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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Capital voltará a reprovar no 3º ano

PAULO SALDAÑA - O Estado de São Paulo - 26/02/2013 - São Paulo, SP
A Prefeitura de São Paulo vai promover mudanças nas diretrizes curriculares dos anos iniciais do ensino fundamental das escolas da capital. A partir do ano que vem, a rede terá o ciclo de alfabetização, que envolve os três primeiros anos - dessa forma, os alunos poderão ser retidos no 3.º ano, e não somente no 5.º, como ocorre hoje. As alterações vão representar a chegada à cidade dos projetos educacionais desenhados pelo Ministério da Educação (MEC).
As orientações curriculares vigentes na rede municipal (desde 2008 a Prefeitura conta com um currículo próprio) serão substituídas pelos Direitos de Aprendizagem, documento organizado pelo atual secretário municipal de Educação, César Callegari, enquanto ocupava a secretaria de Educação Básica do MEC.
`É um avanço em relação à proposta dominante na cidade, que se concentrou na metodologia chamada Ler e Escrever, muito concentrada nessas habilidades`, explicou. `O programa agora tem dimensão maior. Além dessas habilidades, há a preocupação de que entendam o que estão lendo. É muito ligado à concepção de letramento. Passa por outros conhecimentos.`
Finalizado em dezembro, o documento está na pauta para ser analisado no Conselho Nacional de Educação. Na avaliação de Callegari, ele traz uma grande mudança para o Brasil, porque define o que o aluno `tem o direito` de aprender a cada ano. `Mas não pode ser confundido com currículo mínimo. Os métodos são variados, não é cartilha.`
Especialistas em educação não veem com bons olhos o possível abandono do currículo da cidade, que era bem avaliado. `O governo federal fez uma coisa melhor para uma cidade que não tem nada. Mas para quem já tem um currículo, com material, não dá para entender o objetivo. A Prefeitura precisa mostrar claramente o que se ganha com isso`, afirma a consultora em educação Ilona Becskeházy.
A professora da USP Paula Louzano diz que o documento vigente é coerente. `Ele foi construído como um processo e tem legitimidade na rede. Além disso, a descontinuidade das políticas é negativa.`
Callegari afirma que a iniciativa tem característica `incremental` e materiais didáticos não serão abandonados. Mas pode haver mudanças a partir do ano que vem, quando o ciclo da alfabetização for normatizado - na prática, o trabalho começa neste ano. A ideia não é represar alunos no 3.º ano, mas focar e avaliar esse período.
Formação. O passo inicial da nova gestão na educação foi dada ontem, no primeiro dia da formação dos orientadores pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). A concepção do projeto, lançado no ano passado pelo governo federal, já contém os Direitos de Aprendizado.
De São Paulo, 180 coordenadores começaram a ser treinados para atuar na formação continuada dos alfabetizadores. Além da rede da capital, participam também profissionais de Santo André, São Bernardo do Campo e Embu das Artes - totalizando 450 educadores. Ao todo, serão 200 horas de atividades.

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