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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

"Humanidade investe mais em guerra do que em Educação", alerta ativista

06 de novembro de 2014
Durante evento World Innovation Summit in Education (WISE), ativista moçambicana Graça Machel questiona a falta de prioridade dada à Educação

Fonte: Portal Aprendiz

“Os recursos estão aqui. Mas, para alcançarmos o que precisa ser feito é necessário foco e tomar a educação como prioridade”. Em seu discurso durante painel no World Innovation Summit in Education (WISE), a ativista moçambicana Graça Machel questionou o porquê da maior parte dos países não investir suficientemente em educação. “Quanto dinheiro gastamos com guerras? E se esse dinheiro fosse investido em educação? É uma questão de prioridade”, afirmou.
Segundo o relatório “A crise oculta: conflitos armados e educação“, publicado em 2011, seriam necessários apenas seis dias de gastos militares dos países doadores [que financiam a ONU] para preencher o déficit de 16 bilhões de dólares no financiamento da iniciativa de Educação para Todos, principal programa de acesso à educação da Organização das Nações Unidas.
O evento WISE que acontece até amanhã (6/11) em Doha, no Catar, reúne especialistas ao redor do globo para pensar novas formas de vencer os desafios postos pela educação. Entre eles, o fato de que 58 milhões de crianças estão fora da educação inicial (etapa equivalente ao ensino fundamental) e 63 milhões de adolescentes estão fora da etapa secundária, equivalente ao Ensino Médio brasileiro. Para a Sheika Mozah bint Nasser Al Missned, fundadora da fundação Education above All (Educação acima de tudo), responsável pela iniciativa Educate a Child (Eduque uma criança), “nós estamos ficando sem tempo para resolver essas questões”.
Embora seja possível identificar avanços nas políticas de acesso à educação, as taxas globais de crianças fora da escola têm decrescido em ritmo muito lento, quando comparado à década de 90 e início dos anos 2000 e permanecem ainda muito altas, especialmente na África Subsaariana. Para a sheika Mozah, os dados revelam que a educação é uma prioridade esquecida para essas crianças. “É possível alcançar um cenário positivo, mas é preciso ter a educação como prioridade dos governos”, afirmou.
A iniciativa apoia programas em 40 países ao redor do globo para sistematizar metodologias para universalização do ensino e manutenção das crianças no sistema educacional. No Rio de Janeiro, onde 2% da população de seis a 14 anos de idade está fora da escola, a iniciativa atua pelo programa Aluno Presente em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e com a Associação Cidade Escola Aprendiz para matricular, até 2016, 21 mil crianças.
Premiação
No evento, que chega este ano à sua sexta edição, a britânica Ann Cotton, fundadora e presidente da Campanha pela Educação de Mulheres (Camfed), recebeu o Prêmio Wise para a Educação, reconhecimento equivalente ao Nobel para a área. A organização atua apoiando comunidades na gestão de escolas locais para promoção e garantia do direito à educação de meninas. A iniciativa acompanha as estudantes desde a matrícula até a conclusão da educação básica em 5.085 escolas parceiras em 115 distritos rurais do Zimbábue, Zâmbia, Tanzânia, Gana e Malawi. A partir do trabalho da Camfed, mais de um milhão de meninas concluíram o equivalente ao ensino médio.
O primeiro ministro do Reino Unido, David Cameron, escreveu uma nota de reconhecimento aos esforços da ativista, reconhecendo que “a escala e o impacto da Camfed para educação de milhões de meninas e jovens mulheres na África é simplesmente extraordinário”.

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