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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Além da adição

29 de Janeiro de 2016

Fonte: Folha de São Paulo

O novo diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, é exato com as palavras: "A formação do professor é catastrófica", afirmou em entrevista à Folha publicada nesta quinta (28).
Viana aponta a deficiência no preparo de docentes de matemática, acertadamente, como uma das principais razões para a disseminada incompetência dos alunos brasileiros nessa matéria.
A instituição que dirige conta com alguns dos melhores matemáticos do mundo, mas ele assinala que meros 4% de nossos estudantes dominam o suficiente nessa disciplina para qualificar-se a trabalhar no setor de tecnologia.
É de acabrunhar, de fato. Mais de dois terços (67,1%) dos brasileiros de 15 anos avaliados no exame internacional Pisa, em 2012, revelaram baixo rendimento. Ninguém pode conformar-se com ver o Brasil na faixa entre a 57ª e a 60ª colocação em um ranking com 65 nações.
Dito isso, há que registrar o fato de o país ter melhorado nessa matéria ao mesmo tempo em que atraía mais jovens para os bancos escolares –a imperativa inclusão de alunos pobres, afinal, tende a rebaixar o rendimento acadêmico.
Em 2003, 35% dos jovens de 15 anos estavam fora da escola, grupo que se reduziu a 22% em 2012. Nesse período, a média de desempenho dos estudantes aumentou de 356 para 391 pontos, o maior ganho registrado pelo Pisa no intervalo.
Para a continuidade e aceleração desse progresso ainda tímido, uma ferramenta decisiva será a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), se e quando chegar a bom termo o processo tortuoso de sua formulação pelo MEC.
A BNCC possibilitará dar foco aos ultrateóricos cursos de licenciatura, pois deixará claro aquilo que o docente terá obrigação de ensinar. Felizmente, o capítulo de matemática está mais bem encaminhado do que os de língua e literatura e de ciências humanas, contaminados por ideologias pedagógicas e políticas.
A base, contudo, constitui apenas um fundamento (perdoe-se o pleonasmo). Sobre ela terão de mobilizar-se pais, mestres e diretores de escola para garantir que nossos jovens aprendam aquele mínimo de matemática sem o qual ninguém pode tornar-se cidadão pleno do século 21.

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