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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

" "Não é promessa, é dívida": conheça o plano municipal de Educação antes de votar"

Fonte: Uol Educação
31 de agosto de 2016

Priscila Cruz


O segundo semestre de 2016 chegou e trouxe, além dos tão esperados Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, as eleições municipais. Com a hora de votar cada vez mais próxima, não podemos adiar o momento de escolher os nossos candidatos.
O processo de escolha, claro, não é fácil. São muitos os partidos e os concorrentes, com as mais diversas promessas de campanhas, das mais delirantes àquelas que realmente podem fazer a diferença para melhorar a aprendizagem dos alunos – e, entre essas, as mais urgentes. E é justamente do que não pode esperar que eu quero falar.
No ano passado, quase todos os municípios brasileiros discutiram, aprovaram e sancionaram os planos municipais de educação – os chamados PMEs. Esses documentos trazem as metas dessa área que as prefeituras devem atingir em um prazo máximo de dez anos. Como a nossa Constituição estabelece que as prefeituras cuidem da demanda de educação infantil e ensino fundamental, a maioria dos PMEs determina:
  • universalizar o atendimento na pré-escola para crianças de 4 e 5 anos;
  • ampliar o número de vagas em creches;
  • garantir a alfabetização das crianças até o 3º ano do ensino fundamental; 
  • universalizar a educação básica para crianças com deficiência;
  • aumentar e melhorar o investimento em educação;
  • melhorar a formação, a carreira e o salário dos professores;
  • expandir a oferta de educação integral;
  • garantir mecanismos para a gestão democrática nas escolas.
Essas e outras metas foram inspiradas no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, que é a bússola do país para as políticas de educação até 2024. Cada município e estado fez o seu próprio plano, e isso significa que os dois próximos prefeitos da sua cidade – ou seja, aqueles que vão governar pelos próximos oitos anos – são responsáveis diretos pela execução do PME. Para que as metas sejam atingidas, é fundamental que ele seja posto em prática desde o dia em que foi sancionado e que continue sendo foco das ações do município.
O que está no plano é lei, e deve ser cumprido. Não é promessa de campanha, é obrigação!
Os próximos prefeitos já assumem com essa responsabilidade para com a população. Por isso, procure saber o que consta no PME da sua cidade e compare com o que diz o seu candidato. Mais do que fazer novas promessas, ele precisa dizer como vai garantir cada um dos avanços determinados pelo PME. 
Votar de forma consciente é uma das principais maneiras de fortalecemos a cidadania e colocarmos a educação no rumo da melhora da qualidade para todos, sem exceção!

PRISCILA CRUZ

Priscila Cruz é fundadora e presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação. Graduada em Administração (FGV) e Direito (USP), mestre em Administração Pública (Harvard Kennedy School), foi coordenadora do ano do voluntariado no Brasil e do Instituto Faça Parte, que ajudou a fundar.

"Terceiro simulado da 'Hora do Enem' começa neste sábado"

Fonte: G1 Educação
31 de agosto de 2016

Nova edição da prova ficará disponível até as 20h de 11 de setembro. Prova terá 80 questões e será feita online.

ça neste sábado (3) a terceira edição do simulado da "Hora do Enem". O acesso será liberado a partir das a partir de 8h e vai até as 20h de 11 de setembro. A participação será gratuita para os interessados em condições similares ao do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O simulado, sob responsabilidade do Geekie Games, atualmente integra ações do Ministério da Educação (MEC) para apoiar estudantes que se preparam para o exame. Neste ano ainda está prevista a quarta e última edição, em 8 de outubro.
A prova poderá ser acessada no endereçohttp://horadoenem.mec.gov.br/.
O exame terá 80 questões e poderá ser concluída em até quatro horas, por computador, telefone ou tablet. De acordo com os organizadores, nas duas primeiras edições do simulado, promovidas entre abril e maio e entre junho e julho, mais de 1 milhão de avaliações foram feitas. Entre os participantes, 85% dos alunos eram de escolas públicas e, no segundo, 80%. A Hora do Enem é desenvolvida pelo Geekie Games, em parceria com o Ministério da Educação.
Ao contrário das primeiras edições, que limitavam o acesso apenas aos concluintes do ensino médio, a terceira edição será aberta a todos os interessados. Os estudantes precisam apenas fazer um cadastro. Entretanto, alunos do último ano do ensino médio ainda contam, também de forma gratuita, com um plano de estudos personalizado, que contém videoaulas, exercícios e resumos.
De acordo com os organizadores, nessa prova 75% das questões aplicadas aos estudantes serão inéditas. Além disso, os alunos que fizerem o simulado pelo celular poderão conferir um ranking pelo qual poderão comparar sua nota com a de outros estudantes que disputam vaga para o mesmo curso universitário. Os alunos poderão ainda verificar se seu desempenho é compatível com a nota de corte do curso e da instituição em que desejam estudar.
A plataforma permitirá também que professores e gestores da educação acompanhem o desempenho dos estudantes. Escolas e secretarias de educação terão as informações sobre o terceiro simulado adicionadas às sobre os dois anteriores que estão no site do PDDE, do Ministério da Educação (http://pddeinterativo.mec.gov.br/).

"Parcerias com a escola pública: um cavalo de Troia"

Fonte: Estadão
31 de agosto de 2016

Para especialista da Faculdade de Educação da USP, modelo não garante melhorias das unidades

Ocimar Alavarse*


SÃO PAULO - Pode-se compreender a motivação de gestores de escolas públicas em recorrer a parcerias em busca de auxílios financeiros externos, usualmente premidos pela escassez de recursos. Contudo, esse expediente é um verdadeiro Cavalo de Troia. Paradoxalmente, essas parcerias podem servir muito mais para a legitimação de quem as concede do que realmente contribuir com a melhoria da escola pública.
Para confrontar essa ameaça, não nos parece adequado recorrer ao argumento de que esses mecenas poderiam contribuir diretamente para secretarias de educação, instâncias que têm a responsabilidade política de garantir as condições de todas as escolas, pois isso nos eximiria de aprofundar o debate sobre impostos e orçamento públicos. O cerne do problema repousa no fato de que essa ajuda, praticamente, em nada contribui para o enfrentamento dos enormes desafios visando uma educação pública de qualidade.
Essas parcerias, ao contrário, não bastando a diferenciação de atendimento que estabelecem, afrontam o princípio de equidade e muito mais o da igualdade de resultados que se deveria almejar para algumas aprendizagens. Introduzem no seio da escola pública princípios de gestão que podem transformar resultados de avaliações externas em instrumentos meritocráticos, algo que, ademais de não possuir consistência estatística, dada a impossibilidade de se dimensionar com a devida precisão a quem atribuir a origem desses resultados, reiteram a ideia de que alguns, inexoravelmente, devem ser melhores do que outros, incluindo a capacidade de buscar parceiros.
A necessária parceria é com o compromisso político de uma escola universalmente dotada de condições para seus alunos.
* É professor da Faculdade de Educação da USP

"Câmara aprova projeto que destina recursos do Fundeb a pré-escolas filantrópicas"

Fonte: Agência Câmara
31 de agosto de 2016

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou nesta quarta-feira (31) o Projeto de Lei 1808/15, que admite as matrículas de pré-escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas no cálculo da distribuição dos recursos do Fundeb (Fundo que financia a educação básica) até o cumprimento integral das metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/14).
Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Reunião Extraordinária. Dep. Esperidião Amin (PP - SC)
Esperidião Amin retirou da proposta a menção ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
Como tramita em caráter conclusivo, a proposta está aprovada pela Câmara, e deve seguir para análise do Senado.
As matrículas de crianças entre 4 e 5 anos nessas escolas eram contadas em lei para os recursos enviados aos municípios, proporcionalmente ao número de alunos matriculados nas respectivas redes de educação pública.
Com a abertura para escolas filantrópicas, essas vagas são pagas por meio de convênios, só que o prazo se encerrou em 2014.
A proposta original estendia o prazo até 2016, mas a Comissão de Educação fez uma emenda que tornou o prazo indeterminado, ou até a universalização da pré-escola, que é a meta específica para essa faixa etária.
Pesquisas educacionais
O relator da proposta na CCJ, deputado Esperidião Amin (PP-SC), apenas pediu para retirar da proposta a menção ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Para ele, constar o nome do instituto na legislação poderia dar a entender que ele deveria checar o cumprimento dos requisitos da proposta. "E à luz do previsto na Constituição, não pode lei iniciada no Poder Legislativo determinar atribuição a órgão ou entidade integrante da estrutura do Poder Executivo", disse.
Segundo os últimos dados do censo escolar feito pelo INEP em 2015, há 4.916.525 crianças matriculadas nessa faixa etária, mas estima-se que 600 mil crianças de 4 e 5 anos, que deveriam estar na pré-escola, ainda não estão atendidas em todo o País, representando 12,2% do total. E como a população nessa faixa etária está diminuindo ano a ano, o número de matrículas na pré-escola na verdade diminuiu 1% no último senso.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

Reportagem - Marcello Larcher
Edição - Newton Araújo

"Aprovado relatório de MP que amplia apoio da União à educação infantil"

Fonte: Agência Senado 
31 de agosto de 2016 

Da Redação 

A comissão mista da Medida Provisória (MP) 729/2016 aprovou nesta quarta-feira (31) o relatório do senador Cristovam Buarque (PPS-DF) a favor da matéria.  O texto segue para votação nos Plenários da Câmara e do Senado.
A medida provisória tem por objetivo ampliar o apoio financeiro da União à oferta de educação infantil nos municípios e no Distrito Federal . Esse apoio é regulamentado pela Lei 12.722/2012 (Programa Brasil Carinhoso), destinado a expandir o número de matrículas de crianças até 48 meses de idade pertencentes a famílias beneficiárias do programa Bolsa Família. A MP 729/2016 incluiu no programa as crianças nessa faixa etária contempladas com o Benefício de Prestação Continuada.

"Brasil está longe de cumprir meta do PNE de alfabetização de adultos"

Fonte: Estadão
31 de agosto de 2016

País ainda tem 13 milhões de analfabetos acima de 15 anos. Em 2001, eram 15 milhões

Todos Pela Educação
31 Agosto 2016 | 15h22

Pricilla Kesley/TPE
Pricilla Kesley/TPE
Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE) 93,5% da população com mais de 15 anos deveria estar alfabetizada até 2015. Em sua meta 9, o PNE estabelece também que o país erradique o analfabetismo adulto até 2024.
Os últimos dados do IBGE indicam que a meta pode não ser cumprida: em 2014, o Brasil tinha 91,7% da população alfabetizada, percentual praticamente estagnado desde 2011, quando era 91,4%. Em números absolutos, o País ainda tem 13 milhões de analfabetos.
Comparando os dados do início da série histórica da Pnad, vemos que tem havido avanços, mas em ritmo muito lento. Em 2001, a taxa de alfabetização era de 87,6% – o número de analfabetos com mais de 15 anos era, então, 15 milhões.
Educadores apontam que alfabetizar adultos é desafiador porque eles já não estão em idade obrigatória de frequentar a escola e têm um contexto particular relacionado à idade, trabalho, motivação pessoal, entre outros aspectos. De acordo com dados da Pnad, 94,6% dos analfabetos têm 30 anos ou mais. Sem políticas específicas que levem em consideração as experiências de vida dessas pessoas, o país não vai conseguir alfabetizá-las.
A alfabetização é a condição básica para o exercício da cidadania e tem impacto não apenas na vida da pessoa alfabetizada. Estudos apontam que a escolaridade dos pais – especialmente das mães – é uma variável importante no desempenho escolar dos filhos.
Para acompanhar os levantamentos e análises sobre a alfabetização de jovens e adultos no País, acesse o Observatório do PNE.

"PT deixa o poder após 13 anos com avanços sociais e economia debilitada"

Fonte: Agência Brasil
31 de agosto de 2016

Heloisa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil
Chega ao fim nesta quarta-feira (31) o julgamento do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no Senado Federal. Com a decisão dos senadores pelo afastamento definitivo da presidenta, também se encerra um período de 13 anos consecutivos em que o Partido dos Trabalhadores esteve no poder no Executivo Federal brasileiro. Eleito por quatro mandatos sucessivos, o PT deixa o protagonismo nacional após consagrar-se como primeiro partido de esquerda a chegar ao poder após a redemocratização do país. Sai de cena com altos índices de desaprovação e marcado por escândalos de corrupção, mas também carrega bons resultados na área social e no combate à desigualdade.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil analisam aspectos fundamentais da gestão petista no poder e a evolução dos principais indicadores econômicos e sociais do país  de 2003 até 2016. Confira:
Economia
Na avaliação da professora de economia da Fundação Getúlio Vargas, Virena Matesco, o primeiro mandato do governo Lula foi marcado por uma continuidade da política macroeconômica estabelecida por Fernando Henrique Cardoso. O campo foi conduzido inicialmente com base em um tripé, que considerava a meta fiscal, com a Lei de Responsabilidade Fiscal orientando estados, municípios e União a gerar superavit primário, proibindo entes de gastar mais do que é arrecadado no Orçamento. Além da meta fiscal, foram estabelecidas metas para inflação e câmbio flutuante.
Para Virena, a política macroeconômica do último período da gestão petista, sob a gestão de Dilma Rousseff, foi um “desastre”.
“O rompimento do fundamento da economia no governo Dilma, associado a uma política heterodoxa da economia, com o congelamento de preços administrados, que é luz, água, tarifas públicas, combustível, associado ao descontrole nas contas públicas, levou o país a um total desastre”, explicou a professora. “Não é uma questão de ideologia, é uma questão de administração”, argumenta.
Entretanto, para o professor do Instituto de Economia, do Centro de Conjuntura da Unicamp, Francisco Luiz Lopreto, a crise que levou à queda do PT no poder foi, em grande parte, produzida pela atuação da própria política brasileira.
“A partir da eleição de Dilma para o segundo mandato, há uma turbulência política que alterou completamente e contaminou todos os indicadores [econômicos] e, em grande medida, tem o reflexo da rixa política que se criou na eleição e isso influenciou diretamente todos os índices porque houve uma suspensão [do governo], as expectativas foram contaminadas”, diz.
Para Lopreto, o PT introduziu uma nova forma de governo no país, chamada de “desenvolvimentista social”, um contraponto à política neoliberal adotada por Fernando Henrique Cardoso nos anos anteriores.
“Dentro desse desenvolvimento social a proposta básica é avançar e isso tem uma presença mais forte do Estado. O Estado não está só preocupado com uma presença de desenvolvimento, mas está mais inclusivo. A sociedade mais inclusiva do que foi a grande parte da história econômica do país. Nesse sentido, a grande questão desse desenvolvimentismo social é a melhoria da distribuição de renda”, avalia.
Índice de Gini
O professor da área de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Bocaccio Piscitelli aponta que o maior legado da gestão petista foi a ascensão de classes promovidas pelas políticas dos governos petistas. No início do governo, o Índice de Gini, parâmetro internacional para medição de miséria, era de 0,589. Atualmente, o índice está em 0,518. A taxa varia de 0 a 1 e quanto mais próximo a 1, menos distribuição de renda há no país.
“O Brasil é um dos campeões da desigualdade no mundo e nesse período houve uma melhoria, apresentada pelo índice de Gini. Como houve um crescimento, mesmo que moderado da economia, não se pode dizer que alguém saiu perdendo. Houve uma redução e quase eliminação da pobreza. Do ponto de vista econômico, houve uma emergência de classes, rendas mais altas e melhoria de vida com acesso a bens de consumo”, explica.
Salário Mínimo
Segundo Piscitelli, a política de valorização do salário mínimo, com aumento real ou seja, acima da inflação, assegurou o crescimento de renda dos trabalhadores. “A valorização do salário mínimo assegurou o crescimento da renda dessas pessoas na base da pirâmide e elevou o salário dessa classe, que recebe até três salários mínimos. Houve uma enorme valorização do nível de renda desse pessoal e isso foi mais favorecido com a formalização das relações de trabalho, com a formalidade que grande parte de trabalhadores não tinha”.
O economista Francisco Lopreto ressalta que 40 milhões de brasileiros ascenderam de classe. “Esse é o aspecto mais importante da gestão petista. Rompeu a reprodução da miséria do Brasil tradicional”, afirma. No período de 13 anos da gestão PT, o salário mínimo avançou de R$ 240, registrado em 2003, para o valor atual de R$ 888.

Reservas Internacionais
As reservas internacionais são aspectos ressaltados pelos especialistas como ponto forte da gestão petista, que assume o país com um caixa de US$ 38 bilhões. As reservas compõem uma espécie de poupança que blinda a economia, ao garantir que o país honrará seus compromissos com credores nacionais e estrangeiros, mesmo em situações de crise. Dessa forma, o recurso é um instrumento que pode barrar riscos de disparada da dívida pública.
O governo Lula fecha o primeiro mandato com saldo de US$ 85,8 bilhões. Atualmente, as reservas estão avaliadas em US$ 363,4 bilhões. “[As reservas internacionais] são muito benquistas no mundo, tanto ajudam os investidores brasileiros no exterior e sinalizam aos investidores internacionais que temos condições de honrar os compromissos, com isso o risco soberano cai. Não foi por acaso, que vamos ganhar o grau de investimento internacional, ou seja, um país que honra seus compromissos. Depois, com a Dilma nós vamos perder isso”, avalia Virena Matesco.
Produto Interno Bruto
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no início do mandato petista, em 2003, era de 2,7%. O índice ganha corpo nos dois mandatos de Lula, mas retrocede na gestão de Dilma Rousseff, e apesar do ápice de 7,6% em 2010, volta a taxas menores no curso de seu governo. Já no final da gestão, é registrado o menor valor do período, um percentual negativo de -3,8%.
“Nos primeiros dois anos do segundo mandato [Lula], o Brasil estava bem. Em 2009 tem a crise financeira internacional, nós temos uma queda de PIB e o Brasil apresenta uma taxa negativa. Há uma queda livre de PIB. Nós caímos, assim como o mundo inteiro cai. A nossa queda não foi tão desesperadora como em outros países. Nesse momento, o Brasil estava blindado com US$ 206 bilhões em reservas internacionais e foi por isso que o Lula falou que a crise era uma 'marolinha'”, explica a professora da FGV.
Inflação
De acordo com a avaliação de Virena Matesco, a estabilidade econômica da gestão petista foi mantida até 2010, quando o incentivo ao crédito facilitou o acesso ao dinheiro, com mais disponibilidade de recursos para empréstimo e, assim, houve uma disparada da inflação. Para segurar a inflação, o Banco Central aumentou a taxa de juros e o governo segurou preços administrados, como energia elétrica e combustíveis.
“Quando Dilma começa a baixar os juros, sinaliza que não vai dar grande atenção para inflação. Isso é um sinal ruim na formação de expectativas para o mercado. A política fiscal e a política monetária serão expansionistas, com crédito em abundância, passa-se a focar consumo e aumentam gastos do governo. Então vai baixar os juros e a inflação começa a subir. Quado a inflação começa a subir, há o controle de combustível, tarifas urbanas, reajuste de energia. O governo vai combater a inflação congelando preços – começaa ter problemas nas empresas de serviços e bens de utilidade pública. Começa uma sucessão de erros. E já começam umas discussões de corrupção”, diz.
No primeiro mandato da Dilma, a taxa de crescimento cai para 2,7%. A inflação ganha “vida própria" e não para mais de subir, na avaliação da professora.
Desemprego
Uma das principais bandeiras do governo Dilma, o pleno emprego, acabou se tornando um problema crucial para a gestão petista no final de seu mandato. O índice de desemprego, que chegou a atingir 4,8% em 2014, voltou aos níveis encontrados no início do mandato PT (12,3%, em 2003). A equipe econômica de Dilma Rousseff chegou a adotar medidas para evitar que a crise chegasse ao mercado de trabalho. Apesar dos esforços, em julho deste ano, a taxa de desemprego alcançou 11,6%, atingindo 11,8 milhões de pessoas.

Renda média do trabalhador
Apesar de a remuneração média do trabalhador brasileiro ter aumentando, o crescimento da inflação no último período da gestão petista fez com que a renda perdesse seu potencial de compra. Diferentemente da política de salário mínimo, que prevê aumento anual real na remuneração do trabalhador, a renda média não registrou o mesmo aumento diante da inflação. No início do mandato do presidente Lula, o valor alcançou R$ 1.029,59, segundo apontou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Em 2014, último ano divulgado, o valor chega a R$ 1.737,13.
Educação
Os programas sociais ganharam força ao longo dos 13 anos de atuação do PT no Executivo Federal para tornar o Brasil em um país “sem miséria”, aumentar a inclusão social e reduzir a desigualdade. A área educacional ganhou protagonismo com programas como o Financiamento Estudantil (Fies), Programa Universidade para Todos (ProUni), Brasil Carinhoso, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), além da atuação política na aprovação de leis importantes para o setor, como a do Piso dos Professores e o Plano Nacional de Educação.
Desde 2016, a educação infantil, para crianças de 4 e 5 anos, é obrigatória no Brasil e o país deve ofertar vagas a todos os que têm essa idade e estão fora da escola. Para cumprir a meta de universalização da pré-escola, que está no Plano Nacional de Educação (PNE), o país tem de incluir 18,6% das crianças nessa faixa etária, segundo o Ministério da Educação (MEC). O índice de estudantes matriculadas no ensino fundamental, de 4 a 17 anos, subiu de 88,9%, em 2003, para 93,6%, em 2016.
“Esse foi um período positivo para educação, mas foram avanços que sempre ficaram aquém da necessidade. É um paradoxo, porque avançamos como nunca nós tínhamos avançado como sociedade e isso teve uma participação fundamental do governo federal, sem excluir a mobilização da sociedade civil. Porém, o governo, por mais difícil que fosse o diálogo, tinha canais estabelecidos. No entanto, diante de todo esse avanço, dessa inovação entre sociedade civil e governo, a realidade é que a gente ficou muito aquém do necessário”, avalia o coordenador geral da Campanha Nacional pela Educação, Daniel Cara.
A presidente executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz também ressalta que os resultados das políticas desenvolvidas pelo governo ainda são “tímidos”. Para ela, esses resultados não apareceram porque a implementação dessas políticas não foi no mesmo patamar. “Em termos de desenho, teve mais acerto do que erro, mas a implementação foi muito ruim”.
“Apesar de a gente ter evoluído muito na política, elas não tiveram resultados esperados. Como exemplo temos o Ciência sem Fronteiras, investimos muito num programa e a execução deixou a desejar. Foi muito recurso, mas um resultado muito questionável.”, diz. “O Fies [Financiamento Estudantil] teve inclusão, mas não teve qualidade. Foi um recurso que as universidades privadas se beneficiaram muito, mas não entregaram a qualidade esperada. Faltou regulação, fiscalização. Mesma coisa o ProUni, avançou muito na matricula, mas o ensino superior não conseguiu avançar muito na qualidade”, avalia.
O ensino médio foi um dos aspectos em que a política educacional petista não conseguiu evoluir como esperado. Nesta etapa, ainda há um deficit de 1,6 milhão de matrículas para que haja a completa universalização de alunos em sala de aula.
Segundo Priscila Cruz, a etapa e tem apresentado resultados declinantes na aprendizagem em matemática, apesar de ter dobrado investimento por aluno. “A gente tem que avançar muito no que se está pensando em políticas de educação para alcançar o ensino médio. Essa etapa é preocupante. Em termo de resultado não tem muito o que comemorar”.
Investimento em Educação
O investimento público total em educação em relação ao Produto Interno Bruto cresceu ao longo da gestão do PT e foi impulsionado pela lei do Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb), aprovada em 2007. O valor saiu de 4,6%, em 2003, para 6,2%, em 2014. O investimento por aluno no período saiu de um patamar de R$ 2.213,07, em 2003 para R$ 6.203, em 2014.
“A aprovação da lei do Fundeb foi o primeiro passo para o aumento de recursos na educação e para uma mudança na trajetória, que era ruim no primeiro mandato do governo Lula e, proporcionalmente, praticamente repetia ou ficava um pouco abaixo do investimento feito pelo governo de Fernando Henrique Cardoso”, diz Daniel Cara .
Segundo Cara, ainda faltam 500 mil matrículas para universalizar o ensino fundamental. “São crianças não brancas, moradoras das periferias das grandes cidades, quilombolas, indígenas ou crianças com deficiência. Ou seja, o ensino fundamental não foi universalizado porque o Brasil não consegue avançar a ponto de universalizar a matrícula dessa população que vive em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica”.
“Enquanto tiver crianças fora da escola não dá para a gente ficar tranquilo e em uma postura exclusivamente elogiosa dos avanços. É necessário apontar as necessidades porque aquela criança que não teve um processo de escolarização durante a infância, ela não recupera mais. Ela vai ter um prejuízo, por melhor que seja a política de educação de jovens e adultos”, ressalta Cara.
Ensino Superior
A política educacional petista no ensino superior foi marcada pela interiorização das universidades, que deixaram de ser exclusividade das capitais e grandes centros. Em 13 anos, a gestão criou mais 20 universidades públicas federais. Atualmente, 63 universidades estão espalhadas em todos os estados do país. 
De 2003 a 2016, o número de professores doutores no quadro das universidades federais aumentou 189%. Há 13 anos, 20.711 docentes efetivos da carreira do magistério superior tinham doutorado. Hoje, esse número está em 59.658. Neste período, também aumentou o número de mestres e doutores formados no país.
Edição: Amanda Cieglinski

"Educação média não consegue formar quadros técnicos com a qualidade que a economia exige"

Fonte: Folha de São Paulo
31 de agosto de 2016


Acessar em: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/08/1808684-educacao-media-nao-consegue-formar-quadros-com-a-qualidade-que-a-economia-exige.shtml




segunda-feira, 29 de agosto de 2016

"Maioria das escolas do Espírito Santo não têm quadra de esportes"

Fonte: A Gazeta
29 de agosto de 2016

Autor: Tatiana Moura | online@redegazeta.com.br

Na área rural, 83,1% das escolas enfrentam esse problema


A manicure Rhallyanny Feitosa, 37 anos, afirma que há alguns anos, os estudantes da Escola Estadual Desembargador Cândido Marinho faziam educação física na quadra da comunidade, mas agora fazem no pátio da escola, que, segundo ela, é muito apertado.Patrick Feitosa de Jesus tem nove anos e quer ser jogador de futebol quando crescer. Mas se depender da escola onde ele estuda, o sonho de um dia ser como Neymar ficará comprometido. Em pleno ano olímpico, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Desembargador Cândido Marinho, em Vila Velha, faz parte do ranking das 67,3% das unidades de ensino da rede pública no Espírito Santo que não têm quadra para a prática esportiva.
O levantamento, que revelou que seis em cada dez escolas públicas de educação básica do Estado não possuem quadra, foi feito pelo Movimento Todos Pela Educação no início de agosto, tendo como base dados do Censo Escolar 2015. A pesquisa, que abrangeu escolas das redes estadual, municipal, federal e particular, fornece dados da Capital e do Estado, de um modo geral.
Para a superintendente do Movimento Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, em termos gerais, o Brasil tem um desafio enorme colocado pelo Plano Nacional de Educação (PNE) no que diz respeito à infraestrutura das escolas.
“O Plano Nacional de Educação coloca o desafio de que todas as escolas de Educação Básica tenham quadras esportivas, e nesse sentido, ainda é preciso avançar bastante para que, até 2024, as escolas que ainda não possuem esse equipamento se adequem. O planejamento e a continuidade de ações são fundamentais.”

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"Infraestrutura das escolas não determina aprendizado", diz secretário

Na avaliação de Alejandra, independentemente de a unidade escolar ter quadra, é preciso garantir aos estudantes a prática esportiva, visto que, a educação física é um componente curricular obrigatório e, se bem planejada, contribui para o aprendizado de outras disciplinas.
“E ajuda os alunos a aprenderem a trabalhar em equipe e a saber esperar a sua vez. São questões que não são explícitas em muitos currículos, mas são importantes para a vida. E a prática do esporte é um momento importante de socialização das crianças além de todos os benefícios físicos.”
Para a psicopedagoga e mestre em educação Maria José Cerutti, a falta de infraestrutura afeta diretamente o estímulo do professor. “Impede que ele desenvolva várias atividades necessárias ao desenvolvimento de potencialidades dos alunos. A escola é o caminho para o desenvolvimento do homem. Se queremos ter um país desenvolvido o caminho é investir na educação.”
Talentos
Embora admita que nem todas as escolas da rede estadual têm quadras, o secretário de Educação Haroldo Rocha reconhece que elas são o ponto de partida para a revelação de novos talentos no esporte.
“Países que têm sucesso na Olimpíada possuem nas escolas um ponto importante de identificação e desenvolvimento de talentos. É importante ter professores capazes de ver nos estudantes futuros campeões, eles devem identificar as habilidades para determinados esportes e desenvolvê-las para cada modalidade.”
Nas localidades rurais do Espírito Santo 83,1% das escolas não possuem quadras. Contudo, a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) Adenilde Stein, afirma que há um comprometimento dos municípios para que todas as escolas sejam equipadas.
“Temos percebido isso na análise dos planos municipais, devidamente elaborados e aprovados para o próximo decênio, e no preenchimento do Plano de Ações Articuladas, para que possam ser contempladas também com recursos federais”, diz.
análise
A educação física é subestimada
Esse resultado nos mostra que a educação física é subestimada em relação a maneira como ela pode contribuir para a formação dos alunos, na promoção e preservação da saúde e no desenvolvimento de suas habilidades motoras. Ela não pode ser tratada como um conteúdo externo ao currículo escolar. Estamos passando por um final de um ciclo olímpico e novamente tem sido discutido qual é o papel da escola na descoberta de talentos esportivos, a educação física precisa ser uma disciplina protagonista no ambiente escolar, e esse protagonismo passa por uma estrutura adequada para que ela possa se desenvolver em todas as suas dimensões.
Márcio Azevedo, professor e mestre em educação física

domingo, 28 de agosto de 2016

"Debate aborda as metas educacionais frente ao cenário de instabilidade política"

Fonte: Centro de Referência em Educação Integral
28 de agosto de 2016

Com a participação dos convidados, Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e Camilla Croso, coordenadora geral da Campanha Latino-americana pelo Direito à Educação, o debate vai problematizar algumas questões frente ao cenário de instabilidade política e econômica e alto endividamento de estados e municípios, principais responsáveis pela oferta da educação básica.
Também será discutida a nova proposta de ajuste fiscal (PEC 241/2016)  que impede a ampliação de investimentos sociais para construir escolas, pré-escolas, creches, melhorar as universidades públicas, a educação básica e o salário dos professores; além do Plano Nacional de Educação (PNE) e suas metas intermediárias que venceram em junho deste ano.
O evento, gratuito, acontece das 19h30 às 22h, na sede da Ação Educativa. Também será exibido via transmissão ao vivo pelo link: www.acaoeducativa.org/aovivo
O quê?  Ação em Debate – as metas de educação na nova conjuntura política: Plano Nacional de Educação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Quando? Dia 29/08, das 19h30 às 22h
Onde? Ação Educativa, Rua General Jardim, 660, São Paulo
Mais informações: (11) 3151-2333 - comunica@acaoeducativa.org

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

"Desafios da educação pública"

Fonte: O Globo 
26 de agosto de 2016 

As despesas de pessoal consomem 100% dos valores recebidos do Fundeb, quando o limite estabelecido pela legislação é de 60%

Um grande debate nacional começa a surgir no tocante à adequação de gastos públicos para a redução de déficit fiscal. A principal preocupação que se apresenta é que a meritória proposta de teto para os gastos públicos, a ser estabelecido estabelecida pelo governo federal, possa ser conduzida “engessando” alguns setores fundamentais, em especial a educação básica. Reconheço o esforço para conter gastos e melhorar a situação fiscal do país, estados e municípios. Entretanto, devemos analisar o quadro atual e relacionar algumas considerações.
Os números do último levantamento do IBGE nos revelam oscilações referentes ao acesso à educação e à permanência nos sistemas de ensino em diferentes idades, em especial com uma redução progressiva, que acontece a partir do ensino médio. É necessário, portanto, equilibrar esse quadro em médio prazo. Caso a aplicação de recursos diminua ou permaneça estática, encontraremos mais dificuldades neste processo para redução de desigualdades, principalmente no âmbito da educação básica, onde também se insere o ensino médio.
Em um processo de debates sobre as prioridades para aplicação dos recursos públicos, a educação é um dos maiores investimentos que podemos empreender para as novas e futuras gerações. Afinal, assim estabelecemos os alicerces para uma sociedade mais justa e equilibrada e, fundamentalmente, atingiremos patamares de competitividade em âmbito internacional. O aperfeiçoamento da capacitação de gestão de escola implica na intensificação da formação inicial e continuada com foco pedagógico, administrativo, de gestão de pessoas, no desenvolvimento e melhoria de mecanismos de controle social e na consequente melhoria da qualidade e transparência dos gastos.
A questão do financiamento da educação requer, portanto, uma melhor discussão em sua aplicação. Neste sentido, podemos citar a existência da percepção equivocada de que o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) seja composto por recursos transferidos pela União. Nosso estado, por exemplo, não tem recebido recursos oriundos do Tesouro federal para o Fundeb. O governo do estado, através do seu ICMS e de suas transferências federais obrigatórias, tem majoritariamente financiado as atividades da educação, não só da rede estadual, mas de municípios do Rio de Janeiro. Enquanto isso, outros estados da Federação têm recebido transferências significativas da União.
No ano passado, de um total de R$ 5,7 bilhões repassados pelo governo do estado ao Fundeb, R$ 3 bilhões não foram utilizados na rede de ensino estadual, mas sim na rede dos municípios. Este montante representa 87% do valor que o estado gastou somente com a folha de pagamento dos servidores estaduais ativos da educação em 2015, que foi de R$ 3,5 bilhões. Ou seja, as despesas de pessoal consomem 100% dos valores recebidos do fundo — quando o limite mínimo estabelecido pela legislação do Fundeb é de 60% —, havendo ainda a necessidade de complementação de recursos do Tesouro estadual para a efetiva quitação destes gastos.
A diferença entre o que o Rio de Janeiro repassa ao fundo e o que recebe de volta para investir na rede estadual de ensino é chamada de “perda do Fundeb”. Ao passo que, para grande parte dos municípios fluminenses, o “ganho do Fundeb” — que é representado pela diferença entre o que contribui para o fundo e o que recebe de volta — tem percentuais significativos, em alguns casos superiores a 100%. É evidente que o governo do estado gostaria de contar com mais recursos para investimento em sua própria rede de ensino, assim como também é evidente que muitos municípios fluminenses dependem da atual forma de redistribuição dos recursos do Fundeb para implementar melhorias na educação. No entanto, quando observamos que alguns municípios ricos, como a capital, obtiveram, em 2015, um “ganho do Fundeb” de 224%, torna-se inequívoca a necessidade do debate do sistema vigente, com a consequente discussão da redistribuição de recursos para a educação.
Há outras questões pertinentes também. Um dos desafios que deve ser levado à reflexão é a definição da nova Base Nacional Comum Curricular que possa ser complementada por especificidades regionais e que não venha a tolher a liberdade quanto à forma de ensinar. É importante ainda definir novos sistemas de avaliação das políticas de educação, que alguns especialistas consideram ineficientes e pouco transparentes para determinados programas. Este é o caso do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e do Ciência Sem Fronteiras, que não deveriam ser extintos e, sim, aperfeiçoados. Assim, a partir de análises mais detalhadas poderemos saber quão efetivas são essas iniciativas, quais impactos acarretam no universo da educação e, com isso, poderemos eventualmente reorientá-las.
Wagner Victer é secretário estadual de Educação

"Projeto visa educar crianças sobre a importância da sustentabilidade"

Fonte: FolhaWeb
26 de agosto de 2016

Autor da lei que prevê a criação de hortas nas escolas públicas municipais de Boa Vista, o vereador Gabriel Mota pede apoio da Prefeitura para dar suporte ao projeto. Segundo ele, a ideia é melhorar a qualidade da merenda escolar e estimular os estudantes a aprenderem o sentido de sustentabilidade, além de utilizar o plantio como forma de promover o ensino.
A lei nº 249/2015, de autoria do vereador, prevê a implantação de hortas em todas as escolas municipais da Capital, incluindo as Casas Mãe e as creches no projeto. “A gestão municipal precisa dar suporte ao projeto, pois pode viabilizar matéria-prima como sementes e esterco, além de técnicos especializados para acompanhar as atividades”, afirmou.
A adesão da gestão municipal vai trazer melhorias às instituições de ensino. “Durante as visitas a algumas escolas da Capital, principalmente aquelas na zona Rural, percebemos que várias delas já possuem hortas, que são feitas pelos estudantes com a ajuda dos pais e professores. É algo que envolve a família e aumenta a participação das crianças”, destacou Mota.
Para ele, o projeto é muito importante do ponto de vista pedagógico, pois, além de impelir bons valores da agricultura, estimula o consumo saudável e a sustentabilidade do planeta. “Durante as nossas visitas, vimos que os alunos gostam de cuidar da horta. É possível perceber a animação deles. Por isso, é uma atividade promissora que vai impulsionar a educação dessas crianças”, disse.
Outro objetivo do projeto é melhorar a qualidade da merenda escolar. “Sabemos que nas escolas às vezes faltam alimentos, como cebolinha e cheiro verde, por exemplo. Com a horta, esse problema poderá ser resolvido ou minimizado. Além disso, percebemos que para algumas crianças a refeição na escola é a melhor que elas têm no dia, pois muitas delas são de famílias humildes. Então, eles precisam de alimentos saudáveis”, comentou o vereador.
A criação de hortas nas escolas também ensina bons valores às crianças. “A partir desse projeto, o estudante aprende a selecionar o que plantar, planejar o que plantou, transplantar mudas, regar, cuidar e colher, o que acaba estimulando a ter responsabilidade e aprender a valorizar o sentido da sustentabilidade”, frisou Mota.
Segundo o vereador, de acordo com uma pesquisa desenvolvida por especialistas, as crianças que têm contato com hortas nas escolas alcançam um melhor desempenho acadêmico, físico e social, se comparadas aos alunos que não têm acesso a esses ambientes. Conforme o estudo, além disso, as crianças apresentam maior facilidade durante a alfabetização e tornam-se mais preparadas para os desafios da vida adulta. (B.B)

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

"Escola Sem Partido ou Escola do Partido Único?"

Fonte: O Povo (CE)
25 de agosto de 2016

Além de a autoria pertencer a partidos de direita e de centro, 11 dos 19 proponentes representam alguma Igreja

O Programa “Escola Sem Partido” foi criado para combater uma suposta doutrinação política e ideológica em sala de aula e uma alegada usurpação do direito dos pais sobre a educação moral e religiosa dos seus filhos. Além da sua inconstitucionalidade, não há dados robustos nem estudos comprovados que confirmem as hipóteses do projeto. O próprio mapa das últimas eleições registra um avanço da direita no País. Se a realidade é essa, e se admitirmos que existe a tal doutrinação, parece óbvio concluir que é ela predominantemente à droite e não à gauche. Apesar do discurso sedutor, a proposta não é neutra. 

Além de a autoria dos projetos pertencer a partidos de direita e de centro, é clara a sua vinculação religiosa: 11 dos 19 proponentes representam alguma Igreja. No Ceará não é diferente, com o PL 273/15, da deputada Silvana Oliveira de Sousa (PMDB). Do sociólogo Émile Durkheim (e não de Marx), extraímos que uma sociedade democrática resulta de uma opção por conviver e coexistir, o que só é possível dentro de uma moral laica. Em uma democracia, não faz sentido exigir que os ambientes escolares, ofereçam aos estudantes apenas os valores religiosos, políticos e morais de suas famílias. Também não é acertado opor liberdade de ensinar e liberdade de expressão, como se os educadores, também cidadãos, não possuíssem igual direito.

O “Escola Sem Partido” vai na contramão de todo um avanço na construção de uma sociedade e de uma escola plurais, laicas e republicanas. É um atraso na educação democrática e no processo civilizador e emancipador de um povo e de um País. Esse modelo de escola é característico de regimes autoritários, um modelo educacional do qual o Brasil tem se distanciado desde o fim da ditadura militar, por meio de um processo que se afirmou, dentre outras medidas, com o fortalecimento de universidades públicas, com autonomia para o ensino, a pesquisa e a extensão, e com um conjunto de diretrizes educacionais que encampam princípios de uma educação democrática e de uma sociedade plural, justa e igualitária.

Com o golpe que se consolida e com o “Escola Sem Partido”, esse processo se interrompe, e se reinstala entre nós um regime de exceção com instrumentos típicos do fascismo, como a volta da censura de conteúdo educacional e a perseguição de educadores baseada em suas opiniões políticas. O projeto, ao contrário do que seus defensores pregam, tem propósitos ideológicos: o de reprimir a pluralidade e a emancipação humana e o de impor um pensamento único, o pensamento do establishment. O programa tem, portanto, partido.

Cynara Monteiro Mariano
cynaramariano@gmail.com
Professora da UFC e Vice-Presidente do Instituto Latino-americano de Estudos sobre Direito, Política e Democracia (ILAEDPD)

"Acesso à educação infantil fortalece desenvolvimento"

Fonte: Diário do Nordeste
25 de agosto de 2016

Pesquisa acompanhará a trajetória estudantil de meninos e meninas matriculados em creches


acessar em : http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/acesso-a-educacao-infantil-fortalece-desenvolvimento-1.1605921


"Presidiário de 25 anos ganha medalha de bronze na Olimpíada da Matemática"

Fonte: Uol Educação
25 de agosto de 2016

Carlos Eduardo Cherem
Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

Cumprindo pena na Penitenciária de Formiga (MG), Diego Henrique da Silva Alves, 25, recebeu nessa terça-feira (23) da direção do presídio medalha de bronze e certificado  pela participação na última edição da Obmep (Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas), realizada em 2015. A premiação garantiu ao jovem uma vaga para a segunda etapa da Obmep, que tem início no próximo dia 16.

"Agora, depois de ter de estudar muito para rever as coisas que tinha aprendido e esqueci, só penso em aprender mais", afirmou Alves, por e-mail, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, responsável pela administração dos presídios no Estado.
O jovem explicou que, no começo de 2015, cumprindo a pena, entendeu que "não podia perder mais tempo na vida": matriculou-se na Escola Estadual Professora Maria Aparecida de Rezende, que funciona dentro da unidade prisional, e tornou-se um aluno assíduo e dedicado. Após 12 meses de estudos, veio a premiação.
Alves havia abandonado os estudos na adolescência, no 7º período do ensino fundamental, quando começou a praticar crimes. Preso e condenado, ele voltou a estudar somente após estar cumprindo pena. "Eu me descuidei dos estudos, embora sempre tenha tido um desempenho razoável", diz Alves.

Ele lembra que as notas 9,9 em matemática, que recebia dos professores no período em que cursava o fundamental, antes de ser preso, "voltou a fazer sentido" para ele, com a premiação da medalha de bronze. "Estou muito feliz e, agora, só que aprender mais", afirmou.
Alves terá a remissão -- uma espécie de desconto --, na pena que terá de cumprir, na proporção de um dia descontado da condenação a cada 12 horas de estudos.

Questionada sobre o crime e a pena de Alves, a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais disse que não informa o crime e o tempo de condenação dos presos. Procurada pelo UOL, a Vara de Execuções de Formiga também não forneceu essas informações até a publicação desta matéria.


"Governo interino não abrirá novas inscrições para o programa Mais Educação em 2016"

Fonte: Centro de Referência em Educação Integral
25 de agosto de 2016

Por Caio Zinet

O programa Mais Educação, que nasceu em 2007, a partir de forte articulação e luta política da sociedade, não abrirá novas inscrições em 2016. O Centro de Referências em Educação Integral teve acesso uma apresentação de julho do ministro interino da educação, Mendonça Filho, de avaliação das políticas educacionais nos últimos anos.
No documento, a gestão interina fez uma análise de diversas políticas educacionais desenvolvidas ao longo dos últimos anos e estabelecem quais serão as prioridades. O Mais Educação é definido como ineficiente, com graves problemas de gestão, carente de políticas de avaliação e com distorções gritantes.
Sem avaliações
Além do Mais Educação, o governo interino questionou também o PRONATEC, PNAIC, PARFOR, Ciências  sem Fronteiras e Ensino Médio Inovador.
Diante dessa avaliação, o governo interino decidiu por não abrir novas adesões em 2016. Dessa forma, o principal programa de indução da educação integral ficará dois anos sem repassar verbas para as escolas. Em nota, o MEC afirmou que encontrou o Mais Educação sem recursos no Orçamento para 2016 e que está avaliando qual será o futuro da política.
Contudo, pouco antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff ser aprovado pelo Congresso Nacional, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) havia publicado uma resolução com novas regras e o atendimento de 26 mil escolas em um rearranjo do programa.
O professor Leandro Fialho, que trabalhou no MEC de 2003 até julho desse ano, afirmou que a atual gestão não vê o programa como uma política importante e central para a educação básica no país. Segundo ele, o foco do novo governo serão as políticas de ensino médio.
Distorções e avaliação
Para subsidiar a crítica ao Mais Educação, a gestão interina do MEC afirmou em nota que existe uma discrepância entre o número de estudantes matriculados em educação integral e os declarados no programa.
“O Mais Educação apresentou em 2014 distorções graves entre o número de alunos declarados no programa de cerca de 8 milhões de alunos e os dados do Censo Escolar, que apontam que havia 4,5 milhões de alunos no ensino fundamental em tempo integral”, informou o Ministério.
Leandro Fialho trabalhou no MEC de 2003 até julho de 2016
Leandro Fialho trabalhou no MEC de 2003 até julho de 2016
Leandro Fialho, no entanto, questiona a metodologia utilizada pela gestão atual. As escolas que desejam participar do Mais Educação têm que se inscrever em um programa conhecido como  Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec) que encerra as inscrições em um período diferente do encerramento da coleta de dados pelo  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para fechar o Censo Escolar.
Ou seja, segundo Leandro, o Censo Escolar pega uma fotografia diferente do Simec o que torna a comparação do mesmo período uma distorção. Além disso, os dados apontam que 8 milhões de estudantes matriculados são de escolas que se inscreveram para fazer parte do Mais Educação, mas não necessariamente tais colégios foram contemplados com os benefícios. “Existe um hiato entre os dados do censo escolar e os do Simec. A comparação correta seria usar o censo escolar de 2014 em relação aos dados do Simec de 2012”, complementa.
Avaliação
Outro ponto criticado pela gestão do MEC é a pouca produção de pesquisas sobre os resultados do Mais Educação que, segundo a nota enviada, “entra no rol de programas que não possuem nenhuma avaliação de resultados ou acompanhamentos”.
Mais Educação: escolas atraentes e com maior participação estudantil
É um erro avaliar o Mais Educação somente pelos resultados dos estudantes em provas de de Português e Matemática. A afirmação é do presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj)Paulo Rubem.
“Avaliar o desempenho de um programa com base apenas numa prova de Língua Portuguesa ou de Matemática é muito pouco; não podemos cair nesse reducionismo”, afirmou em entrevista exclusiva ao Centro de Referências em Educação IntegralContinue lendo.
Fialho contesta o posicionamento afirmando que foram feitas pelo menos três pesquisas qualitativas por diversas universidades federais sobre o programa desde o lançamento em 2007. Os resultados estão disponíveis no site. Ele reconhece, no entanto, a falta de um levantamento quantitativo de larga escala.
“Os resultados das pesquisas qualitativas apontam que o Mais Educação traz resultado: aumenta o envolvimento das famílias e dos estudantes com a escola e garante o acesso a oportunidades que em muitos casos aqueles estudantes não teriam. Faltou apresentarmos resultados quantitativos, mas isso não é motivo para interromper ou dizer que o programa não teve resultado”.
Futuro 
Leandro Fialho acredita que o Mais Educação foi uma política muito importante nos últimos anos para o desenvolvimento da educação integral no país e que é lamentável que seja colocado em cheque uma proposta que começa a dar resultados. ”É trágico o abandono da principal política de educação integral do país. Tem erros, vamos debater e reformular, mas corremos o risco de perder tudo o que conquistamos”, afirmou.
Para ele, o Brasil tem uma jornada escolar muito pequena. “É preciso aumentar o tempo do aluno na escola para poder pensar o seu desenvolvimento pleno”, concluiu.
Ainda na nota divulgada, o MEC afirmou que “a atual gestão está avaliando o programa Mais Educação, sem prejuízo imediato para beneficiários diretos, uma vez que, desde 2014, não há novas adesões ao Mais Educação. O Ministério da Educação entende que a Educação em tempo integral é uma política pública que deve ser prioritária e está trabalhando com este objetivo”.
Para Fialho, é possível fazer uma comparação com o fim dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). “Quando o Brizola [Leonel Brizola, ex-governador  do Rio de Janeiro]  perdeu as eleições, o projeto – que trazia avanços importantes – foi descontinuado sem diálogo com a comunidade.”