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domingo, 24 de março de 2013

Evasão escolar marca regiões com mais presos

24/03/2013

RIO - Todos os bairros cariocas que encabeçam o ranking de presos em relação à população têm em comum altas taxas de evasão escolar entre jovens e presença ou proximidade de favelas dominadas pelo tráfico.
"Dos 23 bairros que aparecem primeiro na tabela, Mangueira, Rocinha e Manguinhos apresentam índice de analfabetismo de pessoas a partir de 10 anos de 5%. Todos os outros têm taxas mais baixas. Entretanto, é alta a evasão escolar nesses bairros, principalmente de adolescentes", explica Marcelo Garcia, ex-secretário Nacional de Assistência Social e consultor da ONG AfroReggae.
"Temos o seguinte quadro: jovens sem escolaridade, que por isso não conseguem emprego formal, e que moram em locais onde há constante atuação de traficantes. Quem oferece o primeiro emprego a eles? O tráfico. Essas pessoas começaram a ‘trabalhar’, foram presas por envolvimento com o tráfico e agora cumprem pena", diz Garcia.
O juiz Carlos Eduardo Figueiredo, da Vara de Execuções Penais do TJRJ, entende que a taxa de presos em relação à população de cada bairro é proporcional à rede de infraestrutura social disponível.
Para o magistrado, as favelas que já receberam Unidades da Polícia Pacificadora (UPPs) precisam receber um choque de cidadania imediatamente, a fim de evitar a volta do tráfico ou das milícias. "O Estado tem de entrar de sola nas favelas pacificadas. Se isso não ocorrer, o projeto das UPPs vai fazer água e o poder paralelo vai voltar", afirma Figueiredo.
ZONA SUL
Região nobre do Rio, a Zona Sul aparece pela primeira vez no ranking com a Rocinha, na 18ª posição. Com taxa de 2,57 presos por mil habitantes, oficialmente é o bairro com maior porcentual de favelização da cidade: 100% dos seus 70 mil moradores são considerados favelados pelo Instituto Pereira Passos (IPP).
Presença constante nas páginas policiais por causa da violência imposta pelo tráfico, hoje a Rocinha tem uma UPP. A vizinha favela do Vidigal, também pacificada, ocupa o 27º lugar, com taxa de 2,1 presos por mil habitantes.
As duas comunidades ficam no morro que separa São Conrado e Leblon, dois dos bairros com maior Índice de Desenvolvimento Social (IDS) da capital fluminense.

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