22/09/10
O Recife (PE) pretende implantar projetos de educação integral como uma
política pública do município. Até 2012, as 300 escolas da capital pernambucana
deverão contar com programas para estimular ações que integrem a comunidade e
instituições de ensino, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação de
Recife.
Para isso, o órgão do governo desenvolve — em parceria com a Associação
Cidade Escola Aprendiz — um projeto piloto em duas escolas dos bairros Coque e
Pilar, ambas na região central do município. Desde abril, o chamado Programa
Bairro-Escola Recife acontece na Escola Municipal José da Costa Porto e na Escola
Municipal Nossa Senhora do Pilar. A ideia é transformar a comunidade em um
ambiente de aprendizagem, ampliando os limites das salas de aula e fazendo da
educação pública uma responsabilidade coletiva.
O projeto está em fase de mobilização e articulação local. Segundo o
secretário Municipal de Educação, Cláudio Duarte, o primeiro passo é aumentar a
colaboração entre dirigentes, professores, pais e alunos das escolas, além de
estimular a interação entre os colégios e a comunidade.
“Já percebemos maior integração desde o início do projeto. Geralmente, a
visão que cada um deve apenas cuidar do que lhe diz respeito é forte, mas as
escolas estão se abrindo mais às manifestações da própria comunidade”, avalia
Duarte. “É fundamental mobilizar e identificar valores sociais, culturais e os
potenciais do entorno. Quando a comunidade é ativa, a escola funciona melhor, o
professor falta menos e a gestão é mais presente”, completa.
O gestor local do Bairro-Escola Recife, Gerson Flávio, observa que o
diálogo é mais fácil em comunidades que já estão mobilizadas. “Sentimos mais
facilidade no Coque, por exemplo, porque já existe um histórico da comunidade
com organizações que atuam no bairro. São 12 ONGs presentes há anos”.
Quinzenalmente, acontecem as oficinas do grupo articulador local. Os
encontros reúnem diversos segmentos da comunidade nas duas escolas: gestores,
animadores culturais, professores, pais, alguns alunos e líderes comunitários.
Além disso, em parceria com a ONG Auçuba Comunicação e Educação, são
realizadas oficinas semanais de comunicação comunitária. Podem participar
estudantes das escolas e adolescentes da comunidade interessados.
Para o final de novembro, os articuladores locais estão preparando uma
mostra cultural. O evento vai durar uma semana e ocorrerá tanto no Coque quanto
no Pilar. O projeto também prevê a criação de agências de notícias comunitárias
na Internet, para divulgar informações sobre os moradores e acontecimentos nos
bairros.
“Experiências de educação integral ainda são pontuais. Queremos
disseminar a prática do bairro-escola. Uma dificuldade é a orientação política
de cada gestão municipal. O processo político é complexo”, revela o secretário.
Para ele, é fundamental produzir avaliações estruturadas dos projetos que
demonstrem resultados. Assim, ele avalia que outros governantes poderão
perceber a eficácia de iniciativas relacionadas à educação integral no país.
No próximo ano, a meta da secretaria é implantar o Programa
Bairro-Escola em no mínimo quatro micro regiões do Recife – cada micro região
é composta por cerca de quatro bairros.
Bairro do Pilar
O Coque e o Pilar são áreas pobres da capital pernambucana. Na segunda, a Prefeitura do Recife está construindo conjuntos habitacionais. Com o Programa de Requalificação Urbanística de Inclusão Social da Comunidade do Pilar, cerca de cem famílias foram desalojadas.
O Coque e o Pilar são áreas pobres da capital pernambucana. Na segunda, a Prefeitura do Recife está construindo conjuntos habitacionais. Com o Programa de Requalificação Urbanística de Inclusão Social da Comunidade do Pilar, cerca de cem famílias foram desalojadas.
“Mexe com a vida da comunidade. Ocorre evasão escolar, pois o aluno tem
que sair da região para morar mais longe”, afirma Gerson. “Estamos atuando
também neste contexto, pois o processo de negociação é denso”.
Às quintas-feiras, o governo municipal e os integrantes do Bairro-Escola
Recife tem feito reuniões nas obras do conjunto habitacional. O objetivo
é trabalhar na tentativa de promover um diálogo entre o grupo
governamental e a comunidade.
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