05 de novembro de 2014
Eles protestavam contra a prorrogação de mandato dos atuais diretores e vices escolas estaduais
Fonte: Portal CGN
Durante algum tempo, o Exame Nacional do Ensino médio (Enem) foi negligenciado pelas Escolas, principalmente por conta da resistência dos Professores quanto ao discurso subjacente ou implicado nas competências e habilidades. Com a adesão das universidades públicas em utilizar a nota individual do Aluno em tal exame como forma de acesso ao curso superior, o número de participantes passou dos modestos 115 mil de 1998 para os 8,7 milhões neste ano.
Com a expectativa do MEC quanto à adesão da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2015, apenas três das 63 instituições federais não participarão do Sistema de Seleção Unificada, SiSu. Ainda assim, todas usam o Enem pelo menos como parte do seu processo de seleção. Em janeiro de 2014, o número de vagas oferecidas foi de 171 mil.
As novas configurações do Enem, sobretudo em relação à junção de dupla avaliação, a do Ensino médio e a que seleciona os Alunos da eEducação superior, são criticadas por especialistas e pedagogos. Essa integração duvidosa, aliada à pseudoclassificação das Escolas, desconsidera a diversidade de variáveis que podem influenciar o desempenho dos estudantes; além disso, resulta em modesto impulso para o urgente e necessário melhoramento da qualidade da Educação nacional, segundo asseveram respeitáveis críticos.
A velha e tradicional oferta de cursinhos irrompeu; agora eles preparam para o Enem. Isso é auxiliado pela seleção e concessão de bolsas de estudo para “Alunos bons de nota”, bem como pela criação de CNPJ específico para alocar os “melhores Alunos”, configurando-se como prática recorrente e estratégia comercial por grande número de instituições educacionais. Com isso, reforça-se a falsa ideia de que o Ensino médio cumpre a única função de preparar para a prova seletiva, sem nenhuma relação com a descoberta e construção de um projeto de vida para os Alunos.
As concepções e metodologias mecanicistas adotadas por tais empresas da Educação nos desafiam a perguntar sobre o que entendemos como Educação de qualidade. O que seria uma boa Escola? Que Ensino médio é mais coerente para o projeto de Educação que queremos?
Atentos a esse legado de respostas tortuosas, não podemos, no entanto, deixar de reconhecer a contribuição que o Enem vem acrescentando ao sistema educacional brasileiro. Em termos de quantidade, o exame revela uma dívida educacional muito alta. Hoje, num País com mais de 80% da população sem o Ensino superior, pessoas de diferentes idades, etnias e condições sociais estão vendo que podem retomar os estudos.
Do ponto de vista da qualidade, o desempenho abaixo dos 50 pontos no Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) e os últimos lugares na prova do Pisa, desafia-nos a olhar para o Enem de forma menos simplista ou demagógica. Percebemos que, nos últimos anos, o Enem também está produzindo mudanças no processo educativo. Ao avaliar por competências e habilidades, ele provocou mudanças na prática pedagógica dos Professores, levando à proposição de um currículo voltado para as exigências interdisciplinares dos conteúdos e mais articulado com as necessidades dos jovens que cursam o Ensino médio. Os conteúdos, nessa perspectiva, não têm um fim em si; mas estão em função de objetivos mais amplos. O papel do Professor e do Aluno, por sua vez, transforma-se em vista da necessidade de preparar o Aluno para a vida exigente de amanhã. Os processos avaliativos, igualmente, numa concepção formativa, além da finalidade métrica, têm o objetivo de regular o planejamento pedagógico e a gestão da sala de aula, em função da aprendizagem discente.
Sábado e domingo, 8,7 milhões de estudantes farão a prova do Enem. Para aumentar a transparência dos dados e evitar comparações subjetivas entre as Escolas, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Francisco Soares, diz que a forma de divulgar o desempenho das Escolas será mudada. Tal atitude, urgente, precisa ser complementada por um olhar mais atento aos resultados do Enem. Para que ele ajude a qualificar a Educação brasileira, deixando de ser mera avaliação de larga escala, precisa valer-se de estratégias mais proficientes de gestão educacional.
*Vanderlei Siqueira dos Santos é diretor geral da Rede de Colégios do Grupo MaristaUm vídeo divulgado no Youtube mostra o momento em que educadores ligados à APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) são retirados à força por segurança da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), em Curitiba. A situação foi registrada na tarde de terça-feira (04).
Eles protestavam contra a aprovação do projeto de lei 434/2014, que prorroga por um ano o mandato dos atuais diretores e vice-diretores das 2,1 mil escolas estaduais. A mensagem passou pela primeira discussão em regime de comissão geral, com 33 votos favoráveis e 13 contrários.
A Mesa Executiva da Casa convocou sessões extraordinárias para votar a proposta em segunda e terceira discussões. A pressa do governo em aprovar o projeto se deve ao fato de as eleições nas escolas estaduais estarem previstas para este mês de novembro.
Na segunda votação, nova vitória da base aliada, 34 a 13, e o projeto ainda foi dispensado de redação final, indo direto para a sanção do governador. O projeto paralisa o processo eleitoral nas escolas que iriam eleger novos diretores no próximo dia 26, quando se encerra o mandato dos atuais ocupantes do cargo, nas 2,1 mil escolas do estado. Mais de dez mil professores haviam se inscrito para disputar os cargos.
O governo alegou que a mudança evita a coincidência do processo eleitoral de 2014 que elegeu presidente da República, governadores, deputados federais e deputados estaduais. O grupo de deputados contrários ao projeto acusou o governo de dar um "golpe" na comunidade escolar.
As informações são do Bonde e da Folha de Londrina.
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