Fonte:UNILA- UNIVERSIDADE FEDERAL DA INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA
Oferecer instrumentos para a formação de públicos para cinema e
estimular o uso do audiovisual como ferramenta de arte-educação são os
objetivos do curso de extensão “Uso do audiovisual como ferramenta de
arte/educação”, coordenado pelo professor de Cinema da UNILA, Eduardo Dias
Fonseca.
O projeto, que tem como proposta a realização de cursos em escolas das
cidades da Fronteira Trinacional – Foz do Iguaçu, Puerto Iguazu e Ciudad del
Este –, já tem seu primeiro resultado: um vídeo com três minutos, que está em
processo de finalização e foi produzido por alunas da Escola Normal Superior nº
8, de Puerto Iguazu. O filme conta uma história de terror - adolescentes vão acampar
e um vulto as amedronta. O vídeo em breve estará disponível na internet.
A turma é formada por 30 adolescentes
de 14 a 16 anos, que devem produzir mais dois vídeos. “Para elas, é um processo
lúdico, prazeroso, envolvente”, comenta o professor Eduardo Fonseca. Ele e duas
bolsistas – Camila Larroca Ferrari, do Uruguai; e Ivich Barret Queirolo,
brasileira – tiveram de lidar com a forte influência exercida pelo cinema dos
Estados Unidos, praticamente a única referência das estudantes. Para o
professor, o fato de a cidade não ter salas de cinema e a influência da
televisão são os fatores que levam ao cenário atual.
Apesar disso, a receptividade das adolescentes e da escola à proposta do
curso, baseado em produções latino-americanas, foi bastante positiva, segundo o
docente. “A gente vai percebendo que existe uma sensibilização para se pensar o
audiovisual de outra maneira, mesmo com essa influência superdireta dos meios
hegemônicos”, comenta.
O curso é dividido em dez módulos, com
três horas semanais, nos quais são apresentados conteúdos como a história do
cinema, roteirização, produção, fotografia, construção de cenas, argumento,
sempre com exemplos de produções latino-americanas. “No começo, fiquei um pouco
temeroso de elas acharem estranho, mas as bolsistas fizeram uma curadoria muito
boa de curtas-metragens, com temática adolescente. E isso foi ótimo. Muito
motivador.”
Fonseca explica que a produção audiovisual é uma ferramenta de educação
que vai além de sua utilização apenas para ilustração, porque requer uma série
de esforços e, também, aprendizados por meio de pesquisas de dados e produção
de roteiros e figurinos, entre outras etapas. “As escolas utilizam o
audiovisual como uma ilustração de um conteúdo. Quando a gente coloca o
audiovisual como uma ferramenta de arte-educação, queremos mostrar que fazer
artístico, lúdico, que gera uma série de questões, também é uma ferramenta”,
destaca.
No ano que vem, o projeto deve ser ampliado com ações voltadas também
aos professores das redes públicas de ensino dos três países, para que estes
possam ser replicadores dos conteúdos apresentados. No caso de Foz do Iguaçu,
esse passo torna-se ainda mais importante tendo em vista a Lei 13.006, de junho
deste ano, que obriga a exibição de filmes de produção nacional por, no mínimo,
duas horas mensais, como componente curricular complementar. “Estamos pensando
em como oferecer essas ferramentas para os professores, para que eles
possam trabalhar o conteúdo com os alunos”, comenta Fonseca.
Formar novos públicos para as produções
audiovisuais também é a base para um outro projeto, de longo prazo, que é
tornar a UNILA uma referência na exibição de filmes em Foz do Iguaçu e região.
“Temos osshoppings, o Sesc e queremos que a Universidade seja a
terceira via. Para isso, temos de formar e sensibilizar o público para um
cinema que não seja tão comercial”, afirma Fonseca. “Aliado a isso, queremos a
UNILA como parte de um circuito Mercosul de salas de cinema. Estamos em
construção para ser essa terceira via, com qualidade e com um público que não
se restrinja à instituição. Queremos a participação da comunidade.”
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