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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PACOTE TENTA ACABAR COM GREVE NO ESTADO


Com objetivo de encerrar um impasse que já beira os 80 dias, governo propõe conjunto de medidas buscando corrigir distorções no subsídio
Fonte: Estado de Minas (MG)

O governo do estado anunciou ontem pacote de mudanças na remuneração dos servidores da rede estadual de Educação, em uma tentativa de encerrar a greve dos professores, que já dura 76 dias.

A proposta contendo as alterações será enviada nos próximos dias à Assembleia Legislativa, com a meta de corrigir distorções da política salarial que instituiu o subsídio, submetida à categoria desde janeiro.

A principal medida que beneficia, inicialmente, 224 mil servidores, 56% do total de cargos da área, segundo a secretaria é a revisão do cálculo da remuneração de acordo com o tempo de serviço de cada profissional.

Essa correção pode representar aumento de até 50% no salário, ainda de acordo com o governo. Também foi anunciado reajuste de 5% no subsídio, a partir de abril do ano que vem.

Apesar de a proposta não ter sido apresentada aos servidores, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), informado das mudanças, sustenta que elas não refletem as reivindicações da categoria. Hoje, às 14h, professores se reúnem na Assembleia Legislativa, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de BH, para avaliar a oferta e os rumos da paralisação.

O modelo do subsídio transforma o vencimento básico e outras gratificações em uma remuneração única, de valor mínimo de R$1.122 para professores de nível médio e de R$ 1.320 para licenciatura plena.

Os professores de Minas reivindicam piso de R$ 1.597,87, mas o Sind-UTE já aceitou negociar em cima dos R$ 1.187,14 definidos como piso salarial pelo Ministério da Educação (MEC).

A secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, afirma que o governo não aceita negociar em cima do regime salarial antigo. “O modelo anterior está em extinção. Estamos cumprindo nosso compromisso de aprimorar o sistema do subsídio.”

A secretária não apresentou o impacto financeiro das mudanças no orçamento, mas garantiu que a proposta não estoura os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Atualmente, a folha de pessoal da Secretaria de Estado de Educação (SEE) soma R$ 7,7 bilhões por ano, o que equivale a 38% do valor dos salários pagos pelo estado. A estimativa é de que 62% dos servidores do total de 398,5 mil cargos da pasta já recebam segundo o modelo do subsídio.

“Queremos que os profissionais reconheçam as melhorias e retornem para a sala de aula”, ressalta a secretária de estado da Educação, Ana Lúcia Gazzola. Pelo balanço da pasta, 56 escolas continuam totalmente paradass, de um total de 3.779.

“Os alunos não têm o que temer, pois já acionamos o Ministério Público e a associação de pais para acompanhar o calendário de reposição das aulas. Eles terão a garantia dos 200 dias letivos”, completa Gazzola.

As propostas

- 5% de reajuste
Professores adeptos do modelo do subsídio terão aumento de 5% no salário a partir de abril de 2012. A medida beneficiará todos os funcionários que optarem pelo novo sistema. Atualmente, eles correspondem a 246 mil servidores, 62% do total de 398,5 mil da Secretaria de Estado de Educação.

- Tempo de serviço
O tempo de serviço não foi considerado na mudança para o subsídio, mas apenas o salário bruto. Com isso, a remuneração de quem tinha muito tempo de casa ficou, em muitos casos, a mesma de quem havia acabado de ingressar no Estado.

As mudanças buscam corrigir essa distorção. De forma geral, a cada três anos de exercício efetivo, o servidor receberá reajuste de 2,5%. Um professor com licenciatura plena e 10 anos de sala de aula, por exemplo, ganhava R$ 1.320, mesmo salário dos novatos. Com a correção, receberá R$ 1.421,50 por 24 horas trabalhas. A medida beneficia, inicialmente, 224 mil funcionários.

- Vantagem pessoal
Servidores que, na transição do modelo antigo para o subsídio, tiveram salário acima da remuneração máxima prevista pelo novo sistema ganharam a chamada vantagem pessoal. Ela corresponde à diferença entre os dois valores. Atualmente, a cada novo aumento do subsídio a vantagem pessoal diminui. Com a mudança proposta, os reajustes no subsídio incidirão também sobre a vantagem pessoal, que aumentará. A medida se aplicará a 23 mil cargos.

- Gratificações
Houve reajuste das gratificações de diretores, vice-diretores, secretários de escola e coordenadores. Para o cargo de diretor, o aumento ficará entre 18% e 36%, conforme o número de alunos da instituição de ensino. O secretário terá reajuste de 10% a 72%.

O valor da gratificação de vice-diretor passará de R$ 330 para R$ 1.065, aumento de 320%. Já o coordenador terá gratificação entre 20% a 80% do subsídio do professor em início de carreira e licenciatura plena. Atualmente, esse valor é de R$ 1.320. A medida beneficia 16 mil servidores.

- Contagem de tempo
Diretores de escola com dois cargos de professor passarão a ter o tempo de efetivo exercício contado em ambos, o que acelera a promoção na tabela do subsídio. A parte patronal da previdência passará a ser paga pelo estado.

- Promoção por escolaridade
Atualmente, quando o funcionário é promovido por nível de escolaridade (o que significa aumento de 10% no salário), ele regride quanto ao tempo de serviço. Essa distorção será corrigida e, com as mudanças, o tempo de serviço será mantido com as promoções.

- Prazo para adesão
Servidores terão nova chance de aderir ao modelo do subsídio, de 1º de setembro a 31 de outubro. Além das vantagens propostas, receberão o reajuste de 5% concedido pela lei do subsídio em janeiro de 2011

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