Mercadante garante empenho pessoal nas negociações com grevistas na próxima semana
Diogo Lopes de Oliveira, da Secretaria de Comunicação da UNB - Portal Aprendiz - 06/06/2012 - São Paulo, SP
Em reunião com representantes do Sindicato Nacional dos Servidores das Instituições de Ensino Superior (Andes), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta terça-feira, 5 de junho, que o diálogo com os grevistas continua e uma nova rodada de negociações acontecerá na semana que vem, na terça-feira (12) ou na quarta-feira (13), no ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Mercadante assegurou que irá se empenhar pessoalmente pela solução do impasse e se comprometeu a acompanhar o processo por meio da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC.
Há cerca de duas semanas, Mercadante havia dito que a negociação cabia ao MPOG. Leia mais sobre o assunto. Na reunião com a Andes, o ministro reafirmou que a greve não é necessária. “As negociações continuam abertas. Nesse sentido, a greve não ajuda nem atrapalha”, disse o ministro.
A reunião foi realizada em meio a uma manifestação nacional de servidores públicos federais por reajuste salarial e melhores condições de trabalho. A presidente do Sindicato Nacional dos Servidores das Instituições de Ensino Superior (Andes), Marina Barbosa, disse que a categoria não recebeu do MEC nenhuma proposta nova e que o Ministério alega o cenário de crise econômica internacional como impedimento para conceder reajuste. “O que o Mercadante diz é a mesma coisa que ouvimos há dois anos, por isso não podemos aceitar postergações em nome do atraso do governo sobre crise mundial”. Para o vice-presidente do Andes, Luiz Henrique Schuch, a questão do prazo para a solução do impasse é política. “O ponto positivo é que o ministro nos chamou para uma reunião em plena greve. Isto é um símbolo. Há um significado favorável nesse gesto”, avaliou Schuch.
Para o professor do Departamento de Matemática da UnB, Claus Akira, a insatisfação de todos os servidores públicos pelo impasse da greve e a falta de reajustes é evidente. “Quanto mais o governo protelar as negociações, mais forte e contundente do movimento de greve se tornará”, analisou. “Não faz sentido que dois ministros [Aloizio Mercadante (MEC) e Miram Belchior (MPOG)] de um partido que nasceu das greves no setor metalúrgico do ABC paulista [PT] não respeite e negocie conosco”, complementou.
Além de servidores, a passeata reuniu estudantes de universidades federais, que se encontram em greve desde a segunda quinzena de maio. O protesto reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo estimativas do Tenente Mauro do 6º Batalhão da Polícia Militar. A União Nacional dos Estudantes (UNE) mobilizou cerca de 2 mil estudantes de 21 comandos locais estudantis na manifestação, que foi acompanhada por aproximadamente 300 policiais e 30 viaturas. O contingente de policiais foi estimado com base na expectativa de 10 mil manifestantes.
PLANEJAMENTO – Por volta das 12h30, os estudantes se concentraram em frente do prédio do MPOG e fizeram um “apitaço” por cerca de 30 minutos. Os alunos se dispersaram quando o secretário-executivo adjunto do MPOG, Valter Correia da Silva, foi designado pela ministra Miriam Belchior para receber representantes de 15 das 31 instituições presentes na marcha.
O titular da Secretaria de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, foi legitimado como o condutor das negociações do plano de carreira dos professores. “Nossa demanda era que o processo de negociação avançasse e isso não aconteceu. Não há uma posição clara por parte do Ministério do Planejamento. Em nenhum momento a questão da carreira foi sequer tocada”, disse Marina Barbosa, do Andes.
CONFRONTO – Após a manifestação em frente ao MPOG, cerca de 50 estudantes se dirigiram ao Ministério da Educação buscando ocupar o prédio. Durante a tentativa, alguns estudantes entraram em conflito com os 15 policiais militares. Pelo menos cinco deles foram atingidos por pedras e estilhaços de vidro e sofreram ferimentos leves nas pernas e nos rostos. A polícia fez uso de sprays de pimenta e armas de choque para conter os estudantes.
Segundo o Tenente Coronel Gouveia, do 6º Batalhão da PM e comandante do grupo de policiais, as medidas foram necessárias e não houve uso de força desproporcional. “Infelizmente há pessoas que não sabem usar o seu direito e acabam prejudicando um movimento legítimo como este”, avaliou. “Estamos aqui somente para garantir a preservação do patrimônio público”, finalizou.
O estudante da UnB, Lucas Brito, foi atingido por spray de pimenta na boca e na testa. Ele protegeu os olhos com o braço. “Tínhamos acordado em assembleia durante o ato ocupar o MEC para exigir uma negociação. Estávamos conduzindo tudo de forma tranquila”, disse Lucas. O aluno da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Piero Martins, que estava no local na hora em que o confronto começou, garantiu que a violência partiu da polícia. Já Guilherme Sansão, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), foi contra a ação de estudantes e policiais. “A gente deve repudiar qualquer forma de manifestação violenta seja de quem for”, argumentou.
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