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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Brasil lançará cursos de pós-graduação em parceria com os Brics

30 de Novembro de 2015

Fonte: Nota 10


O Brasil lançará programa de pós-graduação em parceria com os países do Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
O edital para escolher as instituições a serem incluídos na iniciativa será lançado em dezembro. A seleção dos alunos será em março.

Os mestrados e doutorados serão em seis áreas: economia, energia, tecnologia da informação e segurança da informação; mudança climática e efeito estufa, estudos sobre o Brics e recursos hídricos e poluição. Para cada uma delas serão oferecidas dez bolsas de doutorado e dez de mestrado.

Os últimos ajustes são feitos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. A intenção é que sejam 12 programas de pós-graduação, dois para cada tema, selecionados por edital.

O ministro explica que os estudantes terão dois orientadores, um brasileiro e um estrangeiro. O aluno participará de aulas à distância e presenciais em outros países. O idioma dos cursos será o inglês.

“Todos os países ofertarão os cursos simultaneamente e o próximo passo é criar uma universidade dos Brics”, diz o ministro.

"Jovens não serão iguais após as ocupações; vão sair melhores, mais politizados"

30 de Novembro de 2015

Em entrevista, pesquisador da USP defende que ocupação de escolas paulistas traz à tona visibildade dos movimentos estudantis

Fonte: iG
"A capacidade de organização dos jovens sempre foi menosprezada ou desqualificada, mesmo nos momentos de tensão social mais aguda. O que as ocupaçãoes das escolas estaduais mostra é que o adulto não tem mais controle sobre o jovem", diz Carlos Giovinazzo Junior, professor e pesquisador do Programa de Pós Graduação em Educação: História, Política, Sociedade da PUC São Paulo.
Para o pesquisador, apesar de os movimentos estudantis já terem tido voz na época da Ditadura e no impeachment de Collor, por exemplo, desta vez é diferente: além de protagonistas, a luta desses jovens é por algo que lhes pertence diretamente.
Confira a entrevista abaixo:
iG: As manifestações de 2013 têm alguma influência sobre as ocupações das escolas paulistas?
Giovinazzo Junior: Imagino que sim, no mínimo serviu de inspiração e fez com que os jovens dessa geração tenham aprendido a se mobilizar. Não podemos esquecer que, no impeachment do Collor [há 23 anos, em 1992], não só os estudantes do ensino superior, mas também os do ensino médio tiveram participação. Ou seja, eles se mobilizam. Desta vez, a ocupação das escolas foi a única encontrada por esses jovens.
iG: Temos um novo perfil de jovem ou apenas a demonstração de protagonismo juvenil, algo tão requerido no processo educativo?
Giovinazzo Junior: Penso que é um misto das duas coisas. Temos de fato um perfil distinto de jovens de outras épocas, outros momentos históricos. Ao mesmo tempo, a capacidade de organização dos jovens sempre foi menosprezada ou desqualificada, mesmo nos momentos de tensão social mais aguda. O que me parece que está chocando as pessoas atualmente é o fato de os adultos não terem mais o controle sobre o jovem, como achavam que tinham. Dizia-se que a juventude estava adormecida, mais preocupada com as questões de tecnologia. Enfim, não estaria preocupada com escolas, com as questões sociais. Mas a gente verifica que, em vários momentos, quando algo afeta diretamente a vida dos jovens, há mobilização. Isso me parece um algo contínuo na História. Agora, claro, há também um novo perfil. Você percebe na fala dessa meninada uma imaturidade e inexperiência, o que é natural. E isso não é uma crítica, esse movimento talvez os ajude a aprender a fazer as coisas. É uma experiência educacional e de formação que me parece fundamental. Eles não vão sair iguais desse processo, sejam vitoriosos ou não. Penso que eles vão sair melhores: mais politizados, preocupados com as questões que afetam a vida deles, mas que são questões sociais também.
iG: Para ocupar as escolas paulistas, foi feito uso de cartilhas desenvolvidas por movimentos estudantis do Chile e Argentina. Seria o início de uma integração entre os movimentos sociais da América Latina?
Giovinazzo Junior: Espero que sim. Isso demonstra que a influência exercida sobre o movimento é difusa, vem de vários lugares, não só dos grupos de 2013. À medida que a situação vai se agravando, me parece que os jovens são capazes de se organizar para buscar referências em vários lugares, seja na história brasileira, seja em outros países mais próximos. E também temos de ver o papel que a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas têm nesse processo.
iG: No começo, muitos pais foram contrários às ocupações, mas em seguida foram convencidos pelos próprios adolescentes. Seria uma características de visões de mundo diferentes, ou mesmo um choque de gerações?
Giovinazzo Junior: Acho que não se trata de choque de gerações, mas de os pais não terem envolvimento com a vida educacional dos filhos, a tal ponto de não conseguirem se posicionar frente a uma proposta como essa. Teve de partir daqueles que estão vivendo, ou que vão sofrer os efeitos dessa mudança. Tanto não é um choque, que muitos aceitaram e estão solidários aos filhos, dando todo apoio até material para que os filhos se mantenham nas escolas.
iG: A gestão Alckmin, via Secretaria Estadual de Educação (SEE), afirma estar aberta ao diálogo. Contudo, audiências de conciliação foram agendadas entre governo e estudantes, mas não se chegou a um consenso. O que falta para que realmente haja diálogo entres as partes envolvidas?
Giovinazzo Junior: Primeiro: falta disposição de um diálogo real promovido pelo governo do Estado. Mas há uma questão anterior: nós vivemos em uma sociedade que, apesar de democrática, conserva muitos resquícios do autoritarismo, que marcou a vida brasileira desde a Proclamação da República, pelo menos. Os mecanismos autoritários presentes na relação do Estado com a sociedade não foram democratizados. A proposta desse governo, que está aí há 20 anos, não é para ser discutida. E não me refiro apenas ao governo do Estado de São Paulo. A proposta da Base Comum Nacional, do governo federal, também não é para ser discutida. A preocupação é econômica: diminuir gastos, alocar recursos de maneira supostamente mais racional. Por isso, não há interesse em nenhum tipo de negociação com os estudantes, como também não há quando ocorrem as greves de professores. Para mim, a lógica do governo é que uma hora as pessoas se cansam. No fim das contas, ninguém vai aguentar viver um ano dentro de uma escola, a coisa vai esvaziando naturalmente.
iG: Inicialmente, os pedidos de reintegração de posse das escolas foram deferidos, mas, posteriormente, desembargadores tiveram outro entendimento da situação. Nesta quinta-feira (26), no entanto, um juiz de Sorocaba deferiu a reintegração de 17 escolas. Caminhamos para um desfecho que não se dará pelo diálogo, mas pela força da lei?
Giovinazzo Junior: Sinceramente, não sei. Nem sei se isso é lei. É uma determinação jurídica. Mas a pergunta é: a escola é propriedade de quem? Não é do Estado, ela é da população. O Estado só administra escola. Dessa forma, a reintegração tira a escola de quem é de fato o dono daquele espaço. De qualquer modo, não me surpreenderia a truculência do poder público para lidar com a situação. A polícia bate em manifestante, joga spray de pimenta na cara de estudante, menor de idade... É a forma como o poder público age quando sua autoridade é contestada.

Mulheres que terminaram Ensino Médio têm mais chances de conseguir emprego

30 de Novembro de 2015

No Brasil, 803 mil adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora da sala de aula e tendem a perpetuar a pobreza

Fonte: Correio Braziliense (DF)
As meninas que frequentam regulamente as escola terminam o Ensino Médio têm mais chances de conseguir um bom emprego e salários acima da média do mercado. O impacto da Educação na vida dessas jovens é tão profundo que os filhos delas tendem a ser mais saudáveis e a se colocar em melhor posição quando, adultos, forem em busca de um emprego. Apesar de todas as pesquisas confirmarem o quanto uma boa formação escolar faz diferença, uma em cada três meninas da América Latina não consegue chegar ao fim do ensino secundário.
O Brasil tem parcela grande de responsabilidade por esse quadro desanimador na região. A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que, no país, 943 mil garotas entre sete e 17 anos estão fora da escola, apesar da obrigatoriedade de matrícula nessa faixa etária. Desse total, a maioria, 803 mil, é composta por adolescentes entre 15 e 17 anos.
Os dados apavoram não apenas as famílias dessas meninas, que têm as perspectivas de futuro inevitavelmente afetadas, mas toda a sociedade. No entender da professora Carmen Migueles, especialista em Educação da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ebape), o impacto de uma criança fora da escola na reprodução da pobreza é muito maior se ela for do sexo feminino. “A Educação das garotas é fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país. A baixa escolaridade delas é a raiz da miséria. É a fragilidade social feminina o principal fator que leva à pobreza e à violência”, afirma.O descaso com a formação educacional feminina é global. Mais da metade — 52,3% — das 59,3 milhões de crianças fora da escola no mundo são do sexo feminino.
Isso significa que 31 milhões de garotas em idade escolar não estão estudando, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Delas, 17 milhões nunca pisarão em uma sala de aula — muitas, por restrições da própria família. “Quanto maior o número de garotas fora da Escola , maior o baque no desenvolvimento do país. A pobreza tem gênero: ela é feminina”, alerta Carmen.Os números assustam, acrescenta a professora. Ela ressalta que mais de 80% dos miseráveis do mundo são mulheres e crianças com menos de 10 anos. “As mães de menor renda não têm suporte à maternidade, o que faz com que criem crianças em situação vulnerável. Como muitas são abandonadas pelos maridos e não podem deixar os filhos sozinhos, criam famílias sem perspectiva de melhora econômica, o que perpetua a miséria”, explica.
Filme repetidoNo favela do Sol Nascente, no Distrito Federal, a triste realidade se impõe. “Sempre gostei da escola, quando frequentava. Matemática era minha matéria preferida”, lembra Ketlen Juliana dos Anjos, 15 anos. Ela deixou a sala de aula antes de terminar o quarto ano do ensino fundamental, logo depois de descobrir que estar grávida aos 13 anos. “Fiquei sem opção”, diz, com voz contida, o rosto abatido pelo cansaço.A mesma decisão foi tomada pela mãe da Juliana, quando tinha a mesma idade da filha.
“Talvez por isso ela não tenha ficado irritada comigo, nem com as minhas duas irmãs, que também abandonaram a escola”, ressalta a menina. “É como se a vida se repetisse”, acrescenta. Priscila, 21, a irmã do meio de Juliana, deixou a sala de aula antes de terminar o ensino fundamental, para se dedicar à nova família.Na casa de Priscila, em Ceilândia, enquanto o marido garante o salário, no lixão, ela cuida dos dois filhos. Jaqueline, 28, a irmã mais velha, conseguiu ir um pouco além: foi a única mulher da família a ingressar no ensino médio. Mas desistiu de continuar os estudos antes de chegar ao segundo ano, quando engravidou pela primeira vez.
“Depois disso, ela teve mais dois filhos. Nunca mais voltou para a escola", conta Juliana, desanimada, como se estivesse prevendo o próprio futuro. Pelos cálculos da ONU, das jovens que avançam até o ensino médio, 45% não se formam.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes.
Famílias estimulam abandono
A família é a maior responsável pelo abandono das salas de aulas pelas crianças, sobretudo se elas forem mulheres. Na maioria dos casos, é um parente próximo que estimula a interrupção do Ensino sem saber que, naquele momento, está condenando as menimas a um futuro pouco promissor. Que o diga a maranhense Luana Araújo, 19 anos. Quando tinha 16, a pedido do tio, ela abandonou os estudos, em Barreirinhas (MA), para cuidar dos primos, em Brasília.
O pai, que continuou no Maranhão, trabalhando na roça, nunca se opôs à ideia. Desde que chegou à capital, Luana nunca mais pisou em uma Escola, nem para completar o Ensino básico, que cursou até o sexto ano. Hoje, com um filho de 6 meses e em inegável dependência financeira do marido, a única pretensão profissional da jovem — que, quando criança, queria ser médica — é se tornar faxineira ou babá.Segundo a coordenadora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Rebeca Otero, normalmente os pais dessas crianças, por também não terem alto grau de Escolaridade, consideram normal trocar a Escola pelo trabalho.
Mas a falta de orientação não é uma falha apenas das famílias, que são, em muito casos, pouco orientadas. Como o sistema Escolar não atrai as crianças, quando elas não se sentem acolhidas nas salas de aula, vão embora. “Pessoas mais pobres, com histórico familiar difícil, não têm ninguém que as motive a continuarem os estudos. Se a família não é educada e não incentiva as meninas a acordarem cedo e a se dedicarem ao aprendizado, elas acabam desistindo”, afirma a Professora Carmen Migueles, da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ebape).

Perigos
Quando foi expulsa da Escola, em junho deste ano, Thaynara Pacheco, 14, não ficou tão preocupada. Ela estava cursando a quinta série pela terceira vez. Foi desligada do colégio por excesso de faltas. “Nem minha mãe se importou muito, ela entendeu a situação. Eu estava sem vale-transporte para pegar o ônibus. Então, ficava caro frequentar a Escola”, justifica. A vizinha Iara Eduarda, 17, também desistiu de estudar por dificuldades com o transporte público. “Demorava mais de uma hora pra chegar em casa depois da aula, que era à noite. O ônibus só fazia metade do trajeto. Chegava de madrugada”, conta.

Essas meninas consolidam um dos maiores desafios para a terceira meta do Plano Nacional de Educação (PNE), do governo federal, que pretende matricular todos os adolescentes de 15 a 17 anos na Escola até 2016. Conforme a Unesco, as matrículas de meninas são sensíveis à distância e a problemas de infraestrutura.

“Para manter as crianças estudando, é cuidar do entorno do colégio, para que elas não se sintam ameaçadas no caminho”, afirma Rebeca Otero. Como as meninas são mais vulneráveis à violência sexual, quando sabem que há perigos no trajeto, os pais concordam que elas deixem de estudar.

Ensino Integral será adotado em 11 escolas de cinco cidades paulistas em 2016

30 de Novembro de 2015
Mudanças vão contemplar cerca de 3,3 mil alunos

Fonte: G1

Onze escolas das regiões de Campinas (SP) e Piracicaba (SP) passarão a ter ensino integral em 2016. A medida faz parte da reestruturação da educação no estado, que começa a vigorar em janeiro. Cerca de 3,3 mil estudantes vão estudar neste modelo, de acordo com a Secretaria da Educação de SP.

As cidades que terão o ensino integral ampliado são Campinas, Piracicaba, Americana (SP), Indaiatuba (SP) e Sumaré (SP).

Outras mudanças inseridas na reorganização tem gerado polêmica entre alunos, professores e pais. Ao todo, 24 escolas estão ocupadas pelos estudantes, nesta sexta-feira (27), nas regiões em protesto contra o fechamento de unidades e transferências de ciclos escolares. São dez em Campinas, três em Americana, uma em Sumaré, uma também em Artur Nogueira, três em Itapira, quatro em Piracicaba e duas em Santa Bárbara d'Oeste.
Escolas tinham salas ociosas
A mudança das 11 escolas para o ensino integral faz parte de uma adequação do estado que busca estimular esse modelo de ensino, segundo o dirigente de ensino da Campinas-Oeste, Antonio Schiavo. As unidades remodeladas tinham salas de aula ociosas durante o dia e, por isso, a direção das escolas decidiu aderir ao sistema integral.

"O modelo é mais adequado, [o aluno] tem mais tempo para aprender. Um fator importante é a possibilidade que o aluno tem de conviver mais com o professor e os alunos. O professor passa a conhecer mais a realidade do aluno e pode ajudá-lo a ter um projeto de vida, acreditar na sua potencialidade", afirma Schiavo.

Segundo o dirigente, no início deste ano foi verificado se os alunos já matriculados nas unidades gostariam de estudar neste modelo. Os que preferiram o modelo antigo puderam pedir a transferência para outra escola. Por isso, algumas vagas foram abertas e as escolas estão à disposição dos pais para as informações sobre as inscrições.

No estado, o número de vagas em tempo integral será ampliado em 30%, de acordo com a Secretaria de Educação. Em 2016, serão 532 escolas com o modelo, 39 a mais em relação a 2015.

Negar matrícula a aluno deficiente passa a ser crime

30 de Novembro de 2015

A partir de 2016, unidades que se recusarem a receber estudantes com necessidades especiais poderão receber multa

Fonte: Gazeta do Povo (PR)
A partir de 2016, qualquer Escola, pública ou particular, que recusar matrícula de estudante com deficiência cometerá um crime punível com multa e prisão de dois a cinco anos. A determinação está na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e busca atender ao desafio da inclusão trazido pela meta 4 do Plano Nacional de Educação (PNE). De acordo com o PNE, crianças de 4 a 17 anos “com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” devem frequentar preferencialmente instituições de Ensino e classes comuns.
Para a psicóloga Maria de Fatima Minetto, autora de livros sobre Educação inclusiva, o país assiste a uma migração em massa do Ensino especial para o regular. Segundo dados do Censo da Educação básica, o número de Alunos especiais matriculados em turmas comuns cresceu quase 200% na última década no Paraná, passando de 14.012 em 2004 para 39.796 em 2014 (veja o infográfico).

Ao longo dos anos, esse movimento foi acompanhado por modificações importantes nas instituições que atendem a crianças e jovens com necessidades especiais. No Paraná, essas Escolas foram reorganizadas , distanciando-se do antigo formato assistencialista e aproximando-se da Educação básica regular. Uma lei de 2013 (Lei Estadual 17.656) incluiu as Escolas mantidas por Apaes e outras instituições na rede estadual de Educação. Conforme a legislação, a Secretaria Estadual da Educação deve repassar a essas instituições os mesmos recursos que o governo destina às Escolas públicas, além de promover orientações e supervisões pedagógicas nas unidades.

Legislação
Veja o que dizem as leis brasileiras sobre a inclusão Escolar de estudantes com deficiências, transtornos de desenvolvimento e altas habilidades


Como pesquisadora da área, Maria de Fatima considera que as mudanças nas Escolas especiais foram um avanço. Mesmo assim, ela defende a inclusão de Alunos com deficiência no Ensino regular. “As Escolas especiais se tornaram Escolas comuns, mas para o atendimento exclusivo de crianças especiais. Elas ainda são espaços segregativos”, afirma.
A psicóloga ressalta a importância das classes regulares para que o estudante deficiente ganhe autonomia e aprenda a conviver em ambientes tradicionais, assim como para a construção de uma sociedade menos preconceituosa. “Para outros Alunos também é importante, porque aprendem que todos têm limites e mesmo assim têm potencialidades”, diz.
Rede municipal
745 estudantes estão matriculados hoje nas três Escolas especiais da rede municipal de Ensino de Curitiba: Escola Municipal de Educação Especial Ali Bark, Escola Professora Helena Wladimira Antipoff e Escola Tomaz Edson de Andrade Vieira. Nas Escolas comuns, são 3.238 estudantes com deficiência ou superdotação.

Críticas
Vice-presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) e diretor da Escola Atuação, de Curitiba, Ademar Batista Pereira diz que há cerca de 20 anos as instituições privadas se esforçam para promover a inclusão. Segundo ele, porém, há limites na capacidade de atendimento. “Não é possível você incluir todo mundo o tempo todo em qualquer Escola. A inclusão tem que ser pensada do ponto de vista do incluído e da comunidade onde o Aluno será incluído. Se há uma turma com 20 Alunos regulares e 10 de inclusão, você vai prejudicar os demais”, afirma.

A doutora em Educação Especial Mirian Guebert, Professora da PUCPR, ressalta que a matrícula de Alunos deficientes não garante a aprendizagem. Em sua avaliação, mais importante do que a socialização é oferecer um Ensino de qualidade. Para isso, as Escolas precisam ter turmas menores, contratar profissionais qualificados e oferecer salas de recursos, onde os Alunos vão adquirir os pré-requisitos necessários para darem conta do processo de Escolarização.

"Escola deve permitir que crianças participem do mundo real"

30 de Novembro de 2015

Em entrevista, especialista indiana defendeu a importância da socialização no processo de aprendizagem

Fonte: Portal Porvir
A designer indiana Kiran Bir Sethi, criadora do movimento global Design for Change, batizado no Brasil como Criativos da Escola, e da escola Riverside School, que usa o conceito do design thinking no seu dia a dia, define em poucas palavras qual ela acha que é o papel da escola e do professor no processo de aprendizagem do aluno por meio da participação social. Para ela, a escola precisa derrubar muros e paredes para ajudar os estudantes a fazerem parte do mundo real. Já o professor precisa ensinar menos e ouvir mais.
Kiran esteve no Brasil na segunda semana de setembro para participar de palestras e para falar sobre seus projetos. Em uma roda de conversa no Instituto Alana, que é responsável pelo Criativos da Escola no Brasil, a educadora falou sobre o conceito do “design thinking” na escola e sobre como trazer as crianças para a realidade, e, com isso, agregar valor e significado para a vida delas.
Para a criação do projeto Design for Change, em 2009, movimento em que os estudantes se unem para pensar em mudanças que gostariam de fazer ao seu redor, em como implementá-las e compartilhá-las, e da escola Riverside School, em Ahmedabad, na Índia, Kiran diz ter tido Mahatma Gandhi como maior fonte de inspiração. “Vejo que sempre que estou em dúvida, triste ou deixando de acreditar, eu penso nele. Ele foi alguém que lutou por uma ideia por 40 anos. É uma lição muito importante que nós precisamos aprender”, afirma.
Em entrevista exclusiva ao Porvir, a designer explica por que o envolvimento social das crianças é tão importante e como isso ajuda no aprendizado delas. “Ser capaz de trabalhar com problemas reais, histórias reais, prazos reais, com pessoas reais, significa que o seu aprendizado se torna muito mais eficiente”, diz. Ela explica ainda como os quatro passos do “design thinking”, definidos pelo Design for Change como “sentir, imaginar, fazer e compartilhar”, pode contribuir para melhorar a educação.

Usando estes quatro passos, Kiran já viu crianças conseguirem acabar com o casamento de crianças em suas vilas, diminuirem o peso de mochilas escolares, reduzirem os casos de bullying e ajudarem colegas que tiveram poliomielite, conhecida como paralisia infantil, a ir à escola. “Acredito que estas simples histórias compartilhadas entre as escolas, com escolas particulares que dizem que seus alunos não têm problemas, mostram que qualquer pessoa pode mudar o mundo”, diz ela. Confira a entrevista completa:
Por que o envolvimento social dos estudantes é tão importante?
Acredito que o maior aprendizado acontece quando seu corpo, seu coração e sua mente estão juntos na experiência. Seu corpo aprende tanto quanto seu coração e sua mente. Quando você remove uma destas partes da experiência, o aprendizado se perde. Acho que o engajamento social das crianças usa o corpo, a mente e o coração. Esta junção é necessária para desenvolver competências. É o que você precisa para aprender. Qualquer tipo de aprendizagem precisa das três partes.
De que forma esse envolvimento com a comunidade e a resolução de problemas do entorno das escolas ajuda no aprendizado?
Quando uma criança percebe bem cedo que ela não precisa de ajuda, isso muda suas possibilidades e mostra que ela é capaz de comandar, de liderar. Acredito que o maior desafio das escolas é mostrar para as crianças que elas podem liderar mudanças e que não precisam de ajuda. As crianças não precisam que os adultos resolvam os problemas. Elas precisam saber que elas têm as ferramentas não só para navegar na vida, mas para modelá-la. Ser capaz de trabalhar com problemas reais, histórias reais, prazos reais, com pessoas reais, significa que o seu aprendizado se torna muito mais eficiente. Toda vez que isso acontece, a criança se torna mais confiante nela mesma.
Qual é o papel do professor e da escola neste processo?
Eu acredito que o papel do professor deveria ser o de ensinar menos e ouvir mais. Acho que o maior papel que a escola pode exercer é não resistir a esses programas e permitir às crianças serem parte da vida. Acho que a maioria das escolas acredita que precisa fazer com que as crianças sejam boas na escola. As crianças passam 15 anos dentro desses muros, da escola e da sala de aula. Por 15 anos o mundo inteiro delas se resume a uma sala de aula. Eu acredito que a responsabilidade da escola é derrubar essas barreiras, remover o máximo de paredes que forem possíveis, para que as crianças se engajem na vida. Nas escolas, elas não participam da vida por 15 anos, mas elas poderiam conhecer a vida todos os dias. Eu acho que esta é a responsabilidade da escola.

De que forma a adoção de uma posição mais ativa na sociedade ajuda a tornar as crianças pessoas melhores, ou não?
Acredito que há duas maneiras. Às vezes as escolas ou os governos pensam que é preciso adotar o ativismo. Há uma diferença entre ativismo e ser envolvido ativamente. São duas ideias bem diferentes. Ativismo é um ato de rebelião, de rompimento com a ordem social. Eu acredito que ser ativamente envolvido com a ordem social significa que você exerce um importante papel nisso e que isso é uma responsabilidade da educação e de cada criança. Finalmente, a habilidade de reconhecer que você não é passivo, que não é alguém que senta e espera as coisas da vida, perceber que seu silêncio não muda nada, que estar envolvido de forma responsável é uma importante história para se contar às crianças. Não adianta falar para a criança que ela tem que se rebelar sem se responsabilizar por isso. A ideia da ação é importante, mas a responsabilidade por aquela ação é mais importante. Isso é o que precisamos ensinar para as crianças.
Poderia explicar um pouco como o “design thinking” ajuda na educação?
Esta é a melhor parte! Eu acredito que os quatro passos do “design thinking”, que nós simplificamos para a educação – sentir, imaginar, fazer e compartilhar –, são importantes. O primeiro passo é a empatia. A ideia de engajamento, a ideia da observação das diferenças entre as pessoas. Isso é o que você precisa ensinar às crianças, que tenham empatia. Imaginar é a responsabilidade de dar aquele passo, sem culpar ninguém. Eu tomo aquela responsabilidade para mim mesmo. Isso significa resolução de problemas, significa pensamento criativo. Isso é tudo o que você precisa ensinar para as crianças. O terceiro passo é o fazer, a ação, a qualidade do trabalho que é feito. Nós não falamos para nossas crianças sobre qualidade. Qualidade é senso crítico, longevidade, colaboração com outras pessoas para fazer aquilo acontecer. O compartilhar é mostrar aquilo para alguém. Nada tem valor se não for compartilhado. Compartilhar nunca deixa você com menos, pelo contrário. Esta mensagem muda toda a forma como uma criança pensa. Por isso eu acredito que os quatro passos são tudo.
De que forma isso é aplicado na sua escola, a Riverside School, na Índia?
É aplicado para tudo, desde a forma como as crianças se engajam com o conteúdo, como fazemos o treinamento dos professores, como os educadores usam isso para planejar suas aulas, como o design do espaço é feito. Esse pensamento é a pedra fundamental de tudo que fazemos. Nós nunca iniciamos nada em que não usamos o sentimento. Mesmo quando uma criança quer fazer algo, perguntamos a ela: ‘qual é o seu sentimento?’. Agora eles sabem que eles precisam entender a situação porque eles têm a responsabilidade pela mudança. Você não pode mudar algo que você não entende. Isso se torna parte da linguagem, do processo, da avaliação. Tudo é feito de acordo com os quatro passos.
Em que a Riverside School mais se diferencia de escolas tradicionais?
Acho que a maior diferença seja, possivelmente, que lá a cocriação com as crianças é um processo natural do dia a dia. Acho que nas escolas tradicionais as crianças são tratadas como uma parte não tão importante para o programa como um todo.
Voltando ao início do Design for Change, qual foi a sua inspiração para iniciar o projeto?
Mahatma Gandhi. ‘Seja a diferença’, ele dizia. Que frase mais simples e profunda. Ao invés de reclamar, ao invés de dizer ‘se eu fosse o primeiro-ministro da Índia, eu faria isso’. Por que dizer se? Faça. Ao invés de falar que todo o mundo é ruim, que todo o sistema de educação é ruim, faça. Lidere. Acredito que, para mim, Gandhi fosse sempre uma importante inspiração. Vejo que sempre que estou em dúvida, triste ou deixando de acreditar, eu penso nele. Ele foi alguém que lutou por uma ideia por 40 anos. É uma lição muito importante que nós precisamos aprender. Acho que sua história e sua vida, de muitas maneiras, ajudou a modelar o que fazemos. Acredito que Gandhi era um ótimo designer. Ele desenhou uma sociedade totalmente nova, toda sua estrutura. Por isso, ele é uma grande pessoa por quem ser inspirada.

Poderia citar alguns projetos de estudantes criados a partir da ideia do Design for Change que você achou mais impactantes? Por quê?
Uma delas foi a de uma vila em que as crianças conseguiram acabar com os casamentos de crianças. Nesta vila, 16 meninas começaram a lutar para acabar com isso. Elas se tornaram tão poderosas que foram convidadas por outras vilas para fazer o mesmo programa. Foi maravilhoso. Outra história que teve um grande impacto foi a de crianças que conseguiram reduzir o peso das mochilas escolares. Elas perceberam que o corpo das crianças estava sofrendo por causa do peso das mochilas. Elas conseguiram reduzir o peso pela metade. Foi uma solução tão importante que o governo escolheu a ideia delas para levar a outras escolas. Essa foi uma outra história muito importante. Uma outra grande história é a de crianças que conseguiram reduzir os casos de bullying. Elas criaram um programa de cinco dias. No primeiro dia, colocaram fita crepe na boca para sentir como era viver sem que ninguém falasse com elas. No segundo dia, elas se sentaram perto de pessoas diferentes para comer o lanche. Foram soluções simples, mas que tiveram uma profunda importância na mudança da escola. Uma outra história é a das crianças que não podiam ir à escola porque tinham sofrido de poliomielite. Os amigos deles decidiram que iriam todos os dias até a casa delas para colocá-las na bicicleta e levá-las para a escola. São histórias muito simples, mas de uma importância imensa. Eu acredito que essas simples histórias compartilhadas entre as escolas, com escolas particulares que dizem que seus alunos não têm problemas, mostram que qualquer pessoa pode mudar o mundo.
Como as meninas conseguiram mudar a questão do casamento de crianças?
Elas fizeram uma brincadeira de rua. Em pequenas vilas da Índia, meninas não saem na rua. As garotas decidiram procurar a pessoa mais importante da vila e fizeram uma brincadeira de rua em frente a esta pessoa para mostrar o que acontece quando uma criança é obrigada a se casar muito cedo. Na brincadeira, elas mostraram como as crianças poderiam trazer valor para a vila se estudassem. Elas então pediam: ‘permita que eu estude, permita que eu traga valor para a comunidade, permita que eu tenha minha infância’. Elas conquistaram este direito e conseguiram mudar as regras na vila. O casamento de crianças passou a ser proibido. Isso foi incrível. Outras vilas ouviram a história e convidaram as crianças para fazer a mesma brincadeira de rua.
Como o Design for Change mede os resultados de suas ações?
O Design for Change conseguiu mostrar que a empatia muda a forma como as crianças pensam. Elas passam a buscar soluções. Agora temos as métricas. Sabemos que o trabalho em equipe melhora o aprendizado, sabemos que a resolução de problemas melhora. Elas seguem passos para resolver um problema e percebem que podem resolver o problema por partes.
O que significou para você fazer parte da lista de dez finalistas do Global Teacher Prize, da Fundação Varkey, neste ano?
Acho que o que é importante neste prêmio é colocar bastante foco no trabalho do professor. Essa é a maior importância. Criar um prêmio em dinheiro, no valor de US$ 1 milhão, traz bastante foco ao ensino. Os professores ficam conhecidos como “superstars”. Isso é bom. Acredito também que é muito importante que o ensino na Índia tenha feito parte disso. Eu era a única representante da Índia. Para mim, a profissão de professor ter seu momento especial e a Índia ter mostrado que tem professores “superstars” foram a melhor parte.

O que é pedagogia do abraço? Método melhora aluno bagunceiro que batia em amigos

30 de Novembro de 2015

Refletindo sobre o comportamento da criança, professora decidiu usar como alternativa o carinho ao invés de dar bronca; atitude melhorou convívio em sala

Fonte: iG
Carolina Barra, de 25 anos, é professora em uma escola no Rio de Janeiro e não sabia mais o que fazer com um aluno, de quatro anos, que, segundo ela, “era muito difícil de lidar”.
"Ele está o tempo inteiro batendo nos amigos, perturbando a aula, mexendo onde não deve, destruindo as coisas. E ele é realmente desrespeitoso com todos", desabafou ela, em seu perfil no Facebook.
O relato da experiência gerou curiosidade em muita gente e o iG Delas procurou a jovem professora para saber detalhes sobre o processo.
Menino difícil x carinho
Carolina conta que era difícil até mesmo fazê-lo ouvir alguma bronca ou qualquer coisa que ela tentasse falar: “Ele parecia não se importar”.
Para ajudá-la na missão de encontrar uma alternativa para disciplinar o aluno, Carolina recorreu à mãe, e escutou um conselho valioso: aquela criança precisava de carinho.
A professora decidiu dar esse carinho ao pequeno. Refletindo sobre o comportamento da criança, ela percebeu que ele gostava de fazer coisas que chocassem os outros e ela pensou: “Como deixá-lo surpreso também?”. E, unindo essas duas demandas, surgiu a ideia da pedagogia do abraço.
O que é a pedagogia do abraço?
Toda vez que o aluno não se comporta, Carolina dá um abraço. Como esperado, nas primeiras vezes, ele ficou sem reação: “Ele achou que ia levar uma bronca”.
“Desde que eu comecei isso, ele parou de fazer coisas mais graves”. Ele não se tornou uma criança calma, e nem era a intenção de Carolina. “Cada criança é de um jeito, elas têm características pessoais e eu não queria que ele virasse um robô; ele é uma criança agitada”, explica.
Foi fundamental perceber que as broncas eram uma perda de tempo, porque tentavam transformá-lo em uma pessoa que ele não era: “Ele precisava de alguém que o aceitasse”, conta. A intervenção funcionou com ele, mas Carolina alerta que pode não funcionar com todo mundo.
Reflexo na turma
Ao conhecer essa história, você sentiu medo de que virasse um exemplo para as outras crianças também bagunçarem em busca de um abraço? Carolina não teve, porque sempre deixou claro para todos os seus alunos que eles podiam abraçar a professora quando quisessem.
E, na prática, houve uma mudança em toda a turma: a sala que já era carinhosa, ficou mais aberta a demonstrações de carinho. “Acho que isso deve ter ajudado as crianças a lidarem umas com as outras. Elas, inclusive, ficaram mais abertas a vir até mim”, conta Carolina, satisfeita.
Acima de tudo, Carolina acredita que a principal mudança aconteceu nela mesma. "Se antes me estressava, saía do trabalho estressada e chateada comigo mesmo, hoje, não me estresso mais! Chego e saio do trabalho feliz, com o coração aberto".

Horário escolar diferente

30 de Novembro de 2015

Colégios da comunidade carioca Complexo da Maré adaptam chegada e saída de estudantes à rotina de operações policiais

Fonte: O Globo (RJ)
Apesar de o Complexo da Maré estar ocupado por forças de segurança para a instalação de UPPs, o dia a dia de violência já fez mudar até o horário Escolar. Das 30 unidades da rede municipal de Ensino localizadas dentro e na periferia do conjunto de favelas, 20 passaram a abrir as portas meia hora mais tarde (às 8h) e a fechar 30 minutos mais cedo (às 16h). O pedido foi feito por um grupo de diretores à secretária municipal de Educação, Helena Bomeny, para reduzir efeitos de possíveis confrontos na rotina de estudantes e Professores - medida que vigora desde agosto.
- Os diretores contaram que as incursões policiais nas comunidades começam muito cedo ou no fim da tarde. Disseram que, se a Escola abrisse às 8h, as operações já teriam acabado. Com os Alunos saindo mais cedo, eles também chegariam em casa antes das ações do fim da tarde. Combinamos que, mensalmente, a iniciativa seria reavaliada - afirmou a secretária. - Para que a carga Escolar dos Alunos nessas unidades não fosse prejudicada, mudamos também o horário das refeições. O Aluno que entra de manhã almoça na saída, e o pessoal da tarde chega mais cedo para almoçar antes de a aula começar.
Para uma Professora de uma Escola que fica na chamada "Faixa de Gaza" da Maré - entre as comunidades da Nova Holanda e da Baixa do Sapateiro, dominadas por facções rivais -, a mudança de horário era necessária, mas não soluciona o problema:
- Agora, as crianças faltam menos às aulas. Mas a mudança é um paliativo. Não são raros os casos em que os Alunos e nós mesmos somos surpreendidos por tiroteios estando dentro das salas de aula. As crianças já sabem o que fazer: elas se abaixam e vão para o corredor, onde é mais seguro.

Agosto foi o mês mais violento

Nos dez primeiros meses deste ano, na 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que inclui a Maré, setembro foi o que mais teve Escolas fechadas ao menos uma vez devido à violência: um total de 41 unidades. Mas, se considerado todo o Rio, foi o mês de agosto o recordista do ano em colégios e Creches que tiveram de dispensar os Alunos por causa dos confrontos em comunidades próximas. Foram 173, sendo que 50 apenas na 6ª CRE (região da Pavuna e Costa Barros), 30 na 4ª CRE e 24 na 7ª CRE (área de Jacarepaguá, Rio das Pedras, Cidade de Deus e Barra da Tijuca).
Na Maré, Alunos, Professores e outros funcionários de uma Escola que fica entre as comunidades do Timbau e da Baixa do Sapateiro ainda têm nítido na memória o dia 12 de março deste ano. Policiais militares ocuparam a rua e passaram a manhã trocando tiros com traficantes. Quase todos já estavam nas salas de aulas e foram para os corredores. Menos uma turma, que estava no refeitório, no primeiro andar, e ficou encurralada com a Professora durante toda a manhã.
- Fiz até uma foto deitada no chão, apavorada. Achei que seria a última. Foi a pior situação que já passei na vida - lembrou a Professora, que leciona na unidade há oito anos. - Foram muitos tiros, durante muito tempo. Só conseguimos sair da Escola por volta das 14h. Eu chorava muito. Achei que fosse morrer.
No colégio, estudam 510 crianças e adolescentes do 1º ao 6º ano do Ensino fundamental, moradores de diferentes comunidades do complexo. Quando a guerra começa em qualquer canto da Maré, eles se comunicam por WhatsApp e sabem se haverá aula ou não. Mas, quando já estão na Escola, o jeito é encontrar uma maneira de se proteger.
- Fico com muito medo, mas me agacho e espero passar. Geralmente é rápido - contou um menino de 12 anos, do 6º ano.
Um dos maiores problemas, segundo a diretora da Escola, é que a violência na comunidade também acarreta baixa frequência de Alunos:
- Eles não conseguem chegar porque passaram a noite sem dormir devido aos tiroteios ou porque o confronto começou na hora de vir para o colégio.
Ela conta que procura realizar projetos que reduzam o impacto dessa realidade. Além disso, a cada entrada de turno, as crianças rezam o pai-nosso no pátio.
- Mas vivemos sobressaltados. Teve um dia de agosto deste ano em que o simples ronco de uma moto assustou. Levamos as crianças para o corredor. Eu corri para a porta na tentativa de saber o tamanho do problema. Chegando lá, descobri que era só uma moto - diz.

Crianças convivem com traumas

Mãe de três Alunos da Escola, uma dona de casa conhece bem a rotina de violência na comunidade onde mora, a Vila Esperança. O marido já foi vítima de uma bala perdida quando voltava do mercado. Sobreviveu, mas, desde então, os filhos não brincam mais nas ruas e, com frequência, são obrigados a faltar às aulas por causa de tiroteios.
- Basta eu ver o helicóptero da polícia para não levá-los para o colégio. Lá é até mais seguro, mas não sei o que podemos encontrar pelo caminho - conta a mãe.
Moradora da Nova Holanda, na Maré, outra mãe, de 29 anos, tem que lidar com a violência do local onde mora e com os traumas dos quatro filhos, que só aceitam sair de casa se for para ir à Escola (fora da comunidade) ou algum outro lugar longe da favela. Ela mesma já se viu presa no meio do fogo cruzado, tentando retornar para casa com três dos filhos:
- Eles estudam fora da favela. Voltávamos do colégio quando começou o tiroteio, no meio da manhã. Ficamos passando de beco em beco. As pessoas, com medo, não abriam suas portas. A gente só ouvia os gritos de "não vai por aí" e "cuidado". Eles não podiam fazer operações assim no meio da manhã. Quando consegui chegar em casa, já passava das 13h. Foram quase três horas de fogo cruzado - diz ela.
A mulher conta ainda que chegou a tentar matricular os filhos na Escola do lado de casa. Mas, após um tiroteio que perfurou o muro da unidade, o filho mais velho, de 13 anos, não aceitou ir para lá.
- Por mim, eu nem morava na comunidade. Daqui, só gosto dos cursos de música que faço na (organização da sociedade civil) Redes da Maré - disse o adolescente, que prefere pegar uma condução para a Escola a estudar a alguns metros de casa.

Alckmin reduz participação da Educação no orçamento pelo 2º ano

30 de Novembro de 20155

Gestão prevê gastar no ano que vem 6,5% a menos com custeio da área

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) diminuiu pelo segundo ano consecutivo a participação da Educação no orçamento total. Os recursos para a Secretaria da Educação previstos na proposta orçamentária de 2016 somam R$ 28,4 bilhões, o que representa 13,75% do total - no documento de 2015, o porcentual era de 13,87%.

RelacionadasGoverno diz que desocupou Escolas nunca invadidasCai a participação da Educação nos gastos estaduais
Na comparação com o orçamento de 2015, atualizado pela inflação, os recursos da Educação para o ano que vem tiveram queda de 6,5%. O recuo é maior do que na média do orçamento total do Estado, que caiu 5,69%. A reportagem aplicou a inflação acumulada de 7,06%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), sobre os dados de 2015.

O governador Geraldo Alckmin
Caso a proporção para a Educação sobre o total ficasse no patamar de 2015, a área teria mais R$ 250 milhões. Somando-se à queda entre 2014 e 2015, o valor passa de R$ 1 bilhão. A previsão de investimento teve alta de 63,4%, chegando a R$ 522 milhões. Em 2015, a rubrica havia tido forte queda.

A gestão prevê gastar no ano que vem 13,5% menos com custeio da Educação e 3,5% com pagamento de profissionais. Com custeio, que inclui toda manutenção das atividades vinculadas à pasta, será R$ 1,5 bilhão a menos. Para o gasto com pessoal, a previsão é de menos R$ 645 milhões. A comparação é feita a partir dos valores atualizados pela inflação.
No orçamento deste ano, a previsão de gastos com pessoal já havia tido queda de 7%. Mesmo com a maior greve de Professores da história, Alckmin não concedeu reajuste salarial para a categoria neste ano. Além disso, o Estado reduziu em 11% o número de Docentes, sobretudo com o recuo nas contratação de temporários.

A queda de previsão de recursos para o ano que vem surge ao mesmo tempo em que o Estado impõe uma reorganização da rede, que vai provocar o fechamento de 93 Escolas. A Secretaria da Educação nega que a proposta tenha qualquer motivação orçamentária. "A reorganização das Escolas estaduais é uma ação pedagógica, que entregará unidades de Ensino melhores e mais preparadas", diz a pasta em nota.

Detalhes. A previsão para a Educação integral saltou 196%, chegando a R$ 352 milhões. Já o programa Ler e Escrever, de Alfabetização, terá queda de 51%. O Estado prevê gastar 6% a menos com o fornecimento de alimentação para Alunos.
A Secretaria da Educação afirma que a comparação da reportagem "é equivocada e tendenciosa". O governo apresentou outra versão de cálculo em que a parte da Educação sobre o total cresce em 2016. A pasta critica a observação da inflação na análise. "A reportagem ignora o cenário econômico nacional e aplica de forma questionável indicadores que resultam em uma análise completamente distorcida dos dados, sugerindo que há um repasse inferior de recursos por parte do Estado, o que não é verdade."

Para o coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, os dados orçamentários trazem a explicação mais estruturada para a proposta de reorganização anunciada pela rede. "A proposta não tem critério técnicos. A justificativa, embora oculta, é a redução de recursos na área da Educação. Essas informações são fundamentais para elencar o debate na sociedade paulista", afirma.

Cara ainda lembra que o Plano Estadual de Educação (PEE) está travado na Assembleia, com dois projetos paralelos ao apresentado pelo governo. "A proposta do plano da secretaria é a de esforço mínimo pela Educação. A gestão Alckmin não tem uma política de Educação clara, a não ser a redução de custos na área", completa. O PEE da secretaria não indica, por exemplo, qual deve ser a evolução de recursos de São Paulo para que o Estado realize o que planeja no documento e o que consta no Plano Nacional (PNE).

Priscila Cruz, do Movimento Todos Pela Educação, disse ver com preocupação a queda no porcentual de investimento. "O que a SEE vem alegando é que caiu o número de Alunos na rede. Mesmo com essa queda, essa deveria ser uma oportunidade de se investir mais por Aluno", disse.

Priscila ainda destacou que São Paulo tem uma alta taxa de evasão de Alunos do Ensino médio e deveria fazer uma busca ativa desses jovens. "O Estado deveria atender 100% dos jovens de até 17 anos, isso não acontece. Então, você ter uma queda de investimento nesse contexto é muito ruim. É uma queda porcentualmente pequena, mas, mesmo se houvesse a manutenção de investimento dos anos anteriores, ainda seria preocupante porque é um Estado que ainda precisa incluir mais Alunos e, claramente, garantir uma melhora na Educação". Ela ainda disse que São Paulo vai na "contramão" da valorização dos Professores ao não prever mais recursos para pagar Professores. "O principal fator para melhorar a qualidade da Educação é o Professor. O aumento do salário tem efeito a médio e longo prazo, mas uma hora essa escolha precisa ser feita. São Paulo vai na contramão dessa ideia".

A Secretaria de Educação defendeu, em nota, que o investimento é "permanente" na política de valorização dos profissionais da Educação. A pasta argumenta que houve um aumento nominal de R$ 586,3 milhões na previsão de gastos com salários - ao levar em conta a inflação, o saldo é de queda de R$ 645 milhões. A pasta indicou que aumentou a dotação orçamentária da Educação deste ano de R$ 24,4 bilhões para R$ 29 bilhões. No entanto, executou até agora R$ 23 bilhões.

Editorial: Educação patina em gestão ineficiente

30 de Novembro de 2015
"Setor recebe verbas em percentuais do PIB maiores que a média da OCDE, mas país não consegue superar demandas crônicas", afirma jornal

Fonte: O Globo (RJ)
Uma análise baseada apenas nos números do relatório “Education at a glance 2015”, divulgado no início da semana pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países mais desenvolvidos, para avaliar diversos aspectos da Educação no mundo, ratifica algumas obviedades sobre o setor no Brasil. O país ocupa, por exemplo, uma das últimas posições, entre as 34 nações pesquisadas, na rubrica de gastos por Alunos — na média, um terço do que é aplicado no âmbito da OCDE. Apenas México, Turquia, Colômbia e Indonésia têm perfil mais indigente.
Dificuldades no equacionamento de demandas educacionais, relativas ao Ensino em si ou relacionadas a investimentos públicos no setor, não são novidade. O Brasil tem um contencioso crônico que os números sistematicamente apontam. Em geral, soluções sugeridas para enfrentar os problemas passam pelo mantra de que, para se desenvolver, a Educação precisa ser irrigada por mais verbas. Criterioso, o estudo da OCDE tem substância para, por meio de análises mais profundas, mostrar que essa é, no máximo, uma meia-verdade — ou uma meia-mentira. Assim como consagra a facilidade da frieza dos números, o levantamento fornece combustível também para pôr em xeque esse tipo de solução mágica.
O gasto público em Educação básica no Brasil tem se situado, nesta década, na média de 5,6% do PIB (a meta é 10%). Parece pouco, mas é um índice superior à média da OCDE (4,7%), e o quinto maior entre os países e parceiros da organização com dados disponíveis. E, reconhecidamente, fatias cada vez maiores do orçamento total são destinadas ao setor. Ou seja, a irrigação não é insuficiente; o que visivelmente falta é melhorar a colheita. Cai-se no terreno da gestão. O país aplica mal as verbas destinadas à Educação, é evidente. A atenção dada, por exemplo, ao Ensino Básico continua falha, apesar dos avanços, e isso se reflete em toda a cadeia de Ensino. Por comparação, o Ensino superior brasileiro recebe 3,4 vezes mais recursos que os anos iniciais do Ensino fundamental (na média da OCDE, essa relação é 1,8 vez maior). Entre as nações avaliadas no relatório, o Brasil tem a sexta mais elevada proporção de jovens de 25 a 34 anos que não concluíram o Ensino médio. No ranking do que corresponde ao antigo segundo grau atrelado a Ensino profissionalizante, é o terceiro país, entre os avaliados, com menos Alunos nessa modalidade. Mesmo na Universidade, mais bem irrigada, o índice de evasão ainda é alto. São demandas a enfrentar.
O que falta à Educação brasileira não é, propriamente, mais verba, e sim mudar os paradigmas do setor. Ou seja, investir mais em programas de aperfeiçoamento de gestão e consolidar protocolos de prioridades (no básico, como tem sido, e em especial no Ensino médio). Há buracos na política educacional, e a solução não é jogar mais dinheiro nesse bueiro. Antes, há que acabar com ele.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Especialistas criticam reorganização da rede de ensino de SP

26 de Novembro de 2015

Fonte: Nota 10

A reorganização da rede de ensino proposta pelo governo de São Paulo foi criticada ontem (25) por professores universitários e especialistas, em entrevistas à Agência Brasil. O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse disse que os problemas começam com a falta de transparência na apresentação da proposta de mudança. 

“O que mais chama atenção nesta reforma é a ausência de um documento que explicite as escolas que serão atingidas no primeiro e em um segundo momento de mudança e, sobretudo, uma fundamentação para o aspecto pedagógico do que está sendo anunciado”, afirmou o professor. 

O projeto da Secretaria de Educação de São Paulo prevê o fechamento de 93 escolas e a transferência de estudantes para outros estabelecimentos. O objetivo é segmentar as escolas em três grupos (anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio), conforme o ciclo escolar. 

A estimativa é que 311 mil alunos tenham que mudar de escola no ano que vem. “Nós já temos estudos, inclusive pelo Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], que nas escolas onde nós temos um único ciclo o rendimento desses alunos é superior em relação as escolas que têm dois ou mais tipos de ensino”, alegou a diretora de ensino da região centro-sul, da Secretaria de Educação, Maria Izabel Faria. 

A avaliação da secretaria é contestada pelo professor Alavarse. “O que eles fizeram foi um estudo muito simples, em que mostram que escolas com um ciclo só têm Idesp [Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo] maior do que escolas com dois ciclos, que, por sua vez, têm Idesp maior com três ciclos. Isso não prova nada”. Segundo o especialista, outros fatores devem ser levados em consideração, como o nível socioeconômico dos alunos e a composição das equipes docentes. 

“O que as pesquisas mostram é que para ter uma escola bem-sucedida, de maneira geral, você precisa de uma série de razões, são aspectos multifacetados que geram um sucesso de determinada escola. Não é uma razão em si”, ressaltou o professor José Alves da Silva, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). De acordo com ele, uma medida semelhante foi proposta em 1997, porém, não houve melhora significativa nos indicadores educacionais. 

As mudanças propostas pelo governo estadual também não levaram em conta, segundo o professor da Unifesp, questões relativas à organização das famílias. “Não foram levadas em consideração as possíveis separações de irmãos das escolas, o mais velho que costuma levar o mais novo para a escola. São questões que só o argumento pedagógico não consegue dar conta, até porque o argumento pedagógico é falho”, destacou. 

Para a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, as questões relativas ao sistema educacional devem ser debatidas de forma ampla com a sociedade. “É preciso ter um olhar mais profundo no que diz respeito à gestão democrática, no que diz respeito à organização curricular, tempo e espaços escolares. É disso que falamos. Isso faz parte de um debate em que se quer melhorar a qualidade do ensino”. Ocupações e moções de repúdio 

Na opinião da presidente do sindicato dos professores, Maria Izabel, anunciar alterações tão drásticas no sistema, em um ano em que houve uma greve de 92 dias, ajudou, a acirrar os ânimos contra a proposta. “Foi um tiro no pé do governador e do secretário. Unificou quem eles não queriam que unificasse: pais, professores, alunos e funcionários. Isso, de certa forma, tem um viés positivo, porque mostra que a bandeira da escola pública não tem que ser levantada só pelos professores também pelos alunos, também pelos pais, que também participam das ocupações”. As ocupações de escolas no estado somavam hoje 163, segundo estimativa da Apeoesp, e 151 no cálculo da secretaria de educação. 

Para o professor da USP, Ocimar Alavarse, a mobilização é positiva.”Do ponto de vista pessoal, deve-se supor uma experiência muito gratificante, enriquecedora e educativa, mas o objetivo da ocupação não é a ocupação em si mesma. Uma ocupação exige uma série de cuidados com segurança, manutenção dos espaços, mas acho que, neste caso, o mais importante é que os estudantes, ao entrarem em cena, com o apoio de suas famílias, mudaram o quadro político desta reorganização”, disse. 

A Faculdade de Educação da USP e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) divulgaram moções de repúdio à reorganização. Os docentes da USP criticaram o “descompromisso com a oferta pública da educação”. É preocupante constatar, na política adotada, uma intenção irresponsável de economia de gastos públicos que, associada a iniciativas como a da flexibilização do currículo do ensino médio, o fechamento de salas no período noturno, a diminuição da oferta de vagas para Educação de Jovens e Adultos”, diz a USP, na moção. 

Os professores da Unicamp lembraram que o ensino público estadual tem sofrido sucessivos cortes no número de vagas. De acordo com os dados do Censo Escolas citados no comunicado da faculdade, em 2013 a rede paulista tinha 5.585 escolas, número que deve ser reduzido a 5.108 com a reorganização. Na opinião dos docentes, as alterações favorecem a privatização da rede. 

“A reorganização da escola por ciclos já cria a estrutura adequada para intensificar o processo de municipalização também do ciclo II do Ensino fundamental. Estudos demonstram que a municipalização tem sido um terreno fértil para os processos de privatização da escola pública”, diz a moção da faculdade. 

Facilitar a gestão - A diretora de ensino da região centro-sul, da Secretaria de Educação de São Paulo, Maria Izabel Faria, rebate as acusações de que a comunidade escolar não foi consultada. “Todas a diretorias receberam representantes para passar a proposta, ouvir a comunidade nesse sentido, do que estava sendo proposto para o estado.” 

Ainda segundo a diretora, as mudanças foram feitas com base em estudos que avaliaram o impacto para os estudantes e as famílias. “Todas as diretorias fizeram um estudo muito criterioso, levando em consideração os alunos, a escola, a distância. Tudo muito cuidadoso”, enfatizou. Além disso, há, de acordo com Faria, a possibilidade de o estudante solicitar remanejamento dentro da rede. 

A reorganização não é feita, de acordo com a diretora, com o objetivo de reduzir os recursos destinados à educação, mas aumentar o potencial dos investimentos. “A gestão fica menos complicada: todos os alunos na mesma faixa, com necessidades semelhantes. Então, a própria gestão da escola fica facilitada. O investimento também pode ser melhor direcionado”, destacou. Segundo Faria, os aportes são feitos com base no número de alunos, não na quantidade de escolas. 

A possibilidade de aumento do número de alunos por sala de aula também foi descartada pela diretora. “Não existe essa possibilidade das salas ficarem superlotadas pela reorganização. Isso foi bem cuidado por todas as diretorias de ensino para que a gente acomodasse os alunos sem superlotação”, garantiu.

Universidade Estadual de Maringá forma primeiro médico indígena

26 de Novembro de 2015

Fonte: Nota 10

Virlei Primo Júnior, indígena pertencente à etnia Guarani Nhandewa, oriundo da Terra Indígena Laranjinha, no município paranaense de Santa Amélia, é o primeiro médico indígena a se graduar pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).

A solenidade de antecipação de colação de grau para o curso de Medicina será nesta quinta-feira (26) e terá a presença de Mário Raulino Sampaio, liderança indígena na Terra Yvy Porá, entre os municípios paranaenses de Santa Amélia e Abatiá.

A Lei Estadual n.º 13.134/2001, que possibilitou o acesso de estudantes indígenas ao ensino superior, determina a reserva de vagas nas universidades estaduais paranaenses para serem disputadas entre os integrantes das sociedades indígenas do Estado.

Atualmente, cada universidade estadual oferece seis vagas, todas sobressalentes, ou seja, não são retiradas daquelas regulares oferecidas nos cursos. Os candidatos passam por um vestibular específico para ingresso na instituição escolhida. O primeiro vestibular foi realizado em 2002.
A colação será às 10 horas, no Auditório do Hospital Universitário de Maringá - Avenida Mandacaru, 1.590 – Parque das Laranjeiras.

Comissão aprova reserva de vagas de estágio a alunos das escolas públicas

26 de Novembro de 2015

Fonte: Nota 10

A Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Hussein Bakri (PSC), aprovou na tarde desta quarta-feira (25) dois dos três projetos de lei que estavam na pauta da sua reunião.
Foram aprovados os projetos lei 580/2015, do deputado Gilberto Ribeiro (PSB), que trata do incentivo ao uso de giz antialérgico nas instituições de ensino estaduais; e o projeto 433/2015, da deputada Cantora Mara Lima (PSDB), que estabelece reserva de vagas de estágio para alunos oriundos da rede pública estadual de ensino, entre outras providências.
O terceiro item da pauta, o projeto de lei 304/2015, do deputado Marcio Nunes (PSC), que dispõe sobre a instituição do programa “Adote uma Escola no Estado”, não foi votado e será encaminhada para análise e parecer do Conselho Estadual de Educação, conforme requerimento do deputado Professor Lemos (PT), aprovado pelos demais membros da comissão.

MEC quer ofertar ensino de idiomas a professores

26 de Novembro de 2015

Fonte: Nota 10

O Ministério da Educação (MEC) quer priorizar os professores da educação básica no Programa Idioma sem Fronteiras, segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Com isso, os professores receberão aulas de idiomas, com opção para o inglês e o francês, e poderão formar melhor os estudantes até o ensino médio. 

"Temos que abrir o foco prioritário para a formação de professores e professoras do ensino básico. Estamos chegando na universidade para fazer o idioma, quando devíamos ter feito isso antes, no ensino básico", disse ontem (25) no 1.º Encontro do Programa Idioma sem Fronteiras: Internacionalização e Multilinguismo. A proposta do Idiomas sem Fronteiras é complementar o Ciência sem Fronteiras e as demais políticas públicas de internacionalização do ensino. O programa prevê a aplicação de testes de proficiência e de nivelamento, cursos online e presenciais. A iniciativa começou em 2013, com o Inglês sem Fronteiras. Atualmente é ofertado também o francês. São atendidos alunos de graduação e pós-graduação. 

A presidenta do programa, Denise de Abreu e Lima, diz que o atendimento aos professores está previsto na portaria que criou o programa, mas que isso ainda não aconteceu "porque o programa estava se estruturando". Segundo ela, ontem foi feita uma primeira reunião com as universidades para verificar as condições de atender aos docentes. Há a possibilidade de abertura de cursos específicos para eles. 

Em discurso, Mercadante disse também que o Programa Ciência sem Fronteiras, um dos que sofreu cortes este ano devido ao contingenciamento do Orçamento Federal, deverá ser mantido. "Queremos manter o Ciência sem Fronteiras. Vamos fazer ajustes, buscando das universidades bolsas gratuitas, redução de taxas, facilitação do acompanhamento dos estudantes. Está na hora de retribuírem um pouco mais o esforço que o Brasil fez no programa". 

O Ciência sem Fronteiras foi lançado em 2011 com a meta de conceder inicialmente 101 mil bolsas - 75 mil bancadas pelo setor público e 26 mil por empresas privadas. As bolsas são voltadas para as áreas de ciências exatas, matemática, química e biologia, engenharias, áreas tecnológicas e de saúde. A primeira etapa está em fase final de implementação. 

A segunda etapa foi anunciada em meados do ano passado, pela presidente Dilma Rousseff, que prometeu mais 100 mil bolsas de 2015 a 2018. Com o contingenciamento no Orçamento, não houve novos editais para graduação este ano.

Currículo mínimo do ensino básico deve ser debatido com profundidade, diz ministro da Educação

26 de Novembro de 2015

Fonte: Nota 10

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse ontem (25) que a Base Nacional Comum Curricular, para o ensino básico, deve ser debatida com profundida por educadores e pais. A base está prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014. O texto preliminar está aberto para receber sugestões na internet. Segundo Mercadante, os países que têm os melhores sistemas educacionais já construíram uma base comum. 

O documento será o responsável por reformular e determinar o currículo mínimo para todos os alunos das escolas de educação básica do país. 

Mercadante falou com jornalistas após participar de audiências pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que durou cerca de quatro horas. O ministro disse ainda que os países que têm os melhores sistemas educacionais já construíram uma base comum. 

“Basicamente, vai significar que qualquer aluno, em qualquer estado e escola do Brasil, tenha o mesmo direito de aprendizado. Faremos ajustes, isso não é uma camisa de força, vai ser implantado com cuidado, com todas as garantias, fazendo revisões periódicas, mas agora é hora de construirmos juntos. Depois de concluirmos esse processo no Ministério da Educação, vai para o Conselho Nacional de Educação, que aprovará então para que o ministro homologue até junho do ano que vem”, explicou. 

O ministro também voltou a defender a aprovação da nova Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Mercadante disse que o imposto é equilibrado, pois é pago por todos e não é sonegável. Na avaliação do ministro, não há motivos para que a recriação da CPMF não seja aprovada pelo Congresso Nacional. 

Mercadante foi questionado sobre a prisão, do líder do governo no Senado, Delcício Amaral (PT-MS) e e evitou responder afirmando que ainda não tinha informações detalhadas sobre o caso. Ao ser perguntado se a prisão poderia prejudicar a aprovação de medidas em tramitação no Congresso que buscam ampliar a arrecadação do governo e, assim, garantir mais recursos para áreas como a educação, o ministro disse que qualquer dificuldade política será superada. 

“Defendo mais recursos para a educação e, principalmente, que se assegure a receita para termos um Orçamento que priorize a educação, saúde e, especialmente a CPMF, que é um imposto bastante justo, equilibrado, que pagam todos, que não é sonegável, barato de ser arrecadado. Não tem porque não termos a aprovação. Qualquer outra dificuldade política, vamos superar. Importante é colocar a educação no centro das políticas públicas e garantir que tenhamos a receita necessária para fazer uma boa educação para o país”, disse.

Alckmin corta bônus de servidores de escolas ocupadas em SP

26 de Novembro de 2015

Fonte: Uol Educação

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) não pagará bônus em 2016 aos servidores das escolas estaduais ocupadas - o número subiu para 174 nessa quarta-feira (25). Nessas unidades, não houve ou não foi concluída a aplicação do Saresp, principal avaliação de aprendizagem da rede. A nota dessa prova também é usada para calcular as gratificações dadas a servidores dos colégios que atingem a meta fixada pelo governo.
A Secretaria da Educação do Estado confirmou a decisão. O entendimento é que, sem a nota do exame, não é possível saber se a escola alcançou a meta. A pasta não disse quantos servidores devem ser atingidos pela medida. As escolas ocupadas representam cerca de 3,4% das 5.147 unidades da rede paulista.
Neste ano, o governo pagou R$ 1 bilhão em bônus a 232 mil servidores da educação estadual. Em 2015, porém, os professores da rede não tiveram reajuste salarial. A secretaria alegou restrições orçamentárias, por causa da crise econômica do País. A reportagem não conseguiu contato ontem à noite com a presidência da Apeoesp, maior sindicato dos docentes, nem com a Udemo, sindicato dos diretores.

Protestos

A ocupação de escolas começou há 17 dias, após o governo anunciar o fechamento de 94 colégios - parte de uma reforma da rede. A ideia dessa reorganização, diz a secretaria, é aumentar o número de unidades com apenas um dos três ciclos (ensino fundamental 1, fundamental 2 ou médio). Em 2016, mais 754 escolas passarão a ter ciclo único. Hoje, 1.143 já funcionam nesse modelo.
Nos últimos dias, manifestantes contrários à reorganização tomaram até escolas que não serão afetadas pela reforma da rede. É o caso da Escola Plínio Negrão, na Vila Cruzeiro, zona sul, ocupada por 40 alunos.
O receio dos estudantes é de que, com o remanejamento de alunos na região, a escola fique com turmas superlotadas. Já a secretaria tem afirmado que não haverá salas cheias após as mudanças.
Nessa unidade, a ocupação ainda interrompeu uma obra de R$ 1,4 milhão. O reparo começou a ser feito há cerca de um mês e envolvia grande parte das instalações do colégio, como quatro salas de aula e um banheiro.
No primeiro dia da ocupação, os pedreiros conseguiram trabalhar, mas houve bate-boca com os alunos após um dos funcionários ter quebrado o cadeado colocado por eles para "proteger" o colégio de estranhos. Por isso, os operários foram barrados no segundo dia. Parte do colégio ainda está tomada por poeira, cimento e outros materiais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.