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sábado, 30 de março de 2013

No Rio, abandono chega a 50%; goteiras e rachaduras são rotina

30/03/2013
Infiltrações e calor são alguns dos problemas diários dos estudantes nos prédios do Maracanã e de NilópolisCássio Bruno
Interdição. Piscina do campus de Nilópolis não funciona
Descaso. Na Baixada, cones e balde sinalizam goteiras
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio (IFRJ) também enfrenta dificuldades, como aponta a auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). De acordo com a própria reitoria, a evasão média do Proeja no estado é de 50%. Já nos cursos subsequentes, o índice chega a 35%. Outro obstáculo apontado é a falta de professores. Os estudantes, por sua vez, são obrigados a conviver diariamente com problemas de infraestrutura em pelo menos dois dos principais prédios visitados pelo GLOBO na última semana: Maracanã e Nilópolis, na Baixada Fluminense. Ao todo, o IFRJ oferece 40 cursos, distribuídos em 11 campi, com cerca de 15 mil alunos matriculados.
No prédio do instituto localizado no Maracanã, um dos dois elevadores não funciona. Com isso, funcionários e estudantes são obrigados a utilizar as escadas. Nos corredores de acesso às salas de aula, há goteiras. Móveis e eletrodomésticos quebrados também ficam no local. É possível observar também rachaduras no teto. No térreo, por exemplo, parte dos vergalhões da estrutura fica aparente. Na terça-feira passada, O GLOBO observou que extintores de incêndio estavam espalhados pelo chão.
Em Nilópolis, a situação também é grave. Na secretaria, a direção-geral publicou um aviso aos alunos sobre as dificuldades da não refrigeração dentro das salas de aula. No documento, os diretores argumentam que a rede elétrica é de 1994 e não atende à demanda. Assim, prejudica a instalação de aparelhos de ar-condicionado. Os estudantes são informados ainda que o edital para contratar uma empresa para fazer a manutenção demorou um ano e meio para ser elaborado e que o caso seria resolvido ainda este ano, mas sem dar um prazo específico.
A piscina do IFRJ de Nilópolis também está desativada e com a água suja. A arquibancada permanece interditada. Por causa das goteiras e de infiltrações, baldes e cones foram postos nos corredores para isolar o local e chamar a atenção dos alunos com o objetivo de evitar acidentes. O campus da Baixada também sofreu com greves de professores em 2011 e 2012.
- Os alunos fazem um esforço grande para estudar e passar no processo seletivo. E aí a escola fica dois meses em greve. Meu filho também reclama muito do calor na sala - diz a mãe de um estudante que preferiu não se identificar com medo de represálias contra o filho.
Procurado pelo GLOBO, o reitor Fernando Gusmão não quis dar entrevista. Em nota, o IFRJ confirmou a evasão no Proeja e em cursos subsequentes e diz que ambos passam por um processo de reestruturação. Apesar de admitir ainda a falta de professores, o instituto não divulgou o déficit desses profissionais. Informou apenas que tem realizado processos seletivos e, para o segundo semestre deste ano, já realizou um levantamento das necessidades. Disse ainda que providências serão tomadas.
Em relação à infraestrutura dos prédios, o IFRJ disse que a instituição realiza manutenção constante e que os problemas são sempre resolvidos conforme cada necessidade. O instituto afirma que os móveis ficam nos corredores por falta de espaço, mas por pouco tempo. Já a piscina não funciona porque os custos de manutenção são altos e obrigam a administração a priorizar determinados serviços.

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