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sábado, 31 de março de 2012

São Paulo terá 4,6 mil alunos pedalando bicicletas de bambu
Terra Educação, 31/03/2012
 
Vagner Magalhães Direto de São Paulo
A Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo lançou neste sábado, no bairro de Heliópolis, zona sul da capital paulista, o projeto que prevê a distribuição de cerca de 4,6 mil bicicletas fabricadas de bambu para que alunos de 45 Centros Educacionais Unificados (CEUs) façam diariamente os trajetos de ida e volta aos estudos utilizando o equipamento. Para celebrar o início do projeto foi realizado um passeio ciclístico de 6 km, pelas ruas do bairro. O evento, no entanto, foi realizado com bicicletas convencionais, já que apenas duas do projeto tinham sido entregue a tempo. A ideia é que até o fim do ano, cada um dos CEUs tenha pelo menos 100 alunos ciclistas, com idades entre 12 e 14 anos. O trajeto entre casa e escola será feito em comboios de 15 a 25 estudantes e dentro dos colégios haverá um local apropriado para o estacionamento das bicicletas.

Monitores treinados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e pelo Instituto Parada Vital serão encarregados do treinamento dos alunos, que envolvem, inclusive, regras de trânsito e manutenção dos equipamentos. Para a realização do projeto, a Secretaria da Educação teve como consultor o especialista em mobilidade urbana Mikael Colville-Andersen, da Dinamarca. Para participar, os alunos precisarão ter o consentimento dos pais. De acordo com o designer brasileiro Flávio Deslandes, que começou a utilizar o bambu para a fabricação de bicicletas em 1995, o material é viável e tão resistente quanto o alumínio. "Por ser flexível, o bambu tem uma resistência muito adequada. Exige baixo gasto de energia por ser cilíndrico e é extremamente viável. Com a fabricação em escala de cerca de 5 mil bicicletas, o custo, que hoje gira um pouco abaixo dos R$ 1 mil deve cair bastante", disse.

sexta-feira, 30 de março de 2012

GDF diz não poder remanejar verba para repassar a professores
Portal, 30/03/2012

Sindicato quer que governo use R$ 285 milhões do Fundo Constitucional. Greve completa 17 dias nesta quarta; GDF diz que não vai entrar na justiça

Do G1 DF
A secretária de Planejamento em exercício do Distrito Federal, Wanderly Costa, disse nesta quarta-feira (28) que o governo não pode remanejar recursos do Fundo Constitucional para reajustar o salário dos professores da rede pública, como reivindica o sindicato da categoria. A entidade quer que o GDF use R$ 285 milhões do fundo para conceder o aumento. O diretor jurídico do Sindicato dos Professores, Washington Dourado, contesta as explicações do governo. Segundo ele, o GDF está usando os R$ 285 milhões para outras áreas. Segundo ele, o sindicato pode ir até a Justiça se for necessário. “Basta uma decisão política do governo para o fim da greve”, disse. Segundo Wanderly , a proposta é ilegal, porque a verba faz parte das despesas de custeio e é usada para pagar auxílio-alimentação e auxílio-creche a servidores. Segundo a secretária, já foram gastos este ano R$ 46 milhões desses recursos para o pagamento dos benefícios. Ela disse que os gastos são enquadrados como despesas obrigatórias, previstas em lei, e que o governo é obrigado a cumprir. “Retirar dinheiro dessas despesas significa que os próprios professores deixariam de receber auxílio-alimentação e auxílio-creche”, afirmou. A secretária disse ainda que a Lei de Diretrizes Orçamentárias do Distrito Federal determina que os recursos do Fundo Constitucional sejam computados na receita corrente do DF. Segundo ela, se o recurso for retirado das despesas de custeio para despesas de pessoal, a receita do DF cai. “Esse ano não tem nenhum centavo para qualquer categoria”, disse. De acordo com o porta-voz do GDF, Ugo Braga, o governo está aberto a conversar todo dia com a categoria mas não tem encontro agendado. Ele disse que o secretário de Educação, Denilson Bento, pode receber uma comissão da categoria nesta quinta, quando os professores fazem um ato público na frente da Secretaria de Educação. Justiça - O porta-voz também descartou neste momento uma eventual ação judicial do GDF contra a greve dos professores. "Não existe nenhum risco de judicializarmos a greve." O GDF também divulgou nesta quarta os números sobre adesão da categoria ao movimento. De acordo com o governo, nas 14 regionais de ensino a adesão é de 37%, o que significa que, dos 20,5 professores da rede pública, 7,6 mil estão parados.
MEC divulga lista dos livros que serão distribuídos às escolas em 2013
Jornal do Commercio, 30/03/2012 - Recife PE

O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta quinta-feira (29) a lista das 125 obras selecionadas para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2013. Os livros vão compor o Guia do Livro Didático, que será apresentado às escolas para que elas escolham quais títulos irão receber no próximo ano letivo. Este guia contém resenhas das coleções para ajudar na escolha. Em 2013, o programa irá distribuir novos livros de ciências, matemática, alfabetização e letramento, língua portuguesa, história e geografia. O processo de seleção das obras que farão parte do PNLD obriga as editoras a inscrevem os títulos que são submetidos a uma avaliação pedagógica feita por universidades públicas, observando as diretrizes e critérios do MEC. Os avaliadores emitem um parecer e caso o livro seja aprovado é incluído no guia. As escolas selecionam as obras com que desejam trabalhar no próximo ano, o governo faz a compra dos livros e os exemplares são enviados para as escolas. O processo de escolha deve levar em consideração quais são os títulos, dentre os disponíveis para 2013, que mais se adaptam ao projeto pedagógico da instituição de ensino. Agência Brasil

Mais um erro em nota de redação
Estado de Minas, 30/03/2012 - Belo Horizonte MG

Glória Tupinambás
Nova discrepância na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mais de quatro meses depois da aplicação da prova. Uma estudante mineira, de 19 anos, conseguiu na Justiça ter acesso ao teste corrigido e constatou uma diferença de 840 pontos nas notas dadas pelos avaliadores na redação. Paula Campos Pereira havia recebido nota final de 120 pontos, numa escala de zero a mil, e, inconformada, moveu ação contra o Ministério da Educação (MEC) para ter direito de conferir os critérios da correção. Graças a uma liminar da Justiça Federal, Paula teve acesso aos dados e constatou que o primeiro corretor havia dado a ela nota de 960 pontos. Em uma segunda avaliação, o resultado foi de 640 pontos. Mas, numa terceira correção, Paula recebeu 120 pontos, que passou a valer como nota final. Segundo o MEC, está previsto no edital do Enem que, todas as redações serão avaliadas por dois corretores e, em caso de diferença de mais de 300 pontos entre as notas, a redação será submetida a uma terceira correção e valerá a última avaliação.

Segundo o advogado de Paula, Cândido Antônio de Souza Filho, a estudante ainda vai decidir sobre a possibilidade de continuar com a ação judicial para reverter o resultado da redação. Mesmo com a nota baixa, Paula conseguiu ser aprovada no vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no curso de ciências socioambientais. “Na época da divulgação do resultado, ela ficou inconformada com a nota e pediu a alguns professores do cursinho que avaliassem a prova.  Na opinião deles, a nota dela não poderia ser inferior a 800 pontos. Por isso, ela decidiu questionar o MEC na Justiça. Ainda aguardo uma posição final da família para definir sobre a continuidade da ação”, disse o advogado.

HISTÓRICO Em janeiro, um outro estudante de Belo Horizonte conseguiu reverter a nota zero na redação do Enem. Depois de protocolar reclamação no MEC, o resultado passou a ser de 440 pontos. No mesmo mês, um candidato de São Paulo teve o desempenho alterado de zero para 880. Os problemas na correção da prova levaram mais de 70 candidatos a recorrer à Justiça para ter acesso à cópia da redação em todo o país, sendo que cerca de 30 pediram que a nota fosse revista.

EM GREVE HÁ MAIS DE 10 DIAS, PROFESSORES DAS UMEIS PROTESTAM NA PRAÇA SETE


Os servidores querem alteração do piso salarial de R$ 1.030, 35 para R$ 1.676,03
Fonte: Estado de Minas (MG)
Os professores da rede municipal infantil de Belo Horizonte fazem manifestação na manhã desta sexta-feira e complicam o trânsito no entorno da Praça Sete, no Centro. Segundo a BHTrans, os educadores se juntaram para abraçar o obelisco, como parte de protestos por reajuste salarial. Eles estão em greve há mais de 10 dias.
Os servidores das Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis) exigem a equiparação dos salários com os dos professores do ensino fundamental, o que faria a remuneração-base passar de R$ 1.030, 35 para R$ 1.676,03.
O futuro da greve está nas mãos da Justiça. A prefeitura entrou com ação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) pedindo o decreto de ilegalidade da paralisação, que chega hoje ao 17º dia. Segundo a PBH, o movimento seria inconstitucional, pois há um projeto de lei em tramitação na Câmara Municipal que atende às reivindicações da categoria.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (SindRede-BH), o projeto de lei altera apenas a nomenclatura do cargo, mas não inclui os servidores da educação infantil no plano de carreira da educação municipal.



JUSTIÇA DETERMINA FIM DA GREVE DE PROFESSORES DA REGIÃO DE CURITIBA


Docentes de Campo Magro fizeram manifestações e anunciaram greve. Para TJ, paralisação é abusiva e poderá haver descontos no pagamento
Fonte: G1
O Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná emitiu na quarta-feira (28) uma liminar que determina que os professores da rede municipal de Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, que estão em greve, voltem ao trabalho. De acordo com o TJ, a paralisação é ilegal. Caso a decisão seja descumprida, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Paraná (APP-Sindicato) será multado em R$ 10 mil por dia.
O desembargador José Marcos de Moura mencionou que o movimento foi deflagrado em 15 de março, entretanto, apenas na segunda-feira (26), a Prefeitura foi notificada. De acordo com o desembargador, portanto, a greve foi abusiva. “Com destaque para o fato de que a paralisação é total, não se preocupando a categoria com a manutenção de percentual de servidores atendendo a população no serviço essencial de prestar educação pública”, diz trecho do despacho. Ainda de acordo com José Marcos de Moura poderá haver desconto na folha de pagamento dos professores por causa dos dias não trabalhados justamente pela greve ter sido abusiva.
Ao G1, o secretário estadual para assuntos municipais da APP- Sindicato, Edilson de Paula, informou que a prefeitura confundiu a mobilização nacional que ocorreu em 15 de março, por convocação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), com a greve. Segundo o professor, a greve começou na segunda (26) após a categoria entender que, apesar de ter condições, as negociações com a prefeitura não evoluíram. O APP-Sindicato vai recorrer da decisão.
Com a mobilização quase quatro mil estudantes ficaram sem aulas. A solicitação dos docentes era um reajuste salarial de 24%. A prefeitura de Campo Magro publicou na segunda-feira (26) uma nota de esclarecimento na qual afirmou que encaminhou para a Câmara de Vereadores um projeto de lei que reajusta a remuneração de todos os servidores municipais em 5%




quinta-feira, 29 de março de 2012

Atrasos da formação técnica
Correio Braziliense, 29/03/2012 - Brasília DF

A intenção do governo de melhorar os cursos profissionalizantes esbarra em problemas como falta de professores

Paula Filizola
Promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foi lançado há quase um ano e enfrenta dificuldades para cumprir a meta de oferecer 8 milhões de vagas no ensino profissionalizante até 2014. No ano passado, foram ofertadas apenas 617 mil vagas, segundo balanço parcial do Ministério da Educação (MEC). O governo federal também enfrenta atraso nas obras de expansão dos institutos federais e dificuldades na contratação de professores. Especialistas em recrutamento e seleção apontam outro problema do programa. Segundo eles, muitas vezes a qualidade dos técnicos formados não é compatível com as exigências do mercado. Para o coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica, William Carvalho, a expansão da rede federal de educação profissionalizante — iniciada com a construção de câmpus em 2008 — está ocorrendo sem estrutura.

“Quem quer expandir tem que prever as mudanças. O sindicato não é contra esse aumento no número de redes, mas ele nos leva a questionamentos. O processo não atende, principalmente, quem está na ponta”, argumenta. Ele ainda defendeu a contratação de mais professores. Atualmente, é comum em institutos federais professores ministrarem mais de uma matéria por falta de pessoal. A carência de docentes foi, inclusive, o motivo da greve da categoria em 2011. Professor do Instituto Federal da Paraíba, José Araújo Pereira concorda que a expansão das redes federais não foi proporcional ao aumento de professores, o que, para ele, pode comprometer a qualidade dos cursos. O câmpus de Cajazeiras, onde o docente dá aulas de construção civil, é um dos nove paraibanos criados com a expansão. A previsão para 2014 é de 562 novas unidades federais, em 512 municípios, com capacidade para 600 mil alunos. Atualmente, são 38 institutos federais em funcionamento, que totalizam 405 câmpus. Dados do MEC indicam que 77 escolas estão com obras em andamento e 10, paradas por conta de problemas com as empresas contratadas. As restantes encontram-se nos estágios de obtenção e posse do terreno, em elaboração de projeto ou em processo licitatório.

Burocracia - Na opinião do professor Mozart Neves Ramos, conselheiro do movimento Todos Pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), um dos maiores problemas ainda é a burocracia da área pública. “Isso é um reflexo de que o país não se planejou para o crescimento econômico nem para essas obras. Uma simples creche chega a demorar dois anos para ser construída”, critica o especialista. A urgência alardeada pelo governo federal é uma resposta a um dos principais gargalos apontados pela indústria brasileira: a falta de mão de obra especializada. Por isso, a presidente Dilma prometeu recorrentemente durante a campanha eleitoral expandir a educação técnica. Só na ampliação do número de institutos federais foram investidos R$ 300 milhões. Segundo o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, essa área é uma das principais apostas do Brasil para o crescimento dos próximos anos. “Dos estudantes do ensino público que concluem o ensino médio, somente 10% vão para a universidade. E os 90% restantes? Eles precisam de oportunidades. O ensino técnico é a matriz educacional dos países desenvolvidos. É uma agenda importante para juventude, e para o Brasil ter competitividade”, justifica.

Apesar da necessidade, especialistas de recrutamento e seleção ouvidos pelo Correio afirmam que a formação técnica ainda é deficiente. A consultora de recursos humanos Marilac Castro diz que hoje está com 108 vagas abertas em Brasília, mas não consegue preenchê-las. “Eles (os candidatos) não recebem a prática de mercado e muitas vezes o lado comportamental é ruim. Esses candidatos ainda têm muito a cultura do assistencialismo, uma postura passiva em relação ao mercado”, critica. A psicóloga Bruna Lunardi, da empresa Diferencial, concorda: “Isso é algo perceptível. A parte técnica desses candidatos ainda é muito defasada”, garante. Parceria - Um dos braços do Pronatec é a qualificação oferecida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi). No ano passado, o Sistema S ofereceu quase 13 mil vagas pelo Pronatec. A previsão é de que, neste ano, a oferta seja de 400 mil. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os setores mais aquecidos até 2014 serão de construção, automoção, fabricação de alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos, entre outros.
Enade: baixa participação dos estudantes é desafio
Folha Dirigida, 29/03/2012 - Rio de Janeiro RJ

Joyce Trindade
No último dia 14, o Ministério da Educação anunciou mudanças no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). O MEC resolveu alterar a faixa de universitários habilitados para prestar o Enade após suspeita de que a Universidade Paulista (Unip) estaria selecionando apenas os melhores alunos para a prova. Agora, além dos formandos, estão obrigados também a responder às questões do Exame, estudantes que tenham expectativa de conclusão do curso até agosto de 2013, assim como aqueles que tiverem concluído, até o término das inscrições, mais de 80% da carga horária mínima do currículo do curso da instituição de educação superior.

Enquanto representantes das instituições públicas têm ressaltado que o MEC está no caminho certo, no setor privado, as críticas têm sido frequentes à mudança. Mas, pelo menos em um ponto os dois segmentos parecem concordar: na necessidade de criar meios para incentivar os estudantes a fazer a prova. "A prova do Enade é mais uma oportunidade de valorização do currículo do aluno. Se o estudante não faz a prova ele também é prejudicado, não só a instituição", declara Sintia Said Coelho, pró-reitora Acadêmica da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Para Mônica Romitelli de Queiroz, pró-reitora de Ensino de Graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), é necessário manter um canal de diálogo com os universitários, não apenas para esclarecer as dúvidas com relação ao exame, mas para comprometê-los com o processo de melhoria da qualidade da educação superior brasileira.

"Afinal, além da formação profissional, em bases científicas e tecnológicas, as instituições de ensino têm como objetivo formar cidadãos conscientes do seu papel transformador da realidade, em busca de uma vida melhor para todos. Ao analisar as mudanças recentes divulgadas pelo MEC, a pró-reitora da UCP defendeu que alterar as regras de aplicação do Enade de forma imediata, como propôs o ministério, pode gerar mais erros. "A questão é se a regra precisava ser alterada, se houve estudo suficiente para prever as consequências dessas alterações e se estas serão eficazes nos efeitos desejados", afirma. Para ela, com o volume de trabalho dos gestores e do próprio Ministério, não é prudente alterar regras de forma tão imediata, sob pena de ocorrerem mais problemas. Segundo a especialista, "há que se pensar nos cursos Tecnológicos, pois com duração em média de dois anos, os concluintes, ao fazerem a prova, estariam cumprindo uma parcela pequena da matriz curricular", alerta Sintia Coelho.

Já a pró-reitora do IFRJ não vê problemas com a mudança. Mônica Romitelli acredita que esta é mais uma portunidade de a instituição mostrar sua capacidade em agregar conhecimentos e formar bons profissionais. "Não há nada a temer com as mudanças propostas". Para ela, as alterações são necessárias ao aperfeiçoamento dos processos, especialmente quando identificadas irregularidades. "Ao ampliar a expectativa de conclusão de curso até julho do ano seguinte, além do aumento quantitativo de estudantes avaliados, permite-se a participação de mais de uma turma no exame, o que, provavelmente, equilibrará possíveis diferenças entre elas", afirma Mônica de Queiroz. Esse ano deverão prestar o exame alunos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Comunicação Social, Design, Direito, Psicologia, Relações Internacionais, Secretário Executivo e Turismo. As habilitações em Tecnologia das áreas de Gestão Comercial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística, Marketing e Processos Gerenciais também deverão participar da avaliação.
Em dez anos, atendimento de crianças na pré-escola cresce 55%
O Globo, 29/03/2012 - Rio de Janeiro RJ

Mas ainda há 1,1 milhão fora das salas de aula, segundo o Todos pela Educação

Agência Brasil
BRASÍLIA - Nos últimos dez anos, a taxa de atendimento das crianças de 4 e 5 anos na escola cresceu 55,8%. Em 2000, pouco mais da metade (51,4%) da população nessa faixa etária tinha acesso à educação, patamar que chegou a 80,1% em 2010. Entretanto, mais de 1,1 milhão de crianças entre 4 e 5 anos não frequentam a escola, de acordo com levantamento do Movimento Todos pela Educação.O desafio do país é incluir esse contingente de alunos nas redes de ensino até 2016. Uma emenda constitucional aprovada em 2009 estabelece que a pré-escola é etapa obrigatória no país, assim como o ensino médio. Até então, a matrícula era compulsória apenas no ensino fundamental (dos 6 aos 14 anos). Isso significa que no prazo de quatro anos as redes municipais terão que oferecer vagas nas escolas a todas as crianças entre 4 e 5 anos – e os pais terão de matriculá-las. Para a diretora executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, o crescimento da pré-escola na última década é uma conquista importante e indica que o país tem dado mais atenção à educação infantil. “Na última década, houve um aprofundamento e uma proliferação de estudos que comprovaram o impacto da educação infantil no futuro da criança. É um investimento muito rentável do ponto de vista cognitivo, do desenvolvimento social e econômico. Quanto mais cedo a criança entra na escola, maior é o retorno daquele investimento. Esses estudos tiveram espaço nas políticas públicas”, acredita Priscila.

O baixo atendimento no início da década estava ligado, inclusive, a fatores culturais: muitas famílias não consideravam importante mandar os filhos para a escola antes do ensino fundamental, já que a pré-escola era vista apenas como um espaço para a criança brincar. Apesar dos avanços, Priscila avalia que o esforço das redes municipais para incluir 1,1 milhão de crianças terá que ser maior. “Elas são justamente as crianças mais difíceis de serem incluídas. São aquelas que vivem em local de mais difícil acesso, ou tem alguma deficiência, ou não podem ir para a escola porque são hospitalizadas, ou seja, aquelas que vivem algum tipo de vulnerabilidade”. A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, avalia que será “muito difícil” para as redes municipais cumprir a meta de universalização da pré-escola se não houver mais investimento. Para isso, ela destaca a importância da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê um aumento dos recursos para a área, inclusive com a participação da União. O projeto está há mais de um ano em análise na Câmara dos Deputados.

De acordo com Cleuza, o principal problema para ampliar o atendimento é a infraestrutura. “Quando falo em infraestrutura, é a construção de prédios mesmo. Os problemas vão desde encontrar um terreno para a construção, até a prefeitura conseguir bancar o custeio das escolas de educação infantil”, explica. Os dados do Movimento Todos pela Educação são de 2010, o que significa que as crianças de 4 e 5 anos que estavam fora da escola naquele ano provavelmente já estão matriculadas no ensino fundamental e muitas chegaram a essa etapa sem cumprir a pré-escola. As prefeituras têm o movimento demográfico a seu favor, já que a tendência é que a população de 4 e 5 anos diminua nos próximos anos. Há previsão de uma queda de 22% da população nessa faixa etária entre 2010 e 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os estados, apenas o Ceará e o Rio Grande do Norte têm taxas de atendimento na pré-escola superiores a 90%. Na outra ponta, Rondônia e o Rio Grande do Sul têm menos de 60% das crianças de 4 e 5 anos matriculadas. No total, 14 unidades da Federação têm índices de atendimento inferiores à média nacional.
Alunos de pós cruzam os braços
O Estado de São Paulo, 29/03/2012 - São Paulo SP

Mestrandos e doutorandos fazem greve por um dia para cobrar reajuste nas bolsas

Carlos Lordelo e Juliana Deodoro, Especial para o Estadão.edu
O engenheiro Alan Godoy Mello, de 27 anos, rejeitou proposta de emprego do Google, morar na Califórnia e ganhar US$ 6 mil. Preferiu continuar o doutorado na Unicamp, com uma bolsa de R$ 1,8 mil. "Acredito que estou fazendo algo de importante para meu País. Quero ser professor universitário. Mas toda hora que aparece uma oportunidade eu fico na dúvida se vou ou não." Alan hesita principalmente quando pensa no valor do auxílio que recebe da Capes, uma das agências de fomento à pesquisa do governo federal - a outra é o CNPq. "Tenho quase 30 anos e preciso pedir ajuda aos meus pais de vez em quando", reclama. Nesta quinta-feira,29, ele participou da paralisação nacional dos pós-graduandos, cujo objetivo era pressionar o governo a reajustar as bolsas, congeladas há quatro anos em R$ 1,2 mil (mestrando) e 1,8 mil (doutorando). A greve foi convocada pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), que cobra aumento de 40% no valor das bolsas. "Conseguimos mobilizar universidades importantes em todo o País, com atos simbólicos muito significativos", avalia a presidente da entidade, Elisangela Lizardo, de 32. Ela faz doutorado em Educação na PUC-SP. Segundo a estudante, até a situação dos orientadores está complicada. "Está difícil segurar orientando com uma bolsa nesse valor", diz Elisangela. "E a gente não considera justo comparar o aumento na quantidade de bolsas para justificar o congelamento dos auxílios, porque o pesquisador precisa receber decentemente para se dedicar com mais afinco às suas atividades."

O doutorando em Ciências Agrárias Anderson de Carvalho Silva, de 28, também cruzou os braços nesta quinta. Para ele, o investimento em estudantes com um nível de instrução mais elevado está "aquém do necessário". "E às vezes a gente ainda precisa usar a grana da bolsa para arcar com custos da pesquisa", conta Anderson, bolsista da Capes na Universidade Estadual de Feira de Santana. Victor Guimarães, de 24, não parou a pesquisa porque, segundo ele, o movimento nacional foi "mal divulgado" na Federal de Minas Gerais (UFMG). "Se eu soubesse da greve, com certeza apoiaria. O bolsista precisa fazer gambiarras para sobreviver", afirma. Ele faz mestrado em Comunicação e divide apartamento com outros dois amigos mestrandos. "Talvez não conseguiria morar sozinho. O salário mínimo sobe todo ano, o custo de vida também, e as bolsas não sobem."

Foi justamente com a hashtag #MinhaBolsaNaoAumentou que os pós-graduandos fizeram um twittaço nesta quinta, para chamar a atenção da sociedade. A palavra-chave chegou a ficar entre os assuntos mais comentados do Twitter. Solidariedade. Na USP, onde grande parte dos pós-graduandos é bolsista da Fapesp - e recebe um pouco mais do que seus colegas financiados por agências federais - os alunos do Instituto de Química paralisaram as atividades nesta tarde. Segundo o doutorando Bruno Queliconi, de 25 anos, cerca de 40 pessoas se reuniram para discutir o incentivo à pesquisa no País e pedir à direção do IQ que interceda pelos estudantes nos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. "Não dá para um mestrando viver em São Paulo ganhando R$ 1.200,00. Ele teria de morar em república e comer em bandejão", diz Bruno. "Considerando que nos últimos anos a inflação não foi baixa, fica difícil alguém mais pobre fazer pós com esse salário.''
Pela unificação das carreiras de professor
O Tempo, 29/03/2012 - Belo Horizonte MG

MODESTA TRINDADE THEODORO Pedagoga e professora aposentada
O movimento pela unificação de carreiras de professores nas redes pública e particular de ensino em Belo Horizonte é legítimo. Mesmo que a educação infantil seja uma das etapas mais caras do ensino, os governantes concordam com a unificação desde que o MEC se responsabilize pelo repasse, pois são muitos os municípios que não podem arcar com as despesas. A greve na educação infantil tem como objetivo principal a unificação das carreiras. A consequência da unificação é a equiparação salarial, ou seja: para a mesma função, salário semelhante.

Em 1991, depois de muita luta, professoras do início do ensino fundamental da prefeitura tiveram seus salários equiparados aos dos demais professores. No caso da unificação de carreiras, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) vai mais longe. A pretensão é unificar as carreiras de professores e funcionários. Segundo a CNTE, "uma merendeira da rede pública que tiver o diploma de nível técnico em nutrição escolar terá o direito de ganhar o mesmo que um professor formado no magistério do ensino médio. A diferença serão as gratificações pagas a professores com nível superior e outros títulos ou o tempo de trabalho, mas o salário-base, que precisa constar num plano de carreira nacional, tem que ser o mesmo de acordo com a formação do trabalhador". Desde 2003, há no Senado um projeto de lei que trata do assunto. Nos serviços essenciais, a morosidade para resolver impasses dessa natureza é fatal.
Tolices curriculares
O Estado de São Paulo, 29/03/2012 - São Paulo SP

Editorial
Há dois meses, o Conselho Nacional de Educação (CNE) baixou a Resolução n.º 2/12, definindo as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, que é considerado desvinculado da realidade social e econômica do País, quando comparado aos programas do ensino fundamental e superior. Elaborada com base num extenso parecer aprovado uma semana antes pelo Ministério da Educação (MEC), a Resolução tem 23 artigos, muitos deles caracterizados por uma retórica vazia. A Resolução, por exemplo, propõe a incorporação, como conteúdo obrigatório do currículo do ensino médio, "do reconhecimento e atendimento da diversidade e diferentes nuances da desigualdade da exclusão na sociedade brasileira". Também recomenda "a valorização dos direitos humanos, mediante temas relativos a gênero, raça e etnia, religião, orientação sexual, pessoas com deficiência". E enfatiza a importância de "práticas que contribuam para a igualdade e enfrentamento de todas as formas de preconceito, discriminação e violência" e de "atividades intersetoriais de promoção da saúde física e mental, saúde sexual e saúde reprodutiva e prevenção do uso de drogas".

Não são apenas esses os parágrafos da Resolução tautológicos ou ininteligíveis. "O trabalho é conceituado na sua perspectiva ontológica de transformação da natureza, como realização inerente ao ser humano e como mediação no processo de produção de sua existência" - diz o § 1.º do inciso VIII do artigo 5.º da Resolução. "A organização curricular deve oferecer tempos e espaços próprios para estudos e atividades que permitam itinerários formativos opcionais diversificados, a fim de melhor responder à heterogeneidade e pluralidade de condições, múltiplos interesses e aspirações dos estudantes", determina o inciso XI do artigo 14. "O projeto político-pedagógico, na sua concepção e implementação, deve considerar os estudantes e professores como sujeitos históricos e de direitos, participantes ativos e protagonistas na sua diversidade e singularidade" - reza o § 2.º do artigo 15 da Resolução. E vai por aí afora.

Além disso, a Resolução do CNE impõe ao currículo do ensino médio quatro áreas de conhecimento e nove matérias obrigatórias, chamadas de "componentes curriculares com especificidades e saberes próprios e sistematizados", subdivididas em doze disciplinas. O novo currículo vai na contramão dos países desenvolvidos, onde o ensino médio não tem um programa mínimo obrigatório. A diversificação é vista naqueles países como forma de adequar melhor o ensino à realidade cultural, econômica e social dos estudantes. Não são de estranhar, portanto, as críticas que têm sido feitas à Resolução n.º 2/12. "O Brasil não diversifica e mantém a ideia de que todo mundo tem de fazer a mesma coisa", diz João Batista Araújo e Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, depois de classificar o texto da resolução como "erudição boba". "É uma montoeira de matérias. O resultado é que ninguém aprende, só decora. No resto do mundo, há segmentação", afirma o economista Cláudio Moura Castro. "Acredito em soluções mais individualizadas e segmentadas, porque há muitas diferenças", assevera Priscila Cruz, do movimento Todos pela Educação.

Além das altas taxas de evasão, o ensino médio esbarra no despreparo dos alunos - por exemplo, 85% dos estudantes desse ciclo ingressam na 1.ª série da rede pública com um nível de conhecimento equivalente ao da 5.ª série do ensino fundamental. Segundo o MEC, 50,9% dos jovens de 15 a 17 anos não estão matriculados no ensino médio, onde o índice de reprovação é de 13,1%. Dos estudantes que completam as três séries do ciclo, metade obtém média inferior a 4 na prova objetiva do Enem. Ao justificar a Resolução n.º 2/12, alguns membros do CNE alegaram que ela foi um "resultado de opções" e que "nem todo mundo pensa a escola do mesmo jeito". O que eles não conseguiram explicar é por que, em vez de definir diretrizes mais objetivas e realistas, optaram por um palavrório tolo e sem sentido, e por medidas inócuas, que só poderão aprofundar a crise do mais problemático dos três níveis de ensino.
A escola e a necessária autoridade
Estado de Minas, 29/03/2012 - Belo Horizonte MG

Marco Antônio Silva- Professor de história e doutorando em educação pela UFMG
Tenho ouvido relatos de professores de várias partes do país, sobretudo de escolas públicas, sobre as constantes agressões verbais e até físicas que vêm sofrendo. Isso não é sem razão. Quem não se lembra do estudante que agrediu a socos e pontapés a diretora de uma escola em Contagem? Quem não viu as cenas lamentáveis de uma aluna esbofeteando a professora no Vale do Aço? Há algumas semanas o Estado de Minas mostrou que professores, funcionários e vizinhos de algumas escolas de Belo Horizonte vivem acuados diante das ações de vandalismo promovidas por muitos estudantes. Essa situação é o resultado de uma combinação perversa: ausência de regras claras, crise de autoridade e impunidade. Em espaços democráticos é perfeitamente viável discutir, rediscutir, refazer e readaptar as normas. Entretanto, não é possível a convivência social sem regras estabelecidas. Em muitas escolas brasileiras, em nome de uma suposta inclusão social, a permissividade excessiva vem imperando. Prevalece o “tudo é permitido, nada é proibido”. Assim, crianças e adolescentes não encontram nenhuma referência de limites para as suas ações.

Além de regras claras, é preciso que existam autoridades respeitadas que consigam administrar os conflitos de interesse e garantir o bem-estar e a convivência fraterna de todos. Entretanto, muitos pais, gestores, pensadores da educação, membros de conselhos tutelares e até professores parecem não entender a diferença entre exercício da autoridade e a prática do autoritarismo. No período da ditadura civil/militar ou no modelo de família patriarcal que predominou até pouco tempo não tivemos bons exemplos de autoridade democrática. Nas três esferas de poder do Estado, certas autoridades, que não são bons exemplos de probidade e respeito aos interesses da maioria, vêm estampando os noticiários. Entretanto, em função disso, não podemos abolir toda e qualquer autoridade. Em nossos tempos, precisamos de homens e mulheres que exerçam autoridade reconhecendo e se desculpando quando erram, aceitando críticas e estando abertos às mudanças quando necessário, mas que não sejam negligentes perante os desafios que a função lhes exige.

Essa crise está presente em toda a sociedade. Encontramos cotidianamente pessoas que não sabem respeitar ou exercer a autoridade. Em muitas famílias os pais parecem incapazes de estabelecer limites necessários para que seus filhos aprendam a viver de forma equilibrada e respeitando o semelhante. Por isso convivemos com tantos jovens incapazes de aceitar a rejeição das suas vontades e despreparados para enfrentar as frustrações que a vida nos reserva. No caso específico da escola, os educadores que tentam exercer autoridade precisam de muita disposição e coragem para combater esse tipo de comportamento. Isso sem contar com as pressões dos defensores de um sistema que, mesmo falido, tem seus arautos de plantão. Numa sociedade sem regras claras e com carência de autoridades, a punição justa quase não existe. Punir não é castigar por castigar. A convivência em grupos, seja na família, nas escolas ou nas empresas, traz muitos benefícios e exige renúncias de cada um. Ninguém pode fazer o que lhe convém, quando e onde quiser, sem pensar nos demais. Punir os que desrespeitam normas de convivência coletiva é um ato de justiça e que leva o infrator a refletir sobre o sentido de suas ações. É mostrar que ninguém pode estar acima dos interesses dos demais, e serve de exemplo para desencorajar os que pretendem fazer o mesmo. Os problemas pessoais que atingem a cada um não devem servir de justificativa para atitudes de desrespeito e violência com os demais. Evidentemente, aquele que erra, sobretudo o estudante, merece o perdão, um tratamento psicológico e a assistência pedagógica quando for o caso. Entretanto, isso não o isenta da punição.
Pesquisa mostra que 30% das escolas públicas não têm espaço para educação física
UOL Educação, 29/03/2012

Gustavo Franceschini do UOL, em São Paulo
Uma pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada nesta quarta-feira mostra que 30% das escolas públicas brasileiras não possuem espaço destinado para a educação física. O estudo, que ouviu professores e diretores de 458 escolas pelo país, ainda identifica a falta de um programa de ensino de qualidade para a disciplina, considerada fundamental para o desenvolvimento do esporte educacional. A pesquisa foi encomendada pela ONG Atletas pela Cidadania, pelo Instituto Ayrton Senna e pelo Instituto Votorantim. Por telefone, o Ibope entrevistou um professor e o diretor das instituições em questão, que aponta uma margem de erro de 5%. “Alguns sinais aparecem neste estudo. A primeira é a da infraestrutura, que é deficiente em áreas rurais e no Nordeste. A segunda se refere à disciplina na prática, que não tem um objetivo claro e pode ser aprimorada. O lado positivo é que os professores são jovens e estão altamente satisfeitos em suas funções, o que é muito bom”, disse Ana Moser, diretora da Atletas pela Cidadania e experiente na questão do esporte educacional.

De acordo com a metodologia do Ibope, o “espaço para educação física” não é apenas uma quadra poliesportiva, o que pode explicar o número considerável de escolas sem a estrutura adequada. Na área rural, só 50% das escolas têm o local adequado para disciplina, enquanto no Nordeste esse índice cresce para 51%. A carência fica mais evidente na análise da formação dos professores, considerada adequada no cenário global, já que 44% dos docentes têm pós-graduação e outros 36% pelo menos uma licenciatura no ensino superior. Cerca de 6%, no entanto, têm apenas o ensino médio completo. Entre esses professores com baixa formação, 82% trabalham na área rural e 72% no Nordeste. O contentamento em trabalhar com educação física, no entanto, contagia quase todos os      professores. Segundo a pesquisa, 72% dos entrevistados dão notas entre 8 e 10 quando perguntados se gostam de sua profissão, sendo 0 a nota para “muito insatisfeito” e 10 para “muito satisfeito”.

Se o estado de espírito dos professores não preocupa, o mesmo não se pode dizer do que é feito em sala de aula. Embora apontem como objetivos da educação física desenvolver nos alunos “atitudes para uma vida saudável” e “habilidades de colaboração e comunicação nos alunos”, 78% dos entrevistados dizem avaliar os alunos pelo desempenho nos exercícios físicos. “A pesquisa é uma fotografia que a gente precisava ter de como estão as escolas públicas no Brasil. Nós sempre cobramos muito investimento, mais insumo, mas podemos também trabalhar melhor a metodologia dos professores”, disse Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Hábito de leitura cai no Brasil, revela pesquisa
Revista Veja, 28/03/2012

Parcela de leitores passou de 55% para 50% da população entre 2007 e 2011. Até entre crianças e adolescentes, que leem por dever escolar, houve redução

Nathalia Goulart
O brasileiro está lendo menos. É isso que revela a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência. De acordo com o levantamento nacional, o número de brasileiros considerados leitores – aqueles que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa – caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2 milhões (50%), em 2011. A redução da leitura foi medida até entre crianças e adolescentes, que leem por dever escolar. Em 2011, crianças com idades entre 5 e 10 anos leram 5,4 livros, ante 6,9 registrados no levantamento de 2007. O mesmo ocorreu entre os pré-adolescentes de 11 a 13 anos (6,9 ante 8,5) e entre adolescente de 14 a 17 (5,9 ante 6,6 livros).

Para Marina Carvalho, supervisora da Fundação Educar DPaschoal, que trabalha com programas de incentivo à leitura, uma das razões para a queda no hábito de leitura entre o público infanto-juvenil é a falta de estímulos vindos da família. “Se em casa as crianças não encontram pais leitores, reforça-se a ideia de que ler é uma obrigação escolar. Se existe uma queda no número de leitores adultos, isso se reflete no público infantil”, diz a especialista. “As crianças precisam estar expostas aos livros antes mesmo de aprender a ler. Assim, elas criam uma relação afetuosa com as publicações e encontram uma atividade que lhes dá prazer.” O levantamento reforça um traço já conhecido entre os brasileiros: o vínculo entre leitura e escolaridade. Entre os entrevistados que estudam, o percentual de leitores é três vezes superior ao de não leitores (48% vs. 16%). Já entre aqueles que não estão na escola, a parcela de não leitores é cerca de 50% superior ao de leitores: 84% vs. 52%.

Outro indicador revela a queda do apreço do brasileiro pela leitura como hobby. Em 2007, ler era a quarta atividade mais apreciada no tempo livre; quatro anos depois, o hábito caiu para sétimo lugar. Antes, 36% declaravam enxergar a leitura como forma de lazer, parcela reduzida a 28%.

À frente dos livros, apareceram na sondagem assistir à TV (85% em 2011 vs. 77% em 2007), escutar música ou rádio (52% vs. 54%), descansar (51% vs. 50%), reunir-se com amigos e família (44% vs. 31%), assistir a vídeos/filmes em DVD (38% vs. 29%) e sair com amigos (34% vs. 33%). "No século XXI, o livro disputa o interesse dos cidadãos com uma série de entretenimentos que podem  parecer mais sedutores. Ou despertamos o interesse pela leitura, ou perderemos a batalha", diz Christine Castilho Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, que há 13 anos promove ações de incentivo a leitura.

Um levantamento recente do Ecofuturo revelou a influência das bibliotecas sobre os potenciais leitores. De acordo com o levantamento, estudantes de escolas próximas a bibliotecas comunitárias obtêm desempenho superior ao de alunos que frequentam regiões sem biblioteca. Nesses casos, o índice de aprovação chega a ser 156% superior, e a taxa de abandono cai até 46%. "Ainda temos uma desafio grande a ser enfrentado, já que grande parte das escolas da rede pública não contam com biblioteca." Uma lei aprovada em 2010 obriga todas as escolas a ter uma biblioteca até 2020. Na época, o movimento independente Todos Pela Educação estimou que, para cumprir com a exigência, o país teria de erguer 24 bibliotecas por dia. A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil foi realizada entre 11 de junho e 3 de julho de 2011 e ouviu 5.012 pessoas, com idade superior a 5 anos de idade, em 315 municípios. A margem de erro é de 1,4 ponto percentual.
Faculdade admite que estudantes antigos do Fies não tem desconto
IG Educação, 28/03/2012

Famene, da Paraíba, diz que obrigatoriedade dos descontos coletivos a alunos com financiamento começou este ano, mas regra é de 2007

Priscilla Borges, iG Brasília
A Faculdade de Medicina Nova Esperança (Famene), de João Pessoa, garante que todos os novos contratos fechados com alunos beneficiários do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) incluirão descontos por pontualidade. A informação foi publicada em nota enviada ao iG nesta quarta-feira, após reportagem publicada no sábado mostrar reclamação de um estudante do 3º ano do curso que diz não receber nenhum abatimento sobre os 25% da mensalidade que paga. De acordo com a nota, a faculdade concede desconto de 5% no valor da mensalidade desde que pago até o dia 5 de cada mês "para os discentes que contam com o financiamento do governo federal, através do Fies, por força da Portaria Normativa/MEC nº.2, publicada em fevereiro/2012, bem como para os demais alunos matriculados nesta IES". Eles garantem que os descontos valem para os "aditamentos e contratos realizados a partir do primeiro semestre de 2012". Em outro trecho da nota, no entanto, a faculdade reconhece que iniciou a "política igualitária de descontos" para os alunos do Fies desde a publicação da Portaria nº 2, em fevereiro deste ano. "Oportuno esclarecer, que a Famene implementou esta isonomia mesmo antes do prazo de adequação estipulado às instituições (que seria 01 de março do corrente) pelo Ministério da Educação", diz a nota. O problema é que a referida normativa não "regulamenta a antecipação e o pagamento em dia das mensalidades nas instituições de ensino superior", como pretende dizer a Famene. A portaria em questão foi editada pelo Ministério da Educação para garantir que as políticas de descontos coletivos e as regras do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fies fossem expostas em murais e sites das instituições. A proposta é aumentar o controle dos próprios alunos sobre regras já antigas dos programas. A decisão foi tomada após denúncia feita pelo iG de que uma instituição baiana cobrava o dobro do valor da mensalidade para bolsistas do Prouni.

De acordo com a lei que criou o Prouni, no parágrafo 4º do artigo 1º da Lei 11.096 de 2005, as bolsas parciais (de 50%) deverão ser concedidas “considerando-se todos os descontos regulares e de caráter coletivo oferecidos pela instituição, inclusive aqueles dados em virtude do pagamento pontual das mensalidades”. A mesma regra vale para o Fies, conforme determina a Lei nº 11.552 de 2007, no artigo 4º: "os encargos educacionais deverão considerar todos os descontos regulares e de caráter coletivo oferecidos pela instituição, inclusive aqueles concedidos em virtude de seu pagamento pontual". Portanto, a mudança na política de descontos já deveria estar sendo cumprida pela Famene muito antes da publicação da Normativa nº 2, de fevereiro deste ano.
Ceará vincula piso dos professores ao nacional
IG Educação, 28/03/2012

Projeto do governo aprovado por deputados torna o reajuste salarial do magistério automático

Daniel Aderaldo, iG Ceará
Os deputados estaduais do Ceará aprovaram nesta quarta-feira (28) um projeto de lei que vincula o salário-base dos professores da rede estadual ao piso nacional do magistério. O ganho será retroativo ao mês de janeiro e contemplará 6.894 professores ativos e inativos. Com a nova legislação, o reajuste dos vencimentos da categoria no Estado passará a acompanhar de forma automática os valores estabelecidos anualmente pelo Ministério da Educação (MEC). A lei federal do piso de 2008 prevê o custo por aluno do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundec) como parâmetro para o reajuste.

Há um mês, o MEC divulgou o novo valor do piso salarial nacional para os professores de educação básica neste ano passa a ser R$ 1.451 para a jornada de trabalho semanal de 40 horas. Isso representa um acréscimo de 22,22% em relação a 2011, quando o piso era R$ 1.187. Falta o governo do Ceará cumprir o item da lei do piso que estabelece 1/3 da jornada de trabalho do professor para atividades extraclasse. Pela negociação com a categoria, esse item só será cumprido a partir do segundo semestre deste ano. Ano passado, o Ceará enfrentou uma greve de dois meses dos professores. Eles cobravam o cumprimento do piso nacional. O movimento foi marcado por manifestações que terminaram com violência e também por declarações polêmicas, como a frase do governador Cid Gomes (PSB) de que professor deveria trabalhar por amor e não por dinheiro. O projeto ainda seguirá para a sanção do governador Cid Gomes (PSB). Segundo a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc), o Estado já pagava um piso de R$ 1.270,09, acima do que era estabelecido pelo MEC antes do reajuste deste ano.
Segredo é se misturar com crianças, diz jovem contadora de histórias
Portal G1, 28/03/2012

Depois de fazer um curso Anne Caroline conta histórias como voluntária. Projeto que atende adolescentes no ABC visa estimular a leitura.

Vanessa Fajardo do G1, em São Paulo
Anne Caroline Silva da Costa, de 17 anos, adora contar histórias. As próprias e as dos livros infantis. Ela desenvolveu técnicas para atrair a atenção das crianças quando participou do projeto Contando História, da Fundação Criança, autarquia da Prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC, onde mora. Na sua casa, no Jardim Calux, estão suas principais ouvintes, suas “cobaias”, como ela define: as duas irmãs, Sofia, de 2 anos, e Julia, de 4. “Nunca conto uma história sem antes treinar com elas. O segredo para contar uma boa história é se misturar com as crianças, se dispor a sentar no chão e contar de coração aberto, porque a criança é pura”, diz Anne. Segunda ela, as meninas adoram os contos e interagem com as histórias.

Para garantir a "audiência" dos pequenos, Anne diz que valem fantoches, fantasias ou trilha sonora. "Tudo isso ajuda a chamar a atenção da criança, principalmente aquelas que não estão próximas de você durante a contação. Cada pessoa tem o seu artifício." Anne lembra que uma "isca" para atrair as crianças menores são os livros com imagens coloridas, em autorrelevo ou com sons. Segundo Anne, a arte exige paciência porque, para garantir a atenção das crianças e chamá-la para dentro da história, antes é necessário ganhar sua confiança. “No começo, elas estranham um pouco, mas depois se rendem e pedem as histórias de princesas, dragões e outras.” Apesar de já ter concluído sua temporada no projeto que atende cada jovem por, no máximo, um ano, Anne vai continuar contando histórias nas bibliotecas das escolas infantis de São Bernardo. Mas agora como voluntária. A atividade voluntária é necessária para que ela consiga bolsa de estudo no curso de letras em uma universidade particular de São Caetano do Sul, na qual ingressou neste ano. Filha de uma dona de casa e enteada de um metalúrgico, Anne diz que, no bairro onde vive, é comum ver jovens em festas regadas a álcool e drogas. “É a ‘vibe’ dos jovens”, diz. Para ela, esses jovens não têm orientação sobre qual caminho seguir. “Há oportunidade para todos, mas o futuro depende do caminho que eu vou tomar. Meus interesses poderiam ter sido diferentes, se não fosse o projeto.”

Carreira de escritora - Anne também gosta de escrever. Desde os 13 anos, escreve contos, além de gostar de ler obras de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Aloísio de Azevedo e Clarice Lispector. A garota conta que, quando entrou no projeto, aos 16 anos, o gosto pela leitura estava “escasso”, mas as atividades nas bibliotecas e os livros a ajudaram a resgatar o gosto. “O projeto é simples, é puro, mas tem uma influência muito grande. É claro que tem muita gente que vai pela bolsa, mas eles te oferecem um leque muito grande de cultura que depois é difícil largar.” O projeto - O Contando História atende adolescentes com idades entre 15 e 17 anos durante um ano com o objetivo de estimular a leitura. Neste período, os participantes recebem uma bolsa de R$ 200 mensais, uniforme, seguro de vida e vale transporte bancados pela Prefeitura de São Bernardo. O projeto foi criado em 2007 ejá atendeu cerca de mil jovens. Em contrapartida, os participantes atuam como contadores de histórias nas bibliotecas infantis das escolas municipais de São Bernardo. Os jovens têm aulas de formação em técnicas de leitura, comunicação e expressão e contação de história; confecção de bonecos com materiais reciclados e teatro.
Deficiente visual é o maior usuário das bibliotecas em SP
O Estado de São Paulo, 28/03/2012 - São Paulo SP

Sérgio Luiz Florindo já pegou emprestado 533 audiolivros na Biblioteca São Paulo
Edison Veiga e Paulo Sandaña
Sérgio Luiz Florindo, de 51 anos, já pegou de empréstimo 533 livros na Biblioteca São Paulo, zona norte da capital. É o associado que mais obras leu nos dois anos do equipamento. "Os livros me levaram a lugares que eu nem imaginava existir", diz ele, que é deficiente visual de nascença. Mantida pela Secretaria de Estado da Cultura, a Biblioteca SP tem um grande acervo de audiolivros - além de filmes, CDs, gibis, jogos, computadores com acesso à internet e até os tradicionais livros em papel. Levado pela filha Larissa, de 25 anos, Florindo descobriu o mundo dos audiolivros. Além dos autores favoritos, já tem até sua lista de melhores narradores - Drauzio de Oliveira é o primeiro, seguido de Carlos Campanelli.

Florindo se tornou um devorador de obras. No áudio do DVD da sua casa, chega a ouvir três livros em um dia. A biblioteca permite que ele pegue dez obras de cada vez, ele nunca pega menos que isso. "O cego constrói a imagem na mente e o escritor faz isso pra ele. Descreve a fisionomia, o lugar, fornece a imagem e eu vou construindo", conta ele. A primeira obra que pegou foi Brumas de Avalon (de Marion Zimmer Bradley). Acabou com os quatro volumes em dois dias. Só falta O inferno para que termine a Divina Comédia, de Dante Alighieri. Mas seus livros prediletos são: Dom Quixote, de Cervantes, e toda obra de Jorge Amado.

O entusiasmo de Florindo com os livros deve-se muito pela segregação a que foi submetido a vida toda. Nunca aprendeu a ler em braile. Estudou praticamente todo o ensino fundamental omitindo à escola que era deficiente visual. Contava com a ajuda de colegas. No ensino médio, um professor entendeu que sua deficiência traria problemas à classe e ele teve de abandonar a escola. "Ficava muito sozinho, só um amigo peruano que me ajudava mesmo. Graças a ele, eu até dirigi um carro uma vez." Aos 21 anos, trabalhou por um tempo no estoque de uma perfumaria. Com ajuda do irmão, o chefe também não sabia que ele era deficiente. Após a descoberta, teve de sair. Foi seu único emprego. Casou, teve uma filha. Quando Larissa tinha 10 anos, a mãe sumiu. Florindo cuidou da filha, ajudou-a com as lições da escola. Ainda hoje Florindo mora em com a mãe. "Eu fiquei por anos sem fazer nada em casa. Às vezes cansa não enxergar porque a gente perde muita coisa. Para mim, os livros foram a fuga", diz. Florindo também gosta de cinema e tem sua musas preferidas, a partir das descrições de amigos. "Minha preferida é a Kim Basinger. Porque é loira e tem olhos claros", diz ele. "Sou cego, mas não sou bobo."
Cai nº de leitores no País e metade não lê
O Estado de São Paulo, 28/03/2012 - São Paulo SP

Parcela da população que se diz leitora passou de 55% em 2007 para 50% em 2011

Maria Fernanda Rodrigues
A terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, a ser apresentada hoje na Câmara, revelou que a população leitora diminuiu no País. Enquanto em 2007 55% dos brasileiros se diziam leitores, hoje esse porcentual caiu para 50%. São considerados leitores aqueles que leram pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa. Diminuiu também, de 4,7 para 4, o número de livros lidos por ano. Entraram nessa estatística os livros iniciados, mas não acabados. Na conta final, o brasileiro leu 2,1 livros inteiros e desistiu da leitura de 2. A pesquisa foi feita pelo Ibope Inteligência por encomenda do Instituto Pró-Livro (IPL), entidade criada em 2006 pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional de Editores e Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares. "É no mínimo triste a gente não poder comemorar um crescimento", disse Karine Pansa, que acumula a direção do IPL e da CBL. Ontem, o Estado mostrou que 75% dos brasileiros nunca pisaram em uma biblioteca.

Participaram da apresentação representantes de entidades livreiras e do poder público, entre eles a ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Ela destacou a importância do estudo para o direcionamento das políticas públicas do Minc e do Ministério da Educação. "Temos de ter um olhar da cultura que vai além do ensino e que abra os olhos para outras dimensões. O livro é que vai permitir a formação da cidadania", disse a ministra. O levantamento foi realizado entre junho e julho de 2011, com 5.012 pessoas de 315 municípios, com 5 anos ou mais, em suas próprias casas. Todas as regiões do País foram incluídas e a margem de erro é de 1,4%. Questões diversas. Para compor o mapa da leitura, questões diversas foram analisadas. Os principais motivos que mantêm leitores longe de livros são falta de tempo (53%) e desinteresse (30%). O livro digital, novidade deste ano, já é de conhecimento de 30% dos brasileiros e 18% deles já os usaram. A metade disse que voltaria a ler nesse formato.

A mãe não é mais a maior incentivadora da leitura, como aparecia na pesquisa passada. Para 45% dos entrevistados, o lugar é ocupado agora pelo professor. A biblioteca é o lugar escolhido para a leitura de um livro por apenas 12% dos brasileiros - 93% dos que leem o fazem em casa. Ter mais opções de livros novos foi apontado por 20% dos entrevistados como motivo para frequentar uma biblioteca. Porém, para 33% dos brasileiros, nada os convenceria a entrar em uma. Entre o passatempo preferido, ler livros, periódicos e textos na internet ocupa a sexta posição (28%). Na pesquisa anterior, o índice era de 36%. Assistir à televisão segue na primeira posição (85%) - em 2007, era a distração de 77% dos entrevistados. Dos 197 escritores citados, os mais lembrados foram Monteiro Lobato, Machado de Assis, Paulo Coelho, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade. Já os títulos mais mencionados foram a Bíblia, A Cabana, Ágape, O Sítio do Picapau Amarelo - que não é exatamente título de nenhum livro de Lobato - e O Pequeno Príncipe. Best-sellers como Crepúsculo, Harry Potter e O Monge e o Executivo também aparecem.
Alunos da São Marcos fazem protesto e acusam MEC
O Estado de São Paulo, 28/03/2012 - São Paulo SP

Ministério fechou universidade e determinou transferência de estudantes, mas ninguém sabe como será processo

Estadão.edu
Cerca de 400 alunos da São Marcos fizeram nesta quarta-feira à noite um protesto num dos câmpus da universidade, no Ipiranga, contra o fechamento da instituição, determinado pelo MEC na semana passada. Eles querem que o ministério reveja a medida e o acusam de omissão na crise que levou ao descredenciamento. Nova manifestação foi marcada para esta quinta-feira na Avenida Nazaré, Ipiranga, com apoio da União Nacional dos Estudantes. As primeiras denúncias sobre a situação da São Marcos foram enviadas formalmente ao MEC há seis anos pela Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp). Em setembro, a São Marcos sofreu intervenção judicial e em dezembro a universidade foi desalojada de um dos seus câmpus, no Ipiranga, por falta de pagamento. “No despejo, notas dos estudantes foram jogadas em sacos de lixo. Como o MEC deixou a situação chegar a esse nível?”, criticou Laís Gouveia, vice-diretora regional da UNE. “A São Marcos precisa continuar, com um novo modelo de gestão. Pode se tornar uma universidade comunitária, gerida pelos professores.”

“Vamos até o fim. Começamos um abaixo-assinado e, se for preciso, iremos ao Conselho Nacional de Educação em Brasília”, disse Gabriella Nemi, de 26 anos, que colou grau este mês em Recursos Humanos pela São Marcos. Segundo Gabriella, a direção da São Marcos desistiu da luta para manter a universidade aberta depois de uma reunião realizada na segunda-feira no MEC. “Eles disseram que os alunos vão ser transferidos e sugeriram as universidades Anhanguera e Uniban (que se tornaram parte do mesmo grupo em setembro, quando a primeira comprou a segunda).”

A Proteste Associação de Consumidores alertou em boletim eletrônico que cabe ao MEC garantir que os cerca de 2 mil estudantes da São Marcos tenham garantia de transferência para outra instituição sem perda do semestre. A entidade lamentou que o ministério não tenha descredenciado a instituição “antes do início do período letivo, quando os danos aos estudantes seriam menores”. “Na avaliação da associação, o MEC não deveria ter permitido que a São Marcos aceitasse a matrícula de alunos sendo que a universidade estava sob intervenção judicial”, afirma a Proteste. A entidade recomendou aos alunos que procurem o Ministério Público Federal e entrem com ação coletiva para que possam dar ser transferidos nas mesmas bases contratuais firmadas com a São Marcos. “Estudantes que se sentirem prejudicados podem também pleitear na Justiça os danos materiais e morais causados pelo fechamento.”
Inclusão na escola, um relato pessoal
Folha.com, 28/03/2012 - São Paulo SP

Quando digo que meu filho tem necessidades especiais, a vaga some. Ele sofrerá bullying, diz a diretora. 'Mas isso não é errado?', ele responde. Não recebe resposta

Maria Gabriela Menezes de Oliveira
Será que estou redescobrindo a roda? Quanto mais o Enem se fortalece como instrumento de avaliação e como meio de ingresso no ensino superior, menos vagas sobram para as crianças com necessidades especiais no ensino médio regular e no final do ensino fundamental. Essa convicção se apoia na lógica e na sensibilidade de mãe de um adolescente de 16 anos com necessidades especiais que, como muitas outras, peregrina por escolas privadas em busca de quem aceite o seu filho. Não tenho problemas com o Enem como exame: a adesão é voluntária, como foi voluntária a opção das universidades federais em adotá-lo. Ele é o culpado pela exclusão de crianças e adolescentes com necessidades especiais? Não, ele é apenas mais um ingrediente no prato já bastante indigesto da inclusão nas escolas. Vivemos em uma sociedade competitiva. Conforme mais alunos são admitidos em boas universidades, melhor fica a imagem da escola onde eles estudaram, fazendo com que elas aceitem menos alunos com necessidades especiais. Além disso, quanto custa para o professor e a para a classe ter alguém com necessidades especiais estudando no mesmo ambiente?

Depende. Do ponto de vista humanitário, nada. Ao contrário, os alunos ganham porque aprendem a conviver e a respeitar o diferente. No entanto, é verdade que o custo depende da qualificação do professor e da escola. Meu filho, por exemplo, tem síndrome de Asperger (transtorno do espectro autista) e epilepsia refratária (crises epilépticas recorrentes). Ele exige, assim, o esforço e o trabalho conjunto de vários profissionais. Quando entro em contato com as escolas, sempre pergunto primeiro se há vaga para o ano em que meu filho está. Respondem que sim. Então completo: "ele é aluno de inclusão". A vaga some. Em minha peregrinação, deparei-me com uma série de situações. Em uma delas, o dono da escola me recebeu dizendo que não tinha condições e indicou uma escola inclusiva. Lá, quase todos os alunos têm necessidades especiais - é, portanto, uma escola exclusiva. Como os psicólogos e médicos de meu filho sugerem que ele tenha um referencial de relacionamentos sociais normais, procurei outras escolas. Em uma delas, a coordenadora pedagógica, com a segurança que os casos de síndrome de Down, paralisia cerebral e autismo leve permitiam, disse que meu filho teria vaga na sua escola.

Na véspera do inicio das aulas, porém, fui avisada de que meu filho tinha sido rejeitado. As razões: ele sofreria bullying, não daria conta do conteúdo e os professores não o queriam na sala de aula. Trata-se, como se vê, de uma peneira perversa e intolerante, que só inclui os eleitos. O evento afetou muito meu filho, que assistiu a tudo. Ao ouvir a referência ao bullying, ele perguntou: "Mas não serão eles os errados se fizerem bullying comigo?" Nada ouviu como resposta. Os professores estão capacitados para lidar com a variedade de transtornos do desenvolvimento que existe? Definitivamente não! No currículo dos cursos de licenciatura em pedagogia, existe a disciplina de educação inclusiva. Mas só isso basta para um professor enfrentar uma sala com alunos de inclusão? Não -embora seja louvável a existência da disciplina de Libras (Língua Brasileira de Sinais), obrigatória na formação dos professores.

Como fazer então valer um preceito constitucional? Não sei, sou apenas uma mãe. No entanto, convido ao debate os profissionais da área da educação, da saúde, do direito, do governo, e nós, pais e mães. É preciso que todos juntos busquemos meios para que os direitos desses nossos pequenos cidadãos serem respeitados agora, enquanto estão em formação, para que eles possam exercer a plena cidadania quando adultos. Enfim matriculei meu filho em uma escola de muitos alunos, com e sem necessidades especiais. Não sei se, por lá, ela vai conseguir evoluir até o limite de sua capacidade. Mas ele foi acolhido por todos. É disso que uma criança vítima de rejeição crônica também precisa para ser feliz - embora a permanência na escola seja uma outra questão. MARIA GABRIELA MENEZES DE OLIVEIRA, 49, bióloga com doutorado em psicobiologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), é neurocientista e professora da mesma universidade.