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25/05/2013 |
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Diante da falta de critérios científicos de correção de provas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) investiu R$ 2 milhões para contratar estudos na área. A intenção do chamamento público, lançado em julho do ano passado e destinado a pesquisadores, foi dar mais segurança às provas do instituto. O presidente do Inep, Luiz Cláudio da Costa, explica que um dos principais focos foi a discussão sobre a qualidade da avaliação das redações e das questões discursivas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A correção dos textos produzidos pelos estudantes tem sido um dos pontos mais delicados do sistema, gerando, ano após ano, inúmeras ações judiciais contra as notas e os critérios de revisão. No certame do Inep, sete propostas foram inscritas, e os resultados, que devem sair em breve, prometem impulsionar a qualidade do exame.
Costa diz que a ideia de lançar o edital surgiu quando ele começou a fazer análise dos textos. “Vi que nós, no Brasil, não estávamos produzindo pesquisa sobre correção de texto. Comecei a perguntar o que era melhor, se dois corretores, um só, três, e vi que não havia estudos produzidos no país nos últimos anos sobre correção. Então, abrimos o edital para pesquisadores e instituições apresentarem projetos”, explica.
O resultado do estudos vai integrar o rol de conteúdo do instituto para avaliação de provas. Entre os questionamentos que surgiram enquanto Costa apreciava a correção das provas foi a discrepância de critérios dos avaliadores. Em 2011, as redações só seguiam para o terceiro corretor quando a diferença de notas entre um avaliador e outro passava de 300 pontos. No ano passado, esse limite caiu para 200 pontos. E, para a edição deste ano, houve mais uma redução, para 100 pontos. A estimativa é que, este ano, aumente em torno de 50% a quantidade de textos que demandem equalização de notas. Na edição anterior, apenas 20% das 4,1 milhões de redações passaram por esse crivo. Este ano, a expectativa é que o índice alcance 30%.
Função da nota
O diretor do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Católica de Brasília, Afonso Celso Danus Galvão, corrobora a tese de Costa de que é preciso basear o Enem em pesquisas na área. O especialista explica que há uma linha de estudos sobre avaliação do ensino que se dedica, especificamente, a processos avaliativos. “Mas vale lembrar que a função da avaliação de concurso não é de aprendizado, é de seleção. Nesse caso, você não quer o resultado do que o estudante aprendeu, é preciso ponderar porque um é melhor que o outro”, explica.
Segundo ele, na seleção de mestrado da Católica, por exemplo, o estudante apresenta um pré-projeto, que é avaliado por dois professores e, como no Enem, quando há discrepância entre as notas (nesse caso, de mais de 20%), outro professor é chamado para dar a sua avaliação. “A nota final é uma média das duas notas mais parecidas. É um trabalho gigantesco, mas a gente tem muita confiança de que a avaliação é justa por causa desse procedimento. Embora tenha o elemento subjetivo, é um recurso que alivia o problema”, destaca.
“A função da avaliação de concurso não é de aprendizado, é de seleção. Você não quer o resultado do que o estudante aprendeu, é preciso ponderar porque um é melhor que outro”
Afonso Celso Danus Galvão, diretor do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação da UCB
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