Folha de São Paulo - 02/03/2013 -
São Paulo, SP
Menos de um
mês após o início do ano letivo, São Paulo
já está chamando professores temporários reprovados em
processo seletivo. É a quarta vez que são convocados, desde
que a prova começou a ser aplicada, em 2009.
No Estado,
há 39 mil reprovados nas escolas ou esperando
convocação. Para o governo, os `reprovados` agora são
chamados de `classificados`.
Os
temporários substituem os profissionais afastados --em
licença, por exemplo-- ou assumem aulas que ainda estão vagas
ao longo do ano.
Inicialmente, o
governo dizia que o exame era eliminatório e só poderiam dar
aulas aqueles que obtivessem índice igual ou superior a 40 pontos
--metade das 80 questões.
Agora, a
Secretaria da Educação afirma que o teste, aplicado ao fim de
cada ano, é apenas `classificatório` e a
contratação está prevista em lei.
O termo
`reprovado`, porém, é usado pelas diretorias de ensino nos
comunicados sobre atribuição de aulas, aos quais a Folha teve
acesso.
Ao todo, 138,9 mil
candidatos participaram do processo seletivo para professor
temporário no final de 2012. Destes, 39,3 mil não acertaram
nem a metade das questões --quase um em cada três.
A secretaria
não divulgou o número de reprovados que poderão atuar
neste ano porque o processo de atribuição de aulas
está em andamento. Na prática, todos estão aptos.
FORMAÇÃO
Para a
coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Maria Márcia
Malavasi, o aprendizado dos alunos pode ser prejudicado.
`Um professor que
tem deficit de 50% do conteúdo da prova é uma
situação grave`, diz. `A pergunta é: por que esses
professores foram tão mal formados a ponto de errarem 50% das
questões?`
Segundo ela,
é preciso avaliar se a prova é adequada ao conteúdo
ministrado pelo professor e investir em políticas públicas
para melhorar a formação dos docentes. `À medida que o
Estado autoriza a existência de um professor desqualificado é
como se ele dissesse que está tudo bem.`
Já para a
presidente da Apeoesp (sindicato de professores), Maria Izabel Noronha, o
Estado precisa repensar o processo de avaliação. `Quem faz a
prova muitas vezes nem se prepara porque sabe que vai ficar só um
ano`, diz.
`É uma
prova que em nada acrescenta, porque não há excedente de
professores, há falta. E se há falta, tem que qualificar. Se
todo ano o Estado põe o que não é classificado, por
que desclassificar?`
O salário
inicial dos docentes hoje é de R$ 2.088,27, para 40 horas
semanais.
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