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sábado, 30 de junho de 2012

Pierre Lévy prevê substituição do livro didático e do caderno por computadores e tablets nas salas de aula
Gilberto Costa - Agência Brasil - 30/06/2012 - Brasília, DF

As mudanças tecnológicas tão aceleradas do mundo moderno vão chegar de vez à sala de aula e é bem possível que computadores, tablets e outras plataformas substituam o livro didático e o caderno. A previsão é do sociólogo e professor da Universidade de Ottawa (Canadá), especialista em internet. Ele participou do 5º Congresso Internacional da Rede Católica de Educação, que se encerra amanhã (1º), em Brasília.

“É difícil dizer o que será a civilização no futuro. Aquilo que vamos construir não é imaginável agora. Nos estamos em um momento de grande transformação cultural”, avalia o especialista.

Ele não descarta, no entanto, que as crianças continuem aprendendo habilidades básicas do mundo pré-digital, como a escrita à mão. “A priori, eu diria que é importante ensinar a escrever a mão. É importante manter isso assim como fazer o cálculo mental, apesar de todo mundo ter calculadora”, defende.

Para Lévy, mudarão os materiais pedagógicos e mudarão as competências dos estudantes. “Os alunos do futuro serão pessoas criativas, abertas e colaborativas. Ao mesmo tempo, serão capazes de se concentrar com uma mente disciplinada. É necessário equilibrar os dois aspectos: a imensidão das informações disponíveis, colaborações e contatos; com [a capacidade de] planejamento, realização de projetos, disciplina mental e concentração”.

O sociólogo defende o uso das redes sociais para ensino e aprendizagem. Ele mesmo obriga os seus alunos a criarem grupos no Facebook, postarem textos ou vídeos e participarem de grupos de discussão. “O Facebook é apenas uma das mídias sociais em um contexto de participação. Não são as novas mídias que terão impacto negativo. São as pessoas que postam coisas negativas. É como se perguntar qual o impacto negativo da linguagem porque tem muita mentira. Não é a linguagem que tem impacto negativo, são os mentirosos!”, comparou.

Pierre Lévy acredita que a nova cultura baseada na informática e a economia do conhecimento impliquem novas formas de sociabilidade: ambientes mais colaborativos, em rede e autoorganizados formando uma memória coletiva.

Essas transformações exigirão habilidades que precisam ser ensinadas como a capacidade dos alunos em avaliar as fontes de informação, identificar orientações, ter atitude crítica quanto aos conteúdos.

Ao ser indagado pela Agência Brasil se o país, com baixo índice de aprendizagem generalizado e ainda com número elevado de adultos analfabetos, conseguirá formar seus estudantes com essas capacidades Pierre Lévy foi otimista: “Eu fico sempre surpreso ao ver até que ponto os brasileiros têm uma ideia negativa do seu próprio país. Primeiramente, vocês estão se transformando na quinta potência econômica do mundo, com uma taxa de crescimento muito elevada. Sim, tem analfabetismo, mas, apesar disso, há um esforço muito importante focado na educação, e o que eu vejo sempre que venho para cá é um monte de pessoas dedicadas para trabalhar na educação.”

Para o sociólogo, o Brasil está ciente de que o futuro do país está no investimento na educação. “Não fiquem desesperados e continuem com esse entusiasmo extraordinário”, completou. Lévy reconhece que os problemas existem, mas ressalta que eles têm que ser resolvidas com “as ferramentas de hoje e com a visão do futuro”.
São Paulo oferece reforço escolar a 6% dos alunos
FÁBIO TAKAHASHI - JOSÉ BENEDITO DA SILVA - Folha de São Paulo - 30/06/2012 - São Paulo, SP

O governo de São Paulo oferece algum tipo de reforço escolar para 286.568 alunos dos ensinos fundamental e médio, o que equivale a 6% da rede.

O reforço é necessário para apoiar o estudante em dificuldade, ajudá-lo a superar a defasagem de conteúdo e deixá-lo em condições de certa igualdade com os demais.

É uma ferramenta importante no sistema educacional paulista, no qual a reprovação no ensino fundamental ocorre apenas na 5ª e na 9ª séries - no ensino médio, ela pode acontecer nos três anos.

O contingente que recebe apoio especial, porém, é inferior ao percentual de alunos que apresentaram alguma deficiência no Saresp, o sistema de avaliação da qualidade da educação pública paulista.

Em 2011, ao menos 410 mil alunos das séries avaliadas pela prova (3ª, 5ª, 7ª e 9ª do ensino fundamental e 3ª do ensino médio) tiveram na disciplina de português um desempenho `abaixo do básico`, o mais baixo na escala.

Na 9ª série do ensino fundamental, por exemplo, 28% dos alunos ficaram com a pior avaliação. Para o próprio Estado, o desempenho desses estudantes é `insuficiente`.

Para o professor Eduardo Andrade, do Insper, a aferição de desempenho dos estudantes pelo Saresp é um bom parâmetro para tentar identificar a necessidade de reforço escolar na rede.

Neste ano, o governo anunciou -e recuou- a extinção do chamado contraturno, no qual o aluno recebe aulas de reforço em período diferente daquele em que estuda. À época, afirmou que o reforço seria dado pelos professores em aulas regulares, prática contestada por especialistas.

Dados da Secretaria da Educação mostram que hoje 2.300 alunos estão tendo aulas de recuperação nessa modalidade de reforço escolar.

A grande maioria dos alunos beneficiados -248 mil- tem o apoio de professores auxiliares em sala regular. São 9.951 docentes em 2.486 escolas (o Estado tem 5.591).

Integram ainda a conta do Estado mais 36.268 alunos em 1.961 classes de recuperação intensiva, em 1.202 escolas.

Esse tipo de reforço prevê classes com até 20 estudantes em quatro etapas do ensino fundamental e envolve estratégias pedagógicas diferenciadas e específicas, de acordo com as dificuldades de aprendizagem detectadas.

Sobre o contraturno, a secretaria afirma que sua implantação depende de a direção da escola apontar a necessidade e assegurar espaço físico adequado e condições de mobilidade dos alunos, entre outros.

OUTRO LADO
 A Secretaria da Educação disse, em nota, que o uso da avaliação do Saresp é `simplista`, pois diz `respeito a uma situação passada de aprendizado` e que o número de alunos que precisam de recuperação oscila durante o ano.

`A avaliação individual do aluno, que define a necessidade e a forma de recuperação mais adequada, é feita de forma regular pelos docentes em sala de aula e pelas equipes pedagógicas (...) durante o ano`.

A pasta implantou neste ano a Avaliação da Aprendizagem em Processo para `diagnosticar eventuais dificuldades de aprendizado e agir pontualmente para resolvê-las`. Dois milhões de alunos foram avaliados no início do ano.

O Saresp, diz a nota, visa examinar a rede como um todo e nortear políticas educacionais, como `o aprimoramento de modalidades de recuperação`.

`Os resultados do Saresp (...) estão entre os fatores levados em consideração para ampliação das possibilidades de apoio escolar, como a criação da recuperação intensiva e a adoção da figura de professor auxiliar, cuja implantação está em fase inicial`.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Brasil tem 45,6 milhões de deficientes
LUCIANA NUNES LEAL E CLARISSA THOMÉ - Agência Estado - O Estado de São Paulo - 29/06/2012 - São Paulo, SP

O Censo 2010 divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE aponta que 45,6 milhões de pessoas declararam ter ao menos um tipo de deficiência, o que corresponde a 23,9% da população brasileira. A maior parte delas vive em áreas urbanas - 38.473.702, ante 7.132.347 nas áreas rurais. E mostra ainda que são muitas as desigualdades em relação aos sem deficiência. A deficiência visual foi a mais apontada, atinge 18,8% da população. Em seguida vêm as deficiências motora (7%), auditiva (5,1%) e mental ou intelectual (1,4%).

A taxa de alfabetização de pessoas de 15 anos ou mais entre as que têm deficiência é de 81,7% - mais baixa do que a observada na população total na mesma faixa etária, que é de 90,6%. A Região Nordeste tem a menor taxa de alfabetização entre os que declararam alguma deficiência - 69,7%. E também a maior diferença em comparação com a taxa da população total (81,4%).

O Censo 2010 mostra ainda que há diferença significativa no nível de escolaridade entre pessoas com deficiência e a população geral - 61,1% da população com 15 anos ou mais com deficiência não têm instrução ou tem apenas o fundamental incompleto. Esse porcentual cai 38,2% para as pessoas sem deficiência.

No mercado de trabalho também há diferenças importantes. Dos 44 milhões de deficientes que estão em idade ativa, 53,8% estão desocupados ou fora do mercado de trabalho. A população ocupada com pelo menos uma das deficiências investigadas representava 23,6% (20,3 milhões) do total de ocupados (86,3 milhões) - 40,2% tinham a carteira de trabalho assinada; na população geral, esse índice é de 49,2%.

O porcentual de trabalhadores com deficiência que trabalha por conta própria (27,4%) e sem carteira assinada (22,5%) também é maior do que o registrado no total da população, de 20,8% e 20,6%, respectivamente.
Greve das federais prejudica 16 hospitais públicos
Agência Estado - UOL Educação - 29/06/2012 - São Paulo, SP

A greve de professores e técnicos das universidades federais, que já dura 42 dias, deixou de ser um problema exclusivo da educação e passou a afetar também a saúde. Isso porque ao menos 16 hospitais públicos vinculados a essas universidades suspenderam parte do atendimento. Embora o atendimento de urgência e emergência continue sendo realizado pelos hospitais, vários deles cancelaram consultas e cirurgias eletivas e decidiram não fazer novos agendamentos por tempo indeterminado.

O Hospital de Clínicas vinculado à Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, informou que a greve atingiu principalmente a área de exames de diagnóstico. Desde segunda-feira, a unidade suspendeu todas as consultas ambulatoriais agendadas - assim, 1,3 mil pacientes deixaram de ser atendidos diariamente. A medida foi necessária, segundo o hospital, porque a não realização dos exames de diagnóstico impossibilitam o acompanhamento correto do paciente ambulatorial.

O Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) também está com o atendimento reduzido: só funcionam as UTIs os serviços de urgência e emergência. Helena Vaghetti, diretora-geral do hospital, diz que o atendimento ambulatorial está sendo feito parcialmente - 40% das consultas foram canceladas e são priorizados os casos graves. Cirurgias eletivas também estão suspensas.

Sem atender
A situação no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (UFS) também é preocupante. Segundo Ângela Maria da Silva, diretora-geral, o hospital está funcionando com apenas 30% da capacidade. `A greve nos afetou substancialmente`, afirmou.

A unidade realiza cerca de 10 mil consultas por mês. As consultas estão suspensas e só pacientes que recebem medicamento de uso contínuo estão sendo atendidos (casos de epilepsia, aids ou doenças psiquiátricas). Das quatro salas cirúrgicas, apenas uma está funcionando e dos 20 leitos, apenas 7 estão ocupados. `Essa greve terá um impacto imenso no atendimento. Até o final do ano estamos com a agenda comprometida. Se a greve entrar no mês de julho, com certeza teremos impacto no ano que vem`, afirmou Helena.

O acúmulo de consultas e cirurgias agendadas e não realizadas por causa da greve é a principal preocupação em pelo menos dois Estados. No hospital vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e no Hospital de Clínicas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a previsão é de que a espera para esses dois procedimentos (consultas e cirurgias não emergenciais) avance para o primeiro semestre de 2013. Na Ufba, por enquanto, os funcionários do hospital estão se revezando para garantir o atendimento do que já estava previamente agendado.

Em Campina Grande, na Paraíba, o hospital ligado à universidade cancelou as consultas que seriam realizadas por professores da instituição. `Das oito mil consultas que realizamos ao mês, apenas mil são efetuadas pelos professores em greve, então o impacto não é tão grande`, diz a diretora-geral do Hospital Universitário Alcides Carneiro, Berenice Ferreira Ramos.

No Estado vizinho, a pró-reitora de gestão de pessoas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Miriam Dante dos Santos, explica que a paralisação de metade dos 1.200 funcionários dos 4 hospitais vinculados à instituição vai ser sentida pela população a partir da próxima segunda. `Até agora, negociamos com o comando de greve para que consultas e cirurgias agendadas fossem realizadas. Mas, em julho, isso não mais acontecerá.`

No Recife, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que realiza cerca de 20 mil consultas e 470 cirurgias ao mês, cancelou consultas e cirurgias por conta da greve. Estão mantidos apenas os procedimentos de urgência para os pacientes que já estão internados e as consultas de pré-natal de alto risco, oncológicas, asma grave e crianças com alergia alimentar. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Matrícula do Sisu está suspensa nas universidades e institutos federais, diz sindicato
Amanda Cieglinski - Agência Brasil - 29/06/2012 - Brasília, DF

Os estudantes aprovados em 48 instituições federais de ensino superior que participaram do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) não poderão fazer a matrícula, que estava marcada para começar hoje (29). O processo foi suspenso por decisão do comando de greve da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra). A entidade representa os servidores das universidades e institutos federais, que estão em greve desde o dia 11 deste mês.

De acordo com a coordenadora-geral da entidade, Janine Teixeira, os técnicos administrativos de todas as universidades federais e institutos federais de educação profissional aderiram à paralisação. Por isso, a matrícula deverá ser suspensa nessas instituições – são 48 entre as 56 que participaram desta edição do Sisu. As outras são insituições estaduais.

O sistema foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) para unificar a oferta de vagas em universidades públicas, que são disputadas pelos estudantes a partir da nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta edição, 642 mil candidatos participaram da disputa de cerca de 30 mil vagas.

“Desde 2007, nós fizemos 52 reuniões com o governo e não foi apresentada nenhuma proposta, temos o menor piso do funcionalismo público federal. A categoria partiu para a radicalização como forma de pressionar onde o governo vai sentir o aperto [no Sisu]”, explicou Janine sobre a decisão de suspender a matrícula do Sisu. No ano passado, a categoria também fez uma longa greve, mas os principais serviços, como matrícula, não foram interrompidos.

A matrícula dos aprovadas em primeira chamada estava marcada para começar hoje e terminar em 9 de julho. Após o fim do prazo seria convocada uma segunda chamada, em 13 de julho. O MEC ainda não se posicionou sobre o assunto. Ainda não se sabe se o resultado da segunda chamada será adiado, nem se o processo de matrícula está mantido nas outras instituições que participaram do Sisu, mas não fazem parte do movimento grevista.
MEC diz que problemas em matrículas do Sisu são pontuais
Da Redação - Agência Brasil - 29/06/2012 - Brasília, DF

O Ministério da Educação (MEC) divulgou nota negando que as matrículas dos aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) tenham sido interrompidas pela greve dos servidores das instituições federais. De acordo com o governo, foram registrados problemas apenas em algumas universidades e os prazos continuam mantidos.

De acordo com a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra), o processo de matrícula em 48 universidades e institutos federais que participam do Sisu tinham sido interrompidos por decisão do comando de greve nacional. Entretanto, de acordo com o MEC, um balanço do primeiro dia de matrículas apontou problemas nas universidades federais do Ceará (UFC), Piauí (UFPI), do Recôncavo da Bahia (UFRB) e de alguns campi da Federal do Tocantins (UFT) e da Tecnológica do Paraná (UFTPR).

Segundo a nota divulgada pelo MEC, neste primeiro dia foi constatado “o esforço dos reitores para assegurar o direito dos estudantes em 21 universidades federais” que participam desta edição do Sisu. “O MEC faz o acompanhamento das matrículas, caso a caso, e orienta as universidades que enfrentam problemas mais agudos com o movimento grevista dos funcionários para que lancem mão do sistema de matrículas pela internet”, diz o texto.

O Sisu foi criado pelo MEC para unificar a oferta de vagas em universidades públicas, que são disputadas pelos estudantes a partir da nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta edição, 642 mil candidatos participaram da disputa de cerca de 30 mil vagas.

A matrícula dos aprovadas em primeira chamada começou hoje e terminar em 9 de julho. O MEC alerta que os estudantes deverão prestar atenção aos prazos. Após esse período está prevista uma segunda chamada para ser divulgada em 13 de julho.
MEC quer ampliar faixa de renda para acesso ao Prouni
Valor Online - iG Último Segundo - 29/06/2012 - São Paulo, SP

Ministério da Educação (MEC) prepara, ainda para este ano, duas grandes mudanças em uma das principais políticas sociais do governo federal, o Programa Universidade para Todos (Prouni), que deu bolsas de estudo custeadas por incentivos fiscais para mais de 1 milhão de jovens de baixa renda em faculdades particulares desde 2005.

A primeira delas é elevar o critério de renda do Prouni para incluir mais estudantes no ensino superior. A outra é criar mecanismos para aumentar a oferta de bolsas em cursos estratégicos para o desenvolvimento econômico do País e diminuir a concentração em programas da área de humanas, que responde por 65% das bolsas do Prouni. Os cursos de exatas e tecnologia, como engenharia e ciências da computação, somam somente 18% e os de saúde (Medicina e Enfermagem), têm 17% das bolsas.

De acordo com a lei 11.096, de 2005, as bolsas integrais do programa são reservadas para brasileiros com renda familiar mensal per capita de um salário mínimo e meio. Em julho, o MEC apresentará ao Ministério da Fazenda e à Casa Civil projeto para dobrar esse teto, beneficiando jovens de famílias com renda mensal per capita um pouco maior, de até três mínimos, disse ao Valor o secretário de regulação do ensino superior do MEC, Jorge Messias.

Segundo ele, a mudança não significa flexibilização do Prouni, `mas uma necessidade de ajuste, porque o programa tem uma legislação de 2005, que refletiu a realidade socioeconômica da época`. Ao longo do governo Lula, e agora no governo Dilma, mais de 30 milhões de pessoas foram para a classe média, o que exige mudanças na regra do programa, explica Messias.

`É uma discussão bem adiantada e prioritária dentro do MEC, estamos estudando os cenários de perspectivas de acesso ao ensino superior e de crescimento da renda da população. A alteração estará no intervalo entre um salário mínimo e meio e três mínimos`, afirma o secretário.

Dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 8,1% das famílias brasileiras têm rendimento per capita mensal entre dois e três salários mínimos, o que significa um novo público potencial para o Prouni de mais de 4,6 milhões de famílias.

O dirigente do MEC prefere não falar sobre o impacto para os cofres públicos nem sobre a quantidade de beneficiados que a medida poderá gerar, mas conta que a ampliação do teto de renda para acesso ao Prouni não é uma ação isolada. Faz parte de um conjunto de políticas para aumentar o acesso ao ensino superior no Brasil - público e privado.

Entre essas medidas, Messias cita a recente criação de 2.415 vagas de medicina em universidades federais, a atual discussão no Congresso sobre a transformação de R$ 15 bilhões em dívidas tributárias - de faculdades particulares com o governo federal - em até 500 mil bolsas do Prouni e a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de elevar a proporção de matrículas entre jovens de 18 a 24 anos para 33% - hoje, a taxa está em torno de 15% dessa faixa.

O secretário também fez questão de afirmar que o governo não cogita flexibilizar nenhum dos outros critérios de acesso ao Prouni. Para conseguir uma bolsa do programa, o candidato precisa, além de estar dentro da faixa de renda exigida, ter feito os três anos do ensino médio em escola pública - ou ter sido bolsista integral em colégio particular -, atingir média igual ou superior a 400 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou ser deficiente físico.

`O Enem é um critério fixo do Prouni e está alinhado a todas as nossas políticas, não vamos abrir mão dele como regra de acesso. Também não pensamos em mexer nos critérios escola pública e deficiência física`, reitera Messias.
Matrícula dos aprovados no Sisu começa hoje
Amanda Cieglinski - Agência Brasil - 29/06/2012 - Brasília, DF

Os estudantes aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) podem fazer a matrícula nas instituições de ensino para onde foram selecionados a partir de hoje (29). O prazo vai até 9 de julho. Para o segundo semestre de 2012 foram oferecidas 30 mil vagas, que foram disputadas pelos estudantes que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011. A lista está disponível no site do programa.

Os candidatos devem se informar na própria instituição para onde foram selecionados quais são os documentos que precisam ser apresentados no ato da matrícula. Nesta edição, mais de 642 mil estudantes se candidataram para disputar as vagas disponíveis em 21 universidades federais, 27 institutos federais de educação profissional e oito instituições de ensino estaduais.

Será divulgada ainda uma segunda chamada no dia 13 de julho, com período de matrículas entre 17 e 18 do mesmo mês. Quem não for selecionado em nenhuma das duas chamadas poderá participar de uma lista de espera que será utilizada pelas instituições para preencher vagas remanescentes. O candidato interessado em participar da lista de espera deverá fazer essa opção no próprio site do Sisu entre os dias 13 e 19 de julho.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Escolas de Araxá, MG, investem em alternativas para educar
Do G1 Triângulo Mineiro - G1 Globo.com - 28/06/2012 - Rio de Janeiro, RJ

Atrair a atenção dos alunos se tornou um desafio para os professores nos dias em que a informação caminha rapidamente. Uma realidade que faz as escolas buscarem alternativas para diversificar a maneira de ensinar. Em Araxá, no Alto Paranaíba, o aprendizado tem vindo de formas curiosas, por meio da música, da robótica e até do clima.

Para atrair o interesse dos alunos foi montada uma mini-estação climatológica que funciona no pátio de escola da cidade. E independente da temperatura, o interesse dos alunos só tem aumentado. “Tem ajudado muito nas aulas de Geografia, estamos aprendendo mais`, disse a aluna Ana Luiza Ferreira.
Na prática, o conteúdo é o mesmo ensinado há anos nas salas de aula. As adaptações são uma forma de fazer com que ele fique mais interessante para jovens que têm um amplo acesso à informação. E tem dado certo. “É fato que quando os alunos estão envolvidos no projeto eles começam a ter um entendimento melhor nas matérias. E usamos isso no dia a dia. Temos localização geográfica, altitude e longitude que são matérias que eles estão estudando, podemos transformar isso em gráficos e dados estatísticos, que é o que eles estão estudando em Matemática`, explicou o professor de Matemática, Alírio Santos.

Dezenas de peças em cima da mesa com robôs ajudando na educação já são uma realidade em outra escola do município. Mas nada de moleza para os alunos. Eles têm que montar e programar cada um. `Gosto muito porque a gente aprende a fazer coisas que antes não fazíamos. A gente compreende melhor o que estamos estudando através da robótica`, enfatizou a aluna Giovana Barreto.

Cerca de 100 robôs podem ser montados e estão disponíveis para as aulas que não são nem de Robótica, nem de Matemática, nem de Ciências. `Enquanto os alunos pensam na produção dos robôs, nós da escola estamos pensando mais nos relacionamentos entre eles, na convivência entre eles. São atitudes que eles vão incorporando e vão usando no dia a dia. São resultados positivos`, acrescentou o professor Marcos Antônio Bastos Bonfim.

Em outra escola já existem novos talentos. O entusiasmo com a música começou nas aulas de inglês. Consequência de um trabalho que foi além da tradicional análise das letras dos hits do momento. Segundo a professora Maria de Fátima Milagres, cada um escolheu a música que mais gosta e a partir daí eles criaram cinco exercícios usando o que foi aprendido na sala de aula.

Com tantas técnicas mostrando resultados positivos, os alunos merecem nota 10, para a música, para a pronúncia, para o aprendizado. `É muito bom, estamos aprendendo mais porque na sala aprendemos a escrever, cantando a gente aprende a falar e saindo um pouco de dentro da sala e nos divertimos também`, finalizou a estudante Victória Ordones.
Escola na Amazônia une ensino de lutheria e meio ambiente
Vagner Alencar - Do Porvir - Portal Aprendiz - 28/06/2012 - São Paulo, SP

Violões, violas caipiras, cavaquinhos e bandolins são alguns dos instrumentos musicais que ganham forma pelas mãos dos jovens da periferia de Manaus, no Amazonas, no norte do país. Meninas e meninos, de 17 a 21 anos, encontraram no ofício de luthier – profissional que aprende a sofisticada arte de construir e consertar instrumentos de corda – não somente habilidades técnicas, mas também conhecimentos sobre preservação ambiental, ecologia e sustentabilidade.

As atividades acontecem no bairro de Zumbi dos Palmares II, comunidade vulnerável da capital, que por muitos anos estampou as manchetes dos jornais por conta dos altos índices de violência entre jovens. Atualmente, o cenário é outro. Criada há mais de dez anos, a Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (Oela), projeto social e ecológico sem fins lucrativos, fundada por Rubens Gomes, vem transformando a realidade da comunidade.

“Lamentavelmente boa parte das nossas contribuições [para a Rio+20] foram barradas. O que foi escrito sobre o cenário florestal é muito genérico. Como se estivesse tudo bem no mundo”.

Gomes é professor do centro de artes da Universidade Federal do Amazonas e presidente do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), rede socioambiental que reúne cerca de 600 associações, institutos, sindicatos e grupos comunitários da Amazônia e também ex-membro titular da comissão nacional da Rio+20.

Segundo ele, o grupo participou da construção do documento final da Rio+20 encaminhado à ONU. “Lamentavelmente boa parte das nossas contribuições foram barradas. Em uma delas propomos o manejo florestal diferenciado [técnica de corte de árvores ambientalmente correta]. Gostaríamos que o manejo fosse mais rigoroso e estivesse articulado com todo o processo de certificação, monitoramento e controle social. Mas o que foi escrito sobre o cenário florestal é muito genérico. Como se estivesse tudo bem no mundo”, afirma.

Se o documento final da Rio+20 não propôs metas mais rigorosas quanto a situação do manejo florestal, na escola de lutheria os jovens aprendem desde cedo como preservar a floresta amazônica. Na oficina, eles unem profissão e responsabilidade socioambiental por meio de cursos de formação, educação ambiental e inclusão digital.

No ateliê, os alunos lixam, serram e plainam – processo de nivelamento da madeira – os instrumentos. Mas também pesquisam novas espécies de madeiras e aprendem como respeitar os princípios do uso racional e sustentável dos recursos naturais da região. Prova disso é a matéria-prima em que confeccionam os instrumentos: totalmente proveniente de áreas preservadas. O curso de luteria é certificado pelo Ifam (Instituto Federal do Amazonas).

“Na fabricação de violões são utilizadas quatro espécies de madeira, duas delas são brasileiras. O melhor violão do mundo é feito em jacarandá-da-bahia, que está em processo de extinção. Se alguém for pego construindo com essa madeira, por exemplo, será preso”, explica Gomes.

Para fazer o braço do violão clássico, conta o presidente do projeto, a melhor madeira do mundo é o mogno, encontrada também em solo amazônico. As outras espécies, também ameaçadas, são ébano e tampo. “O violão é um instrumento de cunho social e de grande valor cultural e está em risco por falta de matéria-prima adequada”, acrescenta.
Alunos e professores se reorganizam para nova prova da UFU
Do G1 Triângulo Mineiro - G1 Globo.com - 28/06/2012 - Rio de Janeiro, RJ

Com o cancelamento do vestibular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) os alunos e os cursinhos pré-vestibulares começaram a refazer o cronograma em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A primeira fase do novo processo seletivo será nos dias quatro e cinco de agosto. Mais de 17 mil alunos poderão refazer a prova.
Segundo o coordenador de um curso pré-vestibular da cidade, Marcelo Pereira Tavares, a mudança nas datas será conturbada. `Nós já temos professores de férias ou em viagem, alguns dos nossos alunos que estavam na cidade por conta do processo seletivo já retornaram para as cidades de origem, então é bastante complicado`, disse.

Ainda de acordo com Tavares, outro fator que vai complicar a vida dos professores e dos alunos é a proximidade da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). `No planejamento do cursinho o preparatório do Enem começaria uma semana antes da primeira fase da segunda prova. Então vamos ter que nos reorganizar, pois é uma estrutura completamente diferente para atender esse novo vestibular já que vão coincidir com as nossas aulas de preparação para a nova prova de ingresso na UFU`, comentou.

Além disso, segundo o diretor pedagógico Elson Braga de Avelar, os alunos terão também que trabalhar a parte psicológica. `Você imagina um aluno que tirou 105 em uma prova valendo 110, ele estava praticamente aprovado e de repente tudo isso não valeu nada e ele tem que sentar novamente no banco e refazer. O estado emocional dele tem que ser muito bem trabalhado`, disse.

Thiago Mortosa havia se desempenhado bem na prova e levou um susto quando soube do cancelamento. `Para mim foi como se o mundo tivesse caído. Eu senti como se fosse um peso nas minhas costas`, contou.

Sylvio Fausto de Oliveira Junior que não se saiu tão bem nas primeira provas vê uma nova oportunidade para se sair melhor. `Agora eu estou focado em algumas questões nas quais eu tive dificuldade. Eu vou reverter essa primeira prova em um resultado positivo na segunda prova`, disse.
Ato de servidores da educação reúne 300 manifestantes em frente ao Banco Central
Da Redação - Correio Braziliense - 28/06/2012 - Brasília, DF

Representantes do comando de greve dos servidores da educação e de docentes de instituições federais de ensino superior fizeram protesto nesta quinta-feira (28/6) em frente ao prédio do Banco Central. Cerca de 300 manifestantes se concentraram no local entre 11h e 12h30. Eles chegaram a interromper totalmente o trânsito no Eixo L, próximo à 202 Sul. Estão a caminho da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra) onde continuarão reunidos.

Mais cedo, eles foram ao Ministério da Educação (MEC), onde tentaram ser recebidos, sem sucesso, pelo ministro Aloizio Mercadante. Um secretário recebeu os manifestantes representando o MEC.

Luís Carlos da Silva é técnico-administrativo na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e participa do comando nacional de greve da Fasubra. Ele considera que não são só os servidores da educação que precisam de aumento salarial e melhores condições de trabalho: “O serviço público está muito desgastado e o governo esquece a educação. Uma prova disso é que o Mercadante não aceitou nos receber e não está negociando conosco”. Ao som de gritos como “que papelão, tem dinheiro pra banqueiro, mas não tem pra educação”, os manifestantes pediram mais investimento em educação.
Layanne Carvalho, 19 anos, estuda letras na Universidade de Brasília (UnB) e faz parte do comando de greve estudantil da instituição. Ela reclama que menos de 5% do orçamento da União é destinado ao ensino público. “O govervo prioriza verba para banqueiros, em vez de priorizar a educação de qualidade”, critica. “Este é um ato unificado de alunos, professores e servidores contra a política do governo. Quanto mais unidos ficamos, mais forte fica o movimento e mais rápido nossos objetivos por uma melhor educação são alcançados”, acredita a estudante.

Acácio Teofo é técnico administrativo da Universidade Rural de Pernambuco e associado à Fasubra. Ele veio para Brasília pedir mais investimento em educação: “O governo acabou de pagar R$ 10 milhões para o Fundo Monetário Internacional (FMI), isso quer dizer que há dinheiro. Só não há para educação, saúde e saneamento.” Ele cobra também a contratação de mais funcionários: “Não adianta colocar equipamentos, se não tem mão de obra. Tem que abrir mais concursos públicos”.

A manifestação é organizada pela Fasubra, pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), e pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). Estudantes também aderiram ao protesto, representando a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Assembleia Nacional dos Estudantes (Anel). Representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) também estiveram presentes para apoiar o movimento. Participantes do comando de greve marcaram uma nova passeata na Esplanada dos Ministérios para 4 e 5 de julho e querem ser recebidos por Mercadante nessas datas.

Bianca Reis é técnica-administrativa do Instituto Federal Brasília (IFB) e reclama da desvalorização da categoria: “Os professores não são valorizados e os técnicos-administrativos menos ainda”. Ela critica a situação geral do ensino público brasileiro. “A educação está doente. Espero que os governantes repensem o valor da educação e acordem para esse problema. Sem educação não adianta o Brasil crescer na economia e no desenvolvimento.

Raquel Moraes é professora na Faculdade de Educação da UnB, faz parte do comando local de greve da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb) e do Andes e pede valorização dos servidores da área do ensino. “Com esse ato a gente quer mostrar que a carreira da educação merece respeito e tem que ser mais valorizada”. Raquel defende a união de docentes, servidores e alunos para fortalecer o movimento.

Magno Oliveira é professor do IFB e é um dos representantes do Sinasefe em Brasília. Ele espera que a mobilização abra os olhos da população, do governo e da mídia para a causa educacional: “Estamos aqui fazendo barulho para que nos ouçam e nos vejam. Queremos ser reconhecidos pelo povo e o jeito de fazer isso é com mobilização”.

Desunião dos estudantes
Depois de uma marcha com 600 pessoas na Esplanada dos Ministérios na última segunda-feira (25/7), o ministro da Educação se reuniu com representantes da UNE e dos Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs) de 44 universidades em greve. Para parte dos alunos, porém, representantes dos comandos de greve estudantil deveriam ser recebidos, no lugar de delegados dos DCEs.

Henri Mathieu, estuda história na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e faz parte do Comando Nacional de Greve Estudantil (CNGE), formado por representantes de 38 universidades federais. “Não participei da marcha segunda e até acho que teve sua importância, mas a UNE atropelou uma decisão do CNGE e não nos levou para a reunião com o Mercadante”. Henri explica que o Comando discorda de algumas reivindicações na pauta apresentada pela UNE ao ministro da Educação: “A pauta deles pedia 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para educação para 2023. Nós queremos isso para 2013, por exemplo”.

Lucas de Mello cursa direito na Universidade Federal Fluminense (UFF) e é um dos diretores da UNE. Mesmo sendo da organização, ele desaprova a conduta da entidade: “A UNE tem que reconhecer os comandos de greve, mas não faz isso. Inclusive, pedi ao ministro no encontro de segunda-feira que recebesse o comando de greve e ele disse que só negociaria com a UNE”. O CNGE protocolou um pedido para ser recebido por Mercadante, ainda sem resposta.
Sem comida para os alunos
Sheila Oliveira - Correio Braziliense - 28/06/2012 - Brasília, DF

A Escola Classe Varjão tem 965 alunos: professores alegam que se viram obrigados a comprar comida.
O orçamento do governo do Distrito Federal prevê, para 2012, gastos de R$142 milhões com merenda escolar a fim de atender aos 540 mil alunos matriculados em 649 escolas públicas. O montante corresponde a R$ 262, anualmente, para cada estudante brasiliense. No entanto, algumas instituições de ensino sofrem com a falta de alimentos essenciais no cardápio, tais como carne, verduras e legumes. É o caso da Escola Classe Varjão, que, há quase um mês, enfrenta racionamento de comida. A denúncia foi feita pelos professores da unidade de ensino, que se viram obrigados a juntar dinheiro para comprar itens complementares e evitar que as crianças passem fome. A merenda de ontem foi arroz com ovo.

De acordo com uma professora que prefere não se identificar, o depósito da cantina conta apenas com arroz, açúcar, macarrão e suco. “Os alunos já não aguentam comer arroz doce, macarrão com molho de tomate e cereal puro. Não há variação no cardápio”, alega. Segundo uma funcionária da instituição, o pequeno estoque de carne é oriundo de outras escolas do Plano Piloto. “A proteína (carne) vem do Elefante Branco e do Setor Leste. A Secretaria de Educação alega que houve atraso no pregão para a compra dos alimentos, mas, até agora, nada. Até o fim da semana, vamos enviar um comunicado para os pais sobre a situação que a escola enfrenta”, revela. A Escola Classe Varjão tem 965 alunos distribuídos em 40 turmas, sendo metade em cada turno.

Licitação
Por meio de nota, a Secretaria de Educação do DF (SEDF) informa que acaba de concluir o processo de licitação para compra de alimentos perecíveis, como frutas, hortaliças, carnes e leite. “Com a assinatura dos contratos, algumas escolas já estão sendo abastecidas e todas devem ser atendidas até a próxima semana”, diz o comunicado.

A situação não é restrita somente à escola do Varjão. O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) revela que outras unidades passam pelo mesmo problema. “Depois da greve, recebemos várias denúncias sobre a falta de alguns alimentos. A Escola Classe 10 de Taguatinga e outra em Ceilândia passaram pela mesma dificuldade”, afirma a diretora do sindicato, Rosilene Corrêa. “Não é por falta de recursos que está faltando alimentos, mas por problemas de gestão. É preciso que a Secretaria de Educação coloque a merenda escolar como item prioritário na administração dos recursos”, opina Rosilene.

A SEDF, por meio da assessoria de imprensa, informou não ter conhecimento sobre a falta de merenda em nenhuma escola do DF e que o problema de abastecimento se deve ao atraso na assinatura de contrato com fornecedores de cada item previsto no cardápio da merenda escolar.

Enquanto isso, os pais dos alunos da Escola Classe Varjão se dizem surpresos com a notícia de que falta carne e outros alimentos no lanche do colégio. “Não sabia que estava dessa forma. Minhas filhas não reclamaram de nada. Acho que as crianças que estudam em tempo integral sofrem muito mais com essa situação”, afirma o caseiro Heverton da Silva, 21 anos. De acordo com a direção da escola, 130 alunos participam dos dois turnos de aula. “São crianças que chegam às 7h e vão embora por volta das 16h, o que significa que duas das principais refeições do dia (café da manhã e almoço) são feitas na escola”, informa uma funcionária, que prefere não se identificar.

A direção do Sinpro-DF promete visitar a unidade para apurar os fatos. “De acordo com a situação encontrada, vamos elaborar relatório, que será entregue na Secretaria de Educação, e cobrar providências imediatas”, informa Francisco Raimundo Alves, membro do Conselho de Alimentação Escolar do DF. “As instituições que passaram pelo mesmo problema foram visitadas pelo sindicato e a questão foi resolvida. São casos pontuais, mas percebemos que muitas instituições, sobretudo as que oferecem ensino integral, não têm cardápio variado”, conta Alves.

`Depois da greve, recebemos várias denúncias sobre a falta de alguns alimentos.
A Escola Classe 10 de Taguatinga e outra em Ceilândia passaram pela mesma dificuldade”
Rosilene Corrêa, diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal.
PF prende reitor e diretores de Instituto Federal do Pará
AGUIRRE TALENTO - DE BELÉM - Folha de São Paulo - 28/06/2012 - São Paulo, SP

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira, em Belém, o reitor do IFPA (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, antigo Cefet) e outros três diretores do órgão sob a acusação de comandarem um suposto esquema de desvio de recursos destinados a bolsas de estudos.
O reitor Edson Ary de Oliveira Fontes é considerado `cabeça` do esquema, de acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União), responsável por dar início às investigações.

O órgão analisou documentos de 2009 até este ano e constatou o desvio de R$ 5,5 milhões, que deveriam ter sido usados para bancar bolsa de estudos de estudantes e professores da instituição.
`Os recursos eram desviados em benefício próprio, como para a aquisição de imóveis, veículos e até pagamento de cirurgia plástica`, afirmou Marcelo Borges, chefe da CGU no Pará.

A prisão, feita em caráter preventivo, foi pedida pelo MPF (Ministério Público Federal) no Pará, em denúncia feita à Justiça Federal no último dia 15 que os acusa de peculato (desvio de recursos públicos), dispensa indevida de licitação e formação de quadrilha.

A Procuradoria defende a prisão preventiva argumentando que, em liberdade, eles poderiam pressionar os servidores do instituto e atrapalhar o andamento do processo na Justiça.
Além dos quatro que tiveram o pedido de prisão preventiva, a denúncia inclui outras nove pessoas que também teriam participação no esquema.
A polícia também cumpriu mandados de busca e apreensão para obter documentos que servirão a novas investigações.

O advogado do reitor, Osvaldo Serrão, afirmou que entrará com pedido de habeas corpus e que ainda não teve acesso ao mérito das acusações. Ele diz que a prisão preventiva é injustificada porque a investigação já foi concluída.
Estão abertas as inscrições para o Prouni do segundo semestre; são oferecidas mais de 90 mil bolsas
DO UOL, em São Paulo - UOL Educação - 28/06/2012 - São Paulo, SP

As inscrições para o Prouni (Programa Universidade para Todos) do segundo semestre de 2012 começaram nesta quinta-feira (28). O cadastro deve ser feito exclusivamente pela internet, até a próxima segunda-feira (2). São oferecidas para o segundo semestre 90.311 bolsas — 52.487 integrais e 37.824 parciais (50% da mensalidade).

Para concorrer a bolsas do Prouni os interessados devem ter realizado o Enem (Exame nacional do Ensino Médio) em 2011 e obtido, no mínimo, 400 pontos na média das cinco notas (ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias e redação), e nota superior a zero na redação. Além disso, devem se encaixar nos critérios socioeconômicos estipulados pelo MEC (Ministério da Educação) – com bolsas integrais para os estudantes que tenham renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio (R$ 933) e bolsas parciais para alunos com renda familiar de até três salários mínimos (R$ 1.866), por pessoa.

A primeira chamada será divulgada no dia 5 de julho. Os candidatos aprovados devem comprovar a situação socioeconômica com a documentação exigida junto às instituições de ensino superior e realizar a matrícula entre os dias entre os dias 5 e 13 de julho.

A segunda chamada será divulgada no dia 20. Os candidatos que não forem convocados nas duas primeiras chamadas devem podem demonstrar interesse por vagas nos dias 2, 3 e 4 de agosto. O resultado será divulgado no dia 7 do mesmo mês.

O programa
O Prouni é um programa do MEC, criado pelo Governo Federal em 2004, que oferece bolsas de estudos integrais e parciais (50% da mensalidade) em instituições de educação superior privadas a estudantes pobres que tenham cursado o ensino médio em escola pública.
Senado aprova troca de dívida de universidades por bolsas
Agência Estado - iG Último Segundo - 28/06/2012 - São Paulo, SP

O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira, dia 27, a troca de uma dívida de R$ 15 bilhões em dívidas das universidades privadas por 560 mil bolsas no Programa Universidade para Todos (Prouni). A proposta foi incluída na Câmara em uma Medida Provisória que tinha como objeto principal permitir a Eletrobras assumir o controle acionário da Centrais Elétricas de Goiás (Celg). O projeto vai para a sanção da presidente Dilma Rousseff.

`Isso significa um aumento em 30% do número de vagas de bolsas para a universidade, para o ensino superior no Brasil em escolas particulares`, destacou o líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM). A medida beneficia cerca de 500 instituições, pouco menos da metade delas universidades e faculdades comunitárias, especialmente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina – o que explica o empenho das bancadas parlamentares dos dois Estados e, especialmente, da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que é catarinense.

A ideia de incluir o projeto na MP 559 – que recebeu como adendo a votação do Regime de Contratação Diferenciada (RDC) para obras do PAC – foi da Casa Civil, para acelerar a tramitação, a próxima a ser votada pela Câmara. As instituições poderão trocar 90% das suas dívidas por bolsas integrais de ensino. Os outros 10% terão de ser pagos à União. Todas as bolsas oferecidas serão integrais – hoje, o Prouni aceita um determinado número de bolsas parciais, de 50% da mensalidade – e serão abertas vagas em todos os cursos, conforme o número de vagas pagas oferecidas.

Toda a seleção será feita pelo sistema do Prouni, com os mesmos critérios de nota mínima a partir do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o mesmo recorte de renda – até três salários mínimos de renda familiar. As 560 mil vagas não serão oferecidas de uma vez, mas em 15 anos, com 1 de carência. Isso porque, em alguns casos, o valor da dívida é tão alto que a quantidade de bolsas inviabilizaria a operação da instituição.

Apesar de endividadas, a negociação com as instituições não foi fácil. O principal problema foi estender as bolsas a todos os cursos. Inicialmente, os reitores queriam apenas oferecer as vagas em cursos menos concorridos, como as licenciaturas. O programa, batizado de Proies, trará outro benefício às universidades: permitirá que saiam do cadastro de inadimplentes do governo. Com isso, será possível resgatar os créditos a que têm direito com o Financiamento Estudantil (Fies).
Após 3ª demissão, trabalhador será obrigado a fazer curso de capacitação
Do G1 PE - G1 Globo.com - 28/06/2012 - Rio de Janeiro, RJ

A partir de agora, o trabalhador que for demitido três vezes sem justa causa vai ser obrigado a fazer um curso de capacitação profissional. Quem não frequentar o curso perderá o direito ao seguro-desemprego, quantia mensal que ajuda a pessoa desempregada a procurar um novo trabalho com mais tranquilidade. O valor é pago por um período que varia de três a cinco meses.

Os cursos fazem parte do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). As aulas serão oferecidas pelo Senac, Senai e o Senar – Serviço Nacional de Aprendizagem, respectivamente, Comercial, Industrial e Rural. No Recife, o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), antiga escola técnica, também vai oferecer cursos. Os trabalhadores farão a pré-matrícula na Superintendência Regional do Trabalho ou nas agências do Sistema Nacional de Emprego (Sine) de sua cidade. Depois, é preciso se matricular numa das escolas indicadas.

Caberá à escola fornecer o comprovante de frequência ao Ministério da Educação, que repassará a informação ao Ministério do Trabalho. Se depois que fizer a matrícula, o trabalhador não frequentar o curso, ele poderá ter o seguro-desemprego cancelado.
O vigilante Edmilson Wanderley de Albuquerque se enquadra nessa situação. Esta é a terceira vez que ele recorre ao seguro-desemprego. Foi demitido no dia primeiro deste mês. Edmilson gostou da novidade de ter que fazer um curso de capacitação. `O curso que você vai ser capacitado, vai ter mais recurso no seu currículo e ficar mais fácil disputar um emprego`, disse.

A Superintendência Regional do Trabalho (SRTE) explicou que para o trabalhador é bem simples ter acesso aos cursos do Pronatec. `Precisa trazer todos os documentos que ele já traz para dar entrada no seguro-desemprego: carteira de trabalho, comprovante de saque do FGTS, o termo de recisão de contrato e os formulários do seguro-desemprego`, explica Vicente Paiva, assessor da Superintendência Regional do Trabalho.
Cota em universidades para alunos de escolas públicas avança no Senado
iG São Paulo - iG Último Segundo - 28/06/2012 - São Paulo, SP

Em reunião movimentada pela presença de estudantes e entidades que defendem cotas no ensino superior público, a Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou nesta quinta-feira projeto de lei que institui um sistema de reservas de vagas nas universidades e instituições de ensino técnico federais para alunos da rede pública de ensino. Trata-se do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 180/2008, que tramita há 13 anos no Congresso.

O texto reserva, no mínimo, 50% das vagas por curso e turno para quem tenha feito integralmente o ensino médio em escolas públicas, além de sugerir critérios complementares de renda familiar e identidade étnico-racial (por curso e turno) na proporção de cada segmento na população do Estado onde a instituição de ensino está localizada. Para esse cálculo, será levado em conta o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A matéria ainda tem que ser examinada pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). No entanto, os manifestantes presentes no plenário nesta quinta-feira, dia 28, reivindicam que o texto siga diretamente para exame em Plenário. Para isso, foi aprovado requerimento pela comissão, assinado pelos senadores Paulo Paim (PT-RS), que preside a CDH, e Eduardo Suplicy (PT-SP). O senador Roberto Requião (PMDB-PR), que é presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) apoia a medida e também assinou o documento. Mas ainda é preciso o apoio dos líderes partidários ao requerimento, para que a matéria seja examinada direto em plenário.

O projeto, já aprovado pela Câmara, já passou na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) no início do mês, após quatro anos de exame naquela comissão.
MEC avalia situação de obras paradas da Universidade Federal de RO
Do G1 RO - G1 Globo.com - 28/06/2012 - Rio de Janeiro, RJ

Uma comissão do Ministério da Educação (MEC) está em Rondônia para avaliar a situação das instalações do futuro Hospital Universitário, além de outras obras da Universidade Federal de Rondônia (Unir), que estão paradas. Há três anos o prédio foi doado para a universidade. Anteriormente seria sede do Hospital do Câncer, mas o prédio está abandonado desde 2003. Acadêmicos de medicina lamentam essa situação.

Sem um hospital para realizar os estágios, os alunos são obrigados a seguirem para a rede pública, como o Hospital de Base e o Pronto-Socorro João Paulo II, em Porto Velho. Eles também lamentam que toda a estrutura do prédio de três andares não tenha finalidade. Situação que compromete o aprendizado dos universitários, segundo a chefe do Departamento de Medicina da Unir, Ana Escobar.
De acordo com a reitoria da Unir, o Hospital Universitário é uma das obras mais caras. Além da estrutura física, os equipamentos têm custo alto. Foram calculados cerca de R$ 5 milhões para a estruturação do prédio, dinheiro que pode não ser suficiente, segundo a Unir.
Alunos e professores relatam falta de infraestrutura nas federais de PE
Luna Markman - Do G1 PE - G1 Globo.com - 28/06/2012 - São Paulo,SP

Há quase um mês e meio, professores de universidades e institutos federais do país decretaram greve. Docentes de 56 universidades federais aderiram à paralisação nacional, segundo o sindicato da categoria, que pede reestruturação do plano de carreira e melhores condições de trabalho. Entre as queixas estão problemas de infraestrutura e falta de um maior número de professores para atender à política de expansão das universidades federais desenhada pelo Ministério da Educação (MEC). Servidores destas instituições também estão em greve.

Para mostrar um pouco dos problemas que estudantes e professores encontram nas universidade federais o G1 visitou duas universidades importantes de Pernambuco e conversou com alunos e professores para conhecer a realidade das salas de aula.

As reclamações dos manifestantes vão desde piscina, que foi fechada por falta de cloro na água, e um parafuso achado na comida do refeitório, até a falta de livros nas bibliotecas e os laboratórios que têm equipamentos defasados.

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) tem campi no Recife, Caruaru e Vitória de Santo Antão. Os dados mais recentes apontam que quase 27 mil alunos estão matriculados na instituição. O campus da capital abarca 84% desses estudantes. São 2.528 professores e 3.893 servidores técnico-administrativos nos três campi, incluindo o Hospital das Clínicas. Ao todo, são 96 cursos de graduação, sendo três a distância – sem contar as pós-graduações.

`É um puxadinho`
No campus Recife, não foi difícil encontrar alunos que criticassem a infraestrutura do local. Um dos campeões de reclamação é o curso de música. “É o ‘puxadinho’ da Federal”, diz o estudante Phillippi Oliveira. “É como se a gente pegasse salas emprestadas de outros cursos do CAC [Centro de Artes e Comunicação]. Não temos salas com tamanho nem acústica adequada. Também falta um estúdio para ensaios”, explica.

Sérgio Tavares concorda com o colega de graduação. Por causa do trabalho, ele adiou o sonho de cursar música e ficou meio desapontado quando a chance se concretizou. “Fiquei um pouco frustrado, pois uma estrutura melhor poderia motivar mais alunos e professores. Falta manutenção e até quem afine os instrumentos, porque tudo precisa passar por um processo de solicitação”, reclama.

Professor do curso de cinema da UFPE, Rodrigo Carreiro reconhece que a estrutura melhorou nos últimos anos. “Meu grupo de estudos via filmes em uma TV de 14 polegadas, com aparelho de videocassete trazido pela professora”, lembra ele sobre a época em que fazia a graduação na universidade. “Mas, claro, a infraestrutura ainda deixa muito a desejar, principalmente na parte de laboratórios. O curso de cinema sofre bastante com isso, especialmente na parte da imagem, pois faltam câmeras e equipamentos de iluminação de boa qualidade, e som. Há microfone, gravador e mixer top de linha, mas apenas um exemplar de cada”, diz.

Burocracia
Aluno de cinema, Alan Tonello criticou a falta de uma sala apropriada para as aulas de som e equipamentos cinematográficos. “A gente pega, por exemplo, câmera emprestada dos cursos de ´publicidade e de rádio e TV. Também há problemas com as licitações. Uma vez pediram gravadores, mas não pensaram nos cabos, então eles ficaram parados. Vários livros chegaram recentemente, mas a filmografia ainda é feira com as nossas doações. Estou quase me formando e acho que poderia ter feito um curso melhor”, fala.

Ao lado do CAC fica o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), que abriga o curso de geografia. Emanoel Vieira está no terceiro período da licenciatura e já sofreu com a falta de títulos na biblioteca às vésperas das provas. “Os banheiros do prédio também ficam muito sujos, as salas do meu andar não têm ar-condicionado e, às vezes, temos que improvisar para algo dar certo. Certa vez, não tinha auditório disponível e o professor pediu que colocassem tapumes nas janelas para a claridade não atrapalhar a gente na hora de assistir aos vídeos”, comenta.

`É uma vergonha`
A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) tem cerca de 15 mil alunos espalhados pelos campi Recife, Garanhuns e Serra Talhada, incluindo os matriculados no ensino a distância (EAD). Ao todo, são 49 cursos de graduação, sendo nove EAD. Aproximadamente mil professores e mil técnicos-administrativos trabalham na Rural.

No campus Recife, que fica no bairro de Dois Irmãos, o G1 encontrou muitas reclamações a respeito do curso de Medicina Veterinária. “É uma vergonha”, resume o estudante José Gênison. “Faltam equipamentos e laboratórios em todas as áreas, e o de anatomia não tem biossegurança. Também não há técnicos administrativos de nível médio e superior para trabalhar nos laboratórios e no hospital veterinário. Há livros comprados recentemente, mas não tem mais espaço nas prateleiras da biblioteca para guardá-los”, aponta.

O hospital veterinário é o que recebe a maior crítica dos alunos. “Ele não cumpre seu papel social nem educacional. Primeiro, ele não tem uma série de atribuições, como plantão e internamento, para ser considerado hospital. Só faz atendimento ambulatorial. As salas de cirurgia têm estrutura precária. Não deve ter nem sabão para lavar as mãos. Depois, não temos médicos veterinários nem técnicos para nos orientar nas aulas”, falou o estudante Paulo Lira.

Uma unanimidade entre os estudantes da UFRPE é o serviço do refeitório. A qualidade do alimento servido e a pouca variedade no cardápio são as maiores broncas. No último dia 9 de maio, o Diretório Acadêmico de Medicina Veterinária e Agronomia denunciou à reitoria que um parafuso foi encontrado no prato de comida servido a um estudante, no local.Livro é de quem chega primeiro

Para o curso de biologia, a graduanda Raquel Gomes dá nota 6,5. “Há muitos equipamentos quebrados nos laboratórios, falta até microscópio, mas o pior é que não tem muitos livros na biblioteca. Fica para quem chegar primeiro. Estou terminando o curso e acho que meu desempenho iria melhorar com mais acesso a livros”, reflete.

No curso de Engenharia de Pesca, mais críticas. “Os laboratórios de química e física são muito defasados, quase não temos aulas experimentais por falta de material. Houve uma vez que alunos ficaram sem aulas de natação na piscina da universidade, que é a nossa disciplina de educação física, porque não tinha cloro, que eles disseram que compravam do Sul [do Brasil]. Não dá para entender isso”, diz o estudante Cláudio Della Vedova.

Professor do curso de história, Tiago de Melo Gomes também lamenta o “número ridiculamente pequeno de livros na biblioteca central da Universidade”. “Nós, professores, nem olhamos o acervo para indicar livros para os alunos. Vários professores não têm gabinetes de trabalho. Também não temos laboratórios e sala de aula. Temos de espalhar nossas salas pela universidade, onde conseguirmos enfiar nossos alunos. Frequentemente, temos de fazer boas caminhadas entre uma aula e outra, quando vamos de uma turma para outra que fica longe, o que significa perder uns 15 minutos de aula, por exemplo”, informa.

O professor ainda resume a crítica feita por todos os entrevistados. “Em linhas gerais, o que aconteceu sob [o governo de] Lula foi uma enorme expansão do número de vagas nas universidades federais, sem que tenha havido uma preocupação com a manutenção da qualidade. A infraestrutura simplesmente não dá conta”, finaliza.

MEC vai aumentar número de professores
O ministério anunciou esta semana que vai contratar mais de 48 mil professores. Nesta terça-feira (26), o ministro Aloizio Mercadante destacou que é uma visão simplista achar que o Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni) compromete a qualidade da educação superior.

Para ele, a interiorização das universidades permite reduzir as desigualdades de acesso a essa etapa de ensino. Até 2003, havia 45 universidades federais e 148 campi. Com a expansão, até 2014 serão 63 universidades federais e 321 campi em todo o país.

O que dizem as reitorias
Através de nota enviada pela assessoria de comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, a instituição informa que o curso de Música ganhará um novo prédio que solucionará os problemas de espaço levantados pelos alunos. `As obras estão previstas para serem iniciadas no próximo ano. A diretoria do Centro de Artes e Comunicação está tomando providências para adequar as atuais instalações para atender às necessidades do curso`.

No mesmo centro, outro curso muito criticado foi a graduação em Cinema, com pouca quantidade de equipamentos nos laboratórios e uso de materiais de outros cursos. `Novos equipamentos estão sendo adquiridos para o curso de cinema. Os alunos utilizam os equipamentos e as instalações do Laboratório de Imagem e Som do Departamento de Comunicação, que é compartilhado com os alunos de publicidade, jornalismo e tádio, TV e internet. Portanto, não se trata de empréstimo e o espaço é adequado às necessidades`, diz a nota da UFPE.

Em relação às críticas dos alunos de geografia, a UFPE afirma estar investindo, este ano, `R$ 1 milhão em novos títulos para as bibliotecas, incluindo impressos e publicações digitais para suprir a demanda de todos os cursos. Foi lançada uma campanha para que professores e alunos pudessem sugerir os livros mais importantes para sua formação. A primeira compra está sendo concluída, entre três programadas para este ano`.

Sobre as queixas dos estudantes do CFCH, em relação a infraestrutura, a nota da UFPE informa que o centro `teve toda sua fachada recuperada no reitorado passado e ainda é alvo de novos trabalhos de recuperação. As construções recentes já atendem a esse padrão, como os dois prédios inaugurados em abril, os Núcleos Integrados de Atividade de Ensino, que estão beneficiando os alunos dos Centros de Tecnologia e Geociências e de Ciências Exatas e da Natureza, em um edifício, e dos Centros de Filosofia e Ciências Humanas e de Ciências Sociais Aplicadas, no outro. As salas de aula desses prédios são climatizadas e possuem equipamentos de projeção`.

Captação de recursos
Também através de nota enviada pela assessoria de comunicação, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) comentou as queixas feitas por alunos e professores. Sobre as condições do hospital veterinário, tido pela instituição como referência em suas especialidades, `a UFRPE reconhece que melhorias de infraestrutura precisam ser implantadas para o aperfeiçoamento das iniciativas de ensino, pesquisa e extensão` desenvolvidas no local, que realiza uma média de mil atendimentos mensais, entre consultas, exames e cirurgias em animais de pequeno e médio porte. Entre essas melhorias está o remodelamento da residência, `que hoje atende ao hospital, no Recife, e à Clínica de Bovinos, em Garanhuns. Em breve, a Unidade Acadêmica de Garanhuns terá um novo hospital veterinário`.

A dificuldade para captação de recursos, um dos problemas apontados por hospitais veterinárias de todo o país, segundo a assessoria da Rural, também é realidade em Pernambuco. Esse quadro começou a ser modificado, desde que o Ministério da Educação (MEC) reconheceu, este ano, os programas de residência veterinária como pós-graduações latu sensu, o que garante novos benefícios, como a adesão a programas de bolsas de estudo e investimentos em melhores instalações e equipamentos.

Sobre a carência na Biblioteca Central, a nova diretoria tomou posse no mês passado e está, inicialmente, reordenando o atual acervo. Ao fim da greve, uma campanha será feita junto aos professores e pesquisadores para a aquisição de novos livros em todas as áreas. Até o fim deste ano, está prevista a conclusão da nova biblioteca para os departamentos de ciências sociais e letras e ciências humanas. `O atual acervo dessas duas áreas, que se encontra atualmente na Biblioteca Central, será ampliado e conduzido ao novo espaço, de modo a resolver os atuais problemas de espaço físico da BC`. Projetos para outras duas bibliotecas setoriais - ciências exatas e ciências agrárias - estão em elaboração.

Em relação ao serviço do Restaurante Universitário (RU), uma pesquisa realizada entre janeiro e maio deste ano ouviu 610 estudantes. O resultado aponta que `90% aprovam o sabor da comida servida; 66% qualificam a variedade do cardápio como ótima ou boa`. Segundo a assessoria, `questões como melhorias de cardápio, de estrutura e de atendimento estão sendo aperfeiçoadas constantemente pelos gestores`. O RU mantém atendimento normal à comunidade universitária durante a greve. Na unidade acadêmica de Serra Talhada, as obras do restaurante universitário estão em fase de conclusão.

Um novo edifício de seis andares vai abrigar o Departamento de Biologia. O prédio já está concluído e conta com salas de aula, laboratórios de ensino, gabinetes de docentes e outras dependências. Para concluir o processo, falta instalar o mobiliário já adquirido e os aparelhos de ar-condicionado, que se encontram em fase final de licitação.

Em relação às críticas ao curso de Engenharia de Pesca, a diretoria do Departamento de Pesca e Aquicultura `não conseguiu identificar quais seriam os supostos laboratórios referidos [pelos estudantes], já que os alunos de graduação e pós-graduação participam de atividades em diversos departamentos`. Segundo a Rural, essa graduação está entre as três melhores do Brasil na área, com 21 dos 24 professores sendo doutores ou pós-doutores.

Já as demandas levantadas pelo professor do curso de História poderão ser minimizadas com a construção do Departamento de Letras e Ciências Humanas, que está em andamento, segundo a Pró-reitoria de Planejamento da Rural. Ainda de acordo com a assessoria, as novas instalações `garantirão melhor comodidade para a boa realização das atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFRPE`.

Por fim, sobre a carência no quadro de servidores, a Pró-reitoria de Administração afirma que a contratação de novos profissionais - para qualquer setor da instituição - depende principalmente de autorização do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.