
1. Registrar e autenticar a presença e a interação simultânea de professores e alunos; 
2. Manter o máximo de 45 alunos por sala; 
3. Estabelecer horários de início e término das aulas; 
4. Mensurar a atenção e assimilação do conhecimento pelos alunos em todas as aulas; 
5. Padronização pedagógica incluindo suporte na produção de conteúdo.
Estabelecida em Miami-FL USA, a plataforma Neo Idea, que atende as demandas exigidas pelo Manifesto foi criada totalmente com tecnologia brasileira, e logo ganhou o apoio deste grupo de professores médicos.
O primeiro a ter contato com a plataforma foi o Prof. Dr. Rossano Fiorelli, Professor Titular e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). A partir do conhecimento dessa ferramenta em uma apresentação para Universidade de Miami, Dr. Rossano buscou se aprofundar sobre os métodos de ensino à distância disponíveis e suas controvérsias.
Com a disseminação desse ideal na academia, formou-se um grupo de professores que corroboraram que as metodologias atualmente disponíveis não acompanham a velocidade, abrangência, certificação e segurança essenciais às necessidades do ensino continuado dos profissionais médicos - tanto da perspectiva dos alunos quanto dos professores.
A partir de então, este grupo começou um trabalho intenso para otimizar, adequar e direcionar as funcionalidades dessa nova ferramenta para as necessidades ressaltadas no processo de integração entre o modelo de educação médica tradicional e os novos sistemas de tecnologia da informação disponíveis.
*Grupo de renomados professores de medicina
Pietro Novellino - MD, MsC, PhD 
Professor Titular Emérito da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 
Membro Titular da Academia Nacional de Medicina; 
Membro Titular da Academia Brasileira de Educação.
Rossano Kepler Alvim Fiorelli -MD,MsC, PhD 
Professor Titular e Chefe do Departamento de Cirurgia Geral e Especializada da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO);
João Carlos Côrtes Júnior -MD, MsC, PhD 
Professor Titular e Pró-Reitor de Ciências Médicas da Universidade Severino Sombra
Agostinho Ascenção -MD, MsC, PhD 
Professor Titular da Departamento de Cirurgia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 
Diretor da Escola de Medicina e Cirurgia da UNIRIO
Ricardo Cavalcanti Ribeiro -MD, MsC, PhD 
Professor Titular de Cirurgia Plástica do Instituto Carlos Chagas 
Diretor do Instituto de Ciências da Saúde Carlos Chagas
Isabel Vieira de Figueiredo e Sila- MD 
Professora de Cirurgia Plástica do Instituto Carlos Chagas
Antonio Carlos Marttos Jr. - MD 
Associate Professor of Surgery Department, Miller School of Medicine - University of Miami 
Director of Telemedicine, Ryder Trauma Center - Miami 
Director, William Lehman Injury Research Center - University of Miami Health System


Dr. Eduardo Sadao Yonamine 
Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo 
Presidente da Comissão de Tecnologia da Informação da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) 

"Acadêmicos apoiam corte de bolsas do Ciência sem Fronteiras; UNE critica"

Fonte: O Globo
26 de Julho de 2016

Para entidades de pesquisa, alto custo justifica fim de benefício para alunos de graduação

RIO- Dias após o governo do presidente interino Michel Temer anunciar o fim da concessão de bolsas para o programa Ciências sem Fronteiras (CsF) na graduação, acadêmicos ouvidos pelo GLOBO apoiaram a medida. Como justificativa, os especialistas apontam o alto custo do CsF em comparação aos benefícios que apresenta, e a necessidade de investir em pesquisas internamente. A União Nacional dos Estudantes (UNE) criticou duramente a decisão do Ministério da Educação (MEC).

— É triste que isso aconteça, mas é necessário. Estamos no meio de uma crise financeira, temos que manter o programa de iniciação científica que já existe no país. Prefiro manter essas bolsas com mais recursos e esperar a saída da crise para poder voltar com a internacionalização — argumentou a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, acrescentando ainda que o programa vinha sendo conduzido sem maior avaliação de resultados: — Temos que saber o resultado dessas 80 mil bolsas antes de colocar mais 80 mil. Principalmente em uma época em que estamos cortando bolsas no país.De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a partir de agora, o programa irá focar no ensino de línguas para jovens de baixa renda das escolas públicas, e estudantes de pós-graduação. Em nota, a Capes afirmou que irá honrar as dívidas com as bolsas que ainda estão em vigência e têm contrato até o começo de 2017.
Cerca de 73 mil bolsas do CsF foram concedidas para graduandos desde o início do programa, em 2011. No total, foram mais de 100 mil bolsas para graduação e pós em universidades de 54 países. De acordo com o ministro da Educação, Mendonça Filho, cada aluno custou aos cofres públicos cerca de R$ 105 mil por ano. Considerando somente dados fornecidos pela Capes — o programa conta também com bolsas financiadas pelo CNPq —, foram investidos cerca de R$ 8,4 bilhões de 2011 até agora.

UNIVERSIDADES SEM RECURSOS
Na opinião de Antônio Freitas, membro da Academia Brasileira de Educação, é um contrassenso gastar esse montante com o CsF enquanto as universidades brasileiras sofrem com a falta de recursos.
— O CsF consome quase R$ 4 bilhões por ano para mandar garotos para Europa e EUA, alguns para universidades boas, mas a maioria para medianas. Por outro lado, excelentes laboratórios , como o da UFRJ estão sem recursos — disse.
Entre as principais áreas atendidas pelo CsF estão os cursos de Engenharia, outros ligados à tecnologia, e carreiras relacionadas à saúde, à indústria criativa, às ciências exatas e da terra. Segundo Mendonça Filho, o montante de R$ 3,7 bilhões utilizado para custear o programa em 2015 é o mesmo valor gasto para financiar a merenda de 40 milhões de estudantes.
Para o sociólogo Simon Schwartzman, o programa como vinha sendo feito não justificava o custo. Ele afirma que o importante é que o governo mantenha o incentivo no âmbito da pós-graduação tanto internamente, quanto no exterior:
— O programa foi mal concebido, o ministério teve que tirar dinheiro de outras áreas, de pesquisas de pós-graduação para financiá-lo. Do ponto de vista da política educacional não é satisfatório.
Presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, criticou a medida, que classificou como retrocesso.
— O CsF significou muito para muitas pessoas que não tinham condição de fazer intercâmbio. Além disso, traz algo essencial para o ensino superior que é a internacionalização. A justificativa do MEC ao comparar os gastos do CsF com alimentação escolar não leva em conta o quão estratégico ele é para o país. É uma comparação sem cabimento. Se tiver esse pensamento, fará só o básico, porque é mais barato — criticou.
Aluno de medicina da Universidade Federal Fluminense, Matheus Carvalho queria tentar uma vaga no programa quando foi surpreendido pela notícia.
— Pensava em tentar esse ano. Mas devido à crise eu já esperava que uma hora iam cortar. Por outro lado, como meu curso é longo, tenho esperança que voltem com o 

"Inclusão nas escolas"

Fonte: Diário do Nordeste
26 de Julho de 2016


Acessar em: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/opiniao/inclusao-nas-escolas-1.1589208


"Déficit de professores cresce na gestão Haddad e chega a 4,7 mil profissionais"

Fonte: Estadão
26 de Julho de 2016

Em janeiro de 2013, quando o prefeito assumiu, faltavam 1,8 mil docentes na rede municipal; secretaria afirma que o número de aposentados e exonerados cresceu

Isabela Palhares e Luiz Fernando Toledo,
O Estado de S.Paulo

O déficit de professores na rede municipal quase triplicou durante a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). As escolas precisam, hoje, de 4,7 mil docentes. Em janeiro de 2013, ao assumir a Prefeitura, Haddad tinha de colocar 1,8 mil professores na rede, um aumento de 161% no déficit. A capital tem 62 mil professores só na administração direta (sem contar as unidades terceirizadas).
A falta de professores afeta todas as etapas atendidas pela Prefeitura, mas é mais grave nos anos finais do ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano), que precisam de 3,1 mil docentes.
A defasagem, porém, não significa que há crianças sem aula. Na maior parte dos casos, os professores ficam sobrecarregados, com mais alunos em sala do que o que determina norma municipal: de 7 a 29 estudantes por sala na educação infantil (de 0 a 5 anos); até 30 alunos no 1.º ano do fundamental; 32 alunos no 2.º ano do fundamental e 33 crianças nos anos finais do fundamental e no ensino médio. “Tem professores temporários, mas quando um sai de licença e outro falta, alguém acaba sobrecarregado, é uma bola de neve”, afirmou uma professora de uma creche de Guaianases, na zona leste.
A defasagem é maior nas disciplinas de Arte (582), Inglês (552), Geografia (525) e Matemática (435). Nas escolas de educação infantil (CEI) faltam 1.393 professores. A periferia concentra as regiões que mais precisam de profissionais. Campo Limpo, na zona sul, precisa de 1 mil docentes, seguido por Pirituba (564) e Capela do Socorro (514). Os números foram obtidos pelo Estado por meio da Lei de Acesso à Informação.
Segundo a Secretaria Municipal da Educação, o déficit cresceu porque houve um aumento no número de profissionais aposentados e exonerados no mesmo período. Em 2012, a rede municipal registrou 1.197 aposentadorias, praticamente metade de 2014 (2,3 mil) ou 2015 (2,1 mil). No período, foram exonerados 2,5 mil professores. A pasta também afirma que o aumento no número de unidades e de classes fez com que a demanda por professores crescesse.
O presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), Claudio Fonseca, tem pressionado a Prefeitura para que os aprovados no último concurso, feito em 2015, para educação infantil e ensino fundamental I (do 1.º ao 5.º ano) sejam convocados. A Prefeitura diz que nomeará 1.400 aprovados em agosto deste ano. Também está parado o concurso de professores de ensino fundamental II e médio, feito em março. Por causa das regras do período eleitoral, a homologação das 2,4 mil vagas oferecidas só será possível em 2017.
Creches. Outro gargalo são as creches terceirizadas. Para diminuir o déficit de vagas na educação infantil, a gestão Haddad fez convênios com unidades construídas e administradas pelo setor privado. Nestas escolas, o número de professores contratados depende do número de alunos, mas não há temporários. “Se um professor falta, fica doente ou tem algum problema, acumula criança na sala. Fica difícil para um só professor cuidar de 20 alunos pequenos”, disse uma funcionária de uma creche conveniada no centro.
Desde a homologação do último concurso para professores na educação infantil, feito em 2015, docentes criaram uma campanha virtual para tentar chamar a atenção do prefeito.
Um professor de 43 anos, que pediu para não ser identificado, é um dos que participam do protesto. Ele está desempregado desde o começo do ano e afirma ter recusado um emprego em uma escola particular porque achava que logo seria chamado. “Já estou perdendo as esperanças de que vão me chamar. É horrível essa situação, preciso pagar minhas contas.”
Ações desencontradas. Para Maria Márcia Malavasi, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a falta de docentes mostra que as ações da Prefeitura para a educação estão “desencontradas”. “Se houve aumento de unidades, a Prefeitura deveria ter planejado as ações para não deixar os alunos sem professores.”
Secretaria diz que 16,8 mil docentes foram nomeados desde 2013
A Secretaria Municipal de Educação informou, por meio de nota, que já nomeou quase 16,8 mil professores desde o início da gestão Fernando Haddad (PT), entre eles professores de educação infantil e ensino fundamental, além de coordenadores pedagógicos e auxiliares técnicos de educação.
A pasta afirma que, por causa da ampliação de vagas em toda a rede municipal, “ocorrida com a construção de novas unidades educacionais e com o aumento no número de classes em escolas já existentes”, a demanda pelos profissionais aumentou – de 21,4 mil professores na educação infantil e no ensino fundamental I, em 2012, para 24,3 mil em 2016, segundo a administração municipal.
A secretaria também justificou o número de vagas abertas com as aposentadorias e exonerações. Segundo a pasta, o número de aposentados subiu de 1.197, em 2012, para 2.150 no ano passado. No primeiro semestre deste ano, 976 professores também se aposentaram. O número de exonerados também aumentou de 864, em 2012, para 908 no ano passado. Só nos primeiros seis meses de 2016, foram 379 exonerados.
Planejamento. A meta do governo municipal é nomear 1.400 professores até agosto, além de 350 diretores e 90 supervisores escolares. A secretaria também diz que não faltam professores nas salas de aula, uma vez que há um planejamento anual, com contratação de docentes temporários.
De acordo com a secretaria, desde 2013, a Prefeitura já nomeou 17 mil profissionais para a educação, entre professores, coordenadores pedagógicos e auxiliares técnicos. A maior parte das contratações (8.827) foi para docentes da educação infantil e do fundamental I. 
Sobre as críticas de falta de professores nas creches conveniadas, a secretaria informou que o atendimento aos alunos dessas unidades “segue um procedimento criterioso adotado em toda a cidade” e que todas elas devem seguir as diretrizes do Município. 
Segundo a Prefeitura, as instituições conveniadas são responsáveis pelos quadros de professores que atuam em suas unidades e, caso a creche não ofereça o padrão de qualidade exigido, pode ter o convênio encerrado. Ainda de acordo com a administração municipal, nos últimos quatro anos, 80 convênios com essas instituições foram encerrados.

"O Escola sem Partido e seus inimigos"

Fonte: Gazeta do Povo
26 de Julho de 2016

A proposta ameaça o funcionamento da máquina de propaganda ideológica instalada, gramscianamente, no sistema de ensino

Miguel Nagib

Por que professores de esquerda, sindicatos e movimentos de esquerda, jornalistas de esquerda, Ministério Público de esquerda, políticos e partidos de esquerda declararam guerra aos projetos de lei inspirados na proposta do movimento Escola sem Partido?
Para saber o motivo, basta conhecer a essência dessa proposta, que é tornar obrigatória a afixação, em todas as salas de aula do ensino fundamental e médio, de um cartaz com os seguintes “Deveres do Professor”:
1) não se aproveitar da audiência cativa dos alunos para promover os seus próprios interesses, opiniões ou preferências ideológicas, religiosas, políticas e partidárias;
2) não favorecer nem prejudicar ou constranger os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas;
3) não fazer propaganda político-partidária em sala de aula nem incitar seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas;
O simples debate em torno da proposta já está promovendo a disseminação do conhecimento sobre os limites da atividade docente
4) ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, apresentar aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito da matéria;
5) respeitar o direito dos pais dos alunos a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
Eis o motivo dos ataques: as esquerdas perceberam – e com razão – que, se os projetos forem aprovados e os cartazes, afixados nas salas de aula, os estudantes estarão permanentemente informados sobre a existência desses deveres e dos direitos que lhes correspondem; e muitos não aceitarão que eles sejam violados, o que vai acabar criando sérias dificuldades para os professores que usam suas aulas para fins de cooptação ideológica, política e partidária. Como os principais beneficiários dessa prática antiética e ilícita são os políticos, os partidos e as organizações de esquerda, é natural que eles se oponham à proposta do ESP, já que ela ameaça o funcionamento da máquina de propaganda ideológica instalada, gramscianamente, no sistema de ensino.
O bom funcionamento dessa máquina depende, obviamente, de que os professores, os estudantes e seus pais sejam mantidos na mais completa ignorância em relação aos limites éticos e jurídicos da atividade docente: a vulnerabilidade do aluno; sua liberdade de consciência e de crença; o direito dos pais sobre a educação religiosa e moral dos seus filhos; o pluralismo de ideias e a neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado. Na medida em que esses limites sejam conhecidos, eles tenderão a ser respeitados, e isso é tudo que as esquerdas não desejam.
Felizmente – mas não para as esquerdas e para os professores, de todas as tendências, que abusam da liberdade de ensinar em prejuízo da liberdade de aprender dos estudantes –, isso já está acontecendo. E, ao que tudo indica, de maneira irreversível. O simples debate em torno da proposta já está promovendo uma incrível disseminação do conhecimento sobre aqueles limites.
Ironicamente, quem mais tem contribuído para isso são as próprias esquerdas, que se desmascaram e se denunciam no ato mesmo de atacar o projeto. E é por isso que não conseguirão impedir que ele avance. Em breve, a Constituição estará sendo respeitada – ou invocada – em todas as salas de aula. Isto é cidadania.
Miguel Nagib, advogado, é coordenador do Escola sem Partido.

"Na adolescência, os jovens perdem quase tudo o que lhes dava segurança"

Fonte: Folha de São Paulo
26 de Julho de 2016

Crescer dói em qualquer idade. Dói para a criança em sua passagem para a segunda e derradeira parte da infância, e dói quando esta termina. Dói quando ela está prestes a entrar na adolescência, e crescer dói durante a adolescência toda, do começo ao fim. Dói entrar na maturidade, dói aprender a ser um pouco mais adulto a cada dia para não responsabilizar o passado pelas agruras do presente; dói entrar na meia idade e dói envelhecer.
Hoje, vamos pensar a respeito das dores que, em geral, ocorrem na adolescência e como elas podem se expressar. Para isso, vou contar duas histórias baseadas em histórias reais, mas que modifiquei para preservar a identidade dos que viveram essas dores tão intensamente.
Marina era, na época, uma garota tímida com seus 13 anos: achava que seu corpo deixava muito a desejar e, por isso, o escondia de todas as maneiras.
Na escola, com as colegas, ria e fazia comentários espirituosos sobre si mesma fazendo todas acharem graça de seu jeito. Dava-se bem com os professores e com as provas, apesar de pouco estudar. Só não se dava bem com os meninos, pois achava que eles não queriam sua companhia. O sentimento era de ser invisível para eles.
Em casa, preferia ficar sozinha em seu quarto a maior parte do tempo. Só via os pais nos horários das refeições e pouco conversava com eles. Sentia-se rejeitada, principalmente pelo pai. Não que fosse na realidade, mas esse era seu sentimento. Um dia, uma amiga contou que frequentava um ambiente na internet que mostrava fotos de garotas com cortes nos braços e pernas feitos com lâmina de barbear. Ela fez para experimentar. Sentiu um alívio danado e, daí em diante, passou a fazer regularmente, sempre que se sentia estranha. Funcionava.
João Pedro, aos 14 anos, gostava de bancar o valentão: vira e mexe entrava em luta corporal com colegas ou desconhecidos e sempre se machucava. Já fora ao hospital para levar pontos por cortes sofridos nos lábios em uma dessas brigas. Dizia que essa era sua maneira de ficar "de boa", de não "surtar". Achava que a vida era uma droga, não via sentido em ir para a escola, festas etc. Para alguns adolescentes, a dor do crescimento e o sofrimento emocional e psíquico que ocorrem nessa fase são quase insuportáveis. Deslocar essa dor impalpável para a dor física alivia suas angústias. O problema é que a solução é temporária –ambos sabiam disso. Por isso precisavam repetir, repetir, repetir.
Muitas famílias não dão a devida atenção a essas situações. O pai de outra garota, que também praticava automutilação, dizia que era modismo porque a garota era bonita, popular, tinha de tudo.
É bom saber que, na adolescência, os jovens perdem quase tudo o que lhes dava segurança: o conhecimento de si e do mundo, os pais, a intimidade com o corpo e a maneira de relacionar-se com os pares.
Famílias e escolas poderiam estabelecer diálogos vivos e instigantes a respeito da vida com os jovens. Em vez de falar de escola, profissões, vestibular etc., tratar de arte, filosofia, cinema e literatura é muito mais profícuo para ajudá-los a ver e entender melhor o mundo e desenvolver o autoconhecimento.
Alguns adolescentes precisam de ajuda –às vezes profissional– para simbolizar a dor que sentem e que não sabem expressar.

"Como ajudar seu filho na volta às aulas?"

Fonte: O Globo
26 de Julho de 2016

Por Ricardo Falzetta

A volta às aulas é um período muito importante, pois pode definir o clima escolar ao longo de todo o semestre. Apesar de o ano letivo já ter começado e o recesso escolar em julho ser mais curto, é fundamental que a escola e a família atuem em conjunto para retomar a rotina escolar, sem estresse, já que é comum que as crianças demorem para se adaptar novamente aos horários, sentindo mais sono nas primeiras horas da manhã, por exemplo.
Por isso, na escola, podem ser propostas atividades diferentes que estimulem a participação e atenção dos alunos nos primeiros dias letivos do semestre. Uma ideia bacana é organizar as carteiras no primeiro dia de aula em forma de círculo, incentivando que as crianças contem sobre as férias e dando espaço para que novos alunos, se houver, sejam apresentados.
Já para os pais, o principal conselho é participar! Em geral, a escola convoca uma reunião perto do começo das aulas. A participação dos responsáveis pelo aluno nesse encontro é fundamental e, por isso, é importante que a escola agende um horário em que a maioria possa participar. Nessa reunião, é papel da escola apresentar o planejamento do semestre e tirar todas as dúvidas, além de buscar se aproximar ainda mais das famílias. Para os pais, ou responsáveis, a reunião é sempre uma ótima oportunidade para conhecer ainda mais escola, o planejamento, os gestores e os professores, mostrando aos filhos que todos se importam com a Educação deles.
Todas essas dicas valem para todas as etapas da Educação Básica. É claro que os jovens dos anos finais do Fundamental e do Ensino Médio já têm mais autonomia para retomar os estudos por conta própria. Por isso, a dosagem de atividades de adaptação deve ser adequada à idade dos estudantes. Estratégias para começar o segundo semestre mais motivados é também essencial para que eles continuem os estudos.
Nessa missão de volta às aulas, famílias, comunidade escolares, professores e gestores, têm seu papel para promover um retorno às aulas tranquilo e acolhedor para a criançada.

"Após quase 5 meses, professores decidem suspender greve no RJ"

Fonte: G1 Rio de Janeiro
26 de Julho de 2016

Categoria paralisou as atividades no dia 2 de março.
De acordo com o Sindicato, aulas serão retomadas nesta quarta (26).


Depois de quase cinco meses de greve, os professores da rede estadual do Rio de Janeiro decidiram em assembleia nesta terça-feira (26) suspender a paralisação. Diante da decisão, a orientação do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ (Sepe) é que os profissionais retornem ao trabalho nesta quarta-feira (27).

A suspensão da greve atendeu à proposta apresentada pelo governo à categoria durante audiência realizada pela manhã entre a direção do Sepe e o deputado Edson Albertassi, líder do governo na Assembleia Legislativa do RJ. O parlamentar garantiu à categoria o atendimento de algumas das reivindicações caso as aulas fossem retomadas imediatamente.
Entre as promessas do governo está o ressarcimento do que foi descontado dos servidores da educação no salário de junho. O corte foi determinado pela Justiça e seria mantido sobre o salário de julho. Um folha de pagamento suplementar deverá devolver os descontos.
Em junho, os servidores da educação tiveram quase a metade dos salários descontados porque a Justiça considerou a greve dos profissonais abusiva. A redução aconteceu do dia 14 ao dia 30 de junho.
Duas das principais reivindicações dos professores, no entanto, não tiveram base de negociação em função da crise financeira do estado. São elas o reajuste de 30% sobre os salários e a reserva de um terço da carga horária docente para realizações de atividades extraclasses.

De acordo com o Sepe, a categoria irá manter a mobilização. Uma nova assembleia será realizada no sábado (30) para decidir os rumos das reivindicações da categoria. Na ocasião, os professores irão discutir também as condições que serão apresentadas ao governo para a reposição das aulas.

Segundo o Sepe, já está agendada para o dia 2 de agosto uma audiência com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) para discutir como será feita a reposição das aulas.

Em nota, a secretaria afirmou que serão respeitados os 200 dias letivos, conforme previsto em lei, e que algumas escolas poderão não ter o recesso do período olímpico, em agosto deste ano, e avançar em dezembro, janeiro e até fevereiro de 2017 para garantir o cumprimento do calendário.

A greve na rede estadual de educação teve início no dia 2 de março e contou com o apoio dos próprios estudantes, que promoveram a ocupação de dezenas de escolas no estado.

"Realização de seminários estaduais ajuda a aprimorar as propostas da Base Curricular"

Fonte: Ministério da Educação
26 de Julho de 2016

Estão em curso por todo o país os seminários estaduais para as últimas alterações e supressões na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Nesta terça-feira, 26, as discussões começam nos estados da Paraíba e Bahia e no Distrito Federal. Na quarta-feira, 27, será a vez de Pernambuco, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo apresentarem as últimas contribuições ao documento. Os encontros nesta fase são organizados pelo Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio do Ministério da Educação.
Rio Grande do Sul e Piauí deram a largada dessa etapa de debate no final de junho. Alagoas e Roraima foram os seguintes. Na semana passada, dias 19 e 20, foi a vez de Santa Catarina, onde o ministro da Educação, Mendonça Filho, esteve presente e defendeu que cada região tenha suas peculiaridades culturais e regionais incluídas no texto. “Não queremos um documento inflexível, nem impermeável a contribuições locais”, disse. “Precisamos de uma Base única nacional e bem definida de acordo com realidade de cada região e idade dos alunos.”
No seminário do Rio Grande do Sul, realizado em 23 de junho, foram expostas algumas dúvidas na organização dos objetivos curriculares (conteúdos ensinados) nos anos finais do ensino fundamental. “Em ciência, por exemplo, o que antes era trabalhado no sexto ano, agora será introduzido no oitavo”, explicou a coordenadora estadual da Undime, Márcia Adriana de Carvalho. Para ela, a lógica de estrutura da Base é muito boa porque abre a oportunidade da ação interdisciplinar na educação.
Em Alagoas, foram apresentadas sugestões relativas a termos usados na educação especial, sobretudo aqueles que descrevem deficiências, e a textos introdutórios sobre educação financeira. “Falamos de educação financeira, mas não falamos da educação fiscal; reconhecemos as pessoas com deficiência, mas precisamos falar de inclusão e valor humano”, sugeriu Ricardo Lisboa Martins, da comissão articuladora da Base e superintendente de políticas educacionais da Secretaria de Educação de Alagoas. “Acreditamos que seria importante mencionar de forma transversal, e em termos gerais, esses assuntos no documento.”
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Roraima e Acre também já apresentaram as últimas contribuições ao texto da Base. Pelas previsões, os demais estados terão realizado seus seminários até o início de agosto. Os eventos estaduais somam-se aos debates anteriores, que desde 2015 reúnem propostas de atualização e unificação curricular da educação básica brasileira.
O objetivo da construção coletiva da Base é orientar as redes municipais e estaduais de ensino com dois terços da produção de currículos unificados. A parte restante de conteúdo será definida regionalmente. Daí a importância da participação dos professores, estudantes e representantes de entidades e conselhos de educação nessa fase. O documento deve ser concluído pelo Ministério da Educação até o fim do ano.
Versão — Os encontros estaduais são articulados por uma comissão composta por 15 integrantes de vários segmentos de cada estado. Nessa fase são permitidas alterações, supressões e acréscimos ao texto. Após a rodada de seminários, uma terceira versão do documento será elaborada pelo MEC.
Considerado um momento singular e democrático pelo presidente da Undime, Alessio Costa Lima, os seminários estaduais trazem mais conhecimento para o dia a dia dos estudantes brasileiros. “Dessa forma, as escolas estão participando ativamente do debate e construindo currículos mais qualitativos em termos de melhoria da educação em nosso país”, observa Alessio.
Prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), a meta da Base estabelece que a partir de 2018 as diretrizes sejam implementadas nas escolas. Além de atualizar o conteúdo didático e contribuir com a diversidade territorial, o documento trará orientações para a avaliação curricular e a formação de professores atuantes na educação básica.
Assessoria de Comunicação Social 

"Mais de 350 mil internautas já opinaram sobre o programa Escola sem Partido"

Fonte: Agência Senado
26 de Julho de 2016

O Projeto de Lei do Senado (PLS) 193/2016, que inclui o programa Escola sem Partido dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/1996) havia recebido, até as 17h desta terça-feira (26), mais de 173 mil votos favoráveis e cerca de 183 mil votos contrários. Qualquer cidadão pode opinar sobre os projetos em tramitação no Senado por meio da página Consulta Pública, uma das funcionalidades do Portal e-Cidadania.
De autoria do senador Magno Malta (PR-ES), o projeto cria o programa Escola sem Partido para que sejam incluídos como princípios da educação nacional a neutralidade política, ideológica e religiosa; o pluralismo de ideias no ambiente acadêmico; a liberdade de aprender e de ensinar; a liberdade de consciência e de crença; o reconhecimento da vulnerabilidade do educando como parte mais fraca na relação de aprendizado; a educação e informação do estudante quanto aos direitos compreendidos em sua liberdade de consciência e de crença e o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral  que esteja de acordo com as suas próprias convicções.
O projeto proíbe os professores, no exercício de suas atividades, de: promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias; favorecer, prejudicar ou constranger os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas e fazer propaganda político-partidária em sala de aula ou incitar seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.
O projeto estabelece ainda que “o poder público não se imiscuirá na opção sexual dos alunos nem permitirá qualquer prática capaz de comprometer, precipitar ou direcionar o natural amadurecimento e desenvolvimento de sua personalidade, em harmonia com a respectiva identidade biológica de sexo, sendo vedada, especialmente, a aplicação dos postulados da teoria ou ideologia de gênero”.
Além disso, a proposta determina que as instituições de educação básica deverão afixar nas salas de aula e nas salas de professores cartazes "com o conteúdo previsto no anexo desta Lei, com, no mínimo, 90 centímetros de altura por 70 centímetros de largura, e fonte com tamanho compatível com as dimensões adotadas”.
De acordo com Magno Malta, seu projeto de lei foi inspirado no Movimento Escola Sem Partido.
“É fato notório que professores e autores de materiais didáticos vêm se utilizando de suas aulas e de suas obras para tentar obter a adesão dos estudantes à determinadas correntes políticas e ideológicas para fazer com que eles adotem padrões de julgamento e de conduta moral – especialmente moral sexual – incompatíveis com os que lhes são ensinados por seus pais ou responsáveis. Diante dessa realidade – conhecida por experiência direta de todos os que passaram pelo sistema de ensino nos últimos 20 ou 30 anos –, entendemos que é necessário e urgente adotar medidas eficazes para prevenir a prática da doutrinação política e ideológica nas escolas, e a usurpação do direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”, afirma o autor na justificação da proposta.
O projeto tramita na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), onde aguarda o voto do relator, senador Cristovam Buarque (PPS-DF). O projeto vem sendo bastante comentado em redes sociais nos últimos dias, com opiniões a favor ou contra.

"Como entender o jovem e sua relação com a escola?"

Fonte: Uol Educação
26 de Julho de 2016

  • Ocupações de alunos secundaristas em SP revelaram que os jovens não apenas querem frequentar esses espaços, mas desejam uma escola que esteja conectada com o mundo contemporâneo
A discussão sobre a Base Nacional Comum Curricular tem movimentado o debate sobre quais seriam as melhores políticas para as diferentes etapas de ensino – sobretudo o ensino médio.
Se muitas pesquisas apontam para o desinteresse dos adolescentes pelas escolas, outras -- como as conduzidas pela socióloga Miriam Abramovay e pelo Cenpec (Educação Cultura e Ação Comunitária) -- aprofundam essa temática e demonstram que nem sempre os jovens têm descaso pela educação.
Por exemplo, políticas de educação integral ou de educação profissional têm atraído os alunos para a escola e resultado em melhores índices de aprendizagem nas avaliações nacionais. No entanto, tais políticas ainda são restritas a uma minoria dos estudantes brasileiros.
Outro exemplo são as ocupações de alunos secundaristas nos colégios, que aconteceram recentemente. Elas revelaram que os jovens não apenas querem frequentar aqueles espaços, mas desejam uma escola que esteja conectada com o mundo contemporâneo. Para exemplificar esta demanda, eles organizaram aulas e oficinas sobre temas relativos a cultura, cidadania, direitos humanos, artes e comunicação.
O debate sobre o ensino médio precisa incluir uma profunda reflexão sobre as juventudes. Inúmeras pesquisas, tanto acadêmicas como as realizadas por institutos de opinião pública, buscam entender o modo de pensar e agir das novas gerações. Experiências com diferentes programas de organizações da sociedade civil, assim como diferentes prêmios voltados para os jovens, têm destacados alguns pontos em comum:
- Os adolescentes e jovens precisam construir relações de confiança e apoio nas interações com adultos e outros jovens;
- Eles respondem às altas expectativas;
- Eles querem oportunidades para contribuir com projetos e experiências ligados aos seus interesses autênticos, que os engajem e gerem reflexão;
- Precisam acreditar nas suas capacidades e seu potencial;
- Eles querem ter autonomia e se sentirem autores, protagonistas de suas ações e de seu aprendizado.
Programas como o Jovens Urbanos, a Olimpíada da Língua Portuguesa, o Prêmio Respostas para o Amanhã ou o Ciclo Autoral promovido pela secretaria municipal de São Paulo são bons exemplos de atividades que envolvem os adolescentes e levam em consideração estes aspectos.
Os jovens precisam se sentir empoderados para assumirem a responsabilidade por sua própria jornada de aprendizagem. Os dados sobre a educação brasileira revelam que apenas 56,7% dos alunos com até 19 anos completam o ensino médio, segundo dados do Todos Pela Educação com base na Pnad. E apesar do número de ingressantes no Ensino Superior ter aumentado de 2,1 milhões em 2010 para 2,7 milhões em 2013, neste período o número de concluintes cresceu apenas de 973 mil para 991 mil, segundo resumo técnico do Inep.
Se já avançamos muito no acesso ao ensino médio, ainda temos um longo caminho para formarmos as novas gerações e qualificá-las para superar os desafios que o Brasil precisa enfrentar para sair das crises política e econômica nas quais estamos atolados.
Para além de questões sobre a gestão, precisamos entender os jovens na sua contemporaneidade e formar nossos professores para que estejam preparados para atuar nessa perspectiva. A rapidez da evolução das inovações tecnológicas e o ritmo constante das mudanças globais não nos dão muito tempo. Ao contrário, já estamos muito atrasados e se não enfrentarmos essas questões, não serão apenas os jovens da escola pública que perderão oportunidades, mas o país como um todo, pois não alcançaremos um papel de destaque no mundo global. As respostas para a nossa educação estão ao alcance dos políticos e das políticas. Cabe a nós fazer pressão para que os jovens recebam a educação que merecem – e querem.

MARIA ALICE SETUBAL

Maria Alice Setubal, a Neca Setubal, é socióloga e educadora. Doutora em psicologia da educação, preside os conselhos do Cenpec e da Fundação Tide Setubal e pesquisa educação, desigualdades e territórios vulneráveis.