26/08/2013 | |
ESPECIAL PARA O ESTADO
JOÃO PESSOA
O modelo estatístico feito pelo Estadão Dados mostra que quanto mais se reduzir o analfabetismo, mais diminui a mortalidade na infância. Algumas cidades, como Silva Jardim, no interior do Rio, tiveram baixa redução nesses dois indicadores ao longo dos últimos dez anos e continuam estagnadas no ranking dos municípios brasileiros.
Outras tiveram sucesso em melhorar ambos os índices e aumentaram seu índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
É o caso de Mamanguape, a 6o km de João Pessoa (PB). A cidade teve um aumento do índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 38% na última década, segundo dados do IBGE. As taxas de analfabetismo caíram de 40,5% da população adulta para 27,9% no período. A mortalidade infantil passou de 66,1 mortes de crianças de até 5 anos para cada mil nascidos vivos para 28,4.
Para reduzir o analfabetismo entre adultos, 810 alunos do programa Brasil Alfabetizado vão às aulas todas as noites. São 65 turmas, distribuídas na zona rural e urbana, com aulas em garagens, nas salas das casas dos próprios professores e onde houver lugar disponível "Nós pedimos socorro porque não temos lugar para alfabetizar. À noite, as escolas são direcionadas para alunos tradicionais do ensino fundamental, mas onde houver espaço estamos ocupando. Pedimos apoio até dos professores", diz a secretária de Educação, Edileuza Diniz.
Para atrair analfabetos para dentro das salas de aulas, a prefeitura criou um sistema de consórcio na zona rural para. juntar alunos e abrir turmas. Em pequenos sítios e localidades, a média é de 15 alunos. O consórcio tem um coordenador que junta cada grupo de 15 alunos e forma uma grande turma com um professor responsável. Isso acontece também na zona urbana. "E uma estratégia que adotamos porque a maioria que termina a alfabetização vai direto para os cursos de educação de jovens e adultos, onde o aluno cursa dois anos em um. Com uma turma maior é mais fácil concluir", explica a secretária.
Saúde. O município também melhorou o atendimento básico na saúde. Com 16 unidades de Saúde da Família, apenas uma não tem médico. "Não tenho receio de afirmar que a melhoria na educação de adultos tem uma relação direta com a qualidade de vida das crianças. Nós pretendemos abrir mais duas unidades de saúde neste ano, mas como em todo Brasil, sofremos com um hospital que " não tem bloco cirúrgico. Temos boa qualidade no atendimento na comunidade, mas nosso hospital é um fusquinha", diz o secretário de Saúde, Elisandro Bezerra. Segundo ele, a cidade é polo na região e atende a população de mais 11 municípios. "Nós encaminhamos os casos de alta complexidade para João Pessoa. Não tem outro jeito", disse.
Para ele, o problema maior é a falta de incentivos ç recursos. Dados do Tribunal de Contas do Estado revelam que o município gasta 21% com saúde, bem acima do exigido por lei, de 15%.
A cidade recebe R$ 7.125 para gastar com cada unidade de saúde e paga R$ 6 mil ao médico. "Ainda temos de desembolsar mais de R$ 8 mil para o resto da equipe. Essa equipe é que faz visita casa por casa, pré-natal, etc. A vontade de melhorar é grande, mas ainda precisa muito mais", afirma Bezerra.
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