A Prefeitura de
São Paulo vai promover mudanças nas diretrizes curriculares
dos anos iniciais do ensino fundamental das escolas da capital. A partir do
ano que vem, a rede terá o ciclo de alfabetização, que
envolve os três primeiros anos - dessa forma, os alunos
poderão ser retidos no 3.º ano, e não somente no
5.º, como ocorre hoje. As alterações vão
representar a chegada à cidade dos projetos educacionais desenhados
pelo Ministério da Educação (MEC).
As
orientações curriculares vigentes na rede municipal (desde
2008 a Prefeitura conta com um currículo próprio)
serão substituídas pelos Direitos de Aprendizagem, documento
organizado pelo atual secretário municipal de
Educação, César Callegari, enquanto ocupava a
secretaria de Educação Básica do MEC.
`É um
avanço em relação à proposta dominante na
cidade, que se concentrou na metodologia chamada Ler e Escrever, muito
concentrada nessas habilidades`, explicou. `O programa agora tem
dimensão maior. Além dessas habilidades, há a
preocupação de que entendam o que estão lendo.
É muito ligado à concepção de letramento. Passa
por outros conhecimentos.`
Finalizado em
dezembro, o documento está na pauta para ser analisado no Conselho
Nacional de Educação. Na avaliação de
Callegari, ele traz uma grande mudança para o Brasil, porque define
o que o aluno `tem o direito` de aprender a cada ano. `Mas não pode
ser confundido com currículo mínimo. Os métodos
são variados, não é cartilha.`
Especialistas em
educação não veem com bons olhos o possível
abandono do currículo da cidade, que era bem avaliado. `O governo
federal fez uma coisa melhor para uma cidade que não tem nada. Mas
para quem já tem um currículo, com material, não
dá para entender o objetivo. A Prefeitura precisa mostrar claramente
o que se ganha com isso`, afirma a consultora em educação
Ilona Becskeházy.
A professora da
USP Paula Louzano diz que o documento vigente é coerente. `Ele foi
construído como um processo e tem legitimidade na rede. Além
disso, a descontinuidade das políticas é negativa.`
Callegari afirma
que a iniciativa tem característica `incremental` e materiais
didáticos não serão abandonados. Mas pode haver
mudanças a partir do ano que vem, quando o ciclo da
alfabetização for normatizado - na prática, o trabalho
começa neste ano. A ideia não é represar alunos no
3.º ano, mas focar e avaliar esse período.
Formação. O passo inicial da nova
gestão na educação foi dada ontem, no primeiro dia da
formação dos orientadores pelo Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). A
concepção do projeto, lançado no ano passado pelo
governo federal, já contém os Direitos de Aprendizado.
De São
Paulo, 180 coordenadores começaram a ser treinados para atuar na
formação continuada dos alfabetizadores. Além da rede
da capital, participam também profissionais de Santo André,
São Bernardo do Campo e Embu das Artes - totalizando 450 educadores.
Ao todo, serão 200 horas de atividades.
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