PESQUISA

domingo, 24 de março de 2013

Dificuldade de contratação

24/03/2013

Copa das Confederações, Jornada Mundial da Ju­ventude, Copa do Mundo e Olimpíadas. Esses grandes eventos trarão ao Brasil 10 milhões de turistas até 2020, de acordo com o Ministério do Tu­rismo. O setor hoteleiro já está se preparando: as 12 cidades sede da Copa do Mundo deverão ganhar 109 hotéis, o equivalente a 19 mil quartos até 2014, ainda se­gundo o ministério. A consequência imediata é um aumento na oferta de vagas no segmento. Para conseguir atender essa de­banda, porém, os gerentes es­barram em regras trabalhistas "pouco flexíveis, que não abrem jmargem para adequar as neces­sidades de contratação. 
A diretora executiva do Fòtum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), Flávia Matos, "Conta que uma série de diálogos informais com o Ministério do Turismo referentes à prepara­ção do setor para os eventos co­locou em pauta a flexibilização da regulamentação trabalhista. Existem problemas antigos que, segundo ela, geram dificulda­des para a administração dos hotéis e que não podem ser so­lucionados, já que se amarram às normas vigentes.
Seria necessário, por exemplo, deslocar funcionários para exer­cer funções diferentes de acordo com os horários de pico nos ho­téis, ou mesmo dispensá-los por longos períodos, para que traba­lhassem apenas quando houves­se maior movimento de hóspe­des. Isso evitaria gastos em exces­so com pessoal. "Queremos saber do Ministério quais são as solu­ções possíveis para resolver esses problemas", relata a diretora.
Temporários
Mesmo quando os hotéis cele­bram contratos temporários, é preciso considerar os custos que uma demissão exige. "No Sul, te­mos hotéis que praticamente fe­cham na baixa temporada, mas como podemos dispensar os tra­balhadores com todos os encar­gos?", questiona Flávia. De acor­do com ela, essa situação poderá se repetir durante os eventos mundiais programados.
O advogado trabalhista José Alberto Couto Maciel acredita que um acordo coletivo entre trabalhadores e hotéis, por exem­plo, seria uma das soluções para permitir que essas vagas fossem ocupadas temporariamente du­rante a Copa, sem exigir a absor­ção dos profissionais após o pe­ríodo. No entanto, a Consolida­rão das Leis do Trabalho (CLT) não abre margem para negocia­ção entre as partes. "Flexibiliza­ção é uma das necessidades do mundo globalizado, porque a le­gislação do trabalho não tem for­ça suficiente para acompanhar os avanços sociais. O mundo in­teiro está fazendo isso: possibili­tando acelerar a terceirização do trabalho", garante o advogado.
Uma das dificuldades listadas por Maciel é a de que os hotéis hão teriam a possibilidade de contratar terceirizados para exer­cer serviços como os de camarei­ra, de recepção e de cozinha, porque são consideradas ativida- des-fim, aquelas diretamente re­lacionadas ao ramo de atuação da organização. De acordo com a súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a terceiriza­ção só é permitida para as atividades-meio, aquelas que dão su­porte, mas não fazem parte do segmento empresarial. É o caso de serviços de segurança e de limpeza, por exemplo.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Enrico Fermi, explica que esse é um pleito antigo, não só do setor, como também de outros mercados. Ele reforça que a única forma de contratar fun­cionários por um curto período de tempo seria por meio de ter­ceirização. "Queremos um mo­delo como o europeu e o ameri­cano, em que se contrata, por hora, profissionais para eventos pontuais", explica Enrico.
Outro problema é quanto à falta de mão de obra qualificada no Brasil para atuar em cargos de alta gerência, cuja solução quase sempre envolve trazer profissio­nais estrangeiros para trabalhar no país. A burocracia para se con­seguir uma permissão de traba­lho, porém, é a principal queixa, o que estende o processo de con­tratação por meses.
Interesse
Para a gerente-geral do Hotel Mercure Brasília Eixo Monumen­tal, Adriana Pinto, não há traba­lhadores com experiência dispo­níveis para contratação. "Pode­mos até fazer contratos temporá­rios, porém, o problema é a ca­rência de mão de obra espe­cializada", relata. Para solucionar o problema da qualificação, o hotel proporciona aulas de inglês e promove treinamentos inter­nos para a equipe.
O gerente de eventos do Hotel Mercure Gustavo Leite, 41 anos, pretende aproveitar ao máximo as oportunidades que os grandes eventos proporcionarão para o país. Ele trabalha na área há 13 anos e decidiu iniciar uma gra­duação em turismo há um ano e meio para se antecipar aos desa­fios dos próximos dois anos. Ele alerta, porém, que não é a forma­ção que definirá o sucesso na car­reira de um hoteleiro. "É preciso ter perseverança e força de von­tade, trazer o DNA do turismo", brinca. "Saber mais sobre um idioma não significa que o profis­sional ganhará acima da média em um hotel, é preciso ter pa­ciência", explica.
Rosângela Brana, coordena­dora do curso de turismo do Ins­tituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), destaca que não basta possibilitar a contratação: é preciso atrair profissionais in­teressados em atuar no setor. Ela acredita que a regulamentação das profissões relacionadas à hotelaria, por meio da criação de um órgão representativo e do estabelecimento de um piso sa­larial, seria o primeiro passo. "Há profissionais no mercado prontos para atuar, mas falta in­centivo. A nossa profissão sofreu muita desvalorização nos últi­mos anos", relata.
Segundo ela, é comum o salá­rio de um recepcionista bilíngüe não chegar a R$ 1 mil, o que mina a possiblidade de atrair pes­soas capacitadas para atender a demanda. "A hotelaria é uma área dinâmica e exige muito do profissional. Ele tem horário pa­ra entrar, mas não para sair e, muitas vezes, o salário não é compatível com isso", explica. A coordenadora lembra que, da turma de 44 alunos que se for­maram com ela em 1999, apenas três ainda atuam no setor, sendo dois acadêmicos. "Hoje, eles tra­balham principalmente na área financeira e administrativa, e não à frente de hotéis", conta.
preparação
no comércio
A partir de quarta-feira, terá início a série de eventos "Brasília e a Copa do Mundo Fifa—sua empresa já entrou em campo?", promovida pelo Sebrae no DF. Os quatro shoppings localizados na . região central da cidade—Brasília Shopping, Pátio Brasil, Liberty Mall e Conjunto Nacional—receberão palestras sobre como o comércio deve se preparar para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo de FuteboL
Pronatec
Em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério do Turismo criou o Pronatec Copa, que oferecerá, até 2014, 240 mil vagas gratuitas para 54 cursos profissionalizantes ligados ao setor de turismo. Além disso, empresas podem pleitear cursos in company, ou seja, capacitação custeada pelo governo no espaço físico do hotel, para os próprios funcionários, informações pelo site www.pronateccopa.turismo.gov.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário