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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Reajuste de piso de professores aperta ainda mais as prefeituras

06 de janeiro de 2015
Prefeitos pretendem cobrar de novo ministro da Educação mudanças nos critérios para definição de aumentos e novas fontes de recursos

Fonte: Jornal Bem Paraná (PR)

O Ministério da Educação (MEC) deve anunciar amanhã o porcentual de reajuste do piso nacional dos Professores para 2015. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CMN), se forem usados os critérios dos anos anteriores, o aumento deve ser de 13,01%, passando seu valor de R$ 1.697,39 para R$ 1.918,16. Estimativa da entidade aponta que o pagamento dos salários do magistério custará R$ 7 bilhões aos municípios de todo o País.
No Paraná, não há estimativa sobre o impacto da medida, mas a Associação dos Municípios do Estado (AMP) já prevê ela vai complicar ainda mais a situação financeira das prefeituras, já apertada pela queda de receitas e aumento das demandas. Diante desse cenário, os prefeitos pretendem cobrar do governo mudanças nos critérios de reajuste do piso.
Pela lei atual, o aumento toma como base a variação entre o valor Aluno/ano dos anos iniciais do Ensino fundamental urbano do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) nos dois anos anteriores. Entretanto, pela lei, esse reajuste deve ser concedido em janeiro e os valores consolidados do Fundo somente são conhecidos em abril do ano seguinte.
De acordo com a CMN, dante da inviabilidade técnica de cumprimento da legislação, desde 2010, o MEC tem considerado não os valores efetivamente consolidados do Fundeb, mas as últimas estimativas de receita do Fundo nos dois anos anteriores.
Em 2012 e 2013, portaria interministerial com nova estimativa de receita do Fundeb no ano em curso foi publicada em dezembro, em substituição à primeira estimativa publicada em dezembro do ano anterior. Já em dezembro de 2014, o governo federal publicou a portaria interministerial com a estimativa do Fundeb para 2015, mas não publicou portaria com nova estimativa de receita do Fundo para 2014.
Segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), entre 2010 e 2014, o piso nacional do magistério foi corrigido em 78,63%, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado no mesmo período foi de 31,78%, sendo, pois, o ganho real do piso de 35,55%. No mesmo período, o índice de correção do salário mínimo foi de 55,69%. Os prefeitos defendem a aprovação do texto original do Projeto de Lei 3.776/2008, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estabelece o INPC como critério de reajuste anual do piso salarial.
A entidade reivindica que a lei federal fixe o reajuste o piso dos Professores pela inflação e que aumentos reais nos vencimentos do magistério público sejam negociados pelos governos com seus Professores. Eles alegam que as regras atuais têm implicado em aumentos muito superiores à inflação e ao crescimento das receitas municipais. Segundo estimativas disponíveis, o crescimento da receita nominal do Fundeb de 2014, em relação a 2013, foi de 5,47%. Para este ano, o INPC acumulado deve ser de 6,5% e o aumento do salário mínimo será de 8,8%, conforme Decreto 8.381/2014, publicado dia 29 de dezembro.
Sensibilidade — A esperança dos prefeitos é de que o novo ministro da Educação, Cid Gomes – ex-governador do Ceará – esteja mais aberto a discutir a situação com os municípios. “Ele foi governador, então acreditamos que seja mais sensível às reivindicações dos municípios”, acredita o presidente da AMP e prefeito de Nova Olímpia, Luiz Sorvos (PDT). “Não que sejamos contra o aumento de recursos para a Educação. Mas sim porque precisamos de novas fontes de recursos”, explica o prefeito, afirmando que a situação é ainda mais grave diante da perspectiva de agravamento da crise econômica do País, com consequente queda na arrecadação das prefeituras.
A CMN lembra que em 2013, o então governador Cid Gomes assinou, junto com todos os demais governadores, ofício enviado à Presidência da República com a proposta de novo critério de reajuste do piso, que consiste no INPC mais 50% do crescimento real da receita do Fundeb nos dois anos anteriores, além de transferir o reajuste de janeiro para maio a fim de possibilitar a utilização dos dados consolidados da receita, e não apenas estimativas. Entretanto, esse novo critério somente poderá valer para 2015 mediante a edição de uma Medida Provisória pela Presidente da República.
O presidente da CMN, Paulo Ziulkoski, lembra que as contas municipais enfrentam uma das piores crises da história e serão seriamente impactadas se não houver solução para o reajuste do piso dos Professores compatível como aumento da arrecadação municipal no próximo ano, que deverá ser de ajustes fiscais em todos os níveis da federação.
Matéria publicada apenas em veículo impresso
 

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