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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Editorial: Educação além do piso

31 de outubro de 2014
"A Educação é maltratada por sucessivos governos gaúchos e subsiste com planos que apenas acrescentam remendos a uma estrutura cada vez mais precária", afirma jornal

Fonte: Zero Hora (RS)

É compreensível que o piso do magistério tenha se transformado num dos temas preferenciais da campanha eleitoral no Rio Grande do Sul, por significar a possibilidade concreta, mas sempre adiada, de melhor remunerar uma categoria que deveria estar entre as mais valorizadas do país. Mas é ao mesmo tempo limitador que o vencimento mínimo em debate tenha reduzido a discussão de propostas para o Ensino a uma troca de acusações sobre o assunto.
A prioridade à Educação merece mais do que a abordagem superficial de temas com forte apelo político. Superada a etapa do enfrentamento, o desafio está posto ao governador eleito, com todas as complicações das questões fundamentais desprezadas ao longo do tempo.
A Educação é maltratada por sucessivos governos gaúchos e subsiste com planos que apenas acrescentam remendos a uma estrutura cada vez mais precária. É degradante o salário médio pago ao magistério. É constrangedora a incapacidade do setor público de fomentar o aprendizado permanente dos Professores. É atrasada, com o suporte de referências já superadas, a gestão das Escolas. E, por consequência, carecem de atualização as próprias práticas pedagógicas que orientam o Ensino público. Pode-se dizer que esse conjunto de deficiências incorporou-se de forma crônica ao cenário brasileiro e que o Rio Grande apenas está inserido nesse contexto. Não é uma desculpa sensata para uma das mais prósperas unidades da federação.
O Estado tem déficit de Professores, calculado em pelo menos 7 mil profissionais, apesar da contrariedade do Estado. O Ensino funciona com boa parte do quadro de Educadores contratada de forma provisória, e é sempre questionável a efetiva racionalização na aplicação de recursos. Exemplos de eficiência no setor público, sempre apresentados como exceção, provam que é possível potencializar o bom uso de verbas escassas, com resultados no aprendizado reconhecidos nacionalmente.
São casos em que, sem milagres, os próprios Professores se encarregam de superar a burocracia e a inércia das hierarquias governamentais, para ousar, inovar e envolver servidores, Alunos e comunidades em seus projetos. Avançar na qualidade do Ensino significa também fortalecer a meritocracia, que obtém resultados em qualquer atividade. O governador tem a chance que outros tiveram de destravar a Educação pública. Que supere as omissões e a falta de vocação de seus antecessores para contrariar interesses e enfrentar conflitos.
 
Opinião publicada apenas em veículo impresso

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