Marcada pela
transformação constante e pelo descompasso entre a oferta de
mão de obra qualificada e o número de vagas, a área de
Tecnologia da Informação (TI) é hoje um dos principais
gargalos para o desenvolvimento do País. A demanda por profissionais
atualizados às últimas tendências na área de
tecnologia seguirá alta ainda por muitos anos. Quem tem pressa para
entrar ou crescer no mercado, porém, não pode perder tempo.
Para atender esse público, instituições de ensino
superior têm investido cada vez mais em cursos de
especialização na área.
De acordo com a
Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da
Informação e Comunicação (Brasscom), o setor
emprega hoje 1,3 milhão de profissionais. Seu faturamento anual
é de US$ 112 bilhões, o que representa 4,5% do PIB
brasileiro. Projeções da entidade, no entanto, indicam um
déficit de 45 mil profissionais em TI no Brasil até
2014.
A área
exige profissionais extremamente capacitados. Quanto mais específica
for determinada formação, maiores serão as chances
daqueles que se arriscarem nela. O consultor e coordenador da Qi Network,
Roberto Giovanini, de 25 anos, é um dos aventureiros. Formado em
Tecnologia em Banco de Dados pela Fiap, o jovem matriculou-se no ano
passado em um MBA de Arquiteturas de Redes e Cloud Computing da mesma
instituição. “O conceito de computação em
nuvem já é consolidado no exterior e seu mercado aqui no
Brasil é bastante promissor”, diz ele. “Enxerguei no
curso a possibilidade de mudar para uma área nova e sair na frente
de outros.”
Giovanini estava
certo. Segundo estudo publicado pela IBM e feito em parceria com o
instituto de pesquisa Economist Intelligence Unit, o número de
empresas que migrarão suas infraestruturas de tecnologia para
ambientes online duplicará até 2015.
Não demorou
muito e o jovem sentiu reflexos da nova especialização em sua
carreira. Depois de seis meses de curso, Giovanini recebeu uma proposta
para trabalhar como consultor na nova área.
A Fiap possui uma
lista com mais de 10 cursos de MBAs voltados para a área de
tecnologia. Assim como o de Cloud Computing, os de Business Intelligence e
de Desenvolvimento de Aplicações para Dispositivos
Móveis são especializações cuja procura tem
crescido.
Tal como a Fiap,
diversas instituições adotam o selo de MBA para classificar
seus cursos de especialização. Celso Poderoso, coordenador da
faculdade, destaca que, apesar da nomenclatura, o foco mantém-se em
tecnologia e não em administração. Os cursos recebem
esse nome por terem na grade curricular algumas disciplinas de
gestão. Vale lembrar também que os MBAs no Brasil são
tidos como cursos lato sensu e, por esta razão, não concedem
o título de mestre a seus formandos.
Autodidatismo
Para o coordenador
dos cursos de pós-graduação em TI da Federal de
São Carlos (UFSCar), Sérgio Zorzo, um bom profissional da
área de informática deve ser naturalmente autodidata para se
renovar na velocidade exigida pelo mercado. “Fazer cursos e ter por
perto pessoas que o auxiliem na compreensão de novas linguagens e
tecnologias tende a acelerar e a otimizar esse processo”, diz.
O engenheiro
Ricardo Tarício, de 29 anos, concorda. Ex-aluno do curso de
Desenvolvimento de Software para Web da universidade, ele afirma que o que
vale no fim é a especialização em determinadas
tecnologias, seja ela motivada por curiosidade, experiência ou
educação formal. “Um curso, no entanto, traz um peso
para o currículo”, diz.
A
especialização feita por Tarício está hoje em
sua 11.ª edição. Segundo Zorzo, a grade curricular de
cada turma é única. “Oferecemos um novo curso a cada
ano”, diz. “Temos de estar atentos às tendências e
mudanças de mercado para passar isso aos nossos alunos.”
Na
contramão
Enquanto muitos
profissionais de TI fazem cursos de tecnologias específicas, outros,
geralmente mais velhos e experientes, buscam
pós-graduações mais abrangentes. São pessoas
formadas em áreas técnicas prestes a assumir cargos de
liderança.
O curso de
Gestão de Projetos em TI oferecido pela Fundação
Vanzolini em parceria com a USP nasceu justamente com o intuito de atender
esse público. “Costumo dizer que os profissionais da
área têm dois grandes problemas: um é criar um projeto,
o outro, mantê-lo em funcionamento”, diz Marcelo Pessoa,
coordenador da pós.
Apesar de
relacionado com TI, a especialização tem como principais
pilares conceitos de projetos e de operações. O curso visa a
capacitar profissionais a adotar as melhores tecnologias para a
gestão de negócios.
Com foco
semelhante, a BBS Business School lançou neste ano o MBA em
Tecnologia da Informação. O destaque é o conceito de
governança de TI. Segundo Riccardo Rovai, coordenador do curso,
muitos profissionais evitam cursar MBAs tradicionais pela pouca
relação com o seu dia a dia. “Queremos formar
executivos aptos a alinhar tecnologias às estratégias da
própria empresa”, diz. “Precisamos desmistificar a
governança de TI para que os CIOs (diretores executivos de
tecnologia) enxerguem a área não apenas como um custo, mas
como aliada.”
Especialidades
Cloud
Computing
Tecnologia que
permite o armazenamento online de dados, informações,
programas e ferramentas
Business
Intelligence
Processo de
coleta, organização e análise de
informações que auxiliam na gestão de
negócios
Gestão de
Projetos em TI
Área que
sistematiza engenharia de sistemas e de software, gestão de riscos,
segurança e privacidade
Governança
de TI
Conjunto de
práticas coordenadas por executivos para alinhar a tecnologia
às estratégias de negócio
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