06 de Janeiro de 2015
Fonte:Diário de Santa Maria
Em pleno domingo de sol, no calor
escaldante típico de um janeiro na Boca do Monte, ele abriu o ateliê, onde
passa horas de seu dia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), para
falar do que mais o faz sentir vivo: a arte. José Francisco Flores Goulart, 56
anos, ou professor Zé, como é carinhosamente chamado pelos alunos _ também
falou sobre escolhas, família, teoria e prática. Falou sobre vida.
Zé é professor de Escultura do curso de Artes Visuais. Com mestrado em Educação, ele defende, pois, uma simbiose:
_ Não adianta falar em arte sem falar em educação. Se não haver um processo educativo constante, não há como formar público. Alguns veem arte somente como entretenimento e não uma ciência ou área de conhecimento.
Segundo ele, a educação ou iniciação à arte pode se dar em várias vertentes, seja por meio da literatura, do cinema ou da música. Zé guarda na memória às idas à antiga Livraria do Globo, onde seus pais o levavam para comprar títulos todas as semanas. Não por acaso, no dia da entrevista, as filhas gêmeas do professor, Cecília e Anthônia, de 9 anos, arriscavam esculturas com barro no ateliê, enquanto o pai conversava com a reportagem do Diário 2.
Contudo, a trajetória artística de Zé sofreu interferências. Na hora de prestar vestibular, cursos como Agronomia e Ciências Contábeis foram algumas das suas tentativas frustradas. Já concursado como técnico-administrativo da UFSM, ingressou no curso de Administração, mas uma corajosa decisão mudou sua vida:
_ No meu coração, a arte sempre foi mais importante, mas o sistema me dizia o contrário: que era coisa de sonhador e não enchia barriga. Imagine eu, na década de 70, largando Administração para cursar Artes? Eu olhava pela janela e queria ver coisas além. Na metade do curso, rompi e troquei de faculdade.
Zé é professor de Escultura do curso de Artes Visuais. Com mestrado em Educação, ele defende, pois, uma simbiose:
_ Não adianta falar em arte sem falar em educação. Se não haver um processo educativo constante, não há como formar público. Alguns veem arte somente como entretenimento e não uma ciência ou área de conhecimento.
Segundo ele, a educação ou iniciação à arte pode se dar em várias vertentes, seja por meio da literatura, do cinema ou da música. Zé guarda na memória às idas à antiga Livraria do Globo, onde seus pais o levavam para comprar títulos todas as semanas. Não por acaso, no dia da entrevista, as filhas gêmeas do professor, Cecília e Anthônia, de 9 anos, arriscavam esculturas com barro no ateliê, enquanto o pai conversava com a reportagem do Diário 2.
Contudo, a trajetória artística de Zé sofreu interferências. Na hora de prestar vestibular, cursos como Agronomia e Ciências Contábeis foram algumas das suas tentativas frustradas. Já concursado como técnico-administrativo da UFSM, ingressou no curso de Administração, mas uma corajosa decisão mudou sua vida:
_ No meu coração, a arte sempre foi mais importante, mas o sistema me dizia o contrário: que era coisa de sonhador e não enchia barriga. Imagine eu, na década de 70, largando Administração para cursar Artes? Eu olhava pela janela e queria ver coisas além. Na metade do curso, rompi e troquei de faculdade.
Olhares diferenciados
Crítico, o professor defende que há,
sim, uma intensa produção cultural na cidade, mas que faltam vitrines que
coloquem isso à população.
Ao falar de sua própria arte, ele se nega a eleger nomes ou obras que lhe sirvam de inspiração. Cada trabalho que faz tem uma particularidade que pode ter referências tradicionais, modernas ou contemporâneas. Para Zé, o processo criativo se dá em cima de tomadas e retomadas. Olhares diferenciados sobre as mesmas coisas. Técnica é necessária, mas nunca imprescindível.
Em geral, suas obras exprimem uma preocupação social refletida no trabalho, nas injustiças e na relação entre vida e morte. Sobre sua maior obra, surpreende:
_ Toda arte que possui encadeamento processual sincero me atrai. Quanto menos rótulos, melhor. A minha maior escultura, a maior obra da minha vida são os meus alunos.
Ao falar de sua própria arte, ele se nega a eleger nomes ou obras que lhe sirvam de inspiração. Cada trabalho que faz tem uma particularidade que pode ter referências tradicionais, modernas ou contemporâneas. Para Zé, o processo criativo se dá em cima de tomadas e retomadas. Olhares diferenciados sobre as mesmas coisas. Técnica é necessária, mas nunca imprescindível.
Em geral, suas obras exprimem uma preocupação social refletida no trabalho, nas injustiças e na relação entre vida e morte. Sobre sua maior obra, surpreende:
_ Toda arte que possui encadeamento processual sincero me atrai. Quanto menos rótulos, melhor. A minha maior escultura, a maior obra da minha vida são os meus alunos.
Curso Arte
no Campo
O curso tem como objetivo formar profissionais capacitados para ampliar
a inserção da arte na vida dos assentamentos rurais da reforma agrária,
enquanto um recurso poético e pedagógico que possa empoderar seus moradores,
contribuir para a expressão de seus diferentes segmentos e articulá-los no
enfrentamento de seus problemas.
A especialização em Arte no Campo é oferecida pela Universidade do
Estado de Santa Catarina e visa atender a demanda por uma formação em artes em
assentamentos da Reforma Agrária na Região Sul do Brasil. O projeto foi
aprovado no edital de Apoio a Projetos de Pesquisa / Chamada CNPq/MDA/-INCRA nº
26/2012, e contará com bolsas para os acadêmicos do curso que preencherem os
requisitos deste edital.
O projeto pedagógico do curso parte do
entendimento da arte como espaço de intervenção na sociedade, que deve levar em
conta as demandas e necessidades dos participantes. Um espaço de jogo e
interação entre diferentes setores de uma comunidade que pode contribuir para a
promoção da igualdade nas relações étnicas, de gênero e geracionais. Além de
suas contribuições dentro dos assentamentos rurais da reforma agrária, a arte
pode ser um poderoso instrumento para dar visibilidade às questões do campo
para a sociedade mais ampla. O Curso possui os seguintes eixos norteadores:
Arte na escola; Artes na Comunidade; Práticas Teatrais; Práticas Musicais; Práticas
de Artes Visuais.
A proposta de pesquisa e ensino de
artes, na forma proposta no curso, deverá promover espaços de reflexão sobre a
realidade vivida pelas pessoas no campo, no sentido de identificar alternativas
de superação de seus problemas e de ampliação das alternativas culturais, de
forma a contribuir para a qualidade de vida no campo. As proposições
artísticas, em especial aquelas realizadas de forma coletiva, têm se
transformado em processos/acontecimentos geradores de proposições e possibilidades
de explicitação e resolução de conflitos. A linguagem artística tem se mostrado
bastante eficaz para manifestação de vozes e desejos pouco considerados pelas
formas tradicionais de manifestação política ou mesmo de participação pública.
O curso está previsto para acontecer
em 10 módulos de 45 horas cada, no tempo escola, e 80 horas previstas para o
tempo comunidade. Cada módulo deve acontecer entre 4ª feira e Sábado. O Início
do curso está previsto para junho de 2013 e o final para dezembro de 2014.
Local de realização:
O curso acontecerá no Centro de Artes
da UDESC e no Assentamento José Maria, em Abelardo Luz, na região oeste de
Santa Catarina.
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