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terça-feira, 20 de outubro de 2015

EXTRA:Os professores merecem reverências

 20 de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10

Sim, merecem, mas é preciso também alguma reflexão sobre essa importante profissão: Como esse profissional se constitui? Qual é sua identidade e seu papel social nos tempos atuais?

Buscamos na sabedoria e na ternura de Paulo Freire a resposta para a primeira questão. Numa reflexão sobre a profissão docente Freire fez a seguinte afirmação: “Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às 4 horas da tarde... Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática.” 
Todos aqueles que abraçaram o magistério como profissão sabem o quanto essa afirmação é verdadeira. A formatura, nos cursos de licenciatura, nos torna legalmente aptos a lecionar, autorizados a exercer o ofício de ensinar. Contudo, é a partir do dia em que se inicia o exercício do magistério que começamos a nos tornar professores. Ao entrar em sala de aula, com alunos oriundos de meios sociais e culturais distintos, que trazem conflitos e dificuldades de diversas naturezas que interferem na aprendizagem... é nesse momento que o docente inicia sua prática e a reflexão sobre a prática.

Ao assumir compromisso com o ensino, o professor será então tomado por inquietações que o acompanharão por toda sua vida: Como ensinar? Meus alunos estão aprendendo? Que estratégias e recursos podem facilitar a aprendizagem? Para que estou ensinando? Ao se fazer tais interrogações mobiliza os conhecimentos obtidos na formação inicial e/ou continuada e assim a prática vai exigindo a contínua reflexão sobre a prática que se modifica e se aprimora. Aos poucos o professor vai se constituindo num constante exercício teórico-prático sempre com o objetivo de que os alunos aprendam. Não há rotina enfadonha no trabalho docente. Há sempre o que melhorar, o que aprender, o que refazer e de outra forma.

Esse processo de formação – que é uma práxis – não está descolado da identidade social e do valor político do professor. Ao contrário, depende dessa identidade e dessa valorização. Aqui entra a segunda questão a ser discutida.

O professor é o profissional que tem um dos papeis mais importantes para a transformação social. Muito mais do que simplesmente exercer a docência ele vincula sua ação profissional com a prática social, trabalha em favor do pensamento autônomo e crítico e pode produzir, com seus alunos, novos conhecimentos, que contribuam para uma sociedade mais humanizada.

Assim, o trabalho docente ultrapassa a necessária competência técnico-científica. Exige profundo conhecimento histórico e político para que possa ensinar de modo contextualizado o saber específico que leciona, abordando-o nas suas dimensões sociais e culturais, o que possibilita a formação crítica dos seus alunos. Trata-se de uma profissão potencialmente revolucionária.

Há, então, uma relação intrínseca, uma indissociabilidade entre o processo de se tornar um professor – que é subjetivo – e o papel social e político desse profissional – que é construído pela sociedade e pelas relações políticas de cada época.

Então, em condições sociais favoráveis à educação o professor é valorizado, se aprimora e seu trabalho contribui com mais efetividade para a transformação social. Por outro lado, em condições desfavoráveis à educação há cada vez menos interessados no magistério, há um esvaziamento das licenciaturas e o professor em atuação se enfraquece, perde vigor social, torna-se um profissional frustrado e infeliz.

Por isso, a maior homenagem que se pode prestar aos professores no seu dia vai além de reconhecer a importância desse profissional, ultrapassa as palavras emocionadas que os elogiam. A maior homenagem é manter constantemente em pauta a discussão sobre a formação do professor e suas condições de trabalho. E todos nós, como sujeitos que constituem a sociedade, assumirmos a nossa parte da responsabilidade pela educação que temos hoje. Assim poderemos dar um Viva ao professor! Para que os professores vivam!

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