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sábado, 29 de novembro de 2014

Alunos de escola pública de SP vão à Índia e conhecem outras culturas

29 de novembro de 2014
Estudantes são de escola estadual localizada na região do Jardim Angela. Escola foi convidada a ir para a Índia depois de ter sido destaque na Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras

Fonte: G1

Sete alunos da Escola Estadual Luís Magalhães de Araújo, localizada no Jardim Angela, na periferia na Zona Sul de São Paulo, passaram dez dias na Índia para participar de uma competição internacional de matemática e ciências. Para cobrir as despesas, os alunos fizeram uma vaquinha online e contaram com patrocínio de uma empresa privada e de uma ONG. Quarenta países foram representados na disputa que ocorreu dentro de uma universidade em Lucknow, no norte da Índia.
Os estudantes da equipe da escola Luís Margalhães foram Vinicius de Oliveira Bispo, Jaqueline dos Santos Cunha, Keila do Carmo de Carvalho, Michele Aparecida Moura da Silva, Raphaela Bernardes Seixas, Vinícius Amorim Viana, todos com 17 anos, e Diego Henrique de Moraes, de 18 anos. Eles viajaram acompanhados por professores e intérprete.
A escola foi convidada a ir para a Índia depois de ter sido destaque na Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras em abril. A Luís Magalhães de Araújo ganhou três medalhas de bronze e uma menção honrosa na competição, e se tornou a única da rede pública da capital paulista a ser premiada.
A competição na Índia é a Quanta (na sigla, em inglês International Competition for Science, Mathematics, Mental Ability and Electronics) promovida pela Montessori School e embora a escola brasileira tenha sido convidada a integrar a disputa, teve de arcar com todas as despesas.
As passagens aéreas para os sete alunos foram doadas pela Editora FTD, os demais custos com hospedagem, alimentação e as passagens dos professores e intérprete que acompanharam a equipe foram pagos pelo Instituto Verdescola. Uma vaquinha online arrecadou R$ 14 mil, que também ajudou a cobrir os custos.
A professora de matemática Dora Silva, de 52 anos, foi a primeira a defender a ideia de que os alunos deveriam viajar e que a escola poderia batalhar pelo dinheiro com patrocinadores. Ela sempre incentivou os estudantes a gostarem de matemática oferecendo aulas aos sábados para os interessados e elegendo monitores dentro das salas para ajudar os colegas.
“Se o aluno não aprende comigo, vai aprender com um colega. O trabalho mais difícil é ensinar a estudar.” Uma das lutas da professora é fazer com que os alunos de baixa renda acreditem no próprio potencial. "É muito comum eles ouvirem dos pais que 'isso ou aquilo não é para nós.'"
A Quanta reuniu teóricas e práticas de robótica e debates. Uma das missões era construir dois barcos, um julgado por sua velocidade e outro que deveria ter um dispositivo que o fizesse ir e voltar na pista. O Brasil não conseguiu ser premiado, porém o efeito positivo causado nos competidores pela participação foi além do que qualquer troféu e medalha.
“Quando estava lá [na Índia] pensava que como algo tão simples que é estudar, me levou para algo muito longe. E o estudo é algo que te iguala a qualquer um”, afirma Michele Moura.
“Às vezes nos sentimos inferiores porque estamos na escola pública, mas vimos que temos capacidade. Isso nos incentivou a pensar mais longe, sei que posso ir além”, diz Jacqueline Cunha.
Os estudantes dizem que outro efeito positivo foi a vontade de aprender inglês.“Conseguimos nos comunicar mesmo sem falar o inglês muito bem, fizemos amigos. Mas vimos que todo mundo fala pelo menos três línguas”, afirma Jacqueline.
Para Vinicius Amorim, de 17 anos, a experiência provou algo que a professora Dora sempre diz aos seus alunos. “Através dos estudo, podemos voar. Aprendendo a estudar você vai longe. Estava no Taj Mahal e não dava para acreditar.”
Vinicius Bispo, de 17 anos, diz que a competição serviu para mostrar que os que se ensina na rede pública do Brasil não é diferente no resto do mundo. “O que é passado aqui, não foge muito do que é lá. Ganhamos motivação porque dá para conseguir muito mais. O intuito maior foi mostrar que todo mundo tem condições.”
Diego Moraes, de 18 anos, lembra as vantagens da experiência cultural que a viagem proporcionou, embora a comida indiana com muita pimenta e curry não tenha sido aprovada pelos jovens. “A competição exigia um preparo específico que não tínhamos, e também vimos que temos de melhorar o inglês. Mas só de conviver com pessoas de outros países foi extraordinário.”
Os estudantes estão no terceiro ano do ensino médio e pretendem entrar na faculdade. Eles não sentem preparados para conseguir uma vaga em uma instituição neste ano, recém-saídos da educação básica, por isso pretendem fazer um curso pré-vestibular. Uma das opções é estudar no cursinho que vai ocorrer na própria escola oferecido por alunos da Universidade de São Paulo (USP) aos sábados.

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