18 de dezembro de 2014
Apesar dos avanços, país é o lanterna da OCDE em porcentual de pessoas com até 35 anos graduadas e ainda tem 13 milhões de analfabetos
Fonte: Gazeta do Povo (PR)
As taxas de escolarização avançaram no país na última década, inclusive com maior participação das camadas mais pobres da população no ensino superior. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, entre 2004 e 2013, a escolaridade média da população com 25 anos ou mais aumentou de 6,4 para 7,7 anos no país. No Paraná, 61,1% da população dessa faixa etária têm oito anos ou mais de estudo contra 56,4% da média nacional.
De acordo com os dados da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, a participação dos mais pobres nos bancos das universidades aumentou, tanto nas públicas quanto nas particulares, e os 20% mais ricos deixaram de ser maioria no ensino superior .
Apesar dos avanços, o Brasil ainda patina quando comparado com os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A proporção de pessoas de 25 a 34 anos com nível superior é de apenas 15,2% no Brasil – o pior índice entre os 35 membros. O melhor índice é da Coréia do Sul com 65,7%. Mas países considerados em desenvolvimento, como o México e o Chile, têm índices acima de 22%.
Para o presidente da Academia Brasileira de Educação e pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas, Antônio Freitas, o aumento de estudantes pobres nas universidades ainda é pequeno e os mecanismos usados para ampliar esse acesso podem ter reflexos negativos.
“Programas como o Fies e o ProUni são absolutamente importantes para o país. Mas temos 212 milhões de habitantes e apenas 8 milhões de formados. A grande preocupação que tenho é o aumento de alunos por cota, porque o governo deixa de investir na educação básica e o aluno pode não ter condições de acompanhar os cursos”, afirma Freitas.
Apesar das ponderações, os números do ensino superior melhoraram e vieram acompanhados também de uma queda na taxa de analfabetismo. Na população com 15 anos ou mais, essa taxa caiu de 11,5% em 2004 para 8,5% no ano passado. Isso significa que 13 milhões de pessoas com mais de 15 anos no país ainda não sabem ler e nem escrever. Na Argentina, essa taxa não chega a 3% e em Cuba é menor do que 0,5%.
Outra preocupação é quanto ao abandono escolar. Entre as mulheres de 15 a 17 anos que têm ao menos um filho, apenas 28,4% estavam matriculadas na escola. Entre as de 18 a 24 anos com filhos, 54% não terminaram o ensino médio.
Segundo Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE e especialista em indicadores sociais, esses dados mostram que a maternidade precoce empurra adolescentes para fora das escolas. “É necessário pensar em políticas específicas para mantê-las estudando”.
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