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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Bancada do PSOL articula resistência contra projeto de ‘escola sem partido’

Proposta, apoiada pelo prefeito eleito, já tramita na Câmara de Vereadores
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Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/bancada-do-psol-articula-resistencia-contra-projeto-de-escola-sem-partido-20403320#ixzz4Oy8GqEfS
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O Enem e as escolas ocupadas

O adiamento do exame do MEC para mais de 191 mil estudantes acarretará em um custo adicional de R$ 12 milhões para os cofres público


Mendonça Filho: ‘Politizar o Enem foi desrespeitoso com milhões de jovens’

Josias de Souza


O ministro Mendonça Filho (Educação) declara-se convencido de que o movimento de ocupação de escolas por estudantes tem contornos partidários. “É evidente que setores ligados ao PT, ao PCdoB e ao PSOL estão instrumentalizando essa mobilização junto com os sindicatos”, disse Mendonça ao blog. “Imaginaram que colocariam em cheque o Enem, algo que vai muito além de qualquer governo. Politizar o Enem foi desrespeitoso com milhões de jovens. Desrespeitaram o sonho da juventude de ter acesso à universidade. Isso é um absurdo.”
As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ocorrerão neste sábado (5) e no domingo (6). Entretanto, graças à ocupação das escolas, 191 mil dos 8,6 milhões de alunos inscritos terão de fazer as provas no mês que vem, nos dias 3 e 4 de dezembro. “Nós fixamos um prazo. Dissemos que esperaríamos pela desocupação até as 23 horas e 59 minutos do dia 31 de outubro. Imaginaram que o governo fosse adiar esse prazo. Mas estávamos decididos. Ponto final. Acabou o prazo.”
Nesta quarta-feira, o procurador da República Oscar Costa Filho protocolou na 8ª Vara Federal do Ceará uma ação em que pede a suspensão das provas marcadas para este final de semana. Sustenta que a realização do Enem em datas diferentes viola o princípio da isonomia, já que os alunos terão de fazer redações sobre temas distintos. O ministro afirma que o argumento do procurador é “improcedente.” Por quê? “As provas do Enem têm uma equivalência.”
Mendonça Filho acrescentou: “Ninguém está reinventando a roda. Nós já fazemos duas provas por ano —uma geral e outra para o sistema carcerário. A diferença é que neste ano faremos três provas. O que também não é inédito. No ano passado, em função de enchentes ocorridas em determinadas localidades, foi necessário realizar três provas.” O ministro afirmou que não vai polemizar com o procurador cearense: “Quem vai cuidar disso é a AGU (Advocacia-Geral da União). Estamos confiantes de que não haverá problemas.”
Para o ministro, a estratégia adotada pelo governo para lidar com a encrenca das ocupações de escolas revelou-se “correta”. Foi definida há mais de duas semanas, numa conversa de Mendonça Filho com Michel Temer. “Eu disse ao presidente que não podíamos adotar nenhuma saída que significasse o uso da força. Não me oponho a que o Estado utilize a força quando necessário, mas jamais colocando em risco a integridade física de jovens estudantes.”
“Preferimos adotamos a estratégia da prova em dias diferentes”, prosseguiu Mendonça Filho. “Chegamos a ter mais de mil escolas ocupadas. Reduzimos para 300 —sem nenhum esforço repressivo, só na base do convencimento e na pressão da própria opinião pública. Imagine o que ocorreria se o Ministério da Educação resolvesse bancar uma operação repressiva em 20 Estados, nos 300 espaços públicos que ainda estão ocupados. Seria um desastre, uma grande confusão, com o risco enorme de termos um banho de sangue.”
O repórter quis saber a opinião do ministro sobre o modo como as autoridades estão lidando com a desocupação nos Estados. “Eu não serei um censor crítico de autoridades judiciais e do Ministério Público. Cada um atua de acordo com a lei e a Constituição. É o que espero como cidadão.”
Em proposta intermediada pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), os partidos que se opõem à reforma do ensino médio sugeriram a Mendonça Filho que o governo desistisse da medida provisória que enviou ao Congresso e tratasse da matéria por meio de projeto de lei. O ministro não topou.
“Estou certo de que a reforma do ensino médio reúne os pressupostos constitucionais para figurar numa medida provisória: urgência e relevância. Qualquer matéria relacionada à área educacional é relevante. E a urgência da reforma está estampada no desempenho precário dos alunos.''
Mendonça afirmou que a medida provisória não inibe o debate. A comissão especial que analisa a reforma, composta de senadores e deputados, marcou audiências públicas para ouvir 53 pessoas. “São pessoas do mais variado espectro ideológico —educadores, acadêmicos. Será um debate bem amplo.
O próprio ministro, que é deputado federal licenciado, eleito pelo DEM de Pernambuco, se ofereceu ao correligionário Rodrigo Maia para comparecer ao plenário da Câmara. “Eu me disponho a passar o dia discutindo o assunto com os deputados numa comissão geral”, disse.
O titular da pasta da Educação disse respeitar a opinião de todos. “PT, PCdoB e PSOL têm toda a liberdade para atuar politicamente, desde que elevem o debate. O que não parece razoável é usar entidades sindicais como escudo para instrumentalizar estudantes e transformar o debate num ringue de quinta categoria. A grande maioria anseia pelo respeito à autonomia dos jovens, currículo menos exaustivo e mais espaço para que o estudante defina sua trilha de formação a partir da sua vocação e da sua vontade pessoal. Esse é o debate.”
De resto, o ministro disse respeitar também “o direito democrático dos estudantes de protestar, desde que o exercício do protesto não fira o direito que a maioria dos estudantes tem de estudar. Isso sem mencionar o direito constitucional mais elementar de ir e vir.” Mendonça Filho concluiu: “De minha parte, continuarei me valendo da arma de que disponho: o convencimento. Vejo que as críticas à PEC 241 [que institui o teto dos gastos públicos federais] e à reforma do ensino médio são inconsistentes. Todos estão convidados a participar do debate.”

domingo, 30 de outubro de 2016

Reforma causa dúvida sobre escolha precoce de área

Alunos e especialistas veem com preocupação exigência de estudantes optarem por um caminho ainda tão novos

Luciana Alvarez, especial para o Estado,
O Estado de S.Paulo
30 Outubro 2016 | 07h00 

sábado, 29 de outubro de 2016

Aulas públicas, debates e ações culturais marcam dia a dia de ocupações

De acordo com União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), número de ocupações contra PEC 55 e MP 746 chega a 1.177 em todo o país
 
por Redação RBA publicado 29/10/2016 14:14, última modificação 29/10/2016 14:15 
 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Escola sem ideias?

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudia-costin/2016/10/1827034-escola-sem-ideias.shtml

Manifestantes e MBL tentam desocupar escola no Paraná

MARTHA ALVES

Manifestantes e integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre) contrários às ocupações de escolas tentaram retirar estudantes do Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa, em Curitiba (PR), na noite desta quinta-feira (27). A ação durou cerca de duas horas.
Os estudantes são contra a reforma da educação anunciada no último dia 22 pelo governo federal. O novo modelo será focado em especialização, com a flexibilização de disciplinas e o incentivo à expansão do ensino em tempo integral.
Por volta das 21h, ao menos cem pessoas forçaram a entrada no colégio, no bairro Água Verde, de acordo com o advogado Paulo Lenzi, de um grupo de defensores das ocupações. Ele disse que parte do grupo arrombou um portão e o restante entrou no local com ajuda do diretor da escola.
O advogado disse que integrantes do MBL tentaram depredar o colégio e arrombaram o portão que dá acesso à escola, onde estacionaram um carro com equipamento de som. A Polícia Militar forçou a retirada do grupo e do carro do estacionamento da escola.
"Foi bem violento, a gente teve sorte que a Polícia Militar chegou", disse Lenzi.
Para evitar nova tentativa de invasão do colégio, os policiais fizeram um cordão de isolamento dentro e fora da escola. Por volta da 1h desta sexta (28), os PMs ainda permaneciam no local.
TENSÃO
Na última terça (25), a Folha acompanhou um protesto contrário às ocupações. Cerca de 40 pais e alunos seguravam faixas, apitavam e gritavam "O colégio é nosso" em frente ao Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa. Motoristas buzinavam em apoio.
"A ocupação não deveria acontecer nessa hora. Não foi uma decisão democrática", diz a aluna Fernanda Stall, 16, no terceiro ano do ensino médio. "Eu também sou contra a reforma, mas a gente quer aula", afirma a jovem.
"Eu tenho medo do abandono a que os estudantes estão relegados", comenta o empresário Jesiel Santos, pai de dois alunos de 11 anos.
Eles se queixam de que a decisão da ocupação foi tomada às pressas, e só quem é favorável a ela pode entrar na escola. "Eles até se dispõem ao diálogo, mas dizem que a decisão agora é do grupo", diz o diretor Jailson da Silva Neco.
Do lado de dentro, cerca de 20 estudantes ocupavam o colégio. Reclamavam de xingamentos, ameaças e agressões. Fios elétricos foram cortados na tentativa de apagar a luz.
Em alguns minutos, ouviu-se um barulho no portão: com chutes, um aluno tentava forçar a entrada. "Prepara a barricada", disse uma estudante. Um deles reforçou o portão com um pedaço de pau. Outra colocou um engradado como apoio.
No lado de fora, parte dos manifestantes começou a espalmar o portão, fazendo barulho. Uma mãe gritou: "Estão com medo, vagabundos?". Os outros pediam: "Desocupa! Queremos aula!".
Dois policiais militares olhavam de longe. À Folha disseram que eram orientados a só interferir em caso de depredação do patrimônio público. O tumulto parou em alguns minutos, por intervenção de parte dos manifestantes.
A Secretaria da Segurança informou que tem desestimulado o confronto e que o governo está, desde o início, aberto ao diálogo. "Não podemos fazer valer nossas convicções com o uso da força", disse o secretário Wagner Mesquita, para quem a reintegração de posse dos colégios é "a última alternativa".
Para o movimento Ocupa Paraná, há uma tentativa de criminalizar as ocupações, inclusive a partir da morte do estudante Lucas Mota, na segunda (24). "A resolução deste conflito não está na violência e na truculência, e sim no diálogo", disse o grupo, em nota.
Os estudantes dizem que só saem dos colégios se o governo federal retirar a medida provisória que trata da reforma do ensino médio.

Novas escolas são ocupadas no interior






GAZETA DE ALAGOAS
MACEIÓ, SEXTA-FEIRA      EDIÇÃO DE 28 DE OUTUBRO DE 2016   
 
Movimentos estudantis ocuparam novas instituições de ensino, ontem, em Alagoas. Desta vez, foram o campus Batalha do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e a Escola Estadual Manoel Leandro de Lira, no município de Feira Grande.

De acordo com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), 19 unidades de ensino já foram ocupadas no estado. O movimento inclui na lista também a Escola Estadual Manoel André, em Arapiraca. A Secretaria de Estado da Educação (Seduc), no entanto, nega a informação.

O diretor do campus Batalha do Ifal, Marcos Serafim, diz que a ocupação é pacífica e começou na manhã de ontem. “Os alunos realizaram uma reunião pela manhã, com os pais e a direção e definiram como iria funcionar a ocupação”, diz o diretor.

A estudante Vitória dos Anjos, que participa da ocupação, afirma que cerca de 60 estudantes irão dormir no local. “Estamos nos organizando para realizar várias atividades. Hoje [ontem] mesmo iremos às ruas, com cartazes e faixas, para fazer uma manifestação e mostrar à comunidade o que está sendo feito com a educação no país”, afirma.

Em Feira Grande, a Ubes informa que a ocupação começou na tarde de ontem. Vários estudantes estão no local, e na fachada da unidade foi colocada uma faixa com a palavra “ocupado”. A Seduc confirma a informação.

Matéria completa nas bancas ou

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

'Não ocupamos por bagunça, mas porque acreditamos no futuro do Brasil'

 Secundarista do Paraná vai ao plenário da Assembleia Legislativa e convida deputados a conhecer ocupações. Brasil soma hoje 1.154 escolas ocupadas contra medidas propostas por Temer
 
por Redação da RBA publicado 26/10/2016 20:06, última modificação 27/10/2016 11:20 
 

Educação Física amplia repertório cultural do jovem

Especialista explica como o papel da disciplina, eliminada do Ensino Médio, vai muito além de vender um estilo de vida saudável e da espetacularização do esporte


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

"Contra tendência, jovem deixa carreira de engenheiro e vira professor"

Fonte: G1
14 de outubro de 2016

Marco Angioluci, de 25 anos, celebra Dia do Professor empreendendo. Falhas na formação do ensino médio são alvo de 'startup' de ex-bolsista do Ismart.


Ex bolsista de um projeto que apóia jovens talentos, Marco Aurélio Angioluci, de 25 anos, deixou de seguir carreira na área de engenharia, para a qual estudava na Universidade de São Paulo (USP), para lançar-se em um projeto de vida: ensinar matemática, da tabuada às mais complicadas equações, a estudantes de colégios, cursinhos e universidades que têm dificuldade com os números.
Neste 15 de outubro, Dia do Professor, Marco e seus colegas de trabalho no cursinho-escola que fundou esperam que a iniciativa ajude a formar uma nova geração de jovens, que enxerguem a matemática como algo mais leve, simples e atrelado ao cotidiano.
"Ser professor deveria ser muito mais alguém formador de habilidades e capacidades do que um transmissor de conteúdo. Para mim, é uma oportunidade de formar gente melhor que eu.”
Para isso, Marco aposta em retomar, nas duas salas que seu recém-criado cursinho-escola ocupa, em um prédio comercial da Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, o ensino de matemática em sua raiz, tentando recuperar déficits de aprendizado adquiridos no colégio e combatendo vícios de estudo, como a pressa dos vestibulandos ou eventuais acomodações.
"O aluno precisa ter o pensamento correto. O aluno não tem que saber resolver um problema em três minutos, ele tem de ter a capacidade e resiliência de ficar três horas em um problema, se for necessário"
“O aluno precisa ter o pensamento correto", diz o professor. "O aluno não tem que saber resolver um problema em três minutos, ele tem de ter a capacidade e resiliência de ficar três horas em um problema, se for necessário", adiciona.
Essa visão vem da história acadêmica de Marco. Aluno de escola pública na infância, ganhou uma bolsa de estudos por meio do Ismart e pôde concluir o Ensino Médio no Colégio Bandeirantes, tradicional escola particular da capital paulista.
A transição chamou a atenção do então estudante não só pela diferença na qualidade de conteúdo: “era muito mais puxada”, ele recorda. Mas também pelos problemas vistos na rede pública, na qual avalia sem vaciliar que “o ensino era muito defasado”.
Morador de Cajamar, na Grande São Paulo, Marco acordava todos os dias às 4h da manhã para chegar ao colégio a tempo da primeira aula. "Eu chegava em casa era 19h30 da noite. Era puxado, mas eu gostava. Era o famoso nerd", brinca. O esforço deu retorno: Marco foi de primeiro aluno em sua turma na escola pública para primeiro aluno em sua turma no Bandeirantes, e saiu do colégio direto para o curso de Engenharia Mecânica, na USP.
Na universidade, o então estudante passou a envolver-se com ONGs, dar mais e mais aulas particulares de matemática (atividade que ele exerce há mais de nove anos), e a amadurecer o sonho de empreender na área da educação. Deixou a universidade e acreditou que havia chegado o momento de tirá-lo do papel. Depois de alguns empréstimos bancários e feitos por amigos, nasceu o Desempenho Máximo.
Hoje já em sua oitava turma, o cursinho-escola ainda enfrenta dificuldades próprias de todo negócio recém-criado. Com uma equipe de cinco pessoas, Marco divide sua responsabilidade de gestor, principalmente, com seu sócio e colega professor, Felipe Müller, de 20 anos.
"Minha missão é passar matemática de uma forma que não foi passada para mim", diz Felipe. "A gente quer ouvir o que eles têm para falar, a gente quer deixar que eles falem também, quer poder desenvolver outras habilidades emocionais, enfim".

'Prefiro sair do meu cursinho e vir para cá'

De acordo com o estudante Yohannes Nunomura, de 20 anos, foi essa preocupação com o aspecto humano do ensino que o fez passar a estudar matemática com Felipe, na Desempenho. Em seu terceiro ano de cursinho pré-vestibular, ele conjuga aulas nos dois lugares e crava, sem rodeios: "eu prefiro sair do meu cursinho e vir para cá, porque eu sei que aqui eu vou aprender muito mais".
Yohannes se lembra de uma vez em que, depois de tentar diversas vezes a resolução de um problema, voltou para casa frustrado só para encontrar uma mensagem de Felipe no celular. "Ela dizia: 'cara, não desanima, tem uns conteúdos que a gente pega fácil, tem outros que não'. Eu nunca tinha tido isso, um professor que realmente se importasse", disse.
Para Marco, isso se dá por diversos problemas culturais do sistema de ensino brasileiro, da falta de motivação e preparo de muitos professores, à falta de reconhecimento e incentivo de esforço dados aos alunos. Sobre possíveis alternativas ao modelo atual, como a reforma no Ensino Médio proposta pelo governo federal, ele não se anima.
“Eu não acho que uma medida provisória vai transformar a forma como o professor aqui do colégio dá aula há 30 anos", afirma.

"Contra tendência, jovem deixa carreira de engenheiro e vira professor"

Fonte: G1
14 de outubro de 2016

Marco Angioluci, de 25 anos, celebra Dia do Professor empreendendo. Falhas na formação do ensino médio são alvo de 'startup' de ex-bolsista do Ismart.


Ex bolsista de um projeto que apóia jovens talentos, Marco Aurélio Angioluci, de 25 anos, deixou de seguir carreira na área de engenharia, para a qual estudava na Universidade de São Paulo (USP), para lançar-se em um projeto de vida: ensinar matemática, da tabuada às mais complicadas equações, a estudantes de colégios, cursinhos e universidades que têm dificuldade com os números.
Neste 15 de outubro, Dia do Professor, Marco e seus colegas de trabalho no cursinho-escola que fundou esperam que a iniciativa ajude a formar uma nova geração de jovens, que enxerguem a matemática como algo mais leve, simples e atrelado ao cotidiano.
"Ser professor deveria ser muito mais alguém formador de habilidades e capacidades do que um transmissor de conteúdo. Para mim, é uma oportunidade de formar gente melhor que eu.”
Para isso, Marco aposta em retomar, nas duas salas que seu recém-criado cursinho-escola ocupa, em um prédio comercial da Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, o ensino de matemática em sua raiz, tentando recuperar déficits de aprendizado adquiridos no colégio e combatendo vícios de estudo, como a pressa dos vestibulandos ou eventuais acomodações.
"O aluno precisa ter o pensamento correto. O aluno não tem que saber resolver um problema em três minutos, ele tem de ter a capacidade e resiliência de ficar três horas em um problema, se for necessário"
“O aluno precisa ter o pensamento correto", diz o professor. "O aluno não tem que saber resolver um problema em três minutos, ele tem de ter a capacidade e resiliência de ficar três horas em um problema, se for necessário", adiciona.
Essa visão vem da história acadêmica de Marco. Aluno de escola pública na infância, ganhou uma bolsa de estudos por meio do Ismart e pôde concluir o Ensino Médio no Colégio Bandeirantes, tradicional escola particular da capital paulista.
A transição chamou a atenção do então estudante não só pela diferença na qualidade de conteúdo: “era muito mais puxada”, ele recorda. Mas também pelos problemas vistos na rede pública, na qual avalia sem vaciliar que “o ensino era muito defasado”.
Morador de Cajamar, na Grande São Paulo, Marco acordava todos os dias às 4h da manhã para chegar ao colégio a tempo da primeira aula. "Eu chegava em casa era 19h30 da noite. Era puxado, mas eu gostava. Era o famoso nerd", brinca. O esforço deu retorno: Marco foi de primeiro aluno em sua turma na escola pública para primeiro aluno em sua turma no Bandeirantes, e saiu do colégio direto para o curso de Engenharia Mecânica, na USP.
Na universidade, o então estudante passou a envolver-se com ONGs, dar mais e mais aulas particulares de matemática (atividade que ele exerce há mais de nove anos), e a amadurecer o sonho de empreender na área da educação. Deixou a universidade e acreditou que havia chegado o momento de tirá-lo do papel. Depois de alguns empréstimos bancários e feitos por amigos, nasceu o Desempenho Máximo.
Hoje já em sua oitava turma, o cursinho-escola ainda enfrenta dificuldades próprias de todo negócio recém-criado. Com uma equipe de cinco pessoas, Marco divide sua responsabilidade de gestor, principalmente, com seu sócio e colega professor, Felipe Müller, de 20 anos.
"Minha missão é passar matemática de uma forma que não foi passada para mim", diz Felipe. "A gente quer ouvir o que eles têm para falar, a gente quer deixar que eles falem também, quer poder desenvolver outras habilidades emocionais, enfim".

'Prefiro sair do meu cursinho e vir para cá'

De acordo com o estudante Yohannes Nunomura, de 20 anos, foi essa preocupação com o aspecto humano do ensino que o fez passar a estudar matemática com Felipe, na Desempenho. Em seu terceiro ano de cursinho pré-vestibular, ele conjuga aulas nos dois lugares e crava, sem rodeios: "eu prefiro sair do meu cursinho e vir para cá, porque eu sei que aqui eu vou aprender muito mais".
Yohannes se lembra de uma vez em que, depois de tentar diversas vezes a resolução de um problema, voltou para casa frustrado só para encontrar uma mensagem de Felipe no celular. "Ela dizia: 'cara, não desanima, tem uns conteúdos que a gente pega fácil, tem outros que não'. Eu nunca tinha tido isso, um professor que realmente se importasse", disse.
Para Marco, isso se dá por diversos problemas culturais do sistema de ensino brasileiro, da falta de motivação e preparo de muitos professores, à falta de reconhecimento e incentivo de esforço dados aos alunos. Sobre possíveis alternativas ao modelo atual, como a reforma no Ensino Médio proposta pelo governo federal, ele não se anima.
“Eu não acho que uma medida provisória vai transformar a forma como o professor aqui do colégio dá aula há 30 anos", afirma.

"São Paulo amplia uso da Polícia Militar contra invasão de escola"

Fonte: Estadão
14 de outubro de 2016

Estado usa autotutela de prédios para desocupar colégios sem mandado de reintegração de posse; jovens já tomaram 292 instituições no País

Isabela Palhares e Rene Moreira

A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) tem fechado o cerco para conter protestos de estudantes e evitar nova onda de invasões de escolas no Estado. Nos últimos dias, jovens tomaram quatro colégios e uma diretoria de ensino, mas a Polícia Militar agiu rapidamente para retirá-los do prédio, mesmo sem mandado judicial de reintegração de posse. No País, já são 292 instituições de ensino invadidas, a maior parte no Paraná. Os estudantes protestam contra a PEC 241 e a reforma do ensino médio anunciada pelo governo Michel Temer.
O governo estadual vem usando um parecer, da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), que garante a autotutela dos prédios – o que dispensa, nessa versão, o mandado de reintegração. Em menos de um ano, a gestão Alckmin já viveu duas ondas de ocupações: a primeira, em novembro do ano passado, contra a chamada “reorganização escolar”, e a segunda, em abril, em protesto por merenda.
Na primeira onda de protestos, o governo entrou com ações judiciais pedindo a reintegração de posse e perdeu a maioria. Já na segunda situação, o Estado se valeu da garantia de autotutela, mas após mais de dez dias da invasão das unidades. Agora, a polícia tem agido em no máximo três dias.
Na madrugada desta quinta-feira, 11 pessoas – 6 menores – foram detidas após invadir a Diretoria de Ensino Centro Oeste, na capital. Eles arrombaram um portão e tentavam entrar nas salas quando a polícia chegou e os impediu. Foram levados para o 91.º DP, sob a acusação de dano ao patrimônio público. 
Na manhã desta quinta, a polícia apreendeu ainda 20 estudantes – 14 menores – que invadiram desde terça à noite a Escola Estadual Newton Pimenta Neves, em Campinas. Eles também são acusados de danos – mas as secretarias da Segurança Pública e da Educação não informaram o que foi danificado.
Na terça, a polícia também desocupou duas escolas em Sorocaba e deteve 50 pessoas. Na semana passada, a escola Caetano de Campos, na capital, foi liberada em menos de 24 horas. 
Para a desembargadora Ivana David, deixou-se de tratar a questão na esfera cível. “Deram tintura de conduta criminosa e agem como crime em flagrante. A Constituição garante essa conduta, mas deixaram de tratar os estudantes como manifestantes, e passaram a pintá-los como criminosos.”
Resposta. Em nota, a PGE disse que o Estado age de acordo com o parecer, que garante a autotutela. A SSP informou que as ações foram pacíficas. A Secretaria da Educação argumentou ter tentado, sem sucesso, dialogar com os manifestantes. E disse que “não pactua com o impedimento de quaisquer aulas”.

"Valores ajudam no combate ao bullying"

Fonte: Folha de São Paulo
14 de outubro de 2016

Vítima do que chama de ‘epidemia mundial’, palestrante destaca que é preciso trabalhar o caráter na educação

Paula Felix

Nascer sem braços nem pernas por causa de uma síndrome rara não impediu que o palestrante motivacional e escritor Nick Vujicic, de 33 anos, sofresse com o bullying. Após o lançamento de Fique Forte: Você pode superar o bullying e outras coisas que o deixam para baixo (Editora Novas Ideias, de R$ 10, o livro digital, a R$ 18), o australiano que vive nos EUA iniciou campanha mundial para combater a prática que afeta, principalmente, crianças e adolescentes. 

Em dezembro, ele vem ao Brasil para compartilhar suas experiências e as técnicas anti-bullying que desenvolveu. Em entrevista ao Estado, Vujicic fala sobre como superou as agressões, que o fizeram pensar em suicídio quando tinha apenas 10 anos, e as mensagens que pretende transmitir quando estiver no País.

Seu livro trata o bullying como uma epidemia mundial. Por que resolveu iniciar uma campanha para que as pessoas divulguem o assunto?
Eu fui pessoalmente afetado pelo bullying, então, escrevi o livro para que as próximas gerações entendam que seus valores, propósitos e destinos não dependem do que outras pessoas pensam delas. E saibam que é importante amar uns aos outros, encorajar uns aos outros, ou ao menos estar em paz um com o outro.
Você conta que sua primeira tentativa de suicídio foi aos 10 anos e teve relação com o bullying. Por que a sociedade permite que o bullying, que aparece já na infância, continue se perpetuando?
Acho que a sociedade sempre foi desse jeito. A questão é: como podemos lidar com isso? Precisamos de solução de verdade. Para isso, temos de falar sobre os valores das pessoas o máximo possível, em todas as escolas, em todos os níveis.
Você tem viajado o mundo para, em suas palestras, abordar o tema. Quais semelhanças e diferenças tem encontrado nos casos relatados nesses países?
Eles são na verdade muito parecidos em todo lugar. Infelizmente, acho que o maior problema do mundo em relação ao bullying é alguém acreditar que é mais importante que outra pessoa. Por isso, acho que temos de trazer para o nível educacional a construção do caráter, para entender que todos somos a mesma coisa, precisamos uns dos outros e, juntos, realmente podemos fazer a diferença no mundo. Não temos de nos acomodar.
O que aprendeu com as pessoas que praticaram bullying com você?
Aprendi que, por mais difícil que tenha sido o que passei, eu precisava me aceitar como sou, porque encontrei o meu valor, o meu propósito. Muitos dos que praticam o bullying hoje sofreram o bullying no passado. Aprendi que somente fortalecendo os outros vamos evitar a prática deste mal.
Em dezembro, você estará no Brasil, onde quase metade dos jovens afirma já ter sofrido bullying. O que quer transmitir para o público brasileiro?
Não é a primeira vez que vou ao Brasil, já estive por aí em apresentações fechadas. Mas é a primeira vez que me apresento em turnê para milhares de pessoas, em cinco capitais, em grandes estádios. Estou muito ansioso, porque vai ser um grande momento para ensinar, por meio da minha própria história, o quanto é importante se fortalecer contra o bullying.
PRESTE ATENÇÃO
1. Praticantes de bullying não podem me magoar ou me definir, porque eu mesmo me defini. Sei quem sou e para onde vou - é a principal dica de “autoajuda” de Vujicic.
2. Não dou a ninguém o poder de fazer com que me sinta mal. Assumo toda a responsabilidade pela minha felicidade.
3. Meus valores são inabaláveis. Tenho um plano para a minha vida orientado por eles.
4. Minha força vem de dentro de mim e nenhum bullying pode fazer com que eu me sinta inseguro.
5. Sei que minha família e meus amigos sempre me defenderão. Conheço minhas emoções, principalmente a raiva e o medo, e controlo minhas reações, de modo a permanecer otimista em pensamento e atitude.
6. Encontro algo de positivo para tirar de cada desafio Procuro ajudar os outros em todas as oportunidades, principalmente aqueles que estão sendo vítimas de qualquer forma de bullying.

"Junta financeira comanda o Brasil e impõe ditames a toque de caixa"

Fonte: Folha de São Paulo
14 de outubro de 2016

Vladmir Safatle

Semana passada, o dito "governo" resolveu apresentar à população seu plano de emergência econômica diante da propalada crise. Conhecido como PEC 241, o plano visa congelar os investimentos estatais nos próximos 20 anos, permitindo que eles sejam, no máximo, reajustados pela inflação do período.
Isso significa, entre outras coisas, que o nível do investimento em educação e saúde continuará no nível em que está, sendo que o nível atual já é resultado de forte retração que afeta de forma brutal hospitais públicos, universidades e escolas federais. Todos têm acompanhado a situação calamitosa dos nossos hospitais, os limites do SUS, os professores em greve por melhores condições de trabalho. Ela se perpetuará.
Para apresentar o novo horizonte de espoliação e brutalidade social, o dito "governo" colocou em marcha seu aparato de propaganda. Ao anunciar as medidas, foi convocado um representante de quem verdadeiramente comanda o país, a saber, um banqueiro, o senhor Meirelles.
Marcelo Cipis/Marcelo Cipis/Editoria de Arte/Folhapress
Ilustração de Marcelo Cipis para coluna de Vladimir Safatle
Entrará para a história o fato de que uma das mais impressionantes medidas econômicas das últimas décadas, uma que simplesmente retira do Congresso a possibilidade de realmente discutir o orçamento, que restringe o poder de representantes eleitos em aumentar investimentos do Estado, que os transforma em peças decorativas de uma pantomima de democracia, foi anunciada não pelo pretenso presidente da República, mas por um banqueiro.
Este dado não é anódino. Ele simplesmente demonstra que Michel Temer não existe. Não é por acaso que ele não aparece na televisão e some em dia de eleição, indo votar no raiar do sol. Quem realmente comanda o Brasil atualmente é uma junta financeira que impõe seus ditames a toque de caixa usando, como álibi, a ideia de uma "crise" a destruir o Brasil devido ao descontrole dos gastos públicos.
O script é literalmente o mesmo aplicado em todos os países europeus com resultados catastróficos. No entanto, há de se reconhecer que ele tem o seu quinhão de verdade.
De fato, há um descalabro nos gastos públicos, mas certamente ele não vem dos investimentos parcos em educação, saúde, assistência social, cultura etc. Por exemplo, segundo dados da OCDE, o Brasil gasta 3.000 dólares por aluno do ensino básico, enquanto os outros países da OCDE –a maioria europeus e da América do Norte, entre outros– gastam, em média, 8.200 dólares.
A situação piorará nos próximos 20 anos, já que os gastos continuarão no mesmo padrão enquanto a população aumentará e envelhecerá, exigindo mais gastos em saúde.
Na verdade, os gastos absurdos do governo não são com você, nem com os mais pobres, mas com o próprio sistema financeiro, que se apropria do dinheiro público por meio de juros e amortização da dívida pública, e lucra de forma exorbitante devido à taxa de juros brasileira. Uma dívida nunca auditada, resultante em larga medida da estatização de dívidas de entes privados.
Por incrível que pareça (mas que deveria ser realmente sublinhado), o plano econômico do governo não prevê limitação do dinheiro gasto com a dívida pública. Ou seja, fechar escolas e sucatear hospitais é sinal de "responsabilidade", "austeridade", prova que recuperamos a "confiança"; limitar os lucros dos bancos com títulos do Estado é impensável, irresponsável, aventureiro. Isso demonstra claramente que o objetivo da PEC não é o equilíbrio fiscal, mas a garantia do rendimento da classe rentista que comanda o país.
Como se trata de ser o mais primário possível, o dito "governo" e sua junta financeira comparam a economia nacional a uma casa onde temos que cortar gastos quando somos "irresponsáveis". Mas já que a metáfora primária está a circular, que tal começar por se perguntar que gastos estão realmente destruindo o "equilíbrio" da casa? Por que a casa não pede mais dinheiro para aquele pessoal ocioso que mora nos quartos maiores e nunca contribui com nada?
Ou seja, já que estamos em crise, que tal exigir que donos de jatos, helicópteros e iates paguem IPVA, que igrejas paguem IPTU, que grandes fortunas paguem imposto, que bancos com lucros exorbitantes tenham limitações de ganho, que aqueles que mais movimentam contas bancárias paguem CPMF?
É claro que nada disso será feito, pois o Brasil não tem mais governo, não tem mais presidente e tem um democracia de fachada. O que o Brasil tem atualmente é um regime de exceção econômica comandado por uma junta financeira.

"Adriano Naves de Brito: sem professor, Educação não muda"

Fonte: Zero Hora (RS)
14 de outubro de 2016

Adriano Naves de Brito

Professor da Unisinos

Em nosso mundo, tudo parece andar mais rápido. Tudo é feito hoje mais rápido do que antes. Tudo se acelera e muda. Uma coisa, contudo, anda mais lenta e essencialmente igual no tocante aos meios com os quais é realizada: a formação de pessoas. Nunca foi tão demorado formar gente quanto em nosso tempo e temos mesmo de falar em educação por toda a vida! É isso, formar gente anda mais lento porque gente não mudou muito nos últimos 70 mil anos, mas o mundo em que vivem as pessoas ficou muito mais complexo. E agora elas precisam se adaptar a essa complexidade e isso toma tempo, mais tempo do que nunca. Depende, contudo, ainda e fundamentalmente do trabalho de outras pessoas. E, no nosso sistema de ensino, depende do professor.
Gente aprende é com gente e para ensinar gente é preciso gente. Num mundo em que as máquinas vão realizar o trabalho de muitos, as chances de a computadorização tirar o emprego dos professores tendem a zero. Algo como 4 numa escala de 0 a 100, conforme um estudo de Oxford. A razão para isso é que a profissão exige uma heurística humana, quer dizer, a capacidade, que nos é típica, de solucionar problemas por meios aproximativos, avaliativos, intuitivos e calibrados por resultados empíricos e não por algoritmos exatos, o que está na base da dificuldade de realizar a tarefa por via inteiramente computacional.
O tipo de interação que é preciso haver entre pessoas para que a educação dê os seus melhores resultados demanda muito do professor. Ele facilita os meios de aprendizagem, serve de exemplo e acomoda os afetos que se desarranjam ou amadurecem no processo. Ele tem de ser, portanto, o centro gravitacional da educação e da escola. Não tem sido. E nenhuma mudança no ensino vai chegar aos alunos se não puder ser entregue por um professor. Por isso, nenhuma reforma dará conta da tarefa de melhorar a educação sem melhorar a formação e a carreira dos professores. A lição é velha, mas parece estar nos faltando professor para que a aprendamos de vez.

"Dia do professor: avanços e desafios"

Fonte: Estadão
14 de outubro de 2016

Nos últimos anos, aumentou o total de professores com nível superior e houve crescimento salarial, porém, a formação ainda é insuficiente e a remuneração média equivale à metade da dos demais profissionais

No próximo dia 15 de outubro, celebramos o Dia do Professor no Brasil. A data pede uma reflexão sobre o que, de fato, pode ser comemorado sobre esta que é a principal profissão do País, mas que ainda não galgou o patamar de valorização adequado, tanto em termos salariais, quanto em condições de trabalho.

Em se tratando de legislação, temos o que brindar, pois o docente é contemplado nas principais normas legais dirigidas à Educação. Segundo a Lei de Diretrizes e Base (LDB), de 1996, para lecionar na Educação Básica, o profissional deve ser formado em nível superior, em curso de licenciatura ou em graduação plena. Embora o texto também permita que para a Educação Infantil e os primeiros cinco anos do Ensino Fundamental a formação mínima seja em nível médio na modalidade normal, o número de professores com ensino superior é crescente.
O Plano Nacional de Educação, em vigor desde 2014, vai ainda mais longe que a LDB e estabelece que, até 2024, todos os professores da Educação Básica devem ter Ensino Superior completo e formação adequada à área em que lecionam.
Além disso, mais três metas do PNE – as de número 16,17 e 18 – também enfocam o professor nas temáticas valorização, carreira, formação continuada e pós-graduação. Ou seja, 20% do plano trata da figura docente, o que é tanto um sinal de destaque para esse profissional quanto indicador dos desafios.
Se por um lado houve aumento da formação em nível superior nos últimos anos – de 68,4%, em 2007, para 76,4%, em 2015 -, por outro a formação ainda está longe de ser suficiente ante aos desafios da profissão, o que é apontado pelos próprios professores, em pesquisa realizada pela Fundação Lemann: 75% se declaram não preparados para garantir que seus alunos aprendam.
Se o salário docente vem crescendo – a média em 2004 era de 2.166 reais, e em 2014, de 3.137 – , ele ainda fica para trás quando comparado ao de outros profissionais com a mesma escolaridade: a remuneração do magistério equivale a 54,5% do que se ganha em outras profissões, como mostram dados do Observatório do PNE.
Cada professor em potencial que se perde significa centenas de alunos privados de oportunidades de Educação de melhor qualidade.
Por que devemos nos preocupar? Primeiro, porque o professor é aquele que vai formar nossos cidadãos e profissionais. Segundo, porque muito antes do que se imagina a questão da formação reivindicará uma tomada de posição da sociedade e dos governantes: em 10 anos, cerca de metade dos professores brasileiros da Educação Básica da rede pública vai atingir a idade da aposentadoria.
Diante disso, resta questionar: quem ensinará as próximas gerações? O Brasil tem uma grande oportunidade de avançar em qualidade da Educação, desde que forme bem os professores que assumirão essas vagas. Isso significa ensinar a ensinar – dar condições ao professor para que compreenda o processo de aprendizagem de seus alunos e saiba definir as melhores estratégias de ensino.
Infelizmente, para isso, é preciso vencer o desinteresse pela carreira docente. De acordo com pesquisa da Fundação Carlos Chagas, 98% dos estudantes do Ensino Médio não querem ser professores. Mudar esse quadro demanda uma carreira mais atrativa em termos de qualidade e salário. Essa batalha, se vencida, terá como resultado profissionais de ensino bem capacitados, prontos para despertar os talentos jovens do Brasil.
Cada professor em potencial que se perde significa centenas de alunos privados de oportunidades de Educação de melhor qualidade.
Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, falou desse tema no primeiro de uma série de artigos sobre Professores para o jornal O Estado de São Paulo – leia aqui, e também abordou o assunto no quadro De Olho na Educação, na Rádio Estadão, desta quinta-feira (13) – confira o áudio aqui.