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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Tempo na escola
27/12/2010
Meta do governo de ampliar a quantidade de colégios em período integral é elogiável, mas fórmula não é garantia de melhores resultados
O debate sobre educação tem melhorado de forma palpável no Brasil. Um dos avanços observados está no abandono de propostas com sabor de panaceia, como um dia já foi a de que tudo se resolveria com a adoção de ensino em tempo integral. A ideia tem mérito, mas não o poder de apagar as deficiências estruturais da rede pública de ensino.

Costuma-se citar, nessas discussões, o exemplo do Chile, país sul-americano com melhor desempenho em testes internacionais de conhecimentos dos estudantes. Associam-se os bons resultados ao fato de a maioria dos alunos cumprir jornadas ampliadas na escola. É um raciocínio, no entanto, duvidoso, ao estabelecer uma relação de causa e efeito.

Feita a ressalva, é auspicioso que o MEC tenha incluído entre as 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE) 2011-2020 a de oferecer sete horas diárias de atividades em 50% das escolas oficiais de educação básica. O período habitual é de cerca de quatro horas.

É tão grave a insuficiência de aprendizado na rede, com os corolários de desmotivação, repetência e abandono, que mais tempo de contato entre mestres e alunos não causará prejuízos. Sobretudo se o período adicional for usado para acompanhamento dos estudantes com dificuldades.

Há que preservar algum realismo a respeito da pretensão do PNE, no entanto. Dados do MEC dão conta de que o número de escolas públicas com período integral aumentou 16% em um ano. Parece uma evolução excelente, mas cabe assinalar que se parte de um patamar baixíssimo.

Mesmo com o acréscimo, apenas 6% dos alunos das redes oficiais de ensino frequentam aulas em período ampliado. Naquele ritmo, ao final da década coberta pelo plano só pouco mais de um quarto dos estudantes contará com esse benefício.

Além disso, há o problema da carência de pessoal para suprir o aumento da demanda por horas de aula. Nas condições atuais, o país já não consegue formar e atrair professores com a qualidade e em quantidade necessárias, em especial no campo das ciências naturais e da matemática.

Não é demais lembrar que ao final do ensino médio só 9,8% dos estudantes atingem os índices desejáveis de conhecimento de matemática e a formação secundária só é completada por 45% dos jovens de 19 anos -idade correta para concluir o ensino médio.

A educação brasileira tem, portanto, problemas em demasia e está a exigir soluções integradas. Mas não se pode passar ao largo de uma questão primordial: nenhuma melhora duradoura será obtida sem que se consiga atrair para ministrar as aulas -em período integral ou não- boa parte dos mais talentosos egressos das universidades.

Países que registraram avanços importantes na educação, como é o caso da Coreia do Sul, desenvolveram políticas para recrutar docentes entre os mais bem formados no ensino superior. É um objetivo que não será cumprido no Brasil caso persistam as atuais políticas salariais e as condições precárias da escola pública.
Educação financeira entra no currículo de escolas públicas a partir de 2012
27/12/2010
 
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Orçamento doméstico, poupança, aposentadoria, seguros e financiamentos farão parte oficialmente do currículo das escolas públicas a partir de 2012.
O governo federal editou, na semana passada, um decreto que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira, uma série de iniciativas pedagógicas voltadas às escolas e a adultos com o objetivo de erradicar o analfabetismo financeiro no país.
Neste ano, 410 escolas públicas dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins e Distrito Federal iniciaram aulas de um projeto-piloto de educação financeira, que deverá chegar a mais de 200 mil instituições de ensino oficial.
Em 2011, o projeto-piloto testará uma metodologia de educação financeira voltada para escolas públicas do ensino fundamental.
Os educadores desenvolveram conteúdos adaptados de educação financeira para todas as nove séries do ensino fundamental e as três do ensino médio.
O conteúdo de educação financeira será distribuído nas aulas de matemática, história, ciências sociais e até português. Não haverá uma disciplina específica para educação financeira.
A educação financeira nas escolas é incentivada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e faz parte do currículo escolar de mais de 60 países.
As diretrizes são resultantes do trabalho conjunto de entidades do mercado de capitais -como Febraban (bancos), Anbima (bancos e gestores) e BM&FBovespa e dos reguladores CVM (ações e títulos de dívida), BC (bancos), Susep (seguros) e Previc (previdência).
CURSOS PARA ADULTOS
Além da educação formal nas escolas, também estão previstas a modulação de cursos à distância e iniciativas de treinamento em finanças pessoais voltadas para adultos.
Segundo José Linaldo Gomes de Aguiar, secretário de relações institucionais do Banco Central, serão criados cursos a distância voltados para adultos, que ensinem a organizar o orçamento doméstico, a planejar a aposentadoria e a utilizar bem os financiamentos.
O BC tem um curso presencial modulado de 20 horas, que leva a universidades e a organizações.
"O importante é que as pessoas sejam bem informadas e tenham consciência de suas decisões. São assuntos simples, que fazem muita diferença para algumas pessoas", disse Aguiar.
Uma pesquisa nacional realizada em 2008 com apoio da BM&FBovespa mostrou que é muito baixo o grau de educação financeira da população brasileira.
Na pesquisa, três em cada dez entrevistados declararam pagar apenas o valor mínimo da fatura do cartão de crédito quando a situação aperta. Já algum tipo de restrição cadastral por falta de pagamento na praça foi a situação observada em 25% dos entrevistados.
Por outro lado, 69% dos pesquisados afirmaram fazer algum tipo de planilha para acompanhar os gastos da família, e 66% disseram que guardam os comprovantes de suas compras.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

''Devemos valorizar o sucesso do aluno''
20 de dezembro de 2010 | 0h 00
 
 
Escolas públicas e notas baixas em avaliações atualmente soam como sinônimos no Brasil. A infeliz associação, no entanto, não existe em muitos países e deixou de ser realidade na Brockton High School, no Estado norte-americano de Massachusetts. A escola foi considerada um fracasso escolar por anos, mas conseguiu reverter a situação com um projeto baseado na alfabetização dos estudantes e na valorização das conquistas por eles obtidas. Hoje, tem ótimas notas nas avaliações estaduais. Um dos diretores assistentes da escola, Matthew Crowley, que esteve no Brasil em evento da Fundação Lemann e da Universidade Anhembi Morumbi sobre reformas educacionais e escolas públicas, concedeu a seguinte entrevista ao Estado.
Como é o projeto que levou à recuperação da Brockton High School?
Para criar mudanças relevantes, adotamos um lema de não deixarmos absolutamente nenhuma criança para trás nessa reforma. Discutimos formas de envolver as comunidades onde elas são frequentemente ignoradas. Também enfatizamos a importância de se ter equipes de liderança nas escolas - o que deve ser expandido para cidades e Estados, em maior proporção. E, principalmente, demos início à nossa iniciativa de alfabetização. Já faz mais de uma década - começamos em 1998. Percebemos que o caminho era esse pelos resultados dos testes estaduais, que indicaram que a maioria dos nossos alunos estava falhando.
E o que foi feito?
Em 1998, um pequeno grupo de professores começou a trabalhar em soluções que elevaram o nível de expectativas de todos os alunos sobre si mesmos. Isso foi essencial porque, na época, havia um pensamento comum entre os estudantes de que eles tinham o direito de falhar. Era OK ser reprovado. No entanto, os péssimos resultados dos testes eram inegáveis e nós os encaramos como uma oportunidade para começar a mudar essa cultura dentro da escola. Formamos o que hoje é conhecida como uma comissão de reestruturação e decidimos que o nosso principal foco seria a alfabetização. Permanecemos focados nela e, pelos últimos 12 anos, isso tem transformado a nossa escola por causa da fidelidade que temos a esta iniciativa.
É possível usar essas lições aprendidas pela Brockton High School no sistema público de outros países, como o Brasil?
Definitivamente, é possível ter sucesso educativo similar no Brasil. Na época em que começamos, não havia nenhum atalho para o nosso sucesso - ele é o produto do trabalho duro ao longo dos anos. Essas reformas são relevantes para o Brasil porque tratam diretamente de como mecanismos modernos de gestão podem ser implementados em contextos informais - como uma escola - comumente considerados "inadministráveis".
No início do mês, foram divulgados os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O Brasil vem melhorando, mas ainda somos um dos piores países em educação. Como você vê isso e como podemos utilizar a sua experiência como um bom exemplo?
Assim como usamos o desempenho ruim nos testes para detectarmos as falhas na Brockton High School, as notas do Pisa podem servir como uma oportunidade para o Brasil se ver no espelho e optar por reformas. Costumo citar uma frase do autor Jim Collins, que diz: "Devemos enfrentar a realidade nua e crua."
Atividades extras, como esportes e passeios culturais, podem ajudar a tornar a escola mais atraente?
O projeto de elevar a autoestima dos alunos com alfabetização em todas as classes incluiu disciplinas eletivas, tais como arte, música, educação física, etc. Os efeitos têm sido poderosos nos próprios alunos. Muitos estudantes florescerem nessas aulas eletivas, e é por meio dessas aulas que acabam se engajando na escola.
Como podemos motivar os jovens e ensiná-los a acreditar em si mesmos e na escola?
Parte da motivação dos nossos alunos vem, é claro, da meta comum de ir para a faculdade. Mas nós devemos celebrar o sucesso escolar dos nossos alunos durante todo o ano. Por exemplo: temos uma cerimônia, que chamamos de "assembleia de honra", após o encerramento de cada período, para reconhecer realizações acadêmicas dos estudantes. Além dessas assembleias, costumamos organizar shows de talentos que contam a participação dos funcionários - inclusive eu.
Você se sente satisfeito com os progressos da escola?
Criamos uma cultura de sucesso escolar. Os professores são motivados a ver os alunos atingirem seus objetivos acadêmica, atlética e artisticamente. Estou orgulhoso do que conseguimos.
QUEM É
Matthew Crowley atua como diretor assistente da Brockton High School. Ele trabalha na escola há 14 anos, quando começou sua carreira como professor de história. Percebendo os altos índices de fracasso da instituição nas avaliações estaduais, Crowley ajudou a reorganizar a escola, investindo na alfabetização e na motivação dos alunos. Hoje é visto como um dos responsáveis por alavancar a qualidade do ensino.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Novo governo acredita que faltam 30 mil professores
Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2010
O futuro secretário de Educação do Paraná, o vice-governador eleito Flávio Arns, disse ontem que a equipe de transição do governo acredita que faltam 30 mil professores e funcionários administrativos nas escolas da rede no estado. A declaração foi dada ao telejornal ParanáTV, da RPCTV. Arns anunciou também que há muitos problemas nas escolas, principalmente ligados à falta de segurança e documentação. “Algumas sequer têm alvarás para funcionar”, disse.
Nesta semana o setor de educação do estado viveu momentos de turbulência. O motivo é que o atual secretário de Educação, Altevir Rocha, convocou os professores licenciados, que integram o PDE, para voltar às escolas, para resolver o problema da falta de professores. A APP/Sindicato, uma das entidades que representam a categoria, não gostou da ideia e ingressou na justiça para manter os professores afastados.
A entidade acredita que o governo tem como resolver o problema sem precisar mexer com os professores licenciados. Segundo Arns uma solução que adotará, a partir de janeiro, quando assumirá, será agilizar a contratação dos professores aprovados em concurso realizado há 3 anos e que ainda não foram chamados.
O futuro secretário disse também que irá realizar um mutirão para reformar 1.500 estabelecimentos de ensino. “Vamos tomar todas as iniciativas para que estas medidas sejam desencadeadas já no início do governo”, comentou.
Até o final da tarde de ontem ainda não havia saído nenhuma decisão judicial sobre o pedido da APP/Sindicato contra a decisão do governo do estado.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Maioria dos alunos deve ficar na fila da creche
29/11/2010
Adriana Ferraz e Fernanda Barbosa
do Agora

 
Quatro em cada cinco crianças que esperam hoje por vaga devem continuar fora da creche em 2011. Apesar de ousado, o planejamento municipal de criar 25 mil novas vagas em creches no próximo ano é suficiente para atender apenas 20% da fila atual --são 125 mil crianças à espera de matrícula. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) prometeu zerar a fila até o final de seu mandato, em 2012.
A meta, de acordo com a Secretaria Municipal da Educação, será buscada por meio da construção de unidades próprias e de novas parcerias com entidades sociais. Ambos os modelos já são utilizados pela pasta e proporcionaram, neste ano, 8.466 novas vagas. Ou seja, o total anunciado pelo município significa que será preciso triplicar o ritmo adotado hoje.
Desde 2008, quando a prefeitura conseguiu aumentar em 23.598 o número de matrículas na rede pública, o tempo de espera de quem mantém cadastro na rede tem aumentado. Quem entra na fila já sabe que a luta não será fácil. Em algumas regiões, a criança completa três anos e continua fora da creche.
RJ recebe 66.482 pré-matrículas para rede municipal de ensino
29/11/2010
 
Prazo vai até 2 de dezembro.

Inscrições devem ser feitas pela internet.


Do G1, em São Paulo
A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro informou que até as 18h30 desta segunda-feira (29), foram contabilizadas 66.482 pré-matrículas para a rede municipal de ensino. Desse total, 24.148 são para a pré-escola.

As dez escolas que integram o Ginásio Experimental Carioca, novo modelo de ensino do 7º ao 9º nos que será adotado em 2011, tiveram 799 inscrições como primeira opção.
 
As pré-matrículas para novos alunos da pré-escola, ensino fundamental (1º ao 9º anos) e Programa de Educação de Jovens e Adultos (Peja) podem ser feitas até 2 de dezembro. Os pais ou responsáveis podem escolher no mínimo três e no máximo cinco escolas, em ordem de preferência.
 
Pelo segundo ano consecutivo, as inscrições só poderão ser realizadas pela internet, através do site www.matriculadigital.rioeduca.rio.gov.br. Segundo a prefeitura, há 25 postos com acesso gratuito à internet em todas as regiões da cidade que podem ser utilizados pela população.
 
A partir de 6 de dezembro, os pais cujos filhos vão estudar no pré, 1º ou 2º ano do ensino fundamental, podem consultar o site para verificar em que escola eles devem se matricular. A partir do dia 28 de dezembro, sai o resultado para os estudantes do 3º ao 9º ano e do Programa de Educação de Jovens e Adultos.

domingo, 28 de novembro de 2010

Educação precária

28/10/2010
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2811201002.htm

Tem se tornado cada vez mais grave o problema da falta de professores em escolas da rede estadual paulista. É possível encontrar em São Paulo alunos que chegam a ficar até seis meses sem aulas de várias disciplinas.
 
São múltiplas as causas da escassez de docentes. Há desinteresse pela profissão, que perdeu prestígio social e oferece condições inadequadas de trabalho e baixos rendimentos. Apesar do crescimento recente no total de formandos em licenciaturas, persiste no Brasil um deficit de cerca de 100 mil docentes nas áreas de matemática e ciências.

A isso se soma um problema gerencial, de responsabilidade dos sucessivos governos estaduais. É crescente a dependência da rede de ensino paulista de professores temporários. Não sendo funcionários concursados do Estado, eles atendem às necessidades da Secretaria da Educação em escolas onde faltam docentes. Apesar da precariedade inerente à função, e da falta de vínculo com colégios e estudantes, esse contingente já representa 46% dos professores.

A deficiência atinge também a direção das escolas. Em São Paulo, um quarto dos diretores são temporários. O número cada vez maior de docentes e administradores em situação precária, e sua alta rotatividade, prejudica a qualidade de ensino e o aprendizado dos alunos, como demonstrou estudo do próprio governo.

O problema se agrava porque uma parcela dos professores temporários deve se submeter a uma lei estadual de 2009 segundo a qual funcionários do Estado contratados sem concurso podem trabalhar no máximo por um ano ininterrupto. Após esse período, devem ficar afastados de suas funções por 200 dias para evitar vínculo empregatício.

O período de "quarentena" contribui para aumentar a lacuna de docentes efetivos. O governo quer enfrentar o problema eliminando o período de afastamento. Com isso, reforça a percepção de que se trata de uma política deliberada, para evitar aumentos permanentes de custos, mesmo que isso represente sacrifício à qualidade.

Considerando o papel estratégico da educação e os maus resultados dos governos paulistas nessa área, melhor seria ampliar os concursos e prover as escolas de um corpo de professores permanente, bem remunerado e motivado.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

TJ condena Campinas por não aplicar verba na educação
 26/11/2010


O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu liminar para que a prefeitura de Campinas incorpore ao orçamento dos próximos três anos o valor, mais de R$ 95 milhões, que deixou de investir em educação no ano de 1999. A decisão, do desembargador Oswaldo Luiz Palu, do 9ª Câmara de Direito Público do TJ, determina que o município some à verba orçamentária dos anos de 2011, 2012 e 2013 um terço do valor que deixou de ser aplicado em 1999.
Caso a liminar não seja cumprida, poderá ser aplicada a pena de improbidade administrativa. A verba regular que a prefeitura de Campinas é obrigada a investir no ensino não pode ser modificada pela administração municipal.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Parceria destaca ensino de biotecnologia em escolas
Quinta-feira, 25 de Novembro de 2010
Um convênio socioeducacional assinado entre a prefeitura de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, e a multinacional dinamarquesa Novozymes, em agosto de 2009, já começou a dar frutos. A fase inicial da parceria público-privada, chamada de Biotecnologia para a Sustentabilidade vai à Escola, beneficiou quinhentos estudantes de sete escolas municipais no ensino fundamental, introduzindo noções básicas de uma tecnologia ambientalmente amigável utilizada no dia a dia. 
A Novozymes, empresa da área de bioinovação e fornecedora de 47% das enzimas industriais utilizadas no mundo, promoveu a formação de 55 professores da rede municipal de educação, que incorporaram os conhecimentos à disciplina de ciências. Depois de quatro meses de aulas os alunos apresentaram os resultados do aprendizado em mostras de ciências, observando os processos biotecnológicos que ocorrem no preparo e conservação dos alimentos.
Agora os principais trabalhos dos estudantes estão participando de duas feiras de ciências em Araucária. Pela primeira vez uma empresa privada e as escolas da cidade unem-se com o objetivo de elevar o nível do ensino fundamental na disciplina de ciências.
Para o professor da Escola Municipal Aleixo Grebos, Genésio Rocha, os resultados foram além das expectativas. "Alguns alunos ultrapassaram o que esperávamos, trazendo novas propostas para a sala de aula", disse Rocha. A secretária municipal de educação de Araucária, Maria José Dietrich, afirmou que a qualidade do ensino melhorou. "Despertamos o entusiasmo dos professores com a formação voltada para esse projeto. Nas apresentações dos alunos é possível notar o êxito do aprendizado através da convicção deles ao explicar as teorias e práticas nas mostras de ciências", disse.
O projeto ainda deve ser estendido a outras 12 escolas de Araucária, município com 118 mil habitantes. “Muito me alegra saber que uma ação simples para uma empresa possa trazer tantos e importantes benefícios para o ensino fundamental, além do conhecimento que se estende a toda a comunidade local", disse o presidente da Novozymes Latin America, Pedro Luiz Fernandes.
De acordo com a diretora do departamento de ensino fundamental da Secretaria de Educação de Araucária, Arlete Ribeiro Lopes, a avaliação por meio de notas não é o mais importante no momento. "Percebemos que houve interesse pelo tema e uma apropriação do conhecimento, com um bom envolvimento das escolas que decidiram autonomamente participar do programa", esclareceu. "Houve um aspecto muito positivo que foi o apoio da iniciativa privada na formação dos professores e fornecimento do material didático. Mas entendemos também que é preciso investir mais na formação dos professores e promover o mesmo tipo de projeto em todas as disciplinas", observou Arlete.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

PROJETO COMBATE DEFASAGEM ESCOLAR NA REDE PÚBLICA
24/11/2010
''Autonomia Carioca'' promove nivelamento de alunos através da aceleração dos estudos
Fonte: O Globo (RJ)

O drama de alunos que apresentam defasagem idade-série deve acabar. Pelo menos, é o que propõe o "Autonomia Carioca", projeto da Secretaria municipal de Educação em parceria com a Fundação Roberto Marinho, que promove o nivelamento de alunos através da aceleração dos estudos. Ontem cerca de oito mil alunos, que concluíram o ensino fundamental no 1º ano do projeto, receberam seus diplomas e comemoraram o resultado na Festa do Conhecimento, no Marcanãzinho.

O método utilizado é diferente do ensino tradicional. Além de dinâmicas, os alunos aprendem o conteúdo em telessalas. No início, Matheus Alves, de 15 anos, da Escola Municipal Levy Miranda, na Pavuna, resistiu ao projeto, mas mudou de ideia:
- Aprendemos brincando com dinâmicas e apresentação de vídeos.

sábado, 20 de novembro de 2010

Aluno da rede estadual de SP fica até 6 meses sem professor
20/11/2010
 
 
DE SÃO PAULO
A professora de português de Lia, 13, na Joaquim Leme do Prado, zona norte de São Paulo, está de licença há três meses e nenhum outro docente a substituiu. Apesar de boa aluna, ela não soube responder a parte das questões de português do Saresp (que avalia o aprendizado anual de alunos da rede paulista).
 
E não foi por falta de estudo. "Foi por falta de professor", diz Cléo, 33, mãe dela. A Folha escutou relato semelhante em outras 11 escolas, de todas as regiões da cidade e da Grande SP. Em algumas, os estudantes chegaram a ficar até seis meses sem uma determinada disciplina.
 
A informação é dos repórteres Talita Bedinelli e Raphael Marchiori publicada na edição deste sábado da Folha (íntegra do texto está disponível para assinantes do jornal e do UOL).
 
A falta de professores é consequência de uma lei estadual, de 2009, que determina que funcionários contratados sem concurso podem trabalhar por no máximo um ano. Depois, eles devem ficar afastados por 200 dias para evitar vínculo empregatício.
 
Por isso, poucos professores não estáveis (cerca de 10% da categoria) aceitam cobrir licenças temporárias. Preferem esperar por vagas com mais tempo de trabalho ou até desistem da profissão.

A situação deve piorar no próximo ano, pois os professores que deram aula neste ano terão que se afastar até o início do segundo semestre.
 
OUTRO LADO
A Secretaria da Educação reconheceu que a lei que determina o intervalo de 200 dias aos professores causou um "entrave" nas escolas. Por isso, o órgão afirma que enviará até o final do ano um novo projeto de lei que altere a necessidade desse período de afastamento.
 
Nem o secretário nem a assessoria de imprensa do órgão deram mais detalhes sobre a mudança na legislação.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

IMAGEM EM PROVA ESCANDALIZA ESCOLAS
19/11/2010
 
Prova elaborada pela Secretaria de Educação de Curitiba causa polêmica entre pais e professores
Fonte: Gazeta do Povo (PR)
 
Fonte:http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/11793/imagem-em-prova-escandaliza-escola

Uma prova da disciplina de Geografia elaborada pela Secretaria de Educação de Curitiba (SME) para alunos do 1.º ano do Ensino Fundamental causou polêmica entre professores e pais de estudantes. Uma das questões da avaliação, aplicada na semana retrasada em mais de 170 Escolas, traz uma imagem de conotação sexual, considerada inapropriada para a faixa etária das crianças, em média de 6 anos de idade. Na semana passada, professores comunicaram o fato à secretaria e ao Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sism mac). A prova foi recolhida na última terça-feira. 
 
Para a professora Maira Beloto de Camargo, diretora do Sismmac, o episódio deixa clara a falta de cuidado da SME com a elaboração e a revisão da prova, já que, ao que tudo indica, a imagem foi retirada de um site na internet e reproduzida sem um processo de checagem antes de a prova chegar aos alunos. “Deve ria ter um critério de revisão mais eficiente por parte da secretaria, já que é ela que elabora a prova. Isso demonstra um descaso com o conteúdo e elaboração das questões”, disse Maira. professores ficam sem substitutos Outro lado 

Secretaria exonera responsável
A chefe da Superintendência de Gestão Educacional da Secretaria Municipal da Educaçãode Curitiba, Meroujy Giacomassi Cavet, afirmou que será aberto um processo administrativo para apurar as circunstâncias do uso da imagem. Ela negou que a exoneração da chefe do Departamento de ensino fundamental, Nara Salamunes, responsável pela avaliação, tenha relação com o episódio. “Posso garantir que foi uma coincidência”, disse. Nara foi exonerada ontem.
 
Meroujy disse não acreditar que a imagem tenha sido compreendida pelas crianças. “Lamentamos muito esse equívoco e pedimos desculpas à comunidade Escolar. O erro é pequeno, mas grave.” Ela disse que a prova não serve para ranquear as Escolas, mas para dar subsídios a fim aprimorar a Educação. “Ela não serve nem para aprovar, nem para reprovar”. 
 
A avaliação é aplicada semestralmente pela prefeitura como forma de avaliar o desempenho de Escolas, alunos e professores e é direcionada a todas as turmas, do primeiro ao 9.º ano, abrangendo todas as disciplinas. Na opinião de Maira, a preocupação da secretaria em avaliar o ensino a cada seis meses tem como único objetivo promover o ranqueamento dasEscolas, o que acaba contribuindo para erros como esse. “São muitas avaliações e isso compromete a qualidade. A preocupação não é com o conteú do, com o ensino, apenas com os resultados”, acusa.

Sem autonomia
A professora Ângela Maria de Castro, que atua na Escola Municipal Maria Neide Gabardo Betiatto, no bairro Umbará, conta que os alunos não entenderam o significado da imagem, apenas perguntaram aos professores “por que a galinha estava cortada e com os olhos esbugalhados”. Para ela, no entanto, isso não minimiza o problema. “É um erro gravíssimo. Serve de alerta para a forma como essa avaliação está sendo conduzida. No caso, foi aplicada a alunos do 1.º ano, mas poderia ter ocorrido com alunos de outras séries”.

De acordo com Ângela, a prova, da forma como é conduzida hoje, fere a autonomia das Escolas e compromete o planejamento Escolar, já que o exame é elaborado por uma equipe de dentro da própria secretaria e aplicado de maneira uniforme em toda a rede. “O planejamento é posto em segundo plano, pois o professor só pensa na prova, em se sair bem, em tirar uma boa nota. Há também muita competitividade entre as Escolas, os alunos chegam a ficar estressados. Não acho que a prova deveria acabar, mas sim que ela servisse como um meio, não como um fim”.
Falta ousadia para o Sistema Articulado estar totalmente em vigor, diz representante do MEC
19/11/10


Para que o Sistema Nacional Articulado de Educação esteja totalmente em vigor, falta ousadia. A opinião é do representante de São Paulo do Ministério da Educação (MEC), João Nelson dos Santos. “As bases estão dadas, há recursos e há novas metodologias. Nós, os gestores públicos, precisamos ser mais ousados”, disse.
Em entrevista ao Portal Aprendiz, nesta quinta-feira (18/11), após sua participação no Seminário “Um Município para as Crianças”, ocorrido em São Paulo (SP), Santos destacou que a construção do Sistema Articulado está no ponto das conversas, mas que ações conjuntas já vêm sendo desenvolvidas.
Realizar a implantação do sistema na educação, para maior parceria entre os entes federal, estadual e municipal, foi uma das promessas da presidente eleita Dilma Rousseff apresentada em seu plano de governo durante a campanha 2010. A proposta já foi defendida por educadores na Conferência Nacional de Educação (Conae), que aconteceu no início do ano.
Portal Aprendiz – Quando o Sistema Nacional Articulado de Educação entrará em vigor?
João Nelson dos Santos – Temos a ideia de que ele já está funcionando. Há ações acontecendo neste sentido. Por exemplo, a assistência técnica feita no nível federal ou o repasse de recurso voluntário por meio do PAR [Plano de Ações Articuladas] aos municípios. Vivemos um momento democrático e o sistema não acontece através de um manual. A colaboração está prevista em lei, mas quando chega à realidade são necessárias conversas entre os entes federados.
 
Aprendiz – Com a atuação conjunta das três esferas do governo, quais serão os avanços para o setor educacional?
Santos – Penso que trará bastante avanço, apesar de que quando se constrói um sistema, é possível que falhe em alguns pontos. No caso do Sistema Articulado de Educação, o que tem acontecido de positivo por iniciativa dos governos federal, estadual e municipal é, por exemplo, a criação de inúmeros conselhos. A ideia é de participação da sociedade civil e também da família na escola, o que pode colaborar para uma melhoria.
 
Aprendiz – Você já havia dito que os conselhos poderiam ajudar a conter os problemas de corrupção.
Santos – Isso, interromper ou mesmo dificultar. A corrupção é inerente a todos os países e governos. Não estou dizendo que está acontecendo, mas em um país grande como o nosso, é necessário que haja conselhos municipais. O MEC passa o recurso do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] para a prefeitura, e também recursos voluntários de outros programas. É preciso fiscalizar para onde está indo o dinheiro. Agora, o conselho tem que ser independente. Há conselhos que são nomeados, sabemos disso, mas isto vai mudar.
Aprendiz – Como estão as conversas para a real efetivação do Sistema Articulado?
Santos – Estamos neste ponto, o das conversas. A construção é sempre a história de colocar mais um tijolinho. No caso de São Paulo, o governo do estado fez a adesão a vários programas do MEC no último ano. A conversa nesse sentido é política, até porque o governo do estado tinha outras ideias.
Aprendiz – Há prazos para que o sistema esteja totalmente em vigor?
Santos  O prazo é hoje, porque o país está mudando rapidamente, a educação tem que ser modificada também. Está faltando um pouco de ousadia. As bases estão dadas, há recursos e há novas metodologias. Nós, os gestores públicos, precisamos ser mais ousados. Alguns têm medo de agir e fazer algo. Temos um país crescendo, com jovens querendo oportunidade, cabem aqueles que estão na educação abrir esta oportunidade. Não se pode ficar na mesmice.
 
Aprendiz – Quais são as dificuldades que impedem esta ousadia?
Santos – Primeiro a formação de professores, temos educadores que não tem licenciatura. Depois, equipamentos tecnológicos que precisam estar cada vez mais à mão do aluno. Alguns gestores são resistentes a entregar isso para os estudantes. A ousadia, por exemplo, vem assim, dentro e fora da sala de aula. Também, o professor precisa ser mais bem pago para ser ousado. Mesmo na gestão, ainda temos que avançar.
 
Aprendiz – O MEC fará a gestão do Sistema Articulado?
Santos – Mais ou menos. A gestão é compartilhada, cada um faz sua parte. O MEC na parte de recurso e de assessoria técnica. Até quando chegar lá na ponta, o professor também vai compartilhar com o aluno.
 
Aprendiz – Como a sociedade civil pode atuar nesse processo de construção do sistema?
Santos – Tivemos grande avanço quando surgiu o movimento Todos Pela Educação, pois resultou no PAR, que é um instrumento de gestão para saber o que a cidade precisa. Isto começou na sociedade civil. As ONGs também têm papel interessante. Precisamos das pessoas falando.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Oferta vai subir para 15 mil escolas e 3 milhões de alunos
Quinta-feira, 18 de novembro de 2010 - 13:36

O Ministério da Educação anunciou nesta quinta-feira, 18, que vai ampliar no próximo ano a oferta de educação integral em escolas públicas da educação básica. O número passará das atuais dez mil escolas e 2,2 milhões de estudantes para 15 mil unidades de ensino e três milhões de alunos.

Para confirmar a participação e receber recursos do MEC em 2011, as escolas pré-selecionadas para ingresso no programa Mais Educação e aquelas que nele já estão precisam informar o número de estudantes a serem atendidos. Os dados devem ser incluídos no Sistema de Informações Integradas de Planejamento, Orçamento e Finanças do MEC (Simec) — a escola tem acesso com uso de senha. O Simec já está aberto para receber os dados.

De acordo com a diretora de educação integral, direitos humanos e cidadania da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), Jaqueline Moll, a ampliação da educação integral abrangerá em escolas que aderiram ao Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE-Escola), estejam situadas em municípios com mais de 18 mil habitantes e que registraram baixos índices de desenvolvimento da educação básica (Ideb) em 2009. No caso do Ideb, os índices são de até 3,8 pontos nos anos iniciais do ensino fundamental e 4,2 nos anos finais — a escala vai até dez pontos. 

Para que o número de escolas e o de estudantes sejam alcançados em 2011, a Secad selecionou 1.499 municípios e 6.003 escolas com baixa avaliação no Ideb. O objetivo, explica Jaqueline, é ter 1.484 cidades no programa e atender cinco mil novas escolas. Se isso ocorrer, as metas de 15 mil escolas e três milhões de alunos serão alcançadas.

Recursos — O investimento do MEC no programa também vai aumentar dos atuais R$ 387 milhões para R$ 600 milhões em 2011. A transferência de recursos é feita pelo PDDE-Escola. O dinheiro entra na conta da escola em cota única para uso na aquisição de material, custeio de atividades e pagamento de transporte e alimentação de monitores.

Em 2010, segundo Jaqueline, o Mais Educação habilitou dez mil escolas, das quais 9.120 receberam recursos. As restantes precisam prestar contas da aplicação do dinheiro transferido em 2009 para ter direito à parcela deste ano. Em média, cada escola recebe R$ 37 mil para aplicar nos dez meses letivos.

Criado em 2007, o Mais Educação começou efetivamente no ano seguinte. No período 2008-2010, passou de 386 mil para 2,2 milhões de estudantes, conforme o quadro:
Ano
Escolas
Estudantes
Municípios
2008
1.380
317.000
56
2009
5.003
1.100.000
129
2010
10.035
2.200.000
398
2011
15.000
3.000.000
1.484
 
Mais informações na página eletrônica da Secad 
Ionice Lorenzoni

terça-feira, 16 de novembro de 2010

GASTO COM EDUCAÇÃO SE DESTACA NO CUSTEIO
16/11/2010

De janeiro a setembro, o custeio da área de educação cresceu 35,4%
Fonte: Valor Econômico (SP)


Fabiano Cerchiari/Valor
Fernando Montero, da Convenção: alta forte das despesas de custeio evidencia empenho do governo em gastar
 
Os gastos de custeio do governo federal cresceram, de janeiro a setembro, 21,6% em relação ao mesmo período do ano passado, um ritmo bem mais forte que o registrado pelos dois outros grandes grupos de despesas correntes. Os dispêndios com aposentadorias subiram 13,6% e os com pessoal, 9,3%, segundo números do Tesouro Nacional. Ao lado dos investimentos, que avançaram 56,6% nos nove primeiros meses de 2010, as despesas de custeio são aquelas sobre as quais o governo têm maior controle. A forte alta desses gastos evidencia a disposição do governo de acelerar as despesas neste ano, já que eles subiram com mais força que as obrigatórias (aposentadorias e pessoal), como observa o economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero. 

Entre as despesas de custeio, destaca-se o forte aumento dos gastos com educação, revelam dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), que permitem uma desagregação maior dos gastos públicos. De janeiro a setembro, o custeio da área de educação cresceu 35,4%, bem mais que os 6,6% da área de saúde e os 22,9% do custeio restrito, os mais ligados à manutenção da máquina pública. Os números foram levantados no Siafi pelo economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 
 
Montero diz que elevar os gastos de custeio exige uma determinação maior do que aumentar despesas com aposentadorias ou pessoal. Para que haja uma alta forte dos benefícios previdenciários, basta um reajuste mais gordo do salário mínimo, por exemplo. No caso de grande parte despesas de custeio, isso não é possível, diz Montero. 
 
O ponto é que não há como fazê-las dar um salto por meio de uma decisão isolada, como o já citado aumento do salário mínimo ou um reajuste expressivo para o funcionalismo. Para ele, o fato de 2010 ser um ano eleitoral ajuda a explicar esse comportamento dos gastos de custeio, que já haviam subido com força no ano passado - 20,6% no acumulado de janeiro a setembro de 2009 sobre igual intervalo do ano anterior. 
 
Entre os gastos de custeio da área de educação, o governo federal destinou, de janeiro a setembro, R$ 2,106 bilhões para o programa Apoio à Alimentação Escolar na educaçãoBásica, 54% a mais do que no mesmo período do ano passado. Foi o segundo programa que mais consumiu recursos de custeio no setor, atrás apenas da Complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da educação Básica (Fundeb), que ficou com R$ 4,396 bilhões nos nove primeiros meses do ano, um valor elevado, mas apenas 4,6% a mais que em igual intervalo de 2009. A ação Dinheiro Direto na Escola para a Edução Básica, por sua vez, recebeu R$ 693 milhões de janeiro a setembro, 38% acima do que foi gasto no mesmo período do ano passado. 
 
No levantamento de Almeida também chama a atenção a alta de quase 23% das despesas com o custeio restrito, que atingiram R$ 57,442 bilhões nos nove primeiros meses de 2010. Um dos aumentos mais significativos do período, de 44%, foi do item material de consumo, que consumiu R$ 7,575 bilhões. 
 
Para cumprir a meta de superávit primário de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 sem recorrer a medidas como o desconto de gastos com investimentos, como têm indicado os assessores econômicos de Dilma Rousseff (PT), um caminho é pelo menos desacelerar o ritmo de expansão dos gastos de custeio, dizem Montero e Almeida. Se o governo concordar com um aumento expressivo para o salário mínimo a partir do ano que vem, a contenção dessas despesas terá de ser mais forte para que a meta fiscal seja cumprida. 
 
O economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria Integrada, acredita que haverá alguma recuperação do esforço fiscal "puro", "com a continuidade do crescimento das receitas e algum ajuste no gasto". Ainda assim, acha difícil o cumprimento da meta de 3,3% do PIB em 2011 para o superávit primário (a diferença entre receitas e despesas, sem considerar pagamento de juros). Salto projeta um superávit "puro" de 2,8% do PIB no ano que vem, sem abatimentos ou artifícios contábeis, um pouco acima dos 2,4% do PIB previstos para este ano (número que não inclui medidas como o aumento de receitas para o governo federal proporcionado pela operação de capitalização da Petrobras). 
 
Salto observa que os chamados outros gastos de custeio ainda são muito superiores às despesas com investimento, mesmo depois do esforço do governo federal em acelerar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Nos 12 meses até setembro, os gastos de custeio equivaleram a 3,54% do PIB, bem acima do 1,33% do PIB do investimento, na mesma base de comparação", diz ele, lembrando ainda que o custeio não inclui os dispêndios com pessoal, que consomem 4,7% do PIB.