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sábado, 27 de fevereiro de 2010

ESCOLAS IGNORAM GREVE E MANTÊM AULAS

27 de fevereiro de 2010

Diário visitou duas unidades municipais que estão com atividades normais, apesar da paralisação
Fonte: Diário de Natal


Francisco Francerle
"Se fizermos greve, essas crianças vão para a rua porque os pais têm que trabalhar para ter o sustento da família, pois é como diz o jargão: lugar de criança é na Escola, não é na rua". A declaração é de uma professora que prefere não se identificar, da Escola Municipal Antônio Campos, em Mãe Luiza, ao se justificar porque não aderiu à greve dos professores que hoje entra no seu décimo dia. A reportagem do Diário de Natal visitou ontem duas Escolas municipais, a Laura Maia, na Praia do Meio e a já citada Antônio Campos. Nesses estabelecimentos, todos os professores estavam em sala de aula e a secretaria não registrou alterações na frequência de alunos. Enquanto o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (Sinte/RN) defende a greve, os profissinais desses estabelecimentos, apesar de acharem justo o movimento, preferem trabalhar a forma alternativa de valorização da categoria a partir da conscientização dos pais e alunos.

Crianças fazendo recreação no colégio Antônio Campos, no bairro de Mãe Luiza, Zona Leste de Natal Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press Escola de pequeno porte, a Laura Maia tradicionalmente não faz greve, uma decisão que, segundo a diretora Ana Lúcia Horácio, foi tomada em comum acordo entre os oito professores e compartilhada entre as famílias dos 196 alunos, do Ensino Infantil ao 5º ano do ensino fundamental. Quando foi deflagrada a greve, explica ela, os professores se reuniram e anunciaram aos pais que não iriam aderir para não prejudicar o ano letivo e terem que pagar, no período de férias das crianças, a reposição dos dias parados. Além disso, a greve é um instrumento democrático e a adesão é uma questão individual. "Na própria assembleia nos abstivemos de votar já prevendo que o grupo de professores da Escola não iria aderir. O Sindicato deveria encontrar outro mecanismo para reivindicações, porque o maior prejudicado é o aluno. Também há pais que se planejam em função dos filhos, outros têm que trabalhar não tendo com quem deixá-los", defende.

Na Escola Antônio Campos, o grupo de 12 professoras também defende esse mesmo trabalho com a família eaté com a comunidade, especialmente com os conselhos Escolares. "Porque através deles poderíamos trabalhar com mais eficiência essas questões no âmbito da comunidade, mas só pode ser feito com o professor em sala de aula", disse Kelly Barreto.

Essa visão também é compartilhada pelas professoras Fabiana Silva e Ana Lúcia de Assis Costa para quem também os últimos movimentos não têm trazido resultado muitos satisfatórios. "Mas sei que a luta dos colegas é justa. Apenas temos uma visão diferente que tem como base, inclusive, a realidade de nossa comunidade que é muito pobre e dependente da presença da criança na Escola", disse.


Planejamento

Um exemplo de quem planeja a rotina em função das aulas dos filhos é o da doméstica Katiane Valéria de Souza, 25. Com três filhos em idade Escolar, ela divide os horários: os maiores estudando pela manhã e o menor à tarde. É é justamente no horário da tarde que ela aproveita para trabalhar em pequenas faxinas. "Se a Escola tivesse fechado, eu não teria com trabalhar nem sequer um horário, explica ela. Outro exemplo é o da comerciária Sueli Matias da Silva, 30, que aproveita a ida dos dois filhos à Escola para poder cuidar sua mãe doente.




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