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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Com colchões e marmitas, estudantes ocupam reitoria da UnB
JOHANNA NUBLAT - DE BRASÍLIA - Folha de São Paulo - 05/07/2012 - São Paulo, SP

Quatro anos depois de invadirem a reitoria da Universidade de Brasília para expulsar o então reitor e passadas outras duas invasões desde então, alunos da universidade ocupam a reitoria deste a última terça-feira (3).

Colchões pelo chão, marmitas em mesas de reunião e muitos cartazes de protesto compõem a nova paisagem da reitoria. Os alunos garantem que nada foi quebrado e que a invasão foi pacífica.

`Nem porta quebramos dessa vez`, explica Lucas Brito, 21, estudante do 8º semestre de serviço social, da comissão de comunicação do movimento. `O caixão agora a gente não trouxe`, brinca o estudante, se referindo, em ambas as citações, à invasão de 2008, quando os alunos danificaram uma porta no momento da invasão e usaram um caixão como símbolo do movimento.

Dessa vez, o principal ponto de reivindicação é acabar com a contrapartida imposta pela UnB para pagar a bolsa de R$ 465 mensais, dada a alunos de baixa renda. Segundo os estudantes, para dar a bolsa, a universidade exige que eles trabalhem 12 horas semanais na própria instituição ou se envolvam em atividades acadêmicas (como pesquisas e extensão).

`Entendemos que a assistência é um direito. E essa é uma bolsa de trabalho precarizada. Que trabalhador ganha R$ 465 ao final do mês?`, indaga Brito.

O salário mínimo nacional, hoje em R$ 622, é pago a pessoas que trabalham até 44 horas semanais.
Outros pontos da pauta são: 1) Pagamento da bolsa de R$ 465 a mais 50 estudantes (180 foram classificados para receber a bolsa, mas só 130 recebem); 2) Garantia de auxílio-moradia para quatro estudantes que já tiveram o pedido deferido; 3) Ajustar com o governo do Distrito Federal as novas datas do calendário universitário para que continuem recebendo o passe estudantil; 4) Estabelecimento de um prazo para o pagamento de R$ 91 aos estudantes de baixa renda que ficaram sem acesso ao restaurante universitário por duas semanas.

Essa é a quarta invasão da reitoria da universidade desde 2008, segundo os alunos. Brito afirma que as reivindicações de agora são semelhantes às de 2009, ano em que não foram atendidos.

`Em dois dias de ocupação, caminhamos muito mais do que desde 2009. A ocupação ainda é o melhor método.` De acordo com Brito, entre 50 e 100 estudantes se revezam na reitoria.

Na tarde desta quinta-feira, os alunos terão uma reunião com representantes da reitoria para discutir o que já foi proposto pela universidade.

Ao que tudo indica, porém, a invasão não deve ter fim nesta quinta. Para amanhã, já estão programados um debate sobre o PNE (Plano Nacional de Educação) e um sobre opressões, com foco em homofobia e machismo na ocupação.

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