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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

[EXTRA] Votos para o novo ano

29 de Dezembro de 2015

Fonte: Folha de São Paulo

Em toda última coluna do ano, tenho o costume de fazer votos para o ano que está para começar. Votos são desejos, e estes nem sempre se realizam, pelos motivos mais diversos. Por isso, neste ano, farei pedidos.
Pedidos que endereço aos educadores em geral: pais, professores, avós e parentes que convivem regularmente com os mais novos. Faço pedidos também a todas as instituições escolares e aos setores públicos que têm a função de cuidar, direta ou indiretamente, de nossas crianças e de nossos jovens.
Peço que tratemos com mais amorosidade os mais novos, mesmo e principalmente quando eles se comportam de maneira que não esperávamos ou que não consideremos adequada. Dialogar com eles produz muito mais efeito do que castigar, punir, ficar indiferente, ignorar. Crianças e jovens que se comportam de uma determinada maneira para chamar a atenção precisam, sim, de atenção! Peço que tratemos os mais novos com mais dignidade, sem truculência, física ou verbal, em quaisquer circunstâncias. Todas as crianças e adolescentes merecem um bom tratamento, e não apenas os que tiveram a sorte de nascer em famílias privilegiadas, seja em princípios, valores, em situação cultural e/ou econômica.
Peço que renunciemos para sempre à prática do bullying contra os mais novos. São principalmente os adultos da família e da escola que fazem isso. Humilhar, tratar com desdém e pouco caso suas queixas, chamá-los de idiotas, burros, ignorantes, é muito, muito prejudicial a eles. Por que fazemos isso, afinal? Nossa tarefa junto a eles não é justamente oposta a esse tipo de atitude?
Peço que as famílias deem menos importância à performance escolar dos filhos e mais importância à formação integral deles: moral, ética, das virtudes, da boa convivência. Boas notas nem sempre significam bom aprendizado. Peço às escolas e às famílias que parem com uma grande bobagem, que é tentar criar "hábitos de estudo". Ninguém se dedica ao estudo, às ciências, ao conhecimento por hábito, e sim por curiosidade, por gosto em aprender. E, em geral, isso só aparece na maturidade. Mas precisamos que muitos dos mais novos adquiram isso.
E não será onerando o tempo deles com um montão de lição de casa que alcançaremos esse objetivo, e, sim, desafiando-os. A lição hoje, na maioria das vezes, enfada os mais novos e, ainda por cima, colabora para que adquiram aversão ao conhecimento. Na idade em que eles estão, há muitas outras coisas importantes que precisam fazer. Vamos deixá-los com tempo livre para isso!
Peço que deixemos de reclamar de nossas crianças e de nossos jovens e tomemos atitudes frente a situações que, em nosso entender, precisam ser redirecionadas. Vamos honrar a paternidade e/ou a profissão que escolhemos exercer e que diz respeito a eles.
Peço que acreditemos neles: de um modo geral, a proteção desnecessária só mostra que os julgamos incapazes de resolver suas questões sozinhos. Minha lista de pedidos não caberá neste espaço, mas creio que você, caro leitor, entendeu o espírito de cada um deles. Pense em outros pedidos, e pratique-os!
Entro em férias a partir de hoje, e retorno para conversar com vocês neste espaço no dia 26 de janeiro.
Agradeço muito as reflexões que vocês fizeram comigo, e desejo um ano melhor para cada um de nós. Saúde e paz! 

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