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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Educação a Distância: números consolidam a modalidade

João Luís de Almeida Machado - CMAIS - 04/06/2012 - São Paulo, SP

Em dez anos, entre 2001 e 2011, o Brasil passou de pouco mais de 5 mil estudantes matriculados em cursos a distância para um contingente superior a 930 mil alunos que estão se graduando ou pós-graduando nesta modalidade de ensino. Os números demonstram que a Educação a Distância chegou para ficar e que se consolida como alternativa para muitos brasileiros que não contam com universidades em seus municípios ou em localidades próximas assim como para muita gente que não tem tempo disponível para frequentar aulas presenciais.

A EAD já representa quase 15% do total das matrículas de graduação no país. Diferentemente do que se pensa, a qualidade dos serviços oferecidos tem melhorado e os dados do último Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), aplicado pelo MEC/INEP, revelam que os alunos de turmas de EAD apresentam desempenho superior de aproximadamente 6,7 pontos em comparação aos estudantes que frequentam cursos presenciais.

O Censo Educa.Br, organizado pela ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância) já havia diagnosticado que o universo atendido pelo EAD no país tinha cerca de 42% dos estudantes desta modalidade de ensino estudando a partir de Estados diferentes daquele onde se encontrava a instituição em que se matricularam.

Neste mesmo documento foi percebido que as mulheres superavam os homens em quantidade de matriculas, respondendo por mais de 53% dos alunos inscritos. A faixa etária que prevalece entre aqueles que fazem cursos a distância pela internet é a de pessoas entre 30 e 34 anos de idade.

O crescimento ano a ano na oferta de cursos, conforme amostragem do Censo Educa.Br, de 2008, chegou a ser de 90%, com quase 270 novas ofertas de formação sendo disponibilizadas somente naquele ano, tendência que continuou alta nos anos seguintes, com a adesão de novas instituições de ensino a modalidade EAD.

Em 2008 já estavam atuando em EAD mais de 30 mil docentes que atendiam, em média, 140 estudantes por ano, incluindo-se neste número, além do ensino superior, cursos em outros níveis, como formações em nível técnico ou atendimento voltado ao Ensino Médio. Considerando-se também tutores e monitores dedicados à formação em EAD, que não entram no cálculo anterior, a média de alunos por profissional que atua na formação era de 44 alunos per capita. Comparativamente com o ensino presencial, atendiam-se, em média, 16 alunos a mais através de cursos de EAD por profissional (professores, tutores, monitores) que em sala de aula.

Há uma tendência cada vez mais presente e forte de aproximação entre o presencial e a educação a distância, com o estabelecimento de modalidades semipresenciais. A participação mais frequente e ativa de grandes universidades americanas e europeias entre aquelas que oferecem cursos online ou que disponibilizam todas as aulas de uma disciplina através de vídeos on-line são indicadores não apenas desta tendência, mas da compreensão de que é preciso ampliar o raio de ação e ofertar alternativas seguras de formação qualificada também através da web. Exemplos claros destas iniciativas acontecem com o MIT (Massachussetts Institute of Technology) e Harvard, nos Estados Unidos, que oferecem materiais e cursos on-line para cidadãos do mundo inteiro através da internet. No caso de países avançados nestas ações de EAD, vale referenciar os esforços feitos pelo Canadá, em que 53 das 55 universidades públicas disponibilizam formação a partir de cursos presenciais e também on-line.

Imaginar professores que estão em sala de aula e que não utilizam atividades pela internet, em redes organizadas e orientadas para tal intuito pelas próprias instituições em que lecionam, públicas ou privadas, é estar cada vez mais distante da realidade educacional do mundo e também, em crescente escala, no Brasil.

Plataformas de educação a distância estão sendo aperfeiçoadas tanto em tecnologia aberta, como é o caso do Moodle e do Brainhoney, ou ainda de outras tecnologias, produzidas e vendidas por empresas privadas, como o Blackboard.

Todos estes números são expressivos e demonstram o quanto as tecnologias, que além das possibilidades de estudo em localidades nas quais não se oferecem cursos presenciais e que, além disso, permitem ao estudante organizar seus estudos dentro de horários e agenda que lhe sejam pertinentes, reúnem em si ferramentas variadas a lhes facilitar o acesso à informação atualizada proveniente de qualquer parte do mundo.

O fato do professor não estar presente, diante do aluno, como acontece em aulas presenciais exige, no entanto, que os matriculados definam bases regulares de estudo e acompanhem, de forma disciplinada, as orientações e encaminhamentos dirigidos a eles por parte dos organizadores dos cursos.

Cursos estes que precisam saber como utilizar as diferentes mídias oferecidas dentro do espaço virtual, compondo ações educacionais que coloquem nas mãos dos alunos tanto textos de especialistas credenciados quanto materiais em áudio, vídeo, slides e outros formatos.

Na internet o que se espera é que a conjunção de todas estas mídias proporcione para o estudante uma experiência educacional enriquecedora. Que o aluno seja instado a procurar e ler materiais de apoio, assistir vídeos educativos e culturais relacionados, participar de fóruns ou salas de discussão, visitar instituições de apoio como museus ou bibliotecas, acessar gráficos e infográficos, consultar bases governamentais ou privadas...

O acompanhamento dos tutores on-line, assim como por parte da instituição credenciada, precisa realizar-se diariamente, com o envio de atividades, correção de produções dos estudantes, atendimento de dúvidas, atualização de recursos e links, realização de atividades que reúnam vários alunos para debates (como participação em chats ou fóruns), atendimento pedagógico e administrativo, feedback quanto ao sistema e suas funcionalidades e outras demandas relacionadas a cursos de graduação e pós-graduação na web.

De qualquer modo, diante dos dados e fatos auferidos, o que se percebe é que a Educação a Distância está consolidada e que, de agora em diante, a questão passa a ser aperfeiçoar os processos pedagógicos realizados através desta modalidade de ensino para que os formandos a partir de cursos on-line sejam cada vez mais reconhecidos, prestigiados e capazes de concorrer em condições de igualdade no mercado de trabalho.

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