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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

"Os alunos amam programar, criar e construir"

29 de outubro de 2014
Professor conta no Diário de Inovações que o celular se transformou em um aliado durante as aulas de robótica

Fonte: Portal Porvir

"Sou professor de robótica em vários colégios particulares do Recife, Pernambuco. Sempre notei que, no início das atividades, o encantamento dos alunos é evidente. Para tornar as aulas vivas, sempre procurei manter um clima de desafios em aula, criando pequenas competições entre as equipes. A maioria se empolga, mas quando são cobrados deles conteúdos educacionais e programações mais elaboradas, perdem interesse.
Minha grata surpresa se deu quando comecei a tentar incentivar a participação dos alunos nas aulas de robótica na escola Shalom Centro Educacional, que não são obrigatórias, mas oferecidas a todos. A robótica possui um mundo de possibilidades, mas os alunos não tinham o material quando bem queriam para usar na sua casa e brincar. No entanto, mesmo se tratando de uma escola em um bairro pobre do Recife, a maioria dos alunos possuem seu celular e, normalmente, com sistema Android: a ferramenta que eu precisava para que todos participassem e aprendessem mais.
Usando o celular ao meu favor, pesquisei e encontrei uma ótima ferramenta de desenvolvimento de aplicativos para dispositivos Android, o App Invento2. Comecei a estudar a sua plataforma, criada pelo MIT e baseada no Scratch.
No início, duas limitações me deixaram muito inseguro: o fato da ferramenta não existir no idioma português e do seu uso, a princípio, necessitar de acesso à internet. O primeiro problema só existia em minha cabeça, pois a maioria dos alunos não tinham medo do idioma, devido a sua experiência com jogos eletrônicos. Mesmo não possuindo domínio da língua, o uso intuitivo de clicar e arrastar blocos foi muito bem aceito pelos alunos.
O segundo problema era a conexão. “E se não tiver conexão em determinados dias, por alguma razão, durante as aulas?”, pensava. Bom, nada como a frase “navegar é preciso”. Com um pouco mais de pesquisa, verifiquei que existe uma forma de criar servidores para o App Inventor2 e utilizá-lo offline, sem precisar da conexão com a internet.
Agora, precisava saber se eles gostariam de aprender a fazer seus próprios aplicativos para celular. Visitei todas as salas e 100% dos alunos desejavam aprender a criar aplicativos. Fui um pouco mais criterioso, gostaria de saber quantos estavam realmente dispostos. Expliquei que precisariam estudar mais disciplinas como matemática e inglês. Grata a surpresa, eles ainda se sentiam desafiados e muitos queriam aprender.
Esse é o primeiro ano que estamos desenvolvendo essas atividades. Começamos as aulas há alguns meses, por isso, estamos indo com calma, despertando o aluno para as possibilidades do uso das novas tecnologias como ferramentas para aprender.
Criei vários aplicativos simples para que eles conhecessem algumas possibilidades. Agora já estamos em uma fase em que os alunos precisam apresentar projetos próprios. Por sugestão deles, estamos desenvolvendo um aplicativo que ajuda a ensinar algumas palavras e o alfabeto em Libras, pois eles já aprendem isso na escola. Também estamos desenvolvendo um aplicativo para crianças com Síndrome de Down. A ideia foi de uma aluna que tinha uma prima com a síndrome. Basicamente, a criança toca na imagem e o dispositivo sonoriza palavras como como água, maçã, brincar, dormir, etc.
Posso dizer que os alunos amam programar, criar e construir seus próprios “carrinhos de lata” e suas “bonecas de pano”. A maioria dos alunos estão empolgados e participam com muita alegria das atividades. Essa é a linguagem que eles conversam. Eles usam tecnologia o tempo todo e o celular está ao alcance da maioria dos alunos."
*Manoel Pereira de Lima Filho

Leia a reportagem no site original

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