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terça-feira, 30 de abril de 2013

Professor Gabriel, o homem da fusão


30/04/2013
Por Beth Koike | De São PauloAos 80 anos, Gabriel Rodrigues, mais conhecido como professor Gabriel, em nada lembra um senhor sedentário prestes a se aposentar. O fundador da Anhembi Morumbi e maior acionista da Anhanguera, além de dono de vários outros negócios nas áreas de construção e energia, é um homem ativo - como dizem seus pares, um "workaholic".
Às seis e meia da manhã, já está de pé - seja para suas caminhadas ou para responder e-mails em seu iPad, cuja capa surrada dá uma dimensão do quanto o acessório é usado. A jornada só termina às onze da noite. Nos fins de semana o expediente não é tão longo, mas ele nunca deixa de estar plugado.
Após 43 anos na Anhembi Morumbi, o professor Gabriel assume hoje a presidência do conselho de administração da Anhanguera. O cargo será ocupado oficialmente nesta terça-feira, mas ele já está na labuta há um mês, quando deixou a faculdade que fundou. Neste pouco tempo, coordenou a fusão entre Anhanguera e Kroton, formando o maior grupo educacional do mundo com valor de mercado de R$ 12 bilhões. "Nesse processo, eu fiquei todo o tempo ligado", diz Gabriel, em sua primeira entrevista após o anúncio da fusão.
Na conversa que teve com o Valor, a qualidade do ensino foi um tema recorrente. Na Anhembi Morumbi, adquirida pela americana Laureate, Gabriel travou alguns embates para não deixar o nível de seus cursos cair em troca de maior retorno financeiro. Ao que tudo indica, essa preocupação será mantida. Analistas têm visto com bons olhos a "dobradinha" que professor Gabriel fará com Rodrigo Galindo, presidente da Kroton.
"Não adianta só ter meta econômica porque há os alunos e o MEC [Ministério da Educação] que controlam a qualidade do ensino. Na Laureate, não foi fácil porque lá não havia pessoas ligadas à educação e as preocupações eram metas. Mas, aos poucos, eles se adaptaram e no fim acho que a relação foi boa porque sou bom articulador. Não sou de brigar", diz o presidente do conselho da Anhanguera. "O Gabriel é um dos mais atentos a essa questão do ensino, principalmente, nas faculdades privadas ", diz Altamiro Galindo, um dos acionistas da Kroton e pai de Rodrigo.
Além das cifras bilionárias, o negócio chamou atenção por ter sido fechado em apenas quatro dias. Nessa associação, o professor foi peça fundamental graças a uma de suas principais características: a habilidade de conciliar os interesses de forma polida. "Gabriel é muito conciliador e reflexivo, está sempre disposto a ouvir", diz Walfrido dos Mares Guia, um dos acionistas da Kroton. Foi de Walfrido a ideia de procurar o maior acionista da Anhanguera para uma fusão com a Kroton no dia 17.
"Há um ano e meio, eu, o Gabriel e o Walfrido jantamos juntos e falamos da possibilidade dessa fusão. Mas era ainda algo remoto. Agora, não precisamos mais esconder o namoro", brinca Antonio Carbonari, fundador da Anhanguera. A companhia paulista também flertou com a carioca Estácio, mas o namoro não avançou. "Entre fechar com pessoas que não conheço, preferi fechar com um grupo ligado à educação que conheço de longa data", disse Gabriel.
Carbonari classifica Gabriel como "homem visionário" porque há 13 anos teve coragem de colocar dinheiro em uma faculdade voltada ao público mais velho e de baixa renda - algo novo para a época. No ano 2000, Gabriel comprou 50% da Anhanguera. Na Anhembi Morumbi destacou-se no mercado por cursos como turismo, gastronomia, hotelaria e moda.
Agora, a aposta do professor Gabriel, arquiteto formado pelo Mackenzie, é o uso da tecnologia como ferramenta de aprendizado. "Eu acompanho tudo sobre tecnologia educacional. Nós já temos o conteúdo que só precisa colocar no portal. Não precisa imprimir livro", disse. "Uma das minhas poucas vaidades é achar que entendo de marketing. Por isso, acho que vão vencer aqueles [grupos educacionais] que têm estratégia diferenciada e atendem bem seu cliente", diz o empresário.
Além dos negócios na área de educação, Gabriel é dono da GMR, empresa de participações que atua em diferentes áreas como construção e energia. Sua filha mais velha, Angela é arquiteta e trabalha nessa holding familiar. Ela tem duas irmãs, Carmen, jornalista, e Gláucia, psicóloga - ambas atuam na área cultural. Gabriel tem oito netos e um bisneto


 
30/04/2013
Novo presidente da Anhanguera assume hoje
Por De São Paulo
Um ano e meio após assumir a presidência da Anhanguera, Ricardo Scavazza deixa hoje o comando do grupo educacional que, na semana passada, anunciou uma associação com a Kroton. Scavazza vai para o conselho e irá liderar um comitê de integração criado exclusivamente para tratar da fusão.
A presidência passa a ser ocupada por Roberto Valério, 37 anos, que até então, era o vice-presidente de operações da companhia. "Há um ano estou trabalhando diretamente ao lado do Scavazza", disse Valério ao Valor. "No processo de sucessão, ele era a primeira opção devido a sua forte formação acadêmica e experiência na área de serviços, ", afirmou Scavazza.
Valério fica na presidência da Anhanguera até a avaliação da fusão pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que ainda será informado da operação. A nova companhia terá como executivo principal Rodrigo Galindo, atual presidente da Kroton. Há dois anos na Anhanguera, Valério foi escolhido para ocupar interinamente a presidência porque tem um vasto conhecimento do dia a dia do grupo. Com uma experiência de 11 anos na DirectTV, o executivo foi trazido há dois anos de Nova York pelo ex-presidente da Anhanguera, Alex Dias. (BK)

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