PESQUISA

sexta-feira, 1 de março de 2013

Ano letivo começa com escolas em más condições no Estado

 

Secretaria Estadual da Educação tem plano de reformar 1.028 estabelecimentos, mas projeto está com um ano de atraso Fonte: Zero Hora (RS)
01 de março de 2013



Na volta às aulas da rede estadual, esta semana, estudantes gaúchos depararam com escolas deterioradas, afetadas por infiltrações, danos estruturais e problemas em redes hidráulicas e elétricas.
A necessidade de reformas não é exceção. Pelo menos 40% dos 2,5 mil colégios de Ensino Fundamental e Médio, segundo levantamento da Secretaria Estadual da Educação (SEC), precisam receber algum tipo de obra. O plano para recuperar esses estabelecimentos, porém, está com atraso de pelo menos um ano.
O cenário encontrado por alunos e professores ilustra a deterioração da rede estadual. Nem um dos colégios mais tradicionais, o Instituto de Educação Flores da Cunha, na Capital, escapa dos rombos nas paredes, das goteiras no teto e da necessidade de interditar áreas por impossibilidade de uso. O vice-diretor do turno da tarde, Ademar Leão, afirma que o telhado mais parece uma peneira. Em caso de chuva intensa, avalia que será necessário suspender as aulas tamanha é a vazão de água que escorre pelo forro e pelas paredes. Durante a chuvarada de 20 de fevereiro, o estabelecimento inundou e centenas de livros da biblioteca acabaram molhados.
— Chove aqui dentro como se estivéssemos na rua. O telhado e as calhas estão comprometidos, o teto de gesso do auditório está caindo, o teto do banheiro está desabando, e o ginásio está desativado há muito tempo. O chão está podre — enumera Leão.
Como o ginásio permanece sem condições de utilização, as aulas de educação física são dadas no pátio, e a quadra esportiva onde os alunos deveriam correr e pular se transformou em um depósito de entulho. No local, podem ser encontrados pneus, classes e até tampas de privada. Nesta semana, a reunião com os pais foi realizada sob o temor constante de que mais partes do teto de gesso desabassem.
Um levantamento da SEC aponta a necessidade de algum tipo de intervenção em 1.028 colégios, ou 40% da rede. Esse contingente inclui desde reformas mais significativas, como recuperação estrutural e cobertura de áreas esportivas, até ações mais simples, como climatização e paisagismo — mas complexas o suficiente para exigir licitações. Destes, 523 estabelecimentos maiores e mais comprometidos estão em fase de licitação dos projetos. Depois, terão de ser licitadas as obras em si. A promessa inicial era de que começassem ainda no segundo semestre do ano passado, mas a nova expectativa agora é que se iniciem no segundo semestre deste ano.
Em um outro momento, deverão ser encaminhadas as licitações dos colégios restantes, somando um investimento próximo de R$ 1 bilhão por meio de recursos próprios, do Ministério da Educação e do Banco Mundial.
— A demora ocorre por entraves legais, a burocracia para as licitações é muito grande. O funcionamento do setor público é difícil e sabemos que precisa avançar para superar esses entraves — afirma o secretário estadual da Educação, Jose Clovis Azevedo.
Embora pequenas intervenções possam ser feitas de maneira emergencial, as grandes reformas devem começar em outubro, segundo a SEC. Se isso se confirmar, deverão terminar somente em 2015.
A situação nas escolas
Confira alguns casos em que carências de infraestrutura complicam o retorno às atividades no Estado:
Colégio interditado em Campo Bom
Após um princípio de incêndio em março do ano passado, que feriu a diretora da Escola Estadual de Ensino Médio La Salle, de Campo Bom, no Vale do Sinos, os dois prédios da instituição sofrem com curto circuitos e quedas de luz. Em protesto, professores e funcionários da escola iniciaram o ano letivo dos cerca de mil alunos em apenas meio período, mas ontem e hoje decidiram suspender as atividades. Na tarde de quinta, os bombeiros interditaram o local por falta de segurança.
Contraponto
A 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), responsável pelas escolas estaduais do Vale do Sinos, informa que o processo de reforma elétrica "está em tramitação".
Turmas divididas em Santa Cruz
Após ter um dos dois prédios demolido por risco de desmoronamento, a Escola Estadual de Ensino Médio José Mânica, de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, teve que iniciar o ano letivo com parte dos mais de 650 alunos agrupados em diferentes locais. Devido à falta de espaço, 260 estudantes das séries iniciais estão sendo transportados de ônibus por mais de cinco quilômetros até o Colégio Dom Alberto, que cedeu algumas salas. Alunos de outras três turmas estão estudando nas dependências de uma casa alugada, próxima da escola José Mânica.
Contraponto
A 6ª CRE, responsável pelas escolas estaduais do Vale do Rio Pardo, não respondeu a ZH sobre o porquê do atraso nas obras nem quanto à previsão de início da construção do espaço provisório.
Aula em CTG em Montenegro
A interdição da Escola Estadual Coronel Álvaro de Moraes, em Montenegro, segunda-feira passada, exigirá que 500 alunos estudem em ambientes provisórios. O motivo do fechamento é a falta de segurança da estrutura, considerada precária pelo Corpo de Bombeiros da cidade. Instalações elétricas antigas, telhado prestes a desabar, infestação de cupim e banheiros em péssimo estado são alguns dos problemas A escola conseguiu da prefeitura o empréstimo de três salas na Estação Cultura de Montenegro, além de espaço em um Centro de Tradições Gaúchas.
Contraponto
Uma reforma geral no valor de R$900 mil está prevista. Com recurso liberado e licitação feita, a 2ª CRE projeta que o contrato seja assinado na próxima semana.
Risco de choque na Capital
O risco de choque elétrico impediu o reinício das aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Otávio Mangabeira, na zona sul de Porto Alegre. Segundo a diretora, Simone Wanisa Menitz Biscaino, os dois prédios da escola estão com problemas, mas o que mais preocupa a administração é o de alvenaria. Atingidas por infiltrações, as paredes da construção de alvenaria dão choques, e, segundo Simone, existe o temor de que a laje que fica sobre a escada ceda. Problemas de vazamento na caixa d'água, que já foram solucionados, colaboraram para a situação atual.
Contraponto
A coordenadora-adjunta da 1ª CRE, Lúcia Wendland, afirma que estão sendo tomadas providências, e que uma obra no pavilhão de madeira deve começar em março ou abril.

Nenhum comentário:

Postar um comentário