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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Editorial: Escolas mais dedicadas

 28 de Setembro de 2015


"Intenção do governo de mudar de escola pelo menos 1 milhão de alunos da rede estadual deverá causar confusão; merece, contudo, ser debatida com ponderação", afirma jornal


Fonte: Folha de S.Paulo (SP)
A intenção do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de mudar de escola pelo menos 1 milhão de alunos da rede estadual deverá causar confusão e fortes reações de pais e professores. Merece, contudo, ser debatida com ponderação, pois há várias razões plausíveis a recomendar tal mudança.
O secretário da Educação, Herman Voorwald, apresentou o plano no último dia 22. Até mil escolas estaduais, das 5.108 existentes, passariam a abrigar classes de um único ciclo de ensino (fundamental 1, fundamental 2 ou médio).
Para isso, entre 1 milhão e 2 milhões de estudantes teriam de se transferir. Segundo o governo, nenhum aluno se deslocaria mais que 1,5 km distante do colégio anterior.
Há benefícios pedagógicos na medida, pois escolas especializadas tendem a obter resultados de aprendizagem melhores. Voorwald alega também que mais professores poderão cumprir a jornada toda no mesmo prédio, sem necessidade de deslocamentos, pois haverá ali mais classes de suas matérias.
Por fim, a secretaria pretende racionalizar o uso dos espaços, por exemplo convertendo instalações para crianças em laboratórios dedicados ao ensino médio.
A transição demográfica brasileira torna inevitável essa adaptação. As famílias têm menos filhos, e com isso a população paulista de 6 a 17 anos –clientela da educação básica– encolheu de 8,1 milhões para 7,1 milhões de 2000 a 2014.
A faixa de 6-10 anos teve a maior queda, de 469 mil crianças. No número de matrículas do fundamental 1, a retração foi ainda mais acentuada, de 1,4 milhão para 650 mil.
É uma consequência também da municipalização iniciada nos anos 1990, que prevê esse nível de ensino como responsabilidade das prefeituras. Além disso, com o aumento da renda, 265 mil alunos paulistas de todos os níveis foram levados à rede particular.
Tais alterações produzem reflexos nas escolas, que foram construídas para atender um público maior e com outra estrutura etária.
Novas transformações virão, no entanto; pode-se prever que muitas famílias, castigadas pela crise econômica, se vejam obrigadas a rematricular seus filhos em escolas públicas, o que aumentaria a procura pela rede estadual.
Já se vê que a reforma pretendida pelo governo tucano não será fácil de planejar. Recomenda-se implementá-la com vagar, talvez em caráter experimental numa determinada região, para avaliar o tipo de problemas e resistências que ocasionará. Seria de lamentar que uma boa iniciativa fracassasse por incompetência na execução.

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