08/10/2010
Governo federal compra 600 mil
notebooks da Positivo para estudantes da rede básica no projeto Um Computador
Por Aluno. Mas a meta, que o nome do programa sugere, está longe de ser
alcançada
Por Bruno Galo
Em 2005, o professor do renomado Massachusetts Institute of Technology
(MIT) Nicholas Negroponte teve uma ideia brilhante: dar um notebook para cada
estudante de países pobres.
Na época, ele criou uma organização sem fins lucrativos batizada de One
Laptop per Child (Um laptop por criança) para desenvolver um aparelho que
custasse US$ 100. O preço nunca foi atingido, mas sua ideia vingou, criou uma
nova categoria de produtos e fez com que diversos governos ao redor do globo
desenvolvessem projetos para levar computadores para as escolas. O Brasil é um
deles. Mas o Um Computador Por Aluno (UCA), nome do programa brasileiro, estava
esquecido na burocracia.
Na semana passada, o governo concluiu um pregão eletrônico de registro
de preços vencido pela Positivo Informática para a aquisição de até 600 mil
laptops. Esse é um negócio que pode chegar a R$ 213 milhões, a um custo
aproximado de R$ 350 por máquina.
Superadas as próximas etapas do processo de homologação do resultado,
essa pode ser a maior compra de máquinas do programa do governo até aqui. A má
notícia é que ainda estamos longe de alcançar a meta de “um computador por
aluno”.
Atualmente, há 42 milhões de alunos na rede pública de ensino do País,
distribuídos por 176 mil escolas. Além das 600 mil máquinas, o governo comprou
150 mil equipamentos, que ainda estão sendo entregues pela Digibras/CCE para
300 escolas. Procurados pela reportagem, o Ministério da Educação e a Positivo
Informática não se pronunciaram.
A entrega dessas 600 mil máquinas acontecerá apenas em 2011. Segundo as
especificações do edital, os laptops vêm com 1 GB de RAM e recursos de
rede sem fio integrados ao equipamento.
Eles são equipados com o sistema operacional de código aberto Linux. O
projeto prevê a instalação de infraestrutura de acesso à internet e treinamento
dos professores. O único país no mundo que conseguiu atingir a
meta de um computador por aluno foi o Uruguai. O vizinho do Brasil
comprou, de 2007 a 2009, 400 mil máquinas por US$ 120 milhões.
Os notebooks foram adquiridos da OLPC, a organização criada por Nicholas
Negroponte. Com isso, conseguiu atender todos os seus estudantes. Colômbia,
Peru, México, Ruanda e Haiti são alguns dos países que também compraram o
notebook educacional e têm projetos de inclusão digital de seus
estudantes.
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