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domingo, 31 de março de 2013

Intolerância religiosa até nas salas de aula

31/03/2013
EDUCAÇÃO Apesar de aulas de religião serem facultativas, 51% das escolas públicas do País obrigam alunos a orar ou cantar hinos religiosos. Quem não é cristão, sofre preconceito
Lauro Neto Agência O Globo
RIO - Na maioria das escolas públicas brasileiras, para passar de ano, os alunos têm que rezar. Literalmente. Levantamento feito pelo portal Qedu.org.br a partir de dados do questionário da Prova Brasil 2011, do Ministério da Educação, mostra que em 51% dos colégios há o costume de se fazer orações ou cantar músicas religiosas. Apesar de contrariar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), segundo a qual o ensino religioso é facultativo, 49% dos diretores entrevistados admitiram que a presença nas aulas dessa disciplina é obrigatória.
Para completar, em 79% das escolas não há atividades alternativas para estudantes que não queiram assistir às aulas.
A., de 13 anos, estuda numa escola municipal em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, em que o ensino religioso é confessional, e a presença nas aulas, obrigatória. Praticante de candomblé, ela diz sofrer discriminação por parte de três professoras evangélicas, que tentam convertê-la. Com medo de retaliações, a menina pede que nem seu nome nem o de seu colégio sejam identificados. Ela relata que é obrigada não só a frequentar as aulas, como também a fazer orações.
"A professora manda eu rezar ?Ô pai bondoso, livra-nos de todo espírito do mal, para quem é da macumba entrar para a igreja?, porque eu sou do candomblé. Se eu não repetir a oração, ela me manda para a sala da direção. E a diretora diz que a professora tem que ensinar o que ela acha que está certo. Não posso faltar, senão, ela disse que vou ser reprovada", conta a aluna do 5º ano do ensino fundamental.
A. recorda o constrangimento pelo qual passou uma amiga sua em 2012. Como parte de um ritual de iniciação na religião, a menina havia raspado o cabelo e tinha que usar vestes brancas durante um período: "Quando a professora viu, rezou: ?Tira todo o capeta do corpo dessa menina, que ela tem que ir para a igreja?. Depois disso, minha amiga trocou de colégio. Quando eu fizer o santo (ritual de iniciação), nem vou poder ir à escola."
Pós-graduada em Orientação Educacional e Supervisão Escolar, a professora Djenane Lessa incluiu o caso de A. como objeto de estudo em sua pesquisa de campo para a pós-graduação em Ensino da história e da cultura africana e afrodescendente no Instituto Federal de Educação do Rio de Janeiro (IFRJ). Ela analisa a situação e lembra que a LDB veda qualquer tipo de proselitismo.
"A escola é um espaço laico. Em uma aula de religião confessional com um grupo misto, de várias orientações religiosas, uma oração direcionada pode ser entendida como proselitismo, já que obriga a quem não tem interesse a ouvir ou mesmo repetir a mesma", explica Djenane.
Já no colégio estadual em que Y. cursa o 1º ano do ensino médio, em Engenho de Dentro, no Rio, as aulas de ensino religioso são facultativas, mas não há atividades alternativas para quem não quiser frequentá-las. A estudante de 15 anos é umbandista e diz que o professor, católico, fala sobre várias religiões, mas reza orações, além de cantar músicas gospel.
"Fico quieta durante as orações, mas todo mundo reza. Tem vezes que o professor me chama de macumbeira e tenho que corrigi-lo. Outros alunos ficam rindo de mim, dizendo que a ?má cumba? é pra fazer o mal. Mas não ligo. Adoro minha religião e vou continuar nela", afirma ela, sem querer revelar sua identidade.

sábado, 30 de março de 2013

Opinião: Uma escola sem receita




"O aluno que inseriu na redação do Enem a receita do miojo deixou um recado claro: a receita de escola desandou", Afirma Rosiska Darcy de Oliveira Fonte: O Globo (RJ)

30 de março de 2013



No passado a Escola era um espaço físico, dedicado à aquisição de conhecimentos certificáveis, que só os Professores detinham. O Professor era um profissional supostamente capaz de saber o quê e como ensinar. Os ritmos Escolares balizavam o tempo desse aprendizado que se sucedia ao longo de anos. Todas essas premissas estão postas em questão.
Enquanto a Escola pública tenta compensar suas imensas deficiências construindo prédios, aumentando matrículas e o número de Professores em sala de aula, condição sine qua non de qualquer progresso, o que se passa dentro dos muros da Escola entre Alunos e Professores é desolador. O episódio da receita do miojo, temperada com pitadas de deboche e altas doses de descrença, é testemunha desse descalabro.
Uma mudança de era deu lugar a um abismo geracional que separa Professores e Alunos, minando as relações de admiração e respeito que, no passado, estimulavam o desejo de aprender. Os Professores estão hoje a cavaleiro entre dois tempos; um passado em que conteúdos eram transmitidos de uma forma que hoje chamaríamos tradicional; um presente em que os Alunos, digitais nativos habitam, fascinados, o espaço virtual como vida real e são habilíssimos em tecnologias que os Professores mal dominam.
Quando todos os Alunos frequentarem as aulas, quando houver Professores suficientes, recebendo um salário decente, ainda restará a incômoda questão do que lhes ensinar. Um livro de respeitáveis pesquisadores franceses ostenta o título inquietante: "Ainda é preciso aprender?"
A virtualidade é o meio ambiente de uma juventude portadora dessas próteses cerebrais que são os celulares, prolongamentos de seus corpos, onde trazem armazenada - Google dispensando o trabalho da memória - toda a informação do mundo. Fotografam tudo que se passa como que deixando provas tangíveis do que é vivido em tempo real, marcando o instante, sem apelo à abstração da memória, seus caprichos e brumas. Como tudo é registrado sem esforço, é o próprio esforço que se torna um comportamento raro e desvalorizado, o que representa um perigoso efeito colateral. Entre Alunos e Professores há distância e estranhamento. Por vezes, agressividade.
A pletora de informações que cada um acessa quando tira o celular do bolso não implica que os jovens tenham a mínima ideia do que fazer com elas ou, pior, que saibam a diferença entre informação e conhecimento. A aquisição de conhecimento depende do desenvolvimento de aptidões mentais e do domínio dos códigos culturais que permitem navegar com alguma coerência em um oceano de informações desgarradas. As informações disponíveis na internet são um tesouro literalmente incomensurável. Problemática é a exígua capacidade de processá-las e lhes dar algum sentido.
Assim como a palavra ganha seu sentido no texto e o texto ganha sentido em um contexto, a informação pede para se inserir em um patrimônio cultural que caberia à Escola transmitir. A contextualização é condição da função cognitiva ao mesmo título que a consciência de ter aprendido, tão cara ao grande Jean Piaget.
É a transmissão do patrimônio cultural e de valores que dão à juventude o sentido de pertencimento à aventura humana e estabelecem os vínculos de continuidade entre as gerações que se sucedem. Tarefa essencial em tempos moldados e irrigados pela tecnologia que permite a cada um construir um mundo próprio - o que pode ser uma rica experiência se conectada a um pertencimento mais amplo - mas pode ser também o deslizamento para uma forma velada de antissociedade, um aglomerado de indivíduos autorreferentes cuja comunicação não passa por uma experiência ou memória comum e se tece apenas com os laços esgarçáveis da banalidade.
O desafio da Educação é a formação de indivíduos aptos a pensar pela própria cabeça, capazes de transformar informações em conhecimentos, abertos à inovação e experimentação, afeitos à argumentação e escolha. O que Edgar Morin chama "uma cabeça bem feita".
A vida em tempos de internet exige da Escola uma metadisciplina, o aprender a aprender. Quem serão os Professores dessa Escola aberta ao desconhecido, sob forma de pesquisa, e ao inesperado, sob forma de criação?
Não há receita pronta de Escola e sim ingredientes a combinar: a aquisição de conteúdos específicos com o aprendizado de competências transversais que permitam aos jovens dar sentido a si mesmos e a um mundo em que terão vida longa e as certezas curta vida. 

MEC diz que vai reformular cursos de jovens e adultos

 
30/03/2013
Para despertar o interesse dos alunos, formação profissional começará no início das aulasBRASÍLIA O MEC decidiu reformular o curso de ensino médio para jovens e adultos, o Proeja, para combater a evasão nesse segmento dos institutos federais. O secretário de Educação Profissional e Tecnológica, Marco Antonio de Oliveira, diz que haverá mudanças em três frentes.
A primeira dará ênfase à formação profissional no início do curso, invertendo a lógica atual em que as aulas começam pelas disciplinas tradicionais de ensino médio. Com isso, o secretário espera mais interesse dos alunos. Outra medida será permitir que os estudantes façam cursos técnicos de nível médio por etapas, somando a carga horária de cursos profissionalizantes mais curtos. Profissionais que já dominam um ofício - eletricistas, por exemplo -farão um teste e, se aprovados, poderão diminuir o número de disciplinas necessárias para obter o diploma.
Para o secretário, a evasão só é problema nos cursos de Proeja, devido ao histórico de insucesso escolar de quem abandonou a escola e tenta voltar a estudar, e nas turmas de nível médio subsequente, destinadas a quem concluiu o ensino médio e busca formação profissional. No caso dos subsequentes, ele afirma que o aquecimento do mercado é decisivo para o abandono. O raciocínio é que os alunos desistiriam do curso ao conseguirem emprego:
- Pelos dados do TCU, avaliamos que as taxas de evasão são discretas. O problema está nas áreas em que historicamente a evasão já constitui um desafio.
Ele observou que as taxas de abandono nos cursos técnicos integrados e nos superiores de tecnologia, bacharelado e licenciatura são de um dígito e, no caso dos bacharelados, estariam abaixo dos índices observados em universidades.
Marco Antonio admitiu que os institutos têm déficit de professores e técnicos, mas disse que o problema resulta da rápida expansão. Segundo o MEC, o número de professores cresceu 76,4% de 2008 a 2012, passando de 17.272 para 30.462, enquanto o de técnicos administrativos aumentou 60% no período. A previsão para 2014 é chegar a 48.562 professores e 43.725 técnicos. Segundo ele, já está autorizada a contratação de 8 mil docentes e de 6 mil técnicos. As vagas serão distribuídas entre os institutos, que realizarão concurso e contratarão os profissionais a partir deste ano. ( Demétrio Weber )

No Rio, abandono chega a 50%; goteiras e rachaduras são rotina

30/03/2013
Infiltrações e calor são alguns dos problemas diários dos estudantes nos prédios do Maracanã e de NilópolisCássio Bruno
Interdição. Piscina do campus de Nilópolis não funciona
Descaso. Na Baixada, cones e balde sinalizam goteiras
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio (IFRJ) também enfrenta dificuldades, como aponta a auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). De acordo com a própria reitoria, a evasão média do Proeja no estado é de 50%. Já nos cursos subsequentes, o índice chega a 35%. Outro obstáculo apontado é a falta de professores. Os estudantes, por sua vez, são obrigados a conviver diariamente com problemas de infraestrutura em pelo menos dois dos principais prédios visitados pelo GLOBO na última semana: Maracanã e Nilópolis, na Baixada Fluminense. Ao todo, o IFRJ oferece 40 cursos, distribuídos em 11 campi, com cerca de 15 mil alunos matriculados.
No prédio do instituto localizado no Maracanã, um dos dois elevadores não funciona. Com isso, funcionários e estudantes são obrigados a utilizar as escadas. Nos corredores de acesso às salas de aula, há goteiras. Móveis e eletrodomésticos quebrados também ficam no local. É possível observar também rachaduras no teto. No térreo, por exemplo, parte dos vergalhões da estrutura fica aparente. Na terça-feira passada, O GLOBO observou que extintores de incêndio estavam espalhados pelo chão.
Em Nilópolis, a situação também é grave. Na secretaria, a direção-geral publicou um aviso aos alunos sobre as dificuldades da não refrigeração dentro das salas de aula. No documento, os diretores argumentam que a rede elétrica é de 1994 e não atende à demanda. Assim, prejudica a instalação de aparelhos de ar-condicionado. Os estudantes são informados ainda que o edital para contratar uma empresa para fazer a manutenção demorou um ano e meio para ser elaborado e que o caso seria resolvido ainda este ano, mas sem dar um prazo específico.
A piscina do IFRJ de Nilópolis também está desativada e com a água suja. A arquibancada permanece interditada. Por causa das goteiras e de infiltrações, baldes e cones foram postos nos corredores para isolar o local e chamar a atenção dos alunos com o objetivo de evitar acidentes. O campus da Baixada também sofreu com greves de professores em 2011 e 2012.
- Os alunos fazem um esforço grande para estudar e passar no processo seletivo. E aí a escola fica dois meses em greve. Meu filho também reclama muito do calor na sala - diz a mãe de um estudante que preferiu não se identificar com medo de represálias contra o filho.
Procurado pelo GLOBO, o reitor Fernando Gusmão não quis dar entrevista. Em nota, o IFRJ confirmou a evasão no Proeja e em cursos subsequentes e diz que ambos passam por um processo de reestruturação. Apesar de admitir ainda a falta de professores, o instituto não divulgou o déficit desses profissionais. Informou apenas que tem realizado processos seletivos e, para o segundo semestre deste ano, já realizou um levantamento das necessidades. Disse ainda que providências serão tomadas.
Em relação à infraestrutura dos prédios, o IFRJ disse que a instituição realiza manutenção constante e que os problemas são sempre resolvidos conforme cada necessidade. O instituto afirma que os móveis ficam nos corredores por falta de espaço, mas por pouco tempo. Já a piscina não funciona porque os custos de manutenção são altos e obrigam a administração a priorizar determinados serviços.

Em déficit com os alunos

30/03/2013
TCU aponta que institutos federais sofrem com evasão, falta de professores e infraestrutura precáriaDemétrio Weber
Vinicius Sassine
Queixa. Aluna do Instituto Federal de Brasília, Alcilene (de blusa estampada) questiona o reitor Wilson Conciani (de terno) sobre o funcionamento da biblioteca do campus
Educação sem qualidade
BRASÍLIA Aposta do governo no ensino profissionalizante, os institutos federais enfrentam problemas de evasão, baixo índice de conclusão, falta de professores e infraestrutura insuficiente. Em cursos destinados a jovens e adultos que não terminaram a escola na idade adequada - segmento chamado de Proeja -, o abandono chegou a 24%. Em cursos técnicos de nível médio feitos por quem já possui certificado de ensino médio e está em busca de formação profissional, a evasão alcançou 19%. A rede federal tem também déficit de profissionais: faltam 7.966 professores, o equivalente a 20% do total previsto, e 5.702 técnicos de laboratório - 24,9% do quadro de pessoal.
O diagnóstico é resultado de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), entre agosto de 2011 e abril de 2012. Há duas semanas, o relatório foi aprovado no plenário da Corte, com a recomendação de que o Ministério da Educação (MEC) elabore plano de combate à evasão, inserção profissional dos estudantes e redução do déficit de professores, com incentivos para que docentes trabalhem longe das capitais.
Segundo os auditores, o "principal fator que põe em risco a qualidade dos serviços educacionais" é o déficit de professores e técnicos. O levamento mostrou que as maiores carências atingiam os institutos do Acre (40,1%), de Brasília (40,1%), Mato Grosso do Sul (38,2%), Amapá (35,3%) e São Paulo (32,7%).
"Uma das causas do déficit observado de professores é a baixa atratividade da carreira. Apurou-se em pesquisa que a remuneração é fonte de insatisfação para 68% dos professores", diz o relatório.
Os auditores constataram que metade dos alunos tinha pelo menos um ano de atraso no curso. O ministro-relator, José Jorge, chamou a atenção para o que interfere na aprovação e evasão: deficiência de aprendizado nas etapas anteriores, baixa renda das famílias e a infraestrutura dos institutos.
José Jorge destacou a heterogeneidade dos estudantes. Os institutos oferecem, no mesmo campus, desde cursos profissionalizantes para quem não concluiu o nível fundamental até cursos de nível médio e superior, especialização e mestrado.
"É importante salientar que o período em que o aluno permanece no instituto federal afeta diretamente a economicidade do programa de governo. Cada ano a mais que o discente demora para concluir seu curso gera um custo para a sociedade, cujos recursos poderiam ser aplicados em fins diversos, até mesmo especializando outros alunos", escreveu o ministro-relator.
O Instituto Federal de Brasília é um retrato dos dilemas provocados pela expansão da rede. Projetado para atender até 4 mil estudantes, o campus tem atualmente cerca de 1.200. Metade do terreno é um canteiro de obras: estão em construção a biblioteca (para 700 pessoas), o anfiteatro (com 1.200 lugares) e o ginásio de esportes. Mas a falta de funcionários prejudica o funcionamento e, pelo menos um dos cursos, teve mais de 50% de evasão em 2012.
Na semana passada, alunos reclamavam que a biblioteca provisória permanecia fechada à noite. Outra queixa era sobre o laboratório de informática: sem funcionário para tomar conta dos equipamentos, o acesso só ocorre na presença de professores, por motivo de segurança. Assim, a queixa dos estudantes era a de que não podem utilizar as máquinas antes das aulas e durante os intervalos.
- A biblioteca tem poucos livros e fecha às 18h. Não temos acesso ao laboratório de informática. Não funcionam porque não têm funcionário - disse Alcilene Mendes de Matos, do 1º semestre de tecnologia em gestão pública.
Questionado por Alcilene, o reitor Wilson Conciani disse que os dois funcionários da biblioteca estão de licença médica. De acordo com ele, a implantação do campus de Brasília deve ser concluída até 2016, o que significará mais do que triplicar o número de alunos, de 1.200 para 4 mil. Mas, para ele, a ampliação deve ser feita com cautela, no ritmo de conclusão das obras e de contratação de professores e funcionários:
- Não dou conta de receber mais alunos. A gente está com problema de falta de funcionários? Está. Mas não posso trazer todo mundo de uma vez. Não dá para pôr professor sem aluno. E vice-versa.

Institutos acumulam problemas


30/03/2013
Mesmo com o governo incentivando o ensino profissionalizante, os institutos federais enfrentam problemas de evasão escolar, baixo índice de conclusão, falta de professores e infraestrutura insuficiente. Auditoria do TCU mostra que, em cursos para jovens e adultos que não terminaram a escola, o abandono é de 24%Em déficit com os alunos
TCU aponta que institutos federais sofrem com evasão, falta de professores e infraestrutura precária
Demétrio Weber
Vinicius Sassine
Queixa. Aluna do Instituto Federal de Brasília, Alcilene (de blusa estampada) questiona o reitor Wilson Conciani (de terno) sobre o funcionamento da biblioteca do campus
Educação sem qualidade
BRASÍLIA Aposta do governo no ensino profissionalizante, os institutos federais enfrentam problemas de evasão, baixo índice de conclusão, falta de professores e infraestrutura insuficiente. Em cursos destinados a jovens e adultos que não terminaram a escola na idade adequada - segmento chamado de Proeja -, o abandono chegou a 24%. Em cursos técnicos de nível médio feitos por quem já possui certificado de ensino médio e está em busca de formação profissional, a evasão alcançou 19%. A rede federal tem também déficit de profissionais: faltam 7.966 professores, o equivalente a 20% do total previsto, e 5.702 técnicos de laboratório - 24,9% do quadro de pessoal.
O diagnóstico é resultado de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), entre agosto de 2011 e abril de 2012. Há duas semanas, o relatório foi aprovado no plenário da Corte, com a recomendação de que o Ministério da Educação (MEC) elabore plano de combate à evasão, inserção profissional dos estudantes e redução do déficit de professores, com incentivos para que docentes trabalhem longe das capitais.
Segundo os auditores, o "principal fator que põe em risco a qualidade dos serviços educacionais" é o déficit de professores e técnicos. O levamento mostrou que as maiores carências atingiam os institutos do Acre (40,1%), de Brasília (40,1%), Mato Grosso do Sul (38,2%), Amapá (35,3%) e São Paulo (32,7%).
"Uma das causas do déficit observado de professores é a baixa atratividade da carreira. Apurou-se em pesquisa que a remuneração é fonte de insatisfação para 68% dos professores", diz o relatório.
Os auditores constataram que metade dos alunos tinha pelo menos um ano de atraso no curso. O ministro-relator, José Jorge, chamou a atenção para o que interfere na aprovação e evasão: deficiência de aprendizado nas etapas anteriores, baixa renda das famílias e a infraestrutura dos institutos.
José Jorge destacou a heterogeneidade dos estudantes. Os institutos oferecem, no mesmo campus, desde cursos profissionalizantes para quem não concluiu o nível fundamental até cursos de nível médio e superior, especialização e mestrado.
"É importante salientar que o período em que o aluno permanece no instituto federal afeta diretamente a economicidade do programa de governo. Cada ano a mais que o discente demora para concluir seu curso gera um custo para a sociedade, cujos recursos poderiam ser aplicados em fins diversos, até mesmo especializando outros alunos", escreveu o ministro-relator.
O Instituto Federal de Brasília é um retrato dos dilemas provocados pela expansão da rede. Projetado para atender até 4 mil estudantes, o campus tem atualmente cerca de 1.200. Metade do terreno é um canteiro de obras: estão em construção a biblioteca (para 700 pessoas), o anfiteatro (com 1.200 lugares) e o ginásio de esportes. Mas a falta de funcionários prejudica o funcionamento e, pelo menos um dos cursos, teve mais de 50% de evasão em 2012.
Na semana passada, alunos reclamavam que a biblioteca provisória permanecia fechada à noite. Outra queixa era sobre o laboratório de informática: sem funcionário para tomar conta dos equipamentos, o acesso só ocorre na presença de professores, por motivo de segurança. Assim, a queixa dos estudantes era a de que não podem utilizar as máquinas antes das aulas e durante os intervalos.
- A biblioteca tem poucos livros e fecha às 18h. Não temos acesso ao laboratório de informática. Não funcionam porque não têm funcionário - disse Alcilene Mendes de Matos, do 1º semestre de tecnologia em gestão pública.
Questionado por Alcilene, o reitor Wilson Conciani disse que os dois funcionários da biblioteca estão de licença médica. De acordo com ele, a implantação do campus de Brasília deve ser concluída até 2016, o que significará mais do que triplicar o número de alunos, de 1.200 para 4 mil. Mas, para ele, a ampliação deve ser feita com cautela, no ritmo de conclusão das obras e de contratação de professores e funcionários:
- Não dou conta de receber mais alunos. A gente está com problema de falta de funcionários? Está. Mas não posso trazer todo mundo de uma vez. Não dá para pôr professor sem aluno. E vice-versa.

A escola integral surge como opção

 
30/03/2013
Empregadores calculam se é melhor manter o doméstico em casa todos os dias ou manter os filhos o dia todo na escola» VERA BATISTA

As famílias brasileiras já calculam o impacto do custo adicional no orçamento a partir da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional nº 66/2012. Comparam se vale a pena manter o filho em creche de tempo integral, aumentar o horário da criança na escola ou incluir atividades extracurriculares na rotina dos meninos. Quando o pêndulo se move em direção à economia, o primeiro pensamento do empregador — que pode se mostrar um erro mais à frente — é a dispensa do doméstico sem justa causa. “Vários clientes pensam em trocar a auxiliar por uma boa escola o dia inteiro, ao preço médio de R$ 1 mil”, conta Clarisse Dinelly, especialista em direito do trabalho, do escritório Veloso de Melo Advogados. Mas todo cuidado é pouco, ainda que se saiba que, com o tempo, as famílias terão que assumir boa parte dos trabalhos domésticos, por causa do elevado custo da mão de obra.

Nas simulações de Clarisse, uma babá que hoje ganha salário de R$ 1 mil, sem fazer horas extras, tem custo mensal total de R$ 1.481,77, devido aos direitos já regulamentados. Se a rotina de trabalho continuar da mesma forma, de segunda a sábado, o impacto futuro, como a nova lei, será de mais 6%, para R$ 1.568,44. Caso ela fique no trabalho mais uma hora por dia, além das oito previstas, o impacto no orçamento da família passará de 20% (R$ 1.801,58). “As pessoas estão preocupadas. Até a promulgação da PEC, na próxima terça-feira, alguns ajustes serão feitos, o que é natural”, avalia.

A ampliação dos direitos — mais 17 foram aprovados pelo Congresso Nacional, dos quais sete ainda dependem de regulamentação, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) —, segundo o ministro do Trabalho, Manoel Dias, é um avanço histórico que estende aos domésticos o que há muito tempo foi concedido aos demais trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “Sem dúvida, dará mais dignidade aos domésticos”, diz. Apesar do otimismo do ministro, existem muitos pontos polêmicos, como a metodologia de controle da jornada de trabalho, o auxílio-creche e o seguro contra acidentes, entre outros, que dependem de normas técnicas dos ministérios do Trabalho e de Previdência Social.

Vânia Toro, do escritório Toro Advogados, explica que “há muita especulação e que não dá para sair demitindo mão de obra sem saber o que vai acontecer após a promulgação da PEC e a regulamentação dos pontos pendentes”. Os advogados Priscila Carbone Martines e Paulo Santos, do escritório Madrona Hong Mazzuco Brandão, avaliam que o gasto do empregador deve subir cerca de 40%. Alertam que, quem deixar de pagar os novos direitos pode até perder a casa onde mora, tendo em vista que a única exceção à “impenhorabilidade do bem de família são os créditos de trabalhadores da própria residência”.

O mestre em direito do trabalho e professor da pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Ricardo Pereira de Freitas Guimarães, lembra que, nessas relações, pouca coisa é documentada. “Por isso é importante que patrões e empregados formalizem os novos direitos em contratos de trabalho”, destaca.

O sistema miojo de ensino :: Leandro Marshall

 
30/03/2013
Professor universitário, é doutor em ciências da comunicação, pós-doutor em sociologia e mestre em teorias da comunicação Um aluno do ensino médio no Brasil incluiu recentemente em sua redação do Exame Nacional do Ensino Médio uma receita de macarrão instantâneo. Note-se que o tema da redação era imigração no Brasil. Entretanto, cansado de “pensar” e de escrever sobre os retirantes, o candidato resolveu, no penúltimo parágrafo, introduzir, como plus, a fórmula científica da preparação de um macarrão.

O candidato alegou que inseriu o parágrafo sobre o miojo “para testar o novo sistema de avaliação do Enem”. Parabéns. Ele conseguiu conquistar 560 dos mil pontos possíveis. E, surpreendentemente, o texto foi avaliado como “adequado” pelos avaliadores. Os analistas acharam que o texto tinha conteúdo e que não precisava ser submetido a um terceiro avaliador.

O caso lembra o episódio do padeiro paraibano Severino da Silva, de 27 anos, que, em 2001, passou no vestibular de direito de uma universidade carioca. Apesar de não se sentir bem na hora da prova nem ter escrito a redação, Severino foi selecionado. E de forma espetacular: ele ficou no 9º lugar geral, com 2.562 pontos. Fato semelhante aconteceu na cidade de Ribeirão, em Pernambuco, em 2010, onde um candidato analfabeto foi aprovado em concurso público para a prefeitura. Ele ficou em 44º lugar entre 70 candidatos.

Não podemos esquecer que, na última eleição, o palhaço Tiririca, candidato a deputado federal, aprovado nas urnas, foi submetido pela Justiça Eleitoral a um teste para comprovar se ele sabia ler e escrever. Parece que ele passou, já que tomou posse. O fato é que três meses antes da prova ele sumiu do mundo para fazer não se sabe o que.

Aliás, na política, a inanição cultural e educacional é espantosa. Assim como o caso do deputado Tiririca, em todas as eleições os candidatos têm que provar o mínimo de conhecimento letrado. Veja-se, por exemplo, que na cidade de Aracati, no Ceará, em 2004, os 18 candidatos foram obrigados a ler um trecho do livro infantil O menino mágico, de Rachel de Queiroz. Três não conseguiram fazer a prova.

Coisa pior aconteceu em São Gabriel do Oeste (MS). Vinte e dois candidatos tinham que fazer uma prova, com uma hora para escrever 20 palavras, fazer as quatro operações matemáticas básicas e explicar qual a sua interpretação de um texto. Apenas 11 (metade) foram aprovados. Alguns tiraram nota zero: não conseguiram sequer somar, diminuir, dividir e multiplicar.

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2013 e a Prova Brasil de 2011 revelaram nos últimos meses que apenas 10,3% de seus estudantes do ensino médio dominam os conhecimentos de matemática (adequado à sua série). Os outros 90% estão “boiando”. E pior: regredimos. Em 2009, o percentual de analfabetos em matemática (em sua série) era de 11%.

Os resultados em língua portuguesa foram menos (!) dramáticos. Dos 100%, um total de 29,3% dos alunos sabe o conhecimento adequado para a série em que está. Os outros 70% também estão “boiando”. O levantamento anterior indicava o mesmo percentual.

Para finalizar, é sempre pertinente lembrar que o Brasil ainda tem 16 milhões de analfabetos. São pessoas que estão totalmente à margem da sociedade civil, do direito, da Justiça, da saúde, da educação e de tudo o mais. Estão à margem da sociedade, vivendo, mais ou menos, no século 1.000 a.C.

Não bastasse isso, é importante acrescentar que, além dos analfabetos totais, o Brasil possui 30 milhões de analfabetos funcionais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os analfabetos funcionais são pessoas com 15 anos ou mais de idade que não possuem sequer quatro anos completos de estudo. Têm, portanto, enorme dificuldade para ler e escrever, mas, sobretudo, uma grave incapacidade para compreender o sentido de um texto ou de uma fala.

Esse é, enfim, o retrato do Brasil, em pleno início do século 21, nação que possui mais televisões do que geladeiras, ostenta o índice de dois celulares por pessoa, está completamente imersa na mania do Facebook, lê quase quatro livros por ano, idolatra os músicos do “lek, lek, lek” e considera os personagens do BBB verdadeiros intelectuais.

Concluindo: lembro o despacho da desembargadora Sirley Biondi, da 4ª Região do TRT, de 17 de janeiro de 2007. Diante de tantas aleivosias na petição, a juíza não resistiu e teceu o seguinte comentário na sua sentença:

“Insta ser salientado que os advogados que assinaram as contra-razões necessitam com urgência adquirir livros de português de modo a evitar as expressões que podem ser consideradas como injuriosas ao vernáculo, tais como “em fasse” (no lugar de “em face”), “não aciste razão” (assiste), “cliteriosamente” (criteriosamente), “doutros julgadores” (doutos), “estranhesa” (estranheza), “discusão” (discussão), “inedoneos” (inidôneos)... Acrescenta-se, ainda, que devem os causídicos adquirir também livros de direito, à medida que nas contra-razões constam “pedidos” como se apelação fosse, o que não tem o menor cabimento”.

MEC divulga regras do Enade

 
30/03/2013

 
SÃO PAULO - O Ministério da Educação publicou no Diário Oficial da União portaria com as regras do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), marcado para o dia 24 de novembro.O exame tem o objetivo de medir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação quanto aos conteúdos programáticos, às suas habilidades e competências. Ele é usado para compor o Conceito Preliminar de Curso (CPC), que mede a qualidade dos cursos em uma escala de 1 a 5. Os resultados entre 1 e 2 são considerados pelo MEC como insatisfatórios, o 3, razoável e o 4 e o 5, bons. A avaliação é feita a cada três anos.
Neste ano, serão avaliados os cursos de bacharelado em agronomia, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social e zootecnia. Também serão avaliados os cursos técnicos de agronegócio, gestão hospitalar, gestão ambiental e radiologia.
Devem fazer o exame, os estudantes que ingressaram no curso em 2013 e que tenham concluído até 25% da carga horária mínima do currículo do curso até o término do período. Também fazem a prova estudantes que tenham expectativa de conclusão do curso até julho de 2014, assim como aqueles que tiverem concluído mais de 80% da carga horária mínima do currículo do curso.
Para os cursos superiores de tecnologia, participam os estudantes que têm expectativa de conclusão em dezembro deste ano, assim como os que tiverem concluído mais de 75% da carga horária mínima do currículo.
Ficam dispensados do exame aqueles que colarem grau até o dia 31 de agosto de 2013 e os estudantes que estiverem oficialmente matriculados e cursando atividades curriculares fora do Brasil na data de realização da prova, em instituição conveniada com a instituição de origem do estudante. A dispensa constará no histórico escolar do aluno.
Os dirigentes das instituições de ensino superior são os responsáveis pela inscrição de todos os estudantes habilitados, que devem ser feitas de 9 de julho a 16 de agosto pelo endereço eletrônico (http://enade.inep.gov.br). Cabe também às instituições a divulgação da lista de estudantes habilitados. Do dia 20 ao dia 30 de agosto, as instituições poderão fazer inclusões ou retificações, no mesmo endereço eletrônico. Os estudantes farão a prova no município sede do curso, com exceção daqueles que cursam a modalidade de educação a distância. Esses poderão fazer a prova no município em que a instituição tenha um polo de apoio presencial.
As diretrizes para o exame serão divulgadas até o dia 31 de maio. Entre 22 de outubro e 24 de novembro, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) disponibilizará o Questionário do Estudante, de preenchimento obrigatório, pelo site (http://portal.inep.gov.br). Somente depois do preenchimento do questionário, o estudante terá acesso ao local de prova e poderá imprimir o Cartão de Informação do Estudante.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Funcionários da rede estadual ganham R$ 590 mi em bônus

29/03/2013
Paulo ScildctnaO governo do Estado de São Paulo pagou ontem R$ 590 milhões de bônus a professores e profissionais da rede estadual de educação. A bonificação é calculada de acordo com a evolução do Idesp, o índice de desenvolvimento da educação, de cada escola. Como o Idesp global da rede recuou em 2012, a proporção de escolas que receberam o bônus teve pequena queda.
Em 2012, 83,7% das escolas estaduais cumpriram as metas do índice e seus funcionários receberam o bônus, o que significa 4.183 escolas. No ano passado, esse porcentual foi de 85,1%.
As escolas de ensino fundamental foram as que mais perderam o bônus. O ciclo 1 (de 1° ao 5° ano) foi o que mais sofreu. O número de escolas com esse ciclo que receberam o bônus recuou 15%. Neste ano, 1.138 escolas bateram as metas, que representa 68,8%. No ciclo 2, foram 2.441 (66,1% do total), enquanto no ano anterior foram 2.594.
O bônus foi pago a 205.869 servidores, número similar à quantidade de servidores do ano anterior. O valor, no entanto, teve um salto de um ano para outro por conta de valores maiores pagos em 2013. No pagamento anterior, foram desembolsados pela secretaria R$ 538,5 milhões.
Docentes, supervisores, diretores e demais profissionais da Educação recebem bonificação de até 2,9 vezes o valor de seus vencimentos. O bônus é proporcional ao desempenho da escola.
Segundo a pasta, cerca de 114 mil profissionais ganharão até R$ 2.500,00. Mais de 52 mil receberão até R$ 5.000,00. Outros 28.978 educadores terão até R$ 8.000,00 em bônus. Valores superiores a R$ 8.000,00 serão pagos a 9.894 funcionários da pasta. Dos 163.824 integrantes do magistério contemplados, cerca de 158 mil são professores.
Piora. O Idesp leva em conta os resultados das provas do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) e também dados de fluxo escolar. Em 2012, o Idesp global da rede foi de 2,59. 0 resultado representou piora em relação ao .ano anterior, cujo índice foi de 2,61. Enquanto o ensino médio apresentou melhora, as avaliações do ensino fundamental tiveram resultados ruins.
No 5° ano do ensino fundamental, as notas do Saresp ficaram em 197,6 em língua portuguesa e 207,6 em matemática - as duas disciplinas avaliadas. A situação mais grave está nos anos finais, com piora nas duas disciplinas. Foi apenas nesse ciclo que as notas de português regrediram.
A média na disciplina caiu para 227,8 em 2012 em uma escala que vai a 500. É a menor desde 2008. Na divisão por níveis de proficiência, a situação é também ruim: o porcentual de alunos abaixo do básico aumentou meio ponto e chegou a 28,5%. Além disso, caiu o porcentual de alunos com conhecimento adequado (de 15,2% para 14%) e avançado (de 1,8% para 1,6%).
Em matemática, o 9° ano teve nota 242,3, com uma queda de 2,9 pontos em relação a 2011. A proporção de estudantes com nível abaixo do básico na disciplina aumentou, saltando 33,8% para 36,6%. Somente 9,1% sabem o adequado e 1% estão avançados.

Lei aprovada exige alimentos orgânicos em 30% da merenda

 
29/03/2013
A Câmara dos Vereadores aprovou nesta semana projeto de lei que obriga a prefeitura a garantir que 30% dos alimentos da merenda escolar sejam de produtos orgânicos. Autor do projeto, o vereador Natalini (PV) argumenta que a lei seria uma forma de incentivar a produção sustentável, além de representar uma alimentação mais saudável.A lei precisa ser sancionada pelo prefeito Fernando Haddad (PT). A Secretaria Municipal de Educação, que não comenta projetos, informou que os cardápios da merenda são elaborados por nutricionistas que levam em conta critérios como faixa etária e necessidades nutricionais. 0 cardápio também segue as recentes diretrizes da Anvisa e Organização Mundial da Saúde. São servidas 1,8 milhão de refeições por dia. A previsão de gastos com merenda neste ano é de R$ 490 milhões.

Inep debate modelo de avaliação externa para ensino fundamental

29/03/2013 - 11h05

Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil


Brasília – O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) reuniu essa semana especialistas e integrantes de movimentos sociais ligados a alfabetização para debater o modelo da avaliação externa que será aplicada pelo instituto no 3º ano do ensino fundamental. O período escolar é o último ano do ciclo de alfabetização que compreende o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), cuja medida provisória foi aprovada esta semana pelo Senado Federal.
O Pnaic prevê que todas as crianças das escolas públicas deverão ser alfabetizadas em português e matemática até o final do terceiro ano do ensino fundamental, aos 8 anos de idade. Mais de 90% dos municípios brasileiros aderiram ao programa. Para avaliar a evolução do pacto, o texto do Pnaic prevê três eixos de avaliação: o primeiro, realizado continuamente pelos professores junto aos alunos e que deve ser debatido no curso de formação de dois anos para os professores alfabetizadores; o segundo eixo é a Provinha Brasil, já realizada no início e no final do 2º ano; por fim, a avaliação externa.
A fim de medir o "ponto de partida" do pacto, o Inep planeja preparar a primeira avaliação externa do período, para julho deste ano. Para isso, o conteúdo da prova, o modo de abordagem e a aplicação devem ser definidos em um mês.
"A avaliação deverá envolver as escolas e também as famílias e a comunidade, e será realizada de forma censitária. Este ano, a prova seria um marco zero", diz o presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa. A prova deve avaliar cinco pontos principais: a infraestrutura disponível, a formação de professores e condições de trabalho, a gestão escolar, a organização do trabalho pedagógico e o letramento. "Estamos fazendo um estudo técnico. Quando falamos de alfabetização é preciso todo o zelo e atenção. Temos a experiência de outras avaliações e da Provinha Brasil. Este ano devemos definir uma matriz, mas que depois poderá ser discutida, não é uma última instância", acrescenta Luiz Cláudio.
Presente na reunião, a coordenadora executiva da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Iracema Nascimento, questiona se haverá tempo suficiente para fazer uma boa matriz de referência para a prova e se não seria precipitado fazer qualquer relação da prova deste ano com o programa, que começa a ser implementado.
O professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro da diretoria da Associação Brasileira de Alfabetização (ABAlf), Artur Gomes de Morais, também presente no encontro, diz que é preciso muita cautela, já que avaliações externas não podem por si só avaliar programas de formação continuada. "Seria muito ingênuo querer atribuir a um programa de formação continuada pontual, o poder e a responsabilidade de mudar a realidade da alfabetização brasileira", diz e acrescenta que "tanto no segundo como no terceiro ano, a avaliação externa não substituirá aquela que o professor continuará realizando no quotidiano, mas disponibilizará para ele medidas bem objetivas sobre como cada um de seus alunos avançou (ou não)".

Edição: Denise Grieisnger
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quinta-feira, 28 de março de 2013

Bolsas de pós-graduação terão reajuste de 10%

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Medida vale, a partir de abril, para bolsas ofertadas pela Capes e pelo CNPq
28 de março de 2013 | 21h 44
  • Estadão.edu
O Ministério da Educação (MEC) divulgou na tarde desta quinta-feira, 28, um reajuste de 10% nas bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O pagamento com os novos valores será feito a partir de maio.
A partir da próxima segunda-feira, 1.º de abril, a bolsa de mestrado passará de R$ 1.350 para R$ 1.500, a de doutorado, de R$ 2.000 para R$ 2.200, e a de pós-doutorado será reajustada de R$ 3.700 para R$ 4.100. Este é o segundo reajuste em menos de um ano. Em maio de 2012, o governo federal também concedeu um reajuste de 10% para mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e alunos de iniciação científica.
Em nota divulgada pelo MEC, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirma que o novo reajuste faz parte da política para aumento do número de mestres e doutores na educação superior.
Antes do reajuste do ano passado, o último reajuste de bolsas de pós-graduação no País havia sido em junho de 2008, quando as de mestrado passaram de R$ 940 para R$ 1,2 mil e as de doutorado de R$ 1,3 mil para R$ 1,8 mil.

Enade vai avaliar cursos de saúde e ciências agrárias

MEC publicou portaria sobre a próxima edição do exame, em 2013, no Diário Oficial
  • Prova está programada para 13 de novembro
Flávia Pierry 
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Atualizado:
BRASÍLIA – O Ministério da Educação anunciou nesta quinta-feira as regras para o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) deste ano. Segundo portaria publicada no “Diário Oficial”, o exame será aplicado aos estudantes de 13 cursos de graduação e quatro de formação de tecnólogos. Devem fazer o exame alunos dos cursos superiores de Agronomia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, e Zootecnia. Os cursos de formação de tecnólogos selecionados são Agronegócio, Gestão Hospitalar, Gestão Ambiental, e Radiologia.

O Enade 2013 será aplicado no dia 24 de novembro de 2013, com início às 13h. O estudante fará a prova no município de funcionamento da sede do curso. Segundo a portaria, o INEP, responsável pelo exame, deverá divulgar até 31 de maio o Manual do Enade 2013.
A portaria define que deverão fazer o exame os estudantes que iniciaram o curso neste ano e que tenham concluído até 25% da carga horária mínima do currículo do curso até o período que as escolas devem indicar a lista de alunos que farão o exame (30 de agosto, segundo a portaria). Também devem fazer o exame estudantes concluintes dos cursos de bacharelado; aqueles que tenham expectativa de conclusão do curso até julho de 2014 e os que tiverem concluído mais de 80% da carga horária mínima do currículo do curso.
Já entre os estudantes dos cursos de Tecnologia, devem fazer o exame aqueles que tenham expectativa de conclusão do curso até dezembro de 2013, e quem tiver concluído mais de 75% da carga horária mínima do currículo do curso até a data de entrega das listas pelas faculdades.
Não precisam fazer o Enade os estudantes que colarem grau até o dia 31 de agosto de 2013, que estiverem cursando atividades curriculares fora do Brasil na data do exame.
O INEP disponibilizará o Questionário do Estudante, de preenchimento obrigatório, no período de 22 de outubro a 24 de novembro de 2013, em sua página na internet.
Um dos objetivos do Enade é a avaliação do desempenho dos estudantes com relação aos conteúdos previstos nos cursos de graduação e a aferição do nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial.
No ano passado, foram avaliados alunos dos cursos de administração, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo e turismo; e os dos cursos de formação de tecnólogos em gestão comercial, gestão de recursos humanos, gestão financeira, logística, marketing e processos gerenciais.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/enade-vai-avaliar-cursos-de-saude-ciencias-agrarias-7968420#ixzz2Ot39XuqJ
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Moradores reclamam de falta de professores em cinco escolas

28/03/2013
Ana Flávia Oliveira
do Agora
Moradores e lideranças comunitárias do Jardim Ângela (zona sul de SP) entregaram à Secretaria de Estado da Educação documento no qual reclamam da falta de professores, funcionários administrativos, de limpeza e problemas na estrutura de cinco escolas da região.
As escolas estaduais Amélia Kerr Nogueira, Honório Monteiro, Samuel Morse, Jardim Capela 4 e Orlando Mendes Moraes são citadas no documento. O Agora esteve ontem em três delas e a falta de professores foi a principal reclamação de pais e alunos.
"A Honório Monteiro começou o ano sem 15 professores", exemplifica Roberto Octaviano, educador, articulador da Rede Juca (Juventude, Criança e Adolescente) e um dos autores do documento.
Resposta
A Secretaria de Estado da Educação afirma que os professores ainda estão fazendo a atribuição de aulas, e que, durante este processo, são cobertos pelos docentes eventuais.
Além disso, "um concurso para contratação de docentes será aberto no segundo semestre".
Sobre a escola a Amélia Kerr Nogueira, a pasta informou que a unidade possui seis professores eventuais, terceiriza a limpeza e dispõe de sistema de câmeras e alarme.
A unidade passa por reforma, que deverá acabar no fim deste ano. Sobre os livros no pátio da escola Orlando Mendes de Moraes, informou que vai "averiguar os fatos".

  • Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta quinta, 28 de março, nas bancas

Escola acusada de fraudar Saresp vê nota cair de 9,3 para 2,6

Do UOL, em São Paulo

A escola que ficou conhecida por ter fraudado o Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) em 2011, alcançando na época a maior nota do Estado (9,3), teve um desempenho três vezes pior na avaliação de 2012.
É o que revelam os dados do Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), divulgado nesta quinta-feira (28). O índice mostra a real situação da Escola Estadual Reverendo Augusto da Silva Dourado, em Sorocaba (95 km de São Paulo). A nota média dos alunos do 5º ano do ensino fundamental em português e matemática foi 2,63.
A escola modesta localizada em um distrito industrial da cidade, cercada por ruas de terra e casas humildes, foi alvo de um esquema fraudulento revelado pelos pais dos alunos. Eles acusaram os professores de ajudar os estudantes e até mesmo responderem algumas questões no Saresp.
O resultado do Idesp determina se os funcionários e professores da escola vão receber bônus salariais. De acordo com a política de meritocracia do Estado, quanto melhor o desempenho dos alunos, maior o bônus.
Segundo relato de uma aluna, os melhores da turma teriam respondido mais de uma prova: "Eles terminavam rápido e faziam a prova de quem faltou". Tudo teria ocorrido com a conivência dos fiscais convocados para acompanhar a avaliação.
Graças ao esquema, ocorreu um fato inusitado: todos os 27 alunos que fizeram a prova tiveram nota 10 em matemática. Em 2011, a média foi de 2,42 pontos nessa disciplina e 3,58 em língua portuguesa.

Investigação

Na época, os pais dos alunos já alertavam que a realidade da escola era outra. O resultado da unidade no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), divulgado meses depois pelo governo federal, confirmou a distorção: nota 4,8.
Em um primeiro momento, a Secretaria Estadual de Educação chegou a negar as irregularidades, mas depois abriu processo disciplinar contra professores e funcionários, que respondem a processo sigiloso movido pela PGE (Procuradoria Geral do Estado).

O que é o Saresp?

A Secretaria da Educação avalia a educação básica no Estado, desde 1996, por meio do Saresp. Participam os alunos do ensino fundamental (2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries) e do ensino médio (3ª série) das escolas urbanas e rurais da rede estadual na modalidade de ensino regular.
As provas relativas a 2012 foram aplicadas nos dias 27 e 28 de novembro de 2012, para cerca de 2,3 milhões de estudantes da rede estadual. Todos os alunos são avaliados nas disciplinas de português e matemática.

MEC divulga regras do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes 2013

28/03/2013 - 14h11

Mariana Tokarnia
 
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Ministério da Educação publicou hoje (28) no Diário Oficial da União portaria com as regras do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), marcado para o dia 24 de novembro.
O Enade tem o objetivo de medir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação quanto aos conteúdos programáticos, às suas habilidades e competências. Ele é usado para compor o Conceito Preliminar de Curso (CPC), que mede a qualidade dos cursos em uma escala de 1 a 5. Os resultados 1 e 2 são considerados insatisfatórios, o 3, razoável e o 4 e o 5, bons. A avaliação é feita a cada três anos.
Nesta ano, serão avaliados os cursos de bacharelado em agronomia, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social e zootecnia. Também serão avaliados os cursos técnicos de agronegócio, gestão hospitalar, gestão ambiental e radiologia.
Devem fazer o exame, os estudantes que ingressaram no curso em 2013 e que tenham concluído até 25% da carga horária mínima do currículo do curso até o término do período. Também fazem a prova estudantes que tenham expectativa de conclusão do curso até julho de 2014, assim como aqueles que tiverem concluído mais de 80% da carga horária mínima do currículo do curso.
Para os cursos superiores de tecnologia, participam os estudantes que têm expectativa de conclusão em dezembro deste ano, assim como os que tiverem concluído mais de 75% da carga horária mínima do currículo.
Ficam dispensados do exame aqueles que colarem grau até o dia 31 de agosto de 2013 e os estudantes que estiverem oficialmente matriculados e cursando atividades curriculares fora do Brasil na data de realização da prova, em instituição conveniada com a instituição de origem do estudante. A dispensa constará no histórico escolar do aluno.
Os dirigentes das instituições de ensino superior são os responsáveis pela inscrição de todos os estudantes habilitados, que devem ser feitas de 9 de julho a 16 de agosto pelo endereço eletrônico: http://enade.inep.gov.br. Cabe também às instituições a divulgação da lista de estudantes habilitados. Do dia 20 ao dia 30 de agosto, as instituições poderão fazer inclusões ou retificações, no mesmo endereço eletrônico.
Os estudantes farão a prova no município sede do curso, com exceção daqueles que cursam a modalidade de educação a distância. Esses poderão fazer a prova no município em que a instituição tenha um polo de apoio presencial.
As diretrizes para o exame serão divulgadas até o dia 31 de maio. Entre 22 de outubro e 24 de novembro, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibilizará o Questionário do Estudante, de preenchimento obrigatório, pelo site: http://portal.inep.gov.br. Somente depois do preenchimento do questionário, o estudante terá acesso ao local de prova e poderá imprimir o Cartão de Informação do Estudante.
Edição: Tereza Barbosa
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil

PF apura denúncia de discriminação racial contra índios em escola do Mato Grosso do Sul

28/03/2013
Diretor teria expulsado alunos alegando que eram "sujos e fedidos"; ele negaPaulo Yafusso
Germano Oliveira
CAMPO GRANDE E SÃO PAULO O Ministério Público Federal (MPF) de Mato Grosso do Sul solicitou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para apurar crimes de racismo e injúria racial praticados contra alunos indígenas de uma escola estadual em Antonio João, na fronteira com o Paraguai. A PF vai começar a ouvir alunos, funcionários e o diretor da escola na próxima semana. De acordo com a denúncia, índios guaranis-caiovás da escola Pantaleão Coelho Xavier teriam sido retirados da sala de aula sob a alegação de que seriam "fedidos, sujos e pouco higiênicos".
Segundo Marciano Duarte, capitão da aldeia Campestre, os cerca de seis alunos, sendo quatro meninas, teriam sido xingados por colegas brancos de sala de aula e por isso teriam sido retirados da sala pelo diretor.
- Eles falaram que os alunos brancos os chamaram de fedidos, sujos e que tinham chulé, e por isso foram retirados da sala pelo diretor para estudar lá fora da sala de aula. O professor dava aula para os índios lá fora e ao mesmo tempo para os brancos, que ficaram na sala -afirmou Duarte.
O diretor da escola, Elimar Brum, nega que tenha ocorrido discriminação étnica contra os alunos índios.
- Ninguém foi expulso da sala de aula dia 27, nem outro dia, por ninguém e muito menos por mim, pois me encontrava em Campo Grande - afirmou o diretor.
O caso também foi denunciado ontem na Câmara dos Deputados pelo deputado Amauri Teixeira (PT-BA). De acordo com ele, os estudantes foram expulsos da sala de aula pelo diretor, atendendo a pedidos de professores e alunos.
O diretor da escola, no entanto, nega a discriminação. Brum disse que naquele dia todos os alunos estudaram na área externa da escola, onde existe estrutura para atividades como xadrez. Ele também nega que tenha conversado com uma das lideranças da Aldeia Campestre, de onde são os alunos que teriam sido discriminados, e que teria confirmado que expulsou os jovens da sala.
-Jamais falei com o Joel Aquino em lugar algum - disse Brum, referindo-se a informações divulgadas pelas entidades ligadas à questão indígena de que um dos líderes da tribo, Joel Aquino, teria afirmado ter ouvido do próprio diretor que ele retirou os guaranis-caiovás da sala. Brum diz que nunca teve problemas com os índios.
Os índios guaranis-caiovás têm suas terras constantemente ameaçadas por fazendeiros e posseiros da região. Em novembro de 2011, posseiros mataram o indígena Nisio Gomes, líder da tribo, mas até hoje o corpo não foi encontrado. Para protestar contra a violência, índios dessa tribo chegaram a dizer em documento que corriam risco de morte, com entidades de defesa de direitos humanos interpretando que eles poderiam cometer suicídio coletivo, desmentido depois pelos indígenas. Os guaranis-caiovás têm histórico de suicídios cometidos por índios acuados por ameaças às suas terras.

O MEC deve desculpas aos estudantes

28/03/2013
  :: José Serra
Estamos assistindo a um espetáculo que mostra o improviso, a incúria técnica e o desrespeito com que o Ministério da Educação (MEC) decide a sorte de milhões de estudantes Brasil afora. Provas de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que valem 50% do exame, vieram a público, numa reportagem de O Globo: textos com erros ortográficos clamorosos, como enchergar, rasoavel e trousse, mereceram a nota máxima, de 1.000 pontos.
Um candidato entediado e brincalhão resolveu incluir um parágrafo ensinando como se prepara macarrão instantâneo. Atribuíram-lhe 560 pontos -56% de eficiência. Outro redigiu quatro parágrafos. O segundo e o terceiro transcreviam o belo hino do meu querido e ora sofrido Palmeiras. Uma beleza em si, que estava, no entanto, fora do lugar. Só o primeiro e o último aludiam ao tema proposto, com conteúdos praticamente idênticos. Mesmo assim, ganhou 500 pontos - ou 50% da prova. Quantos horrores não se repetiram em milhões de provas?
O MEC ainda tentou justificar o desatino na atribuição das notas. Nas redes sociais as milícia ou os mercenários petistas tentavam justificar os critérios e davam curso a teorias conspiratórias: os críticos estariam querendo pôr fim ao Enem. O exame, como evidencia a história, foi criado pelo ministro Paulo Renato Souza, no governo FHC, para avaliar a eficácia do ensino médio e, então, propor ações para elevar a sua qualidade, que sabemos, no mais das vezes, sofrível. Partiu do próprio Paulo Renato a diretriz para que faculdades e universidades passassem a incorporar, de forma descentralizada e autônoma, o desempenho dos estudantes no Enem entre seus critérios de seleção. Em 2002,340 instituições já o faziam. Coube ao" então ministro Fernando Haddad dar uma resposta simples e errada a um problemas difícil: a transformação do Enem no maior vestibular do mundo ocidental. Isso sob o pretexto de que iria acabar com... a angústia do vestibular!
Sem que houvesse infraestrutura adequada e saber acumulado para tanto - até hoje o MEC não dispõe de um banco de questões digno desse nome -, o governo petista decidiu que o Enem funcionaria como prova de seleção para o ingresso dos estudantes nas universidades federais. Os desastres sucederam-se: quebras de sigilo, problemas de impressão, ideologização do exame, arbitrariedade na correção das redações... Tudo isso concorreu, na verdade, para aumentar a angústia dos estudantes, aquela com que pretendiam acabar. O Enem transformou-se, assim, numa grande máquina discricionária, de deboche, que aprova ou reprova alunos segundo a vontade de uma burocracia que não é técnica, não é lógica nem é transparente.
No ano passado assistimos a uma revolta dos estudantes com as notas atribuídas às redações - que decidem, mais do que qualquer prova, a sorte dos candidatos. Já era patente que algo de muito errado ocorria nessa área. E neste ano somos confrontados com o descalabro. Ao menos uma parte dos corretores nada corrigiu. É plausível que nem tenha lido os textos na íntegra. Pior: um dos maiores vestibulares da Terra não dispõe da tecnologia necessária para avaliar a qualidade da correção.
Ora, um exame dessa natureza e com tais características exige uma sofisticada tecnologia de aferição da qualidade do próprio processo. Afinal de contas, trata-se da vida de milhões de estudantes. É razoável - com z e acento agudo - supor que o Enem se transformou numa máquina de selecionar pessoas segundo critérios arbitrários. O exame que deveria servir às reformas no ensino médio se transformou num mau diagnóstico e num vestibular incompetente.
É uma tolice e uma mentira afirmar que os críticos querem pôr fim ao Enem. Até porque, reitere-se, ele não foi criado pelos governos petistas. Como não foi o Bolsa-Família, que eles também herdaram. Mas o PT tem avocação e o talento para se adonar de propostas e programas que não são originalmente
seus e depois anunciar que estão sob ameaça. Tenta transformara crítica à sua inépcia gerencial em sabotagem.
Para corrigir erros e desvios é preciso admitir a existência do problema, ter uma vontade de acertar maior do que a arrogância, ser dotado de uma honestidade intelectual maior do que a propensão ao embuste e ter uma disposição para trabalhar maior do que a preguiça. Chamados a dar uma explicação para as barbaridades que vieram à tona, os técnicos responsáveis pelo Enem, sob o comando do ministro Aloizio Mercadante, criaram teorias mirabolantes. Chegou-se mesmo a dizer que os textos estavam absolvidos, pois Miojo e Palmeiras não desrespeitam os direitos humanos...
Um dos fundamentos dos direitos humanos é a igualdade das pessoas perante a lei e o respeito ao mérito de cada uma. Se começa a ficar claro que a prova que vale 50% do exame que decidirá o ingresso ou não de um estudante na universidade sofre a mais escancarada arbitrariedade, se o instrumento que vai hierarquizar a fila dos candidatos a uma vaga depende menos do desempenho de cada um do que dos bons ou dos maus bofes do corretor, se os estudantes têm fraudadas suas expectativas e violada sua esperança de uma avaliação justa, então, pode-se afirmar que estão sendo agredidos os direitos fundamentais dos postulantes - que direitos humanos são, a menos que o ministro da área consiga provar irrevogavelmente o contrário.
Em vez de oferecer explicações esfarrapadas, o MEC precisa pedir desculpas a milhões de estudantes brasileiros. Uma das críticas que o petismo faz às universidades públicas paulistas é a de não aderirem ao Enem em seus respectivos vestibulares. Tenho outra proposta: que o MEC, que transformou o Enem num megavestibular, aprenda um pouco com o vestibular dessas universidades, por exemplo. Seria mais prudente e construtivo.
P. S. - Outras quatro análises que fiz sobre educação e Enem estão no site www.joseserra.com.br.
EX-GOVERNADOR E EX-PREFEITO DE SÃO PAULO

quarta-feira, 27 de março de 2013

Após solicitação de Mendonça, Câmara pede explicações a ministro sobre avaliações das redações do Enem




Deputado federal requisitou informações sobre os critérios utilizados na correção das redações Fonte: Portal NE10
27 de março de 2013



Após solicitação do deputado federal pernambucano Mendonça Filho (DEM), a Comissão de Fiscalização e Controle Financeiro da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (27), o requerimento pedindo informações ao ministro da Educação, Aloízio Mercadante, sobre os critérios utilizados na correção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principal avaliação para o ingresso em universidades públicas no País.
O requerimento foi apresentado após uma denúncia do jornal O Globo revelando que redações com erros grosseiros receberam nota máxima no Enem. A que ficou mais popular foi uma redação em que, no terceiro parágrafo, o autor afirmava que "para o texto não ficar cansativo, vou aqui ensinar a preparar um miojo". E seguia com o passo a passo para quem for preparar o macarrão. O tema da redação era imigração ilegal no Brasil. A redação em questão recebeu nota 7,5 e o avaliador afirmou que o estudante avaliado não fugiu ao tema.
"Agora o Governo terá de esclarecer os fatos, pois a denúncia é grave", afirmou o deputado pernambucano, lembrando que a avaliação tem influência na "vida de milhares de jovens no País". O ministro terá de informar os critérios utilizados na correção das provas em relação aos pontos retirados dos candidatos atribuídos a erros na norma culta e os pontos atribuídos à compreensão e ao desenvolvimento do tema dentro dos limites estruturais do texto.
O requerimento pede, ainda, que o ministro informe os pontos atribuídos aos argumentos e à defesa do ponto de vista abordados pelo aluno, os pontos atribuídos à utilização dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação e os pontos atribuídos à conclusão e às propostas de intervenção ao problema abordado.
Segundo Mendonça, o Ministério tem de dar explicações e agir para corrigir rumos. "É inadmissível que a avaliação das redações do Enem fique sujeita a julgamento subjetivo e até mesmo ideológico. Isso gera insegurança para os estudantes e abre espaço para atos de favorecimento e até corrupção", destacou o democrata.

MP que prevê alfabetização aos 8 anos vai para sanção



Texto segue para aprovação presidencial Fonte: Gazeta do Povo (PR)
27 de março de 2013



O Senado aprovou ontem a Medida Provisória (MP) do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa. O texto, que segue agora para sanção presidencial, prevê que todas as crianças das Escolas públicas deverão ser alfabetizadas até o final do terceiro ano do Ensino fundamental, aos 8 anos de idade. Como a Educação fundamental é responsabilidade dos municípios, o governo federal precisa da adesão deles ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) para que a proposta saia do papel.
O Ministério da Educação pretende repassar mais de R$ 1 bilhão para projetos de capacitação de Professores pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os recursos também contemplarão a concessão de bolsas para profissionais da Educação e para o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos, entre outras medidas.
O relator da MP no Senado, Eduardo Amorim (PSC-SE), deu parecer favorável ao texto e considerou o pacto “uma revolução” na Educação brasileira. Apesar da maioria governista na Casa, a matéria recebeu diversas críticas dos oposicionistas e senadores independentes.
Contra
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que as Escolas particulares atualmente alfabetizam as crianças aos 5 anos de idade, ainda na fase Pré-Escolar. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) também foi contrário à proposta. “Se nós tivéssemos nossos filhos em uma Escola pública, nós não aceitaríamos esses oito anos”, disse Cristovam, para quem o Brasil está “retrocedendo” ao adiar a idade de Alfabetização.

Senado aprova incentivos para a alfabetização




Emenda de Álvaro Dias, rejeitada no plenário, tentou alterar de oito para seis anos a idade prevista para a alfabetização. Dias foi apoiado por Cristovam Buarque

Fonte: O Povo (CE)
27 de março de 2013



O plenário do Senado Federal aprovou ontem, em Brasília, o projeto de lei de conversão (PLV) 2/2013, que cria incentivos para o aprendizado de leitura de todas as crianças nas Escolas públicas até os oito anos de idade, por meio do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). A proposta é originária da medida provisória (MP) 586/2012, que virou projeto de lei de conversão após ter sido alterada na Câmara dos Deputados. A matéria segue agora para sanção presidencial.
A medida prevê cursos de capacitação para os Professores e a distribuição de materiais didáticos específicos de Alfabetização dos Alunos. Uma emenda aprovada na Câmara dos Deputados fixou o dia 31 de dezembro de 2022 como prazo limite para o cumprimento da meta de alfabetizar as crianças na rede pública até os oito anos de idade. O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), apresentou emenda em plenário, derrubada pela maioria, para tentar alterar de oito para seis anos a idade prevista para a Alfabetização dos estudantes.
O líder tucano na Casa, Aloysio Nunes Ferreira (SP), também fez coro à sugestão do colega de bancada. Para ele, a proposta a é uma “revolução para trás”. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-ministro da Educação do governo Lula, disse que o projeto vai “envergonhar” os brasileiros: “Essa é uma proposta mais limitada do que foi a Lei do Ventre Livre”, criticou Buarque, comparando com a norma que garantiu liberdade aos recém-nascidos filhos dos escravos, em 1871.
O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE) defendeu a aprovação da proposta da forma como veio da Câmara dos Deputados, um pedido feito pelo Ministério da Educação para evitar prejudicar os cinco mil convênios já firmados com prefeituras. (das agências de notícias)
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
Como a Educação fundamental é responsabilidade dos municípios, o governo federal precisa da adesão deles ao Pnaic para que a proposta saia do papel. Mais de 90% dos municípios brasileiros aderiram ao programa. 

Um em cada quatro professores de física desiste de lecionar, diz estudo




Pesquisa foi feita com egressos da Unesp de Bauru de 1991 a 2008. Neste ano, 21 instituições oferecerão mestrado a professores da área Fonte: G1

27 de março de 2013


Uma pesquisa que rastreou a maior parte dos alunos formados no curso de licenciatura do campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp) entre 1991 e 2008, para descobrir que rumo tomou a carreira deles, mostrou que a maior parte chegou a dar aulas na educação básica, mas um terço deles acabou desistindo da profissão. Segundo Roberto Nardi, professor da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru e orientador do estudo, os números mostram que a falta de professores na rede básica de ensino não é só um resultado da falta de pessoas formadas na área, mas sobretudo das atuais condições de trabalho e salário do cargo.
No período analisado pelo estudo, que foi a dissertação de mestrado do pesquisador Sérgio Rykio Kussuda, 377 pessoas receberam o diploma de licenciatura em física na instituição. Por meio de buscas na internet, o pesquisador conseguiu encontrar 273 desses licenciados, e 52 deles preencheram um extenso questionário a respeito de suas escolhas profissionais.
De acordo com o estudo, dos 40 participantes que disseram ter ingressado na rede de ensino após conquistar o diploma, 13 (25%) decidiram abandonar o trabalho: dez dos 32 licenciados que viraram professores na educação básica acabaram desistindo do emprego para se dedicar a outras áreas, e três dos sete professores que se dedicavam apenas ao ensino superior também mudaram de profissão.
"Os fatores principais que motivaram o abandono dos licenciados do magistério foram, nesta ordem, a questão salarial, as condições desfavoráveis de trabalho neste nível de ensino, particularmente no magistério público, e a consequente opção por outras profissões de caráter público ou privado, destacandose o ingresso em programas de pós-graduação que permitem o acesso ao magistério no ensino Superior e empregos em empresas de projeção nacional, públicas e privadas", conclui a pesquisa.
Entre os que abandonaram a carreira para a qual se formaram --lecionar--, muitos decidiram fazer uma nova graduação, que incluiu, entre outras, direito, engenharia, matemática, pedagogia e logística.
Já os licenciados que nunca chegaram a lecionar, há os que se tornaram funcionários públicos, bancários, empregados do setor administrativo e até um técnico em meteorologia. Dos 52 participantes da pesquisa, 27 ainda atuam como professores, e apenas 16, ou 30% do total, trabalham na rede básica de ensino.
Segundo Kussuda, "as condições de trabalho não têm sido suficiente atrativas para os licenciados continuarem no magistério".
O pesquisador, que concluiu a licenciatura em física em 2009, também é professor do ensino médio na rede pública estadual de Bauru, e conta que, embora "nenhum curso prepara o professor 100% para a sala de aula", boa parte do conteúdo do currículo da licenciatura "está mais para o bacharelado".
Mesmo assim, ele ressalta que o currículo tem recebido melhorias ao longo do tempo. "Com certeza tivemos mais contato com a realidade de sala de aula que os licenciados anteriores", afirmou Kussuda em relação aos seus colegas que, como ele, iniciaram o curso em 2006.
Técnicas de ensino
Entre as dificuldades citadas pelo professor Roberto Nardi estão o volume de horas de trabalho em salas de aula cheias e com alunos com defasagem em aprendizados básicos, além da falta de preparação dos licenciados em transpor o conhecimento dos conteúdos da física adquiridos na faculdade para o nível dos estudantes do ensino básico.
Ele afirma que os alunos do curso de licenciatura só recentemente passaram a ter disciplinas específicas sobre ensino, incluindo estágios e outras práticas. Antes, a maior parte da carga horária do curso era ministrada por bachareis em física que transmitiam o conhecimento da matéria, mas não as técnicas sobre como ensinar esses conceitos a adolescentes.
Nardi, que mantém um grupo de pesquisa em ensino de ciências na faculdade da Unesp, em Bauru, afirma que há estudos mostrando como as crianças e adolescentes chegam às aulas de ciências com conceitos aprendidos espontaneamente do senso comum, como noções de velocidade, que nem sempre são corretos do ponto de vista científico.
Desmontar esses conhecimentos é um dos desafios que podem pegar os professores desprevenidos. Veja ao lado alguns depoimentos de licenciados em física sobre suas experiências nas salas de aula da educação básica.
Um terço desistiu por causa do salário
"Outra questão é salarial, que é crucial", explicou o professor, que citou os valores atrativos que os graduados em física podem ter em bolsas de pesquisa de mestrado e doutorado, que são mais altos que o valor pago pela hora de aula atualmente.
De acordo com a pesquisa, dos dez professores que ingressaram na educação básica, mas desistiram de lecionar, quatro optaram por seguir na área acadêmica fazendo pós-graduação e cinco afirmaram que desistiram por questões financeiras.
A desistência afetou tanto professores da rede pública quanto da privada. Se por um lado eles afirmam que o interesse dos estudantes de escolas particulares é maior, por outro, a falta de autonomia e a necessidade de acatar o que diretores, alunos e pais querem atrapalham o andamento das aulas.
"Ministrar aulas é um dom, uma vontade. Gosto muito de dar aulas, porém, o sistema complica muito as coisas", afirmou um professor que participou do estudo.
Mestrado profissional
O estudo mostrou ainda que mais da metade dos licenciados de física entrevistados afirmou que, além de física, também deu aula de outras disciplinas. Matemática e química foram as mais citadas, mas matérias como história e geografia também apareceram no questionário, mesmo que um professor com licenciatura em física não possa dar aulas de disciplinas de ciências humanas.
O contrário também é comum, segundo Celso Pinto de Melo, presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF). Pensando em suprir a falta de capacitação de professores que dão aula de física, mas não têm licenciatura na área, a SBF capitaneou, durante o ano passado, a elaboração de um programa de mestrado profissional em física.
"Precisamos aumentar o número de professores de física no ensino médio e a qualificação desses professores. Uma fração expressiva não é graduada em física, há vários estudos por parte do Inep e MEC mostrando enorme déficit de professores em geral, matemática, química e física", explicou o presidente da entidade.
Neste ano, 18 universidades federais e três estaduais foram selecionadas para as primeiras turmas do programa no Distrito Federal e nos estados de Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Sergipe.
"Existe uma coordenação nacional que estabelece os módulos de conteúdo. Cada pólo vai poder fazer alguma adaptação às características locais, mas não são programas avulsos", explicou Melo.
O público-alvo, segundo ele, são professores que já atuam no ensino médio. Para que eles não precisem abandonar o cargo durante o curso presencial, os mestrandos receberão uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), afirma Melo. Ele explica que o objetivo do curso é ensinar o conteúdo de física a professores que não são formados na área, mas acabam atuando nela. "O conteúdo é algo importante, sem perda das disciplinas da área pedagógica. Mas não é um programa voltado pra área de pedagogia."
A medida, de acordo com Melo, tenta melhorar as condições de trabalho dos professores, mas não é capaz de resolver, sozinha, o problema da falta de docentes nas escolas brasileiras. "Tem a ver com a valorização social da carreira do professor. Enquanto o piso mínimo não for uma realidade, enquanto não houver reconhecimento social... Esse programa não é uma varinha de condão."

Após 4 anos, escola é inaugurada




"A marca do nosso governo é ter equipamentos públicos de boa qualidade, e esse é um exemplo", disse Agnelo Queiroz, governador do DF

Fonte: Correio Braziliense (DF)
27 de março de 2013



O GDF inaugurou ontem à tarde a primeira reforma geral da Escola Classe 19, na QNA 39 de Taguatinga. Foram investidos R$ 2,3 milhões no espaço, que já serviu para atender órgãos administrativos do governo desde a época da construção da capital. Em funcionamento desde 1964, a EC 19 abriga 230 Alunos do 1º ao 5º ano do Ensino fundamental, inclusive Alunos especiais. Na semana passada, o governo local também concluiu as obras do Centro Educacional (CED) 1 do Cruzeiro, além da construção do Centro de Ensino fundamental (CEF) 1 de Planaltina.
A recuperação da EC 19 ficou paralisada por quatro anos por conta da falência da empresa contratada, à época, para executar o serviço. Durante esse período, os Alunos foram transferidos temporariamente para a Escola Classe 21, também em Taguatinga. “Podemos considerar que essa Escola foi totalmente construída, pois nada se aproveitou da antiga estrutura, que já serviu a vários fins, além do uso Escolar. Começamos do chão e, hoje, temos um equipamento público exemplar, com acessibilidade completa a portadores de necessidades especiais e salas de aula destinadas a atividades extracurriculares, pronto para funcionar em período integral”, disse a diretora da EC 19, Adriana Vargas.
No novo espaço, funcionam 10 salas de aula, espaços de informática e de reforço, laboratório de ciências, parque infantil, quadra de esportes, sala multiúso de ginástica, horta e jardim sensorial para portadores de deficiência visual. A estudante Larissa Cristina da Silva, 26 anos, é mãe de dois Alunos matriculados na EC 19. “Pela demora em concluir a obra, achei que não sairia, mas o resultado final foi bom. Matriculei os meus filhos aqui no ano passado sabendo que ela estaria pronta e em melhores condições de atendimento”, contou.
Uma segunda licitação teve de ser feita para a conclusão da obra, que durou seis meses, entre junho e dezembro do ano passado. O terreno tem 3,3 mil metros quadrados, e a área construída é de 2,7 mil m². Segundo o secretário de Educação, Denilson Bento da Costa, a Escola deverá funcionar em período integral, de 10 horas diárias, até o segundo semestre. “Em maio, teremos toda a estrutura preparada para a EC 19 atender os novos Alunos. Para isso, mais Professores deverão ser lotados na Regional de Taguatinga”, afirmou. No DF, há 23 Escolas integrais.
Presente à inauguração, o governador Agnelo Queiroz destacou o resultado da obra. “A marca do nosso governo é ter equipamentos públicos de boa qualidade, e esse é um exemplo. A nossa prioridade, desde o início da nossa gestão, foi de priorizar as obras inacabadas que herdamos. Esta é uma das últimas das 157 desse tipo que tivemos de finalizar”, declarou. Mais de R$ 40 milhões foram investidos desde 2011 na reforma e na construção de colégios.

Movimentos de educação de SP pedem esclarecimento sobre proposta de expansão de creches PDF Imprimir E-mail






27.03.13   
Nas últimas semanas, o prefeito Fernando Haddad e seu secretário de educação, Cesar Callegari, conforme noticiado pela mídia, têm apresentado propostas para a ampliação do atendimento em creche no município de São Paulo. Uma destas propostas, ainda pouco detalhada, é a ampliação do atendimento via parcerias com empresas e seus respectivos institutos sem fins lucrativos. A iniciativa estimula que as empresas ofereçam diretamente vagas em creches, implementando diretamente a obrigação do art. 389 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – obrigação presente também em diversos acordos e convenções coletivas de trabalho de diferentes categorias –, ao invés de complementar os salários de seus funcionários com auxílio-creche. Segundo Callegari, em entrevista à TV Estadão (25/02/2013), “[A] Prefeitura orientará empresas a montar centros de educação infantil para atender não apenas filhos de funcionários, mas crianças do entorno. Em troca, vai ajudar na manutenção, com repasses mensais de verba”.
Considerando que o atendimento em creche é um direito da criança e das famílias e dever do Estado, que o número de crianças sem atendimento mantém-se em um patamar elevado, e que várias medidas são necessárias para suprir o déficit de vagas nesta etapa da educação, o Grupo de Trabalho em Educação da Rede Nossa São Paulo solicita esclarecimentos acerca da proposta, com objetivo de torná-la mais compreensível à sociedade, proporcionando o debate e aprimoramento da própria proposta.
1) A partir das informações que foram divulgadas até o momento sobre o projeto, parece que além dos convênios a serem celebrados para o atendimento da população do entorno, também as construções das unidades de educação infantil serão/poderão ser realizadas com recursos públicos, em áreas próprias das empresas ou próximas às mesmas. Diante dessa proposta, pergunta-se: a) Se o prédio for construído com recursos públicos, o terreno em que ele estará situado será doado pela empresa/instituto ao Município? b) Quem será responsável pela manutenção e custeio do equipamento? c) A quem será destinado o patrimônio no caso de encerramento das atividades da unidade educacional?
2) Estas unidades deverão atender filhos de funcionários e a comunidade do entorno. Considerando que as unidades serão construídas e mantidas, em parte, com recursos públicos, qual será a contrapartida das empresas em relação ao atendimento das crianças do entorno, ou seja, qual o percentual mínimo obrigatório de vagas a serem ofertadas às crianças do entorno em relação ao total das matrículas? O repasse de recursos e o convênio a ser celebrado entre o Município e a empresa/instituto dirá respeito apenas e tão somente às crianças que não são filhas de funcionários (as)?
3) Como serão definidos os locais para a construção destas novas unidades? Evidencia-se a importância de que inicialmente sejam priorizadas as regiões em situação de maior vulnerabilidade social e com as taxas mais baixas de atendimento nesta etapa educacional.
O detalhamento do projeto de parceria entre a prefeitura e as empresas é fundamental para garantir a transparência da proposta e possibilitar o acompanhamento da política na cidade e seu aprimoramento, de forma a superarmos o déficit de vagas nesta etapa da educação básica e, ao mesmo tempo, enfrentar as desigualdades presentes na educação na cidade de São Paulo.
Assinam a nota
GT Educação da Rede Nossa São Paulo
Ação Educativa
Aliança pela Infância
Associação Cidade Escola Aprendiz
Associação Comunitária Monte Azul
CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária
Cooperapic
Fórum Permanente de Educação Inclusiva
Geledés - Instituto da Mulher Negra
Instituto Avisa Lá
IPF - Instituto Paulo Freire
Projeto Brasil 2025
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