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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mesmo com 94 mil na fila, creches de SP atendem 7 mil a menos neste ano

29/04/2013
Paulo Saldaña
As creches da cidade de São Paulo estão atendendo 7 mil crianças a menos do que no ano passado. Em dezembro de 2012, o Município registrava 214.094 matrículas, mas dados de abril deste ano mostram que a administração paulistana tem atendido 206.945 crianças. Apesar de haver vagas ociosas, a fila por creche em São Paulo é de 94 mil crianças. É a primeira vez que o atendimento registra queda, pelo menos desde junho de 2007.
Essa queda ocorreu por causa de alterações regionais da demanda e também pela mudança na faixa etária das crianças atendidas, como explica a Secretaria Municipal de Educação. Quando uma creche passa a atender mais crianças de berçário do que alunos mais velhos, a capacidade cai.
"Berçário ocupa mais espaço físico e menos alunos são atendidos Isso gera as vagas remanescentes", explicou a Prefeitura em nota. Em meados do ano passado, 37% da fila por educação infantil na cidade era de crianças de até 1 ano, segundo informações obtidas pela ON G Ação Educativa.
Em abril, a gestão de Fernando Haddad (PT) registrava 5.797 vagas remanescentes, além de 1.623 matrículas em processo. Não houve regressão no cadastro de oferta de vagas, uma vez que o cálculo leva em consideração a capacidade dos prédios. Segundos os dados do portal da secretaria, essa oferta atualmente seria de 214.365 lugares.
Integrantes da gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) indicam que a queda no atendimento é um problema da atual administração na gestão das vagas. Segundo a equipe de Kassab, havia uma checagem semanal sobre essas questões.
Fila. Para o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), existe uma falha de planejamento. "São movimentos previsíveis que não são acompanhados, como demanda demográfica, taxas de fecundidade regionais."
Enquanto não consegue uma vaga para Yuri, de 2 anos, a secretária Luzia Rosa, de 26, compromete 40% da renda familiar para pagar uma creche particular. "Talvez consiga só no ano que vem. Ele está na posição 389 na fila daqui", diz ela, que é de Paraisópolis, zona sul.
Por regiões, Enquanto a demanda é sempre superior em bairros mais pobres, sobram vagas nas áreas mais ricas. Na região de Perdizes, por exemplo, existem 29 vagas de creche em aberto.



29/04/2013
Com parceria e convênios, meta é criar 150 mil vagas
A gestão Haddad prometeu criar 150 mil novas vagas em creche até o fim do mandato. Para alcançar essa meta, pretende construir 243 novas unidades, que criariam cerca de 50 mil vagas - aproximadamente metade da demanda registrada em dezembro, de 94 mil crianças. 0 restante seria atendido por dois modelos: ampliação do atendimento por creches conveniadas e parcerias com empresas, que bancariam novos centros de educação infantil.
A Secretaria de Educação finaliza um pente fino na rede conveniada. 0 objetivo é identificar falhas no atendimento, além de oportunidades de expandir o volume de vagas nas instituições já contratadas.
A pasta informa que já há conversas com empresas para parcerias. As primeiras creches da gestão devem ser construídas nos distritos de Campo Limpo e Capão Redondo, na zona sul. As declarações de desapropriação já foram publicadas no Diário Oficial na semana passada.
Atualmente, a rede pública de creches da cidade é composta por 364 entidades diretas e 1.258 conveniadas, que atendem crianças menores de 4 anos.



 
29/04/2013
Planejamento público e qualidade são fundamentais
Análise: Ester Rizzi
Falta de vagas em creches é um problema crônico de São Paulo. Em um necessário plano público de expansão - até agora inexistente - critérios de qualidade devem ser explicitados. Entre eles: o número máximo de crianças por creche e por professor, espaços físicos adequados, professores qualificados e com tempo para atividades extraclasse garantido e remunerado, existência de outros profissionais, em número e com formação suficiente, responsáveis pelo bom funcionamento das unidades. Deve-se priorizar a expansão de vagas em regiões com maior proporção de crianças em situação de vulnerabilidade e com idade até 2 anos - uma vez que somente 17,5% das crianças desta faixa estão matriculadas e 65,2% da fila de espera é composta por crianças deste perfil.
São Paulo só enfrentará os desafios por meio de um planejamento público que detalhe a expansão prometida a partir desses e de outros critérios. Só assim a sociedade poderá acompanhar o necessário avanço na garantia do direito à educação infantil de qualidade.

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